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História Amostra Humana. - Apagada.


Escrita por: Korrah

Notas do Autor


Hello!
Era pra mim postar amanhã, mas como o dia vai ser corrido, resolvi postar hj mesmo.
Mais um capítulo prontinho!
Espero que gostem :)

Capítulo 2 - Apagada.


Estava deitada sobre a grama de uma colina, sentindo o vento batendo em seu rosto. A grama daquele lugar era tão macia, e quando o vento soprava sobre a colina a grama se movimentava, dando a impressão de ondas, como as do mar.
E o ar; era extremamente puro, ela enchia seus pulmões o máximo que conseguia. Fechou os olhos serenamente.
Pouco depois se ergueu, permanecendo ainda sentada e olhou para o alto da colina. Havia um Sicômoro gigante lá no topo, com as folhas das galhadas de um verde escuro. Ela levantou e começou a correr na direção da árvore, parecendo até uma menininha outra vez, animada.
Em questão de minutos ela chegou. Parou a alguns metros dele, sorrindo. Seu tronco era bem velho, revelando seu tempo ali, e também era muito firme. Passou a mão sobre ela, sentindo algumas cascas quase soltas. Sentou-se a sua larga sombra, encostada, e colocou as mãos sobre a cabeça.

- Alguém. Por favor...

O sorriso da moça sumiu de seu rosto com os murmúrios quase inaudíveis. Ela não estava sozinha ali. Uma voz feminina vinha do outro lado... Devagar ela deu a volta pela árvore, sem fazer muito barulho e cuidadosa. Viu a figura da mulher, de costas para si. Ela parecia estar chorando.

- Hã... Senhora? - perguntou baixo.

Quando a mulher virou seu rosto a garota recuou bruscamente. A mulher não possuía olhos, e se movia desorientada até a direção da voz.

- Meus olhos! Me ajude pelo amor de Deus!

O sangue dela pingava pelo gramado, o fazendo se tornar seco. A moça acabou tropeçando numa raiz da árvore e caiu no chão. Logo as raízes a prenderam, a impossibilitando de se mexer. O céu foi se tornando avermelhado de repente e várias naves foram descendo, como meteoritos.
E ela começou a gritar desesperada. Eles haviam voltado!



