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História AmorTemQuatroLetras - O fim - Parte 3


Escrita por: Believe8

Capítulo 36 - O fim - Parte 3


Registraram o menino como Davi Zapata Rabinovich. Ele passou alguns dias no hospital, em observação, como precaução após ter nascido em um local tão impróprio. Nina e Liam o acompanharam a todo o momento, a menina se sentindo emocionada a cada vez que conseguia amamentar o bebê, mesmo que ele ainda precisasse de algum complemento.

Acabou sento mais difícil explicar para Nico, Kaue e os avós dos novos pais. Enquanto os Zapata e os Carrilho estavam chocados com a partida de Malu e a decisão de Nina, os Ferreira e os Rabinovich se preocupavam que Liam estivesse sendo impulsivo e se arrependesse. Foi só depois que Carmen, Daniel e Valéria os levaram ao hospital, e eles flagraram Nina amamentando o bebê com Liam ao seu lado que entenderam que aquilo não era mais uma questão de escolha.

Já Nico não compreendia como uma irmã tinha parido e a outra se tornado mãe, mas ficou feliz de saber que o bebê teria uma mãe que o amaria e cuidaria dele. Já Kaue ficou animado com a ideia de ser tio, tão novo. Acabaram tendo que prometer para Ryan, Lily, Luna e Beca que eles também poderiam ser tios do bebê, e o problema logo foi resolvido.

Durante os dias que a nova família ficou no hospital, o apartamento de Carmen e Daniel passou por um verdadeiro mutirão. Os dois e Valéria discutiram por várias horas, e acabaram acordando que o melhor seria que Liam se mudasse para a casa dos Zapata, para poder acompanhar Nina e ajudar a cuidar de Davi. Então nos dias que se seguiram, desmontaram o quarto de Malu (apesar da dor no coração de Carmen e Daniel), e o transformaram em um ninho para o pequeno que havia acabado de chegar. Muita coisa que usaram, era de quando os adolescentes nasceram e que estavam guardadas, mais por uma questão sentimental do que econômica. No quarto de Nina, apenas trocaram a cama de solteiro por uma de casal e compraram um armário maior, para poder abrigar as coisas de Liam.

“Ele é tão lindo.” Suspirou Lara, segurando o bebê. “Tão pequenininho, olha amor.”

“Acho bom você se contentar só em ser tia por enquanto, Lara, pelo amor de Deus.” Paulo massageou as têmporas.

“Fica tranquilo, padrinho, não está nos nossos planos termos um pacotinho para cuidar tão cedo.” Riu Luca, ao lado da namorada.

“Deus queira que ele saiba usar uma camisinha melhor do que você, meu amor.” Alicia suspirou, vendo o marido corar.

“Ele é tão quietinho, praticamente não chora.” Sara estava ao lado da amiga, babando no sobrinho.

“Ele só chora por quatro necessidades: fome, sono, fralda ou porque quer andar por aí. Quantas voltas eu dei no quarto do hospital com ele no colo.” Riu Liam, com Nina sonolenta em seu ombro.

“E mesmo assim, a Nina está dormindo em pé.” Riu Enzo.

“O corpo dela está passando por mudanças com a amamentação.” Explicou Cirilo. “Ela passou com o médico?”

“Passou, o médico deu vitaminas para ela, para ajudar a repor o que o corpo está perdendo com a amamentação.” Contou Daniel. “Mas ele disse que é esse processo de transição, que foi um tanto abrupta. Ela não teve nove meses para o corpo ir se preparando, foi no supetão.”

“E como ela vai fazer com a escola?” Perguntou Margarida, preocupada.

“A diretoria deu um mês de licença para os dois, por assim dizer. Os professores estão enviando os trabalhos para eles, as matérias... E depois eles voltam para a escola, normal. A Carmen vai cuidar do Davi pela manhã, enquanto eles estudam.” Explicou Valéria, acariciando a cabeça do filho. “E nós vamos descobrindo o que fazer aos poucos. Um dia de cada vez.”

“Ok, alguma necessidade está gritando aqui.” Emma se assustou com o choro de Davi, enquanto Nina e Liam se alarmavam.

