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História Andare avanti - Capítulo 2.5


Escrita por: Tsuki_Luana

Notas do Autor


Uma pausa rápida para sabermos como foi o reencontro de Polnareff e Avdol, no ponto de vista do nosso francês favorito.

Fiz algumas modificações na cronologia do Pol na parte 5 para poder encaixar esses acontecimentos de maneira que fizessem sentido com a fic anterior.

Boa leitura! ^^

Capítulo 4 - Capítulo 2.5


Mal pude acreditar que estava de volta à minha terra natal e que em breve veria mon amour novamente.

Desde que pisei na Itália, não parei de pensar nele um instante sequer. Ele não queria que eu fosse e chegou até a se voluntariar, mas Jotaro foi firme; ele disse que nós dois deveríamos cuidar disso e que não havia necessidade de envolver Nori e mon amour.

A verdade é que ambos temíamos que algo desse errado e decidimos de comum acordo que, se o pior acontecesse, o melhor seria que nossos companheiros sobrevivessem. Jotaro nunca deixara de se culpar pelo que aconteceu ao Nori e eu... Bom, eu não podia deixar que Muhammad se sacrificasse por mim mais uma vez. Jouta e Iggy ficariam bem; se não voltássemos com vida dessa missão, nossos pequenos ainda teriam alguém com quem poderiam contar.

Foi com o coração apertado que me despedi de Muhammad no aeroporto. Lembro que ele estava mais carinhoso do que o normal e me fez um monte de recomendações. "Não se precipite para atacar o inimigo", "analise bem a situação para não se meter em encrencas" e até mesmo um "olhe pros lados quando for atravessar a rua", este último me arrancando um muxoxo de impaciência.

"E... Não importa o que aconteça, volte vivo para casa, Jean."

Foi isso que me manteve vivo quando achei que tudo estava perdido. Foram essas palavras que me fizeram acreditar que, mesmo tendo ficado naquele estado lastimável depois do ataque mortal de Diavolo, que eu sobreviveria e o encontraria novamente. Que veria mais uma vez aqueles olhos castanhos que ficam num tom amendoado sob a luz do sol... Que seria amparado por aqueles braços fortes aos quais eu já havia me acostumado completamente... E que eu voltaria para casa.

Quando o vi ali parado, meu coração pulou algumas batidas. Muhammad parecia mais belo do que eu me lembrava, como se o fato de eu quase ter morrido tivesse expandido minha visão.

Seus cabelos estavam livres daqueles adereços de sempre e ele vestia roupas casuais, como vinha fazendo desde que se mudou para cá. Ele já não trabalhava mais como vidente, deixando para tirar cartas apenas como diversão. Nosso negócio ia bem e tínhamos suporte como membros da Fundação Speedwagon, então não havia com o que nos preocuparmos.

Quando seu olhar encontrou o meu, senti que havia me apaixonado de novo, como se isso fosse possível. Ele sorria, mas de forma contida, e eu nem imaginava o porquê. Bom, se lhe faltavam motivos para se sentir animado, eu o ajudaria a encontrar alguns bem interessantes, de preferência, nus sob nossos lençóis.

Corri para ele e me joguei em seus braços, saudoso daquele abraço tão caloroso.

- Mon amoooooooour!

- Seja bem-vindo, Jean... - Muhammad retribuiu meu carinho com um pouco mais de intensidade do que eu esperava. Ele parecia tremer, mas o tempo estava ameno e mon amour não era friorento. Pelo menos não como Nori, que andava agasalhado até mesmo em dias de brisa suave. Deve ser culpa daquele maldito uniforme que ele amava tanto... - Fez boa viagem?

- Oui! - Beijei seus lábios com paixão e senti um comichão gostoso no coração. Parecia até um replay do nosso primeiro beijo, sob o céu estrelado do Egito - Está com frio, mon amour? Você está tremendo...

Muhammad me encarou um pouco sério, mas não parecia bravo.

- Não, não... Venha, vamos embora.