Durante mais uma vez a garota acordou assustada e ofegante. Estava suando, apesar de não sentir nenhum calor. Aos poucos sua respiração foi se acalmando, porque outra coisa prendera sua atenção. Agora estava num ambiente diferente do anterior.
Não havia mais destruição ou cadáveres... Ela parecia estar num tipo de quarto. Se ergueu se esquecendo completamente de seu abdômen, e se arrependeu por isso. Fez uma careta e levou a mão a onde doía... E sentiu um tecido a mais por de baixo das roupas...
Uma faixa. Assim como a que estava envolta em sua cabeça, notou logo depois. Estranhou. Tinha sido medicada? Quanta tempo ficara inconsciente? Se sentou, colocando os pés fora da maca a qual se encontrava, olhando ao redor.
As paredes daquele lugar eram todas brancas, e nenhuma possuía janelas ou portas. Até parecia um confinamento solitário... Os únicos móveis ali presentes eram a maca e uma escrivaninha pequena.
Parecia que a cada momento que acordava de um desmaio tudo ficava ainda mais confuso! Tocou as paredes. Ela havia sido posta ali de algum jeito... Então também devia ter um jeito de sair.
Ela só precisava achar uma espécie de vão entre as paredes... Mas nenhuma realmente parecia ter uma saída. Estava mesmo presa.
Então se lembrou dos acontecimentos anteriores por qual passara, e o medo voltou a atingi-lá. E se tivesse sido levada por aquelas “coisas”? Sentiu-se apavorada só de pensar. Aquilo era pior que morrer!
Aos poucos ela foi se encolhendo num canto, desesperada, e se abaixou. “Aquilo era pior que morrer!”, repensou. Mas e se ela já estivesse morta? Talvez nem havia se dado conta ainda...
Aquele silêncio e tranquilidade de repente eram aterrorizadores. Teve vontade de chorar. Estava tão... perdida.
Ela não marcou durante quanto tempo ficara encurralada naquela parede, pensando no pior, mas parecia ter durado horas! E a cada segundo só sentia sua angústia e temores aumentando.
Quando achava que passaria toda sua eternidade naquele quarto branco, uma parede se deslocou numa espécie de fenda, subindo e abrindo uma saída. Ela se remexeu, assustada, mas também surpresa. Justamente como pensara... Havia uma fenda! Mas ela estava tão escondida que mal pôde notá-la. Mais que depressa a garota se levantou, ignorando aquela dor incomoda, e foi mancando até lá. Ela não sabia se o que haveria a seguir seria uma ameaça, mas tudo o que queria só era sair daquele quarto perturbador.
E depois dele, havia um corredor iluminado. Assim que ela colocou os pés no piso dele a fenda do quarto se fechou novamente. Agora só havia um lugar a ser seguido... e estava depois daquele corredor largo. Ela andou, receosa, tentando decifrar que tipo de material seria aquele das paredes... A primeira vista lembrava muito metal, mas a espessura era diferente. Mais áspera... Não soube identificar.
E assim que a garota cruzou a curva do corredor, ao fim dele havia mais uma sala. Ela engoliu em seco e continuou andando. A sala era menor que o quarto branco, mas era do mesmo tipo de material do corredor... E uma das paredes era como um vidro. Mas um vidro escuro, do tipo temperado. Não via nada depois dele além de seu próprio reflexo. E através dele encarou a si própria...
Estava um caco. Com olheiras grandes. As roupas eram sujas e rasgadas. Tinha leves arranhões nas mãos e braços, além dos hematomas. A cabeça estava enfaixada com aquele tecido diferente, com uma pequena mancha de sangue sobre o ferimento, que aquela altura já devia ter se estancado.
E a sujeira? Estava coberta de pó de concreto, provavelmente dos prédios que haviam sido destruídos...
Aquilo foi um verdadeiro susto. Era como se a garota que via refletida no espelho não se parecesse nada com ela.
E assim a fenda que dava acesso ao corredor também se fechou repentinamente a fazendo voltar para a realidade. De novo, encurralada. Apesar do pavor, ela não recuou mais. Precisava logo saber aonde e com quem estava... Mesmo que custasse sua vida.
Respirou fundo... Pronta pra qualquer coisa.
E aos poucos o vidro a sua frente foi se tornando claro, até ficar transparente, revelando o que havia depois dele. Ela quase deu um pulo pra trás.
Haviam dois homens. Arregalou os olhos. “São humanos?”, pensava.

- Entende o que digo? - o rapaz mais baixo perguntou, a apavorando mais ainda.

Deu passos pra trás instintivamente.

- Não se preocupe, não vou te matar. - falou olhando para um tipo de prancheta eletrônica que tinha em mãos, anotando algo.
- Q-Quem é você?! - pronunciou gaguejando – Que lugar é esse?!

O rapaz se aproximou mais do vidro, analisando o corpo e movimentos da garota, e anotando tudo. O outro, que havia permanecido calado finalmente resolveu dizer algo, mas em uma língua que a garota jamais ouvira. A impedindo de entender a conversa.
Ela esperava qualquer criatura estranha naquela altura do campeonato, mas duas pessoas? Nem se passara por sua cabeça. Cerrou os olhos, olhando detalhadamente para cada um deles, tentado achar qualquer diferença.



