História Angel - Dezenove

Lisa estava de pé e recostada no batente da porta que dava acesso ao terraço do apartamento.

Mantinha as mãos guardadas nos bolsos da calça de moletom cinza e uma camisa de alças finas modelava seu tronco. Não estava frio, mas também não estava calor. O clima que rodopiava pela cidade naquela manhã era ameno e Lisa observava as nuvens cinza se locomoverem de forma lenta no céu claro.

- Lisa? – A voz de Jennie no interior do apartamento fez o anjo girar sobre os calcanhares para encarar a mulher que mantinha um sorriso surpresa no canto dos lábios. – O que está fazendo acordada essa hora?

Jennie estava parada atrás do sofá. Os cabelos escuros extremamente lisos e brilhantes, a maquiagem suave e perfeita. As orelhas eram decoradas por um longo brinco de ouro e ao redor de seu pescoço descansava um colar de pérolas. Ainda estava lutando para fechar as abotoaduras da camisa social que vestia.

- Eu acordei para ir ao banheiro e acabei perdendo o sono. – O anjo sorriu fraquinho e se aproximou da estilista.

Seu rosto ainda estava amarrotado pela ausência de maquiagem que a sociedade exigia como regra, mas Jennie Kim achava aquele rosto amarrotado o rosto mais lindo de toda Seoul. Lisa não precisava de maquiagem; sua boca já era rosada o suficiente e seus cílios longos demais já enfeitavam graciosamente os olhos redondos e brilhantes.

- E o que é isso aqui? – Jennie comentou com um sorriso contido enquanto olhava a mesa de café da manhã já feita.

- Eu achei que seria bom você acordar e já ter tudo pronto antes de sair. – Lisa parou ao seu lado com um pequeno biquinho nos lábios. – Espero que esteja gostoso pra você. Pra mim está.

Jennie não pode deixar de sorrir com o gesto do anjo e se inclinou apenas para deixar um beijo suave na bochecha de Lisa que fechou os olhos, sentindo a maciez dos lábios da estilista em sua pele. Era bom, o anjo sempre gostava quando Jennie lhe beijava na testa ou na bochecha. Ela poderia passar o dia todo recebendo os beijos e carinhos de Jennie em suas costas que não iria se cansar

- Eu tenho certeza que vai estar gostoso para mim também. – Jennie comentou, enquanto se acomodava em uma cadeira.

Ultimamente estilista mal tinha tempo para se sentar e tomar um café da manhã com calma. Geralmente passava apenas um café preto e o engolia de pé mesmo na cozinha antes de partir para a empresa. Os dias estavam sendo cheios e corridos devido às férias de Irene, o que lhe cobrava diariamente mais atenção e responsabilidade com a empresa. Normalmente quando saia de casa Lisa ainda estava dormindo.

Jennie havia lhe comprado uma televisão e um notebook, então o anjo ficava até altas horas jogando on-line ou assistindo filmes e séries na TV, isso quando não fazia estudos e pesquisas de perspectiva humana na internet. Quando o sono chegava já era dia e quando acordava a estilista não estava mais em casa.

- Você está bem? – Jennie perguntou antes de morder uma torrada com geleia.

 - Estou sim. – A voz de Lisa saiu serena, enquanto preenchia a xícara de Jennie com café.

- Tem certeza? – A estilista apertou antes de engolir o alimento. – Você parece um pouco quieta hoje. E séria.

Lisa torceu um pouco a boca. Aquela não era mais uma única via onde o anjo poderia observar e estudar os trejeitos de Jennie, agora a via era de mão dupla e Jennie parecia ser bastante observadora quanto aos trejeitos de Lisa. Por um lado o anjo sentia-se bem com a preocupação e atenção da estilista, mas por outro sentia-se um tanto quanto exposta e vulnerável. Então era assim que Jennie se sentia quando Lisa demonstrava conhece-la tão bem?

- Eu só devo estar cansada ainda. – Mentiu. – Não estou acostumada a acordar esse horário.

Jennie estreitou os olhos. Aquele era um motivo plausível, mas algo não lhe permitia acreditar por completo.