Ele me estendeu a mão e fomos andando até nosso carro. Eu não levara muita bagagem e isso foi bom, já que odiava sair carregando um monte de coisas.

Muhammad abriu a porta do carro para mim e eu me sentei no banco do passageiro, admirando aquele perfil que eu tanto amava. Ele colocou o cinto de segurança e me encarou mais uma vez, acariciando minha coxa de leve antes de dar a partida.

- Mon amour... Está tudo bem? Você parece mais quieto do que o normal...

Ele engoliu em seco e tentou disfarçar, colocando no rosto um sorriso que eu não sabia se era sincero.

- Sim, está tudo bem. - Ele desmanchou meu penteado com a mão, bagunçando meu cabelo e o deixando do jeito que ele gostava - Fiz a torta de maçã e canela que você gosta...

Senti meus lábios formarem um sorriso enorme, fazia muito tempo que Muhammad não preparava aquela sobremesa. Sonhando com o gosto doce dos beijos de meu marido depois de comermos a torta juntos, fechei os olhos e sorri. Eu finalmente estava em casa.

XxX

Com uma má vontade que não parecia caber num corpinho tão pequeno, o velho Iggy veio me receber na porta. Me abaixei para acariciá-lo, eu não podia negar que também estava com saudade dele.

Se aproveitando do fato de eu estar na mesma altura que ele, o pulguento se pendurou em meu cabelo e o mordeu, terminando o que Muhammad havia começado.

- Aff, por que vocês gostam tanto de bagunçar o meu cabelo, hein?

Depois de me deixar todo babado e soltar gases em meu rosto, Iggy se deu por satisfeito e voltou para sua caminha, o ar de quem achava que tinha feito um favor.

- Esse malditinho...

- Não fale assim, Jean. Ele também estava com saudades... Você não deu notícias, nós ficamos preocupados.

Essa não. Eu tinha prometido que ligaria todos os dias para dar notícias, mas acabei sendo envolvido na luta... E, pra piorar, eu deixei a flecha com o Giorno e não sabia como abordar o assunto sem dizer o que efetivamente tinha acontecido.

- B-b-bom, eu... Ah, tinha tanta coisa pra fazer lá que eu acabei me esquecendo, pardon, mon amour...

- Sei... - Muhammad me encarou com um ar desconfiado e eu resolvi ignorar. Eu não queria falar mais naquilo, eu estava vivo e em casa, e era o que importava, pelo menos pra mim - Jean... Em que momento você entregou a flecha a Giorno? Foi antes ou depois de quase ter morrido com o ataque do inimigo...?

- Ah, nem lembro direito, foi a maior confusão depois que o Chariot encostou na flecha sem querer... O Diavolo me atacou e logo depois todo mundo trocou de corpo e...

Só percebi o que tinha dito depois que vi Muhammad me encarando sério, com os braços cruzados. Que droga, falei demais.

- M-mon amour...

- Fiquei me perguntando quanto tempo você levaria para me contar a verdade, mas achei mais fácil usar de estratégia... Você não muda, não é, Jean? Não é capaz de guardar um segredo nem para salvar a própria vida.

Me senti um pouco chateado, aquilo era algo cruel de se dizer. Muhammad sempre foi mais esperto do que eu.

- Eu só não queria te preocupar, já passou...

- Desde o começo eu fui contra. Jotaro é simplesmente obcecado por tudo que envolve DIO e não deixa passar nada que diga respeito a ele. Eu disse que não havia necessidade de procurar as duas flechas faltantes, que as que estavam em nosso poder já eram o bastante, mas ele fica completamente cego quando coloca algo na cabeça. Ele não sossegou enquanto não recuperou a flecha que estava em algum lugar da América do Sul e chegou em casa machucado o suficiente pra ficar uma semana sem ir trabalhar, deixando Kakyoin morto de preocupação enquanto ainda tinha que lidar com as perguntas de Jouta.