- Não entendo porque ainda insiste em pegar um deles. - o alto declarou em sua língua natal,sem desviar os olhos da garota, que estava um tanto confusa.- Não acha que já tem dados os suficientes desses terráqueos? Qual a utilidade deles afinal? Como são muito fracos em menos de uma década talvez estejam até extintos.
- Você não entende Raditz. - falou entediado – Olhe pra ela. Viu o que ela fez no confinamento. Ao que indica que é racional... Também viu como ela é curiosa? Acho que vivo, um terráqueo é mais fácil de estudar. E essa parece ser uma bem esperta...
- Isso é algo completamente patético. Qual a necessidade de estudá-los? Eles só servem pra uma coisa nas colônias: trabalhar. - disse desdenhoso.
- Como eu disse... - voltou a anotar na prancheta – Você não entende. E nunca vai entender.

O homem já ficava aborrecido.

- Eu sou mais forte! E isso é tudo que preciso saber sobre uma espécie inferior!



Aparentemente eles se pareciam com qualquer outro terráqueo, a garota maquinava. Ambos possuíam cabelo e olhos escuros. Vestiam um traje igual, acinzentado e de tecido resistente, e do lado esquerdo do peito havia um brasão em vermelho sobre a costura. Fora o cinto marrom sobre o quadril. Era um uniforme.
O mais alto tinha os cabelos maiores do que o rapaz com a prancheta, e de vez em quando a olhava de maneira ameaçadora, o que só a deixava mais assustada. Já o outro, mal a olhava nos olhos, como se fosse uma cobaia.
Por fim, o homem alto pareceu ficar de mal humor com a conversa que estava tendo e se retirou pisando forte. E antes de sair pela porta lateral, o suposto cinto de seu uniforme se desenrolou e revelou ser uma calda. Ela se surpreendeu.
Então eles tinham uma calda? Analisou rapidamente. Mas aquela calda não era como a do monstro que vira, era menor e mais fina. Quase como a de um primata, comparou.
O rapaz com a prancheta só se voltou a ela, sem parecer dar muito importância ao outro homem que tinha acabado de sair. Afinal, ela era o foco. Quando ela ia voltar a fazer perguntas, ele a interrompeu se pondo a falar:

- Espécime: humana , gênero: feminino. A partir de algumas amostras de sangue minhas análises concluíram um pouco de você. - declarou.

Ela checou a veia. Estava picada... É, ele realmente devia enxergá-la como uma cobaia. Ela se sentia como uma cobaia!

- Seu DNA é composto de muitas células diferentes das do meu povo. Quando te trouxe até aqui estava muito ferida, mas não a ponto de morrer. Minha falta de conhecimento sobre seu sistema imunológico me impossibilitou de usar qualquer substância química que te curasse logo, por isso tive de recorrer à meios mais primitivos. Como as faixas. - citou – Ficou inconsciente durante três dias.

Ela ergueu as sobrancelhas. Três dias?!

- Percebo que mesmo depois desse tempo seu corpo ainda se encontra num estado ruim. Vocês terráqueos tem um processo de regeneração mais lento do que imaginei. Não é a toa que morrem tão facilmente - soou rude, a deixando perplexa. - Apesar da sua saúde estar num bom estado, está com um pequeno coágulo na cabeça e uma costela fraturada. Por isso se quiser continuar viva repouse bastante até eu achar um meio de cura a você.

Ela não entendia o que se passava. Não havia dito uma palavra e ele sabia exatamente o que acontecia com ela... O que lhe restou foi prestar atenção. Pelo visto ele sabia mais dela do que a própria.

- Suas células produzem bastante energia, sua formação e musculatura já são desenvolvidas, você já fica em período fértil... O que indica a fase adulta. Mas eu diria que tem entre quinze a dezessete anos. Sabe, sua face tem muitos traços infantis. - fez um movimento com as mãos.

Se fascinou e ao mesmo tempo, se assustou com todo o conhecimento que aquele estranho tinha. A sala voltou a ficar silenciosa de novo, com os dois seres se encarando, como se cada um fosse algo surpreendentemente novo... E não era lá mentira.
Eram tão semelhantes, mas tão diferentes...

- O que fazia na Terra? Como vivia? - ele finalmente voltou a dizer algo.