- Você quer almoçar comigo hoje? – Jennie perguntou genuinamente ao terminar seu dejejum. – Teremos um ensaio fotográfico para o catálogo japonês essa tarde. Você pode ficar por lá depois de almoçarmos. Seulgi e Chaeyoung vão gostar de te ver.

O anjo fez uma pequena careta de dor. Ficar com a estilista sempre era sua prioridade. O convite de Jennie era tentador demais, mas precisava rejeitá-lo.

- Eu já marquei de ajudar Rosie no galpão hoje. – Lisa falou de maneira manhosa. – Ela disse que me buscaria a tempo de almoçarmos.

- Sendo trocada por Roseanne Park. – Jennie se recostou teatralmente na cadeira e soltou uma grande lufada de ar como se estivesse exausta. – Tudo bem. Eu já estou acostumada. Primeiro Kim Jisoo. Agora você. – A estilista declarou dramaticamente, o que fez Lisa rir. – Mas de noite você é minha e não aceito não como resposta. – Apontou, forçando sua melhor cara de brava.

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Jennie já sentia sua cabeça um tanto quanto dolorida. Fazia horas que estava sentada em sua cadeira, curvada sobre os papéis que cobriam sua mesa.

Uma caixa de lámen ainda estava pela metade sobre o tampo de vidro e, do outro lado da mesa, Yeri procurava deixar em ordem toda a papelada já assinada.

- Esses aqui são do financeiro, certo? – Jennie puxou uma última pilha de documentos, lançando um olhar para menina sentada a sua frente.

- Correto. – Yeri acenou ciente da ordem de documentos que Irene havia especificado antes de sair de férias.

- Você pode entregar os do RH, por favor? – Jennie soltou a caneta sobre a mesa e puxou a caixa de lámen para seu colo. – E veja também se está correndo tudo bem no terraço.

- Claro. – Yeri se levantou da cadeira, agradecendo a Deus por poder esticar um pouco as pernas. Usava um vestido xadrez em tons de cinza, preto e vinho que iam até a altura de seus joelhos. – Eu já volto.

Na ausência de Irene, Yeri havia se tornado seus pequenos olhos e ouvidos dentro daquele prédio. Claro, não podia confiar na menina toda a responsabilidade que Bae Joohyun havia adquirido ao longo dos anos dentro daquela empresa, mas estava reconhecendo mais potencial em Yeri do que achou que a menina poderia ter.

Estava quase terminando seu lámen quando seu celular começou a tocar sobre a mesa. Inclinou-se apenas para ler o nome no visor e sorriu. Levou pela última vez os hashi até a boca, jogou a caixa no lixo e atendeu a chamada.

- Ora, ora, se não é a ladra de anjos. – Jennie alfinetou, ouvindo uma sonora gargalhada do outro lado da ligação.

- Você é uma ciumenta adorável, Jennie Kim.

- Não venha com esses galanteios baratos para cima de mim, Park Chaeyoung. Conheço muito bem sua conversa mole. – A estilista tentava manter a seriedade, mas o ar de riso em sua voz só provocava mais gargalhadas em Rosé.

- Não seja assim vai. – A professora pediu ainda com um tom risonho na voz. – Escuta. Que horas você pretende sair daí? Porque eu tenho um compromisso essa noite e preciso entregar o seu anjinho.

- Eu não faço ideia, Chae. Eu ainda nem cheguei na metade da minha agenda para hoje. – Jennie suspirou, recostando-se na cadeira acolchoada.

- Acha que umas sete da noite você ainda estará por ai?

- Muito provavelmente. – Jennie pescou a caneta sobre a mesa apenas para brincar com ela entre os dedos.

- Então eu a deixo ai. Sem problemas.

Jennie olhou para o relógio em seu pulso. Já passava das duas da tarde.

- Lisa está bem? A achei um pouco quieta essa manhã.

- Ela está bem sim. – A voz de Rosé parecia sincera aos ouvidos de Jennie. – Estamos descansando no momento. Ainda temos que subir muita coisa pro meu quarto.

- O que vocês estão fazendo afinal? – Jennie perguntou com um ar de riso.

- Sorry, Jennie Kim, mas só os envolvidos no projeto podem ter essa informação.