Eu não imaginava que fôssemos nos ferir na busca por essas flechas, mas pelo visto a paz que alcançamos naquele dia tão longínquo cobrou seu preço; nós estávamos enferrujados, a vida tranquila que levávamos agora não combinava com as batalhas.

- Mas agora já está tudo bem, mon amour... Não precisa ficar assim...

Fazia tempo que eu não via Muhammad tão bravo. Me lembrei de nossa discussão, naquele dia em que achei que o tivesse perdido pela primeira vez.

- Não está nada bem quando meu marido tenta esconder as coisas de mim. Eu te pedi para ser cuidadoso, mas parece que você é incapaz de fazer qualquer coisa que não envolva se colocar em perigo. Que droga, Jean!

Senti o sangue subir à cabeça, aquilo não era justo. Eu sabia muito bem me cuidar.

- Qual é o seu problema, Muhammad? Acha que eu me jogo em cima dos problemas de propósito? Que eu gosto de me machucar?

- Sinceramente? Às vezes eu acho. E, além do mais, acho que você também não se importa com o que eu sinto. Quando Kakyoin me ligou desesperado dizendo o estado em que Jotaro chegou em casa, eu te liguei na mesma hora, mas você não atendeu! Acabei apelando pras cartas e o que vi não foi nada bom... Você estava morto, Jean.

- O... O quê...?

- É isso mesmo que você ouviu. A única coisa que me impediu de sair daqui e ir atrás de você foi o fato de eu não saber o seu paradeiro. Agora me diga, o que aconteceu?

Não tinha jeito. Suspirei fundo e sentei no sofá. A história era longa, e pelo visto meus planos de comer torta e passar uma noite doce com meu marido tinham ido por água abaixo.

XxX

Muhammad saiu batendo a porta quando terminei de contar tudo e resolvi não correr atrás dele. Eu sabia que ele tinha feito aquilo para espairecer, então só me restava esperar que ele se acalmasse.

O pior é que não dava pra dizer que eu não sabia como Muhammad estava se sentindo. A única diferença era que eu vi o que tinha acontecido com ele, enquanto mon amour tinha que lidar com o fato de que estávamos separados por alguns milhares de quilômetros e que eu não tinha conseguido dar notícias. É, era uma diferença gigantesca.

De repente, me lembrei da torta. Fui até a cozinha com Iggy em meus calcanhares e abri o forno, sentindo imediatamente o aroma adocicado da especiaria favorita de mon amour. Peguei a travessa e a coloquei em cima da mesa, indeciso se queria comer aquilo sem tê-lo por perto. Puxei a cadeira e sentei, encarando o doce com certa melancolia e sentindo saudade das mãos que o prepararam.

Iggy me dirigiu um olhar pidão, mas eu não tinha certeza se cães podiam comer coisas contendo canela...

- Sinto muito, Iggy... Melhor não arriscar...

Se fosse há alguns anos, ele provavelmente enfiaria a cara na travessa e comeria a torta inteira. O Iggy de agora parecia menos disposto a arranjar confusão, talvez consciente das limitações da idade. Era um milagre que ele estivesse conosco há tanto tempo e eu me sentia aliviado por não ter que discutir com a única "pessoa" da casa que não parecia brava comigo.

Enquanto me torturava pensando se deveria deixar o lance de "respeitar o espaço do parceiro" pra lá e ir atrás de Muhammad, ouvi o barulho da porta se abrindo.

- Estou em casa...

Eu sabia que ele já não estava tão bravo pelo tom com que anunciou sua chegada. Me levantei para recebê-lo, mas parei no meio do caminho. Eu queria me jogar em seus braços, mas, ao mesmo tempo, tinha medo de ser rejeitado.

- Ah, mon... Muhammad...

Ele me olhou cansado, mas de fato parecia menos irritado. Talvez pudéssemos nos entender mais rápido do que eu pensei.

- Tudo bem, Jean. Não quero mais brigar. Vamos conversar direitinho, ok?