“É sono. Ele mamou faz pouco tempo, e ele geralmente dorme logo depois.” Nina se aproximou, pegando o bebê. “Vamos colocar ele no berço.”

“A gente pode ir junto?” Pediu Ravi, ansioso.

“Vem. Ele vai ter que ir se acostumando com essa zona, porque ele teve a sorte de os dois pais nascerem grudados com outras seis pestes.” Riu Liam, enquanto o grupinho ia para o quarto.

“Isso é tão bizarro e surreal, que eu tenho vontade de beber uma garrafa de vodca.” Garantiu Mário.

“Amor, pelo amor de Deus, você não tem mais saúde de adolescente para ficar enchendo a cara.” Implorou Marcelina.

“Eu não estou pronta para ser chamada de avó.” Valéria encarou Carmen e Daniel, que concordaram.

“Nenhum de nós está, Val. Por sorte, temos um ano para ir nos preparando.”

~*~

“O quarto dele está tão lindo.” Nina suspirou, encarando o local. “Tem um pouquinho de nós todos aqui.”

“Tem mesmo. Essas prateleiras eram do meu quarto, quando eu era pequeno.” Observou Enzo, vendo o local que abrigava alguns bichinhos.

“E os ursinhos eram nossos.” Lembrou Sara.

“Esse berço era meu.” Sorriu Luca.

“E esses móveis eram meus, meu avô que fez.” Emma acariciou o trocador e os gaveteiros.

“Nossa, essa poltrona foi do meu quarto, depois da Luna e do Gabe.” Lara observou a poltrna branca.

“Não tem nada meu e da Malu. Eu pedi para os meus pais.” Contou Nina, surpreendendo os amigos. “Eu não queria a energia dela aqui dentro, a energia de tudo o que aconteceu. Eu quero que o Davi cresça livre de tudo isso.”

“É uma boa ideia, amiga.” Concordou Emma, vendo Nina colocar o bebê no berço. “Ele dorme sozinho?”

“Nós já estamos acostumando ele a dormir direto no berço.” Explicou Liam. “Foi ideia dos nossos pais, para não dificultar quando voltarmos para a escola.”

“Mas quando eu dou de mamar, ele dorme no meu colo. E às vezes o Liam faz ele dormir no colo também. Mas se nós colocamos ele no berço, ele já consegue dormir só com a gente por perto.”

“Vocês cantam para ele dormir?” Perguntou Enzo.

“Algumas vezes.” Nina sorriu.

“Nós podemos cantar para ele?” Perguntou Sara, ansiosa. “Ai, gente, eu to adorando isso de ser tia.”

“Que música vocês cantam para ele?” Perguntou Ravi.

“Hum, tem uma que meu pai cantava para mim.” Lembrou Lara, vendo os amigos sorrirem. “You are my sunshine, my only sunshine, you make me happy when skies are grey.”

“You’ll never know, dear, how much I love you. Please don’t take my sunshine away.” Os amigos começaram a cantar juntos, em voz baixa, enquanto Nina balançava levemente o bumbum do bebê, que bocejou. “You are my Sunshine, my only Sunshine, you make me happy when skies are grey...”

Os olhinhos de Davi fecharam, ouvindo a cantoria harmoniosa, enquanto na sala os olhos dos mais velhos se enchiam de lágrimas ao ouvir o grupinho cantar aquela música para acalentar as novas quatro letras de sua vida.

~*~

Os oito se formaram no fim de dezembro. Mesmo com a correria e responsabilidades de um novo bebê, Liam e Nina se formaram com ótimas notas, tendo sempre sido bons alunos. Foram os únicos entre os amigos a não prestar vestibular, mesmo com Nina já tendo se decidido por seu curso, para poderem continuar o processo de adaptação ao papel de pais no ano seguinte.

Liam conseguiu um emprego na filial da lanchonete que Jaime administrava, mas diferente de Lara, se interessou pela parte de cozinha. Era a primeira vez na vida que se permitia experimentar algo novo, já que por anos se dedicou exclusivamente a natação, e agora via que gostava da arte da culinária. Ele e Nina sentiam falta da piscina, dos treinos e dos campeonatos, mas seu foco agora e para sempre seria Davi.