- Essa é a sua forma de pedir a minha ajuda braçal? – Jennie estreitou os olhos, ouvindo uma risadinha da professora.

- Maybe. – O sotaque australiano veio carregado. – Funcionou?

- Eu vou pensar no seu caso. – Jennie tinha um sorriso de covinhas no rosto.

Ergueu os olhos apenas para ver a porta sendo aberta por Yeri.

- Senhorita Kim, as japonesas chegaram. – A estagiária estava se segurando na maçaneta e só saiu após Jennie lhe lançar um breve aceno positivo com a cabeça.

- Chaeng, eu preciso ir. – A estilista arrastou a cadeira para trás e se colocou sobre os saltos finos.

- Okay. See u later.

Do outro lado da cidade, Lisa folheava um caderno de desenho que havia encontrado na mesa de cabeceira de Chaeyoung.

Um pop indie americano em um volume agradável ecoava por entre as paredes grossas do galpão e um incenso de canela queimava em um trabalhado castiçal de parede.

Estava no quarto de Rosé que ficava no segundo piso do local e a única coisa que dividia aquele espaço aberto com o resto do imóvel era um guarda corpo trabalhado com ferro fundido.

Lisa nunca prestou muita atenção nos desenhos de Park Chaeyoung ou na escrita de Kim Jisoo. Na verdade, não se dava nem ao trabalho de tentar ver, uma vez que sua tarefa era apenas proteger Jennie e garantir o seu bem estar.

Nunca se atentou às artes, nem sequer podia, já que a ausência de livre arbítrio a impedia de fazer qualquer coisa além de sua tarefa celeste. Entretanto, lá estava ela agora, admirando o quão fascinante eram os traços de Chaeyoung sobre o papel. Existiam muitos desenhos de flores, animais e silhuetas. Muitas silhuetas.

- Aqui está. – Chaeyoung anunciou, colocando uma xícara de chá de alecrim na mesinha de cabeceira ao lado do anjo. – Já liguei pra Jennie e avisei que vou te deixar na empresa antes de sair.

- Não precisa, Rosie. – Lisa fechou o caderno e o repousou em suas coxas. – Eu posso ir sozinha pra casa. Não quero te atrapalhar.

- No way. – A professora disse quase ultrajada, sentando-se confortavelmente sobre o colchão. – Eu não vou deixar você andar sozinha por aí. Sem contar que a empresa fica exatamente no caminho para onde eu vou. – Finalizou antes de levar a própria xícara de porcelana aos lábios e sorver o líquido quente.

- Certo. – O anjo suspirou de maneira cansada e pegou a xícara que a professora havia deixado ao seu lado.

Chaeyoung estreitou os olhos para aquele detalhe junto  à pergunta de Jennie ao telefone. Lisa geralmente tinha uma energia brilhante ao redor de seu corpo, uma expressão leve e olhos expectantes, mas naquele momento o ser celestial se mostrava completamente apagado.

- Você está bem? – A professora tentou, contornando a borda da xícara com o dedo médio.

- Sim. – Lisa mentiu sem ao menos olhá-la. Mentir sobre estar bem já havia se tornado normal para o anjo.

- Lisa? – Chaeyoung chamou, ganhando os olhos opacos da garota. – Você não precisa mentir para mim. O que aconteceu? É algo com Jennie?

O anjo bagunçou a própria franja antes de penteá-la com as pontas dos dedos. Estava inquieta.

- Não é nada com a Jennie exatamente.

- Então o que é? – A professora pressionou um pouco mais. Seus olhos cor de mel pareciam genuinamente preocupados, o que fazia Lisa se sentir ainda pior.

- Não me olha assim. – A loira reclamou.

- Assim como? – Chaeyoung franziu o cenho.

- Preocupada. – Respondeu um pouco sem paciência. – Não precisa se preocupar comigo. Eu estou bem.

Foi por um segundo. Os olhos opacos flamejaram em um vermelho intenso e então suavizou na tonalidade âmbar. Chaeyoung observou aquilo com os olhos estreitos. Sentiu um pequeno baque gelado com a resposta ríspida de Lisa, mas entendeu aquela pequena explosão como uma nova emoção que o anjo não estava sabendo como lidar.