Assenti e sentei novamente à mesa, enquanto ele lavava as mãos e pegava os talheres no armário.

- Eu ajudo...

- Não, pode deixar. - Com destreza, Muhammad cortou um pedaço de torta para cada um e colocou o pires à minha frente. Depois, foi até a geladeira e pegou um pote de sorvete que eu sabia ser de creme, meu sabor favorito. Ele pegou uma bola generosa e a colocou ao lado do meu pedaço de torta e se sentou, me encarando - Comprei ontem naquela sorveteria de sempre. Sei que você gosta de sorvete de creme, mas sempre compra de outro sabor por minha causa...

- M-mon amour...

Ele suspirou, fechou os olhos e os abriu em seguida, me encarando com nada mais do que amor.

- Jean... Acho que te devo desculpas. Você sabe que eu não penso direito quando você está envolvido, o que me torna quase igual ao Jotaro... - Ele esticou seus braços e segurou minhas mãos nas suas, mas não sorriu - A verdade é que eu entendi porque deixei de ler a sorte das pessoas. Durante todos esses anos, vi destinos felizes e tristes passando pelos meus dedos através das cartas. Vi esperanças nascendo e morrendo diante de meus olhos e conseguia lidar com isso perfeitamente... Até te conhecer.

Senti meu coração bater mais forte, ele nunca tinha entrado nesse assunto comigo.

- Foi a primeira vez que tive medo de descobrir algo relativo ao futuro. Eu simplesmente fiquei com vontade de arriscar, mas você não colaborava... Estava sempre se metendo em confusões e deixando o coração agir na frente da razão, mas não posso te criticar... porque foi o que fiz em todas as vezes que tive medo de te perder. Só que eu me esqueci de algo importante...

- Do... Do quê?

Ele acariciou minhas mãos e finalmente sorriu.

- Durante esses dias em que fiquei aflito querendo saber notícias suas, me dei conta de que nunca levei seu lado em consideração... Eu te acuso de ser inconsequente e provavelmente o farei muitas vezes mais, mas eu fiz exatamente a mesma coisa em todas as vezes que te deixei para trás. Eu sou covarde, Jean... Não quero te perder.

Eu não esperava por aquilo. Muhammad raramente falava sobre essas coisas comigo e eu me senti aliviado, porque sabia que agora estávamos na mesma sintonia.

Não me importei com o sorvete derretendo e formando uma poça sobre o pires, que provavelmente transbordaria pela mesa. Não me importei com o fato de que estávamos no meio da cozinha e de que ainda era cedo. Eu simplesmente me levantei, fui em sua direção e o abracei.

- Jean...?

- Pardon, mon amour... Eu nunca mais vou me colocar em risco. E também não vou te esconder mais nada.

Muhammad sorriu de leve e me questionou, o olhar cheio de promessas.

- Não vai comer seu doce...?

- Vou, mas antes... - Beijei seus lábios com paixão, tentando transmitir toda a saudade e o amor que eu sentia daquele toque tão íntimo - Quero sentir o sabor dos seus beijos e te ouvir dizer o quanto me deseja e me ama, mon amour. Vamos...?

Ele me beijou de volta e se levantou, sem se soltar do meu abraço. Sem nos importarmos com a bagunça na cozinha ou com o fato de que provavelmente Iggy tiraria uma casquinha do doce que ficara sobre a mesa, fomos para o nosso quarto, onde logo o único som que se ouvia era o dos nossos gemidos apaixonados, além da promessa de que jamais nos colocaríamos em perigo indiscriminadamente outra vez.

Nenhum de nós queria viver em um mundo onde o outro não estivesse... E, no que dependesse de mim, isso não aconteceria. Não quando ouvi aquele homem tão orgulhoso admitir de forma tão amável que não queria me perder.








Notas Finais


Todo mundo sempre fala do quão superprotetor o Jotaro é e acaba se esquecendo que o Avdol é farinha do mesmo saco.

E foi isso, até a próxima atualização! ^^


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