Os dois tiveram sua primeira vez quando o bebê já tinha cinco meses. Eram os últimos virgens do grupo (Sara e Enzo tinham transado um tempo depois de seu aniversário de dezessete anos), mas vivendo e dormindo juntos não conseguiram fugir por muito tempo, mesmo que Nina ainda sentisse um pouco de medo e insegurança.

Emma e Ravi não prestaram nenhuma faculdade no Brasil, como já tinham dito, e passaram o começo do ano seguinte se preparando para a mudança para o exterior. Ela já tinha conseguido uma vaga em um renomado curso de moda em Nova York. Os dois foram passar o mês de março lá, para escolherem o apartamento aonde viveriam, se informar sobre cursos para o Ravi e “treinarem” como seria viver longe da família e dos amigos.

Enquanto isso, Enzo começava seus treinos para ingressar no campeonato daquele ano, e Sara (com ajuda da mãe) já tinha começado a estagiar como jornalista esportiva. A escolha da área lhe pareceu óbiva, namorando um jogador e vivendo por dentro desses assuntos.

Lara sentia o peso da responsabilidade em seus ombros, assumindo mais funções importantes no comando da lanchonete. Luca quase sempre lhe fazia companhia, já que só estudava à noite e trabalhava de casa durante o dia. Os dois conversavam sobre ir morar juntos quando fizessem dezoito anos, mas por hora apenas suas mães sabiam da ideia.

Em paralelo a tudo isso, de forma discreta, Carmen e Daniel continuavam sua busca por Malu. Apesar de o homem ter certeza que era uma busca inútil, não queria destruir de vez os sentimentos da esposa, então concordava em continuar na busca.

Quando o 18º aniversário do grupo chegou, trouxe uma explosão de sentimentos. Liam foi passar a noite na casa da mãe, para comemorar o aniversário de forma privada com os irmãos gêmeos pela última vez, e cada família curtiu a manhã juntinha, em uma espécie de despedida. No ano seguinte, Ravi e Emma estariam em Nova York, e Liam já estava se sentindo angustiado de ficar longe de Nina e Davi por uma noite. Isso sem contar com Luca e Lara, que já pretendiam estar morando juntos.

Mas quando a noite chegou e todos se encontraram, a festa conseguiu ser maior do que nos outros anos.

“Fala parabéns para o papai, meu amor.” Nina se aproximou com Davi, que começou a se atirar para o pai.

“Amor da minha vida. Os dois amores da minha vida, né.” Liam apanhou o bebê, enlaçando a cintura da namorada. “Feliz aniversário, pequena.”

“Para você também, meu amor. Obrigada por ser essa pessoa incrível. Que nós dois e o Davi sejamos cada vez mais felizes.” Desejou a menina, lhe dando um beijo.

“Vamos ser, meu amor. Nossa família é melhor presente que eu poderia pedir. Obrigada por... Por trazer ele para as nossas vida.” Os dois encararam Davi, sorrindo. “Desculpa não ter passado o dia com vocês, amor. Mas ano que vem o Ravi não vai estar aqui, talvez a Sara também não, e nós achamos que minha mãe merecia isso.”

“E eu mais do que concordo.” Nina sorriu. “Foi tudo muito abrupto para os nossos pais, Liam, eles não tiveram nem tempo de se preparar e já “perderam” a gente. O mínimo que podemos fazer é ir ajudando eles a não sofrerem tanto com a separação. Pelo menos a sua mãe, né, porque nós vivemos na casa dos meus pais.”

“Você é incrível, pequena.” Ele beijou a testa dela. “Nina, eu queria te pedir uma coisa...”

~*~

“Dezoito anos! Como assim nossos filhos já tem dezoito anos?” Gritava Paulo, observando a mesa do bolo ser arrumada. “Eu ainda me lembro da Alicia grávida.”

“Porque não faz dezoito anos da última vez que você viu ela assim.” Aporrinhou Jorge, arrancando risos.