- Me desculpa. – Lisa fechou os olhos com força, sentindo suas bochechas esquentarem ao perceber o que havia acabado de fazer. – Eu não quis ser grossa.

E de fato não queria. Lisa apenas estava em conflito. Por um lado ela queria muito conversar com uma das três mulheres sobre o que vinha pensando, mas por outro lado tinha medo de soar ingrata demais e acabar decepcionando ou entristecendo uma das três.

- Está tudo bem, Lisa. – A professora assegurou com uma expressão tranquila no rosto.

- Não. Não está. – O anjo formou um biquinho e um vinco se formou entre as sobrancelhas. – Não é nada grave na verdade. Eu só não quero continuar sendo um fardo para vocês.

- Um fardo? – Chaeyoung franziu o cenho e se ajeitou sobre o colchão de maneira que podia ficar frente a frente com o anjo. – De onde você tirou uma coisa dessas, Lalisa?

- De todos os dias? – Lisa respondeu com firmeza. – Vocês vivem cancelando compromissos ou se atrasando para poder ficar comigo. Eu não sou de vidro, vocês não podem ficar me tratando como se eu fosse uma criança que precisa de cuidados diários.

Chaeyoung entendia o que o anjo queria dizer. De fato, ela, Jisoo e Jennie a tratavam como uma criança indefesa, mas como não tratá-la daquele jeito quando o anjo carregava um adorável bico infantil nos lábios?

- Eu não quero parecer ingrata, Rosie. Na verdade é o completo oposto disso. Eu não quero que parem a vida de vocês por minha causa.

- Eu acho que entendo o que está sentindo, mas não quero que você pense que é um fardo para a gente e nem uma obrigação. – A professora apoiou a mão no joelho coberto de Lisa e o afagou gentilmente. – Se estamos dando prioridade para você agora é porque gostamos e nos preocupamos com você.

Lisa sabia daquilo. Na verdade ela conseguia racionalizar aquilo, mas a sensação que tinha de estar atrapalhando a vida das três era bem maior do que o racional. Jennie era o principal fator para ela estar uma completa bagunça porque não queria que a mulher deixasse de viver por sua casa. Queria que Jennie fosse feliz, mas também sabia que a estilista não lhe deixaria sair debaixo de suas asas tão cedo.

- Eu só quero ser uma pessoa comum, Rosie. – A voz de Lisa voltou a ser um suave tilintar e seus olhos abaixaram para o caderno de desenho que ainda estava em seu colo. – Vocês tem a vida de vocês, o trabalho de vocês, o hobbie de vocês. Eu gostaria de ter isso também. Eu não posso ficar sob a proteção de vocês para sempre.

- Você precisa de uma vida efetiva na sociedade. – Chaeyoung constatou com um suspiro. – Me desculpa não ter percebido isso antes. Às vezes a gente quer tanto proteger alguém que acabamos a sufocando sem querer. A gente pensa estar fazendo o melhor, mas não está.

- Está tudo bem. – Lisa sorriu fraquinho, sentindo pela primeira vez a sensação boa que Jennie sentia sempre que ia desabafar com Park Chaeyoung.

- Não está tudo bem, mas vai ficar. – Chaeyoung a encorajou com um sorriso otimista. – Eu vou te ajudar nisso.

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Já era noite e os click acompanhados de flashes ajudavam a clarear ainda mais o ambiente.

Jennie estava de pé, monitorando a sessão de fotos. Uma cama king size estava localizada no meio do salão, almofadas de pena de ganso estavam espalhadas pelo colchão e o chão. Um mosquiteiro trabalhado em renda branca e linhas douradas deixava o cenário totalmente clean e romântico.

Eram as penúltimas fotos que as três modelos pousariam. Já haviam pousado com roupas casuais, sociais e agora usavam lingeries distribuídas em camisola, espartilho e tradicional. O expediente já havia acabado e apenas Jennie, Seulgi, Son Chaeyoung e um par de maquiadoras realizavam o trabalho.

A porta do espaço foi aberta e os olhos de Jennie automaticamente estalaram para a entrada, encontrando apenas Park Chaeyoung dentro de um justo vestido preto que alcançava até metade de suas coxas. A professora tinha os cabelos cor de champanhe soltos em largos cachos e os olhos bem marcados por uma maquiagem escura. Aproximou-se da estilista com um sorriso provocante nos lábios rosados, equilibrando-se nos saltos medianos.