Apesar de poucas e simples perguntas, aquilo só a fez se sentir mais perdida. Como vivia? Como podia responder aquilo? Ela mesma era mais um dos mistérios que a rodeavam. Balançou a cabeça confusa.

- … O seu nome? - ele fez outra pergunta, daquela vez com a sobrancelha erguida.
- Eu... não tenho certeza. - falou baixo, sem olhá-lo realmente.

E ele a olhou de modo bizarro. Cerrou os olhos.

- Como assim? Tem algum tipo de retardo?
- Não, é só que... eu não sei. - suspirou, falando francamente.
O rapaz bufou, a deixando mais nervosa. De tantos terráqueos que ele podia ter levado, tinha de pegar uma justo com defeito?! Como podia concluir suas pesquisas daquele jeito?!

- Mas...- a moça continuou falando- Mesmo assim. Preciso saber o que está acontecendo. A onde estou. - falhou a voz, se controlando para não se desfazer em lágrimas. - Por favor, me ajuda. - implorou.

Ele permaneceu imóvel, a encarando de maneira quase grosseira. Ela respirou fundo, controlando suas emoções, não queria se mostrar ainda mais vulnerável na frente daquele homem que pra ela era um estranho.

- Bem, eu não sei o que se passa com você. - voltou a falar – Mas vou tentar descobrir e achar um jeito de te fazer voltar ao “normal”. - ironizou.

Ouvir aquilo foi um alivio. Realmente gostaria de saber quem ela era também. Suspirou menos tencionada.

- Mas de qualquer forma, sabe que precisa descansar agora. - ele desligou sua “prancheta”- Quando eu precisar de você de novo saberá.

E ele lhe deu as costas. Mas ele não podia simplesmente sair sem ao menos lhe dar satisfações, já estava farta daquilo. Bateu no vidro, chamando a atenção dele de novo.

- Ao menos me diga a onde estou!

Ele a olhou de cima em baixo, com a sobrancelha erguida. Finalmente ela demonstrava uma reação um pouco mais agressiva desde que chegara ali. Parecia ser alguém corajosa, pensou.

- Vamos! - insistiu, com o coração palpitando- Onde estou? - repetiu a pergunta.
- Bem longe de casa menina.- declarou.

Ela ergueu as sobrancelhas, baixando o rosto. Não estava mesmo na Terra... sentiu um frio na barriga. E o rapaz nem esperou que ela tivesse uma reação ou que fizesse mais perguntas. Voltou a lhe dar as costas e saiu sem mais nem menos. E assim a fenda que dava acesso ao corredor se deslocou de novo. Era hora de voltar para seu confinamento.


Quando ela chegou no quarto de novo, a fenda se fechou, a deixando novamente sozinha. Mas ela pareceu nem notar aquilo... só se deitou na maca, silenciosa.
O que aconteceria dali pra frente? De repente tudo mudara bruscamente.
Os répteis pálidos, os homens com calda de macaco, todo aquele conhecimento e tecnologia... Tantas perguntas sem respostas!
Tinha certeza de que um dia teve uma vida normal como qualquer garota de sua idade, talvez tivesse até uma família! Como em seu sonho... e mesmo assim, não podia se preocupar com aquilo- por mais que quisesse – porque nem disso ela se lembrava! Estava só num lugar diferente, sem poder contar com a ajuda de ninguém...
Aos poucos as lágrimas foram brotando e ela não pôde controlá-las. Foi um choro quieto, mas cheio de angustias e incertezas.
Ela mal dormiu. O que era ruim. O rapaz tinha dito a ela que precisava descansar... Como se aquilo fosse possível na situação em que se encontrava! Toda hora as palavras dela vinham em sua mente:“- Bem longe de casa menina”.
Será que podia mesmo confiar nele? Tinha vários motivos pra duvidar. Ele nem se dera ao trabalho de dizer quem era...
E com muito custo a garota conseguiu cochilar, já com dor de cabeça.
Bem longe de casa.


Notas Finais


E é isso.
Deem sua opinião sobre este capitulo :D
Até breve!


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