“Eu preciso dizer que estou orgulhosa da gente. Porque há dezoito anos nós criamos, praticamente, nove crianças. Porque nós criamos eles todos juntos, né?” Lembrou Marcelina.

“Dezoito anos vitoriosos!” Aplaudiu Cirilo.

“Não totalmente, né?” Suspirou Carmen, sendo abraçada por Daniel.

“Vitória não é não ter baixas, amiga, porque nós tivemos... Duas.” Lembrou Valéria. “Perdemos o Davi no meio do caminho, e apesar dos esforços de todos nós, especialmente de vocês, a Malu se perdeu. Mas ganhamos coisas também... Eu ganhei o Jaime, e você e o Dan ganharam o Davi. Ou melhor, nós todos ganhamos o Davi.”

“Se a vida não tiver altos e baixos, Ca, ela não acontece.” Mário sorriu para a amiga. “E nós sabemos que está doendo em vocês, porque podem acreditar que tudo o que a Malu fez dói na gente também. Mas se Deus nos dá livre-arbítrio, temos que respeitar as escolhas, até mesmo de nossos filhos.”

“Eu sei.” Ela concordou, de olhos marejados. “É que parece que o dia de hoje deixa tudo mais intenso.”

“Nós imaginamos.” Alicia segurou a mão da amiga. “Mas vamos levantar o astral, ok? Pensa que nós vamos ver a cena mais fofa do mundo hoje: nossos filhos cantando parabéns atrás do bolo, acompanhados da coisinha linda que é o nosso neto.”

“Opa, agora o Davi virou neto de geral?” Reclamou Valéria.

“Como diria o poeta que você chama de genro: eles todos foram expelidos por uma única grande vagina universal, e vieram parar nas nossas barrigas. Então o Davi é neto desse universo que fazemos parte, logo, nosso neto.” Explicou Margarida.

“Depois nós que falamos abobrinha.” Os jovens entraram naquele momento, e Enzo não resistiu a aporrinhar. “Mas acho bom vocês se contentarem só com o Davi mesmo, porque eu não pretendo embuchar a Sara tão cedo.”

“Um poeta esse meu namorado, realmente.” A Rabinovich revirou os olhos.

“Enzo, então a mamãe reza para você ser menos avoado que o seu pai com a camisinha.” Suspirou Marcelina.

“Quando se é criança, os pais adoram falar: ah, o papai e a mamãe se amavam muito, e então veio você. Aí quando você chega em uma certa idade, eles te fazem conviver com o fato de ser uma trapalhada com a camisinha.” Suspirou Lara.

“Vida adulta é isso, filha.” Alicia a abraçou. “Mas saiba que você foi nossa melhor trapalhada.”

“E trepada.”

“Paulo Guerra.” Alicia bronqueou o marido, enquanto a filha gargalhava. “Você nem lembra, de tão bêbado que estava.”

“Olha a intimidade vindo à tona, gosto assim.” Enzo sentou no encosto do sofá. “Tio Paulo deu trabalho, tia? Porque eu bêbado não presto.”

“Eu posso morrer sem ouvir sobre a vida sexual do meu filho e do meu irmão, obrigada.” Implorou Marcelina.

“Enzo, você namora nossa irmã, poupe nossos ouvidos.” Pediu Ravi.

“Espera, deixa a Alicia terminar de esculachar o Paulo, aí encerramos esse assunto.” Pediu Jorge, sendo fuzilado pelo amigo. “Por favor, Ali... Nos fale mais sobre a noite que a Lara foi feita.”

“Eu vou tampar os ouvidos.” A menina fez careta.

“Basicamente nós fomos em uma festa, não sei se vocês lembram... Foi aniversário do Koki.” Os amigos concordaram. “Aí ficamos bêbados, ele deu crise ciúmes, e quando chegamos no loft estávamos gritando e quebrando tudo. Aí, naquele padrão de sempre, começamos a nos pegar, fomos para a cama, ele se atrapalhou todo com a camisinha, fez o que tinha que fazer e caiu morto igual coelho.”

“Espera... Então você nem...” Perguntou Lara, chocada. A mãe negou, rindo. “Poha, pai... Ela teve que passar nove meses me aguentando na barriga, e nem direito a um orgasmo teve?”