- Pretende matar alguém hoje? – Jennie brincou assim que a amiga lhe abraçou em cumprimento.

- De amor? Yes. – Chaeyoung falou sem vergonha alguma na cara, o que fez Jennie rir. – E esses anjos romperam a barreira do mundo espiritual pro terreno quando que você não me avisou nada? – Rosé comentou, deitando a cabeça para o lado enquanto analisava as três modelos de lingerie sobre a cama. – Oh my gosh.

- Você está a todo vapor hoje hein? – Jennie a empurrou com o quadril, a fazendo sorrir. – Aliás, onde está o meu anjo?

- Ela foi ao banheiro rapidinho. – Rosé apontou com o polegar para a saída. – Você vai pra casa direto daqui?

- Sim. Lisa deve estar querendo ficar sossegada. – Chaeyoung torceu a boca. – O quê?

- Maybe ela não queira ficar sossegada. – Jennie estreitou os olhos e a professora mordeu o lábio inferior. – Maybe você deva perguntar pra ela se ela quer fazer alguma coisa, unnie.

- Okay. Você está querendo me dizer alguma coisa? – Jennie cruzou os braços e Chaeyoung tomou uma grande quantidade de ar.

- Maybe?

- Alguém pode ajudar as modelos com a troca de roupa? – Seulgi perguntou em tom alto e rapidamente Rosé ergueu a mão, correndo em direção à cama.

- Peste.  – Jennie sibilou, rolando os olhos.

Já estava pronta para ir ajudar na troca de lingerie das modelos quando a porta voltou a se abrir.

Lisa sorriu assim que pousou os olhos em Jennie, mas o máximo que a estilista fez foi arquear as sobrancelhas. O anjo tinha os cabelos loiros bagunçados, mas não o bagunçado natural que sempre tinha ao acordar. Era um bagunçado proposital, que descia como cascata por seus ombros e costas. Vestia uma bata azul marinho de mangas compridas e jeans rasgado, mas o que mais chamou a atenção de Jennie a medida que Lisa se aproximava era o delineador que destacava os olhos dourados.

- O que Chaeng fez com você? – Jennie perguntou quando o anjo já estava próximo o suficiente.

- O quê? – Lisa franziu o cenho e levou as mãos ao próprio rosto, cobrindo suas bochechas e fazendo seus lábios formarem um bico de peixe. – Ficou ruim?

Jennie sorriu com a fofura de Lisa e acabou substituindo as mãos do anjo pelas suas, segurando o rosto delicado com as palmas das mãos e acariciando as bochechas salientes com os polegares. Graças aos saltos que usava e aos tênis de Lisa, estavam da mesma altura.

- Ficou lindo. – Jennie disse ainda analisando cada detalhe no rosto de Lisa. – Mas você já é naturalmente linda.

Lisa sentiu suas bochechas esquentarem com o elogio, mas Jennie sequer reparou no rosto rosado do anjo. Estava mais concentrada em ver o que Chaeyoung tinha feito no rosto de Lisa e não havia encontrado muita coisa, apenas um delineador e uma sombra singela nos olhos. Não havia base na pele perfeita e nem batom nos lábios carnudos que carregavam sua natural cor coral.

- Você está com cheiro de bebê. – Jennie franziu o cenho em meio a um sorriso e deslizou as mãos para o pescoço de Lisa, o acariciando com os polegares.

- Eu acabei me sujando na casa de Chaeyoung e ela me emprestou essas roupas depois de eu tomar um banho. – Lisa explicou enquanto sentia o carinho que recebia no pescoço.

Jennie ia falar que preferia o cheirinho de flores que Lisa tinha, mas recebeu um chamado na voz de Seulgi para ajustar melhor as lingeries nas modelos.

- Só temos mais essa troca e já vamos, está bem? – A estilista avisou já andando em direção à equipe.

- Está bem. – Lisa sussurrou em resposta, ainda sentindo os dedos de Jennie em seu pescoço e uma sensação de arrepio gostosa em suas costas.