História Angel Eyes - DARYL DIXON l livro 1 - Trigésimo Terceiro Capítulo

Rick deu o primeiro soco que Shane desviou e devolveu uma cabeçada em Rick que recua alguns passos pelo golpe.

Shane o joga no chão e pega a arma de Rick, mas antes que conseguisse destravar a arma, Rick se recupera e o choca com o carro deferindo diversos socos no rosto de Shane, fazendo a arma voar longe.

Rick acerta uma joelhada em Shane antes dele virar Rick e ficar por cima enquanto o acerta com socos. Randall enquanto isso apenas assistia a briga dos dois e se arrasta para onde Rick deixou a faca.

Rick e Shane trocam golpes e mais golpes, o xerife vacila e Shane aproveita o derrubando e logo em seguida vira uma moto sobre as pernas do homem o deixando preso por um momento. E então volta para onde o garoto estava.

Shane pega sua arma que estava debaixo de um caminhão onde Rick havia chutado e destrava para atirar em Randall. Rick chega novamente e se joga em Shane que não consegue atirar.

— Me solta cara! - fala Shane enquanto a todo custo tenta se soltar de Rick que o mantém preso no chão.

Rick e Shane se debatem e então viram, com o xerife ficando por cima. Shane segura o rosto de Rick enquanto ele acerta Shane com mais alguns golpes.

Shane acaba o soltando e Rick se levanta grunhido e vai até onde deixaram Randall.

— Não vai mais tomar essas decisões! Eu não vou deixar. - grita para Shane entre respirações pesadas.

Shane se levanta apoiando o corpo no caminhão ao seu lado. E então ele vê um ferro em baixo do caminhão e o pega jogando em Rick que desvia rapidamente se jogando no chão. O ferro acerta o vidro de uma janela e a quebra no mesmo segundo.

Shane tenta controlar a respiração pesada ao mesmo momento em que observa a janela quebrada e