“CHEGA! Essa conversa está oficialmente encerrada. Eu não mereço ouvir minha filha me acusando por não ter feito minha mulher gozar quando concebemos, francamente.” Gritou Paulo, provocando gargalhadas altas.

“Crescer é divertido, eu gostei! Mãe, pai... Conta aí como eu fui feito?” Pediu Enzo, recebendo um olhar descrente dos pais.

“Esse menino não bate bem das ideias, não é possível.” Jaime estava parado na porta, chocado.

“Há quanto tempo está aí, amor?” Perguntou Valéria.

“O suficiente para saber porque a Alicia vivia de mau humor na época do trailer. Caralho, Paulo, é mancada dormir antes de fazer a mulher chegar lá.” Aporrinhou o amigo.

“Eca, você namora a nossa mãe.” Reclamaram os trigêmeos.

“E mamãe está muito bem cuidada, se querem saber.”

“Que tal nós chamarmos as crianças e cantarmos parabéns?” Propôs Emma.

“Acho melhor, filha, porque essa conversa não está prestando.” Garantiu Maria Joaquina.

~*~

Apesar de estarem completando dezoito anos, os aniversariantes não quiseram grandes comemorações. Preferiram apenas um jantar com seus pais e avós, algo bem íntimo e privado, para preservar Nina e Liam. Muitos dos amigos antigos tinham se mostrado grosseiros sobre o fato de eles terem assumido a paternidade de Davi, e o grupo não quis pessoas causando climão no dia do aniversário.

E afinal, aquela era a comemoração que eles gostavam. Cercados por quem amavam, aqueles que tinham assisto suas chegadas ao mundo, vibrado com suas conquistas, e vivido aqueles dezoito anos incríveis ao seu lado.

Como os pais tinham imaginado, vê-los com Davi atrás do bolo provocou lágrimas e um aperto enorme no coração. A ausência de Malu seria sempre sentida, como a do Davi mais velho, mas parecia que aquele bebê tinha feito todos renascerem com ele. E seus coração transbordavam ao vê-lo rir nos braços de Liam, enquanto Nina batia suas mãozinhas gordinhas e os “tios” lhe faziam caretas.

Davi significado “o amado”, e era um nome certo para aquela criança... Talvez não existe ser mais amado no mundo, e nem que fizesse mais pessoas felizes.

“Agora é a hora que nossos pais chorões vêm tirar uma foto com a gente atrás do bolo, porque afinal, hoje eles também comemoram dezoito anos de serem pais.” Lembrou Emma, vendo os mais velhos se aproximando.

“Você são fodas!” Aplaudiu Enzo, sendo abraçado pelos pais. “Especialmente você, mamãe.”

“Discorso, minha mãe é mais foda.” Rebateu Luca, abraçada com a sempre chorosa Margarida.

“Vamos combinar que elas seis são fodas de terem aguentado a gente na barriga e depois ter aguentado colocar a gente para fora, e ainda mais: criaram a gente sem morrer loucas.” Encerrou Liam, fazendo todos rirem.

“No caso, a gente só serviu para fazer mesmo. Alguns, literalmente.” Daniel provocou Paulo, que fechou a cara.

“Todo mundo olhando aqui para a foto!” Gritou Jaime, antes que voltasse a baixaria em frente aos avós dos jovens.

~*~

No fim da festa, os irmãos caçulas já dormiam no sofá, pois teriam aula no dia seguinte. Davi estava mamando se olhos praticamente fechados, quase embalando para o resto da noite, e os mais velhos conversavam sobre faculdade, empregos e mudança.

“Vocês duas, realmente, vão passar um mês em Nova York?” Perguntou Paulo.

“Vai dizer que você não faria o mesmo se fosse a Lara?”

“E eu lá tenho tempo para ir passar um mês fora só para ficar vigiando minha filha?”

“Vamos lembrar o chilique que você deu hoje de manhã quando a Lara e o Luca avisaram que vão morar juntos no fim do ano?” Perguntou Margarida, surpreendendo os amigos.

“Espera... Como é que é?” Guincharam os amigos.

“Minha faculdade é perto da lanchonete, mas longe de casa, fora de mão. E o apartamento dos padrinhos também é longe da lanchonete; pelo menos para a Lara, que ainda não pode dirigir.” Explicou Luca. “Então minha mãe e a madrinha ajudaram a gente a procura na região, e achamos um loft, parecido com o que eles viviam antigamente, com um aluguel baixo. Os atuais locatórios já avisaram que vão sair em outubro, e nós nos mudamos em novembro. Assinamos o contrato hoje à tarde.”

“Ah, qual é? Agora eu vou ter que ser o primeiro a pedir a Sara em casamento?” Reclamou Enzo.

“Tá maluco, menino? Tu é muito novo para se casar, não to pronta para isso não.” Agonizou Marcelina.

“Qual é, mãe, eu to por último. O Liam já mora com a Nina e tem um filho com ela. O Ravi vai morar com a Emma em Nova York. O Luca e a Lara já alugaram um apê. Eu preciso pedir a Sara em casamento logo.”

“Muito romântico, meu amor, realmente.” Sara encarou o namorado, descrente.

“Mas nós não somos o casal romântico do grupo, deixamos isso para Niam e Lalu. Nós somos o casal safado.”

“Enzo, eu sou seu pai, mas eu quero te socar quando te escuto dizer essas coisas.” Mário revirou os olhos. “Fica quietinho, por favor.”

“Vivo censurado por essa família.” Reclamou o jovem Ayala, se afundando no sofá.

“Bom, deixando de lado esse momento... Nojento, para dizer o mínimo, eu e a Nina queríamos conversar com vocês sobre batizar o Davi.” Pediu Liam, atraindo a atenção dos demais. “Como vocês sabem, nós passamos os últimos meses conversando sobre batizar ele ou não, por conta do meu pai... E concluímos que a escolha se quiser seguir outra religião no futuro, será dele. Mas, no momento, seguiremos a fé do resto da nossa família e batizá-lo da forma católica.”

“Uma decisão madura, e que sei que não foi fácil.” Valéria sorriu para o filho e a nora. “Não é fácil criar um filho aberto a todas as religiões, mas acredito que conseguirão tirar de letras.”

“E nós queríamos que você nos ajudasse nisso, tia Val.” Nina sorriu para a sogra. “Queríamos que você fosse a madrinha do Davi.”

“Eu? Madrinha... Do Davi?” Perguntou Valéria, sem conseguir disfarçar a emoção.

“Nós sempre soubemos que você se entristecia por nunca ter podido ser madrinha de alguém, mãe, pelo fato de o papai ser judeu. Agora, você não tem mais esse... Empecilho, vamos chamar assim. E eu sei que você ainda se sente um pouco deslocada em relação ao Davi, sem um vínculo real, talvez.” Liam se ajoelhou em frente à mãe, sorrindo. “E então, mãe... Aceita ser madrinha do meu filho?”

“Eu aceito ser madrinha do meu neto, meu anjo.” Ela segurou o rosto do filho, dando um beijo no garoto. “Obrigada por isso.”

“Eu que te agradeço por aceitar.” Ele beijou a mãe dela, se levantando. “E bom... Tio Jaime?”

“Fala, garoto?”

“Nós queríamos que você fosse o padrinho, junto com a minha mãe.” Anunciou Liam, surpreendendo o futuro-padrasto.

“É sério isso?”

“Você sempre foi um ótimo padrinho para o Kaue, além de ser o homem que faz minha mãe feliz.” Liam sorriu para ele. “Acredito que vá ajudar ela a cuidar muito bem do meu garoto.”

“Ora, mas é claro que eu aceito.” Jaime o puxou para um abraço, os dois rindo. “Vai ser um enorme prazer, rapaz.”

“Aqui, olha.” Nina se aproximou com Davi adormecido. “Pega ele, dindo.”

“Dá ele aqui.” Jaime segurou o bebê, enquanto Valéria se levantava e o abraçava. “Anjinho...”

“Eu to pior que a Marga hoje... É só choro, o tempo todo.” Fungou Carmen, secando os olhos.

“Bom, aproveitando esse momento, já... Liam, Ravi, Sara... Eu queria pedir a permissão de vocês para casar com a sua mãe.” Os três se surpreenderam ao ouvir isso. “Nós já conversamos com o Arthur e o Kaue, e eles aceitaram. Mas eu queria saber de vocês.”

Ravi e Sara encararam o irmão, os três conversando pelos olhos, em silêncio. Os outros dois se aproximaram, sorrindo para a mãe e para o padrasto.

“O Liam confiou o filho dele para você, tio. Se isso não é prova maior de que nós confiamos em você para ser parte da nossa família, e cuidar da nossa mãe, não sei o que é.” Declarou Sara. “E com isso, dizemos que vocês tem mais do que nossa permissão para se casar.”

“Venham aqui, meus amores.” Valéria puxou os filhos para um abraço, que Jaime acompanhou. “Você tem sido tão maduros com tudo, desde que o papai morreu. E não que eu tenha duvidado, mas estou orgulhosa de ver como vocês reagiram bem.”

“Se tem uma coisa que sabemos, mãe, é que o papai queria que fossemos felizes. E nós estamos sendo felizes.” Garantiu Ravi.

“E eu estou declarando a noite por encerrada, porque não aguento mais chorar. Não sei nem como vou sobreviver ao casamento desses dois.” Margarida avisou, provocando risos.

~*~

Valéria e Jaime foram abençoados por um padre, conhecido das famílias, pouco antes de Ravi e Emma se mudarem para Nova York. Como o homem já havia se casado na igreja uma vez, não puderam fazer uma cerimônia completa, mas ficaram felizes em juntar os filhos, amigos e familiares para abençoar aquela nova união.

Arthur e Kaue eram os mais esfuziantes com o enlace dos pais, sendo grandes amigos que agora se sentiam irmãos. O primeiro, inclusive, adotou o apelido de Tuca, para poder se enquadrar no lance das quatro letras e ser “adotado” pelo grupinho.

Na mesma ocasião, fizeram o batizado de Davi, em um momento de muita emoção para todos. O casal Rabinovich mais velho era o mais emocionado, garantindo a todos que seu Davi ficaria muito feliz de presenciar aquilo. O bebê Davi era um raio de luz na vida de todos, principalmente de Valéria e Liam, e não importando para qual Deus fosse consagrado, tinham certeza que seria uma criança muito abençoada.

~*~

Em julho daquele ano, Emma e Ravi se mudaram para Nova York, com previsão de voltar para visitar os amigos e familiares em breve, mas já antevendo que teriam uma nova e fantástica vida na grande maçã.

Lara e Luca juntaram suas escovinhas de dente no meio de novembro, apesar dos protestos de Paulo e preocupações de Jorge. Eram um casal bastante calmo e tranquilo, e apesar de alguns pequenos atritos, passaram pela adaptação de forma tranquila e harmônica.

Nina começou a cursar pedagogia em janeiro seguinte, enquanto Liam continuava a crescer e se aperfeiçoar na lanchonete, ao lado do padrasto. Davi estudava no berçário da Escola Mundial, vigiado de perto pela avó e pelos jovens tios, e crescia forte e saudável, apesar das preocupações que muitos tinham depois de seu nascimento.

Na metade do ano, Enzo foi convidado para ingressar em outro time, no Rio de Janeiro. Era um time maior, de mais prestígio, e que poderia lhe aproximar do sonho de ser um atleta olímpico. Após conversar com os pais e Sara, aceitou a oportunidade. Antes de ir, porém, cumpriu sua ideia e pediu a namorada em casamento. Ela não apenas aceitou, como transferiu a faculdade para o Rio e foi morar com ele.

E após tudo isso, mais cinco anos de passaram...


Notas Finais


Oi gente, tudo bem?
Queria dizer que capítulo que vem é o último (não sei se vem o epílogo depois ou se ele já vai contar como epílogo, não decidi). Meu coração tá apertado, mas estou feliz de estar conseguindo fechar esse ciclo e finalizar essa história tão linda e que eu tanto amei escrever!
Espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu!
Um beijo e até o próximo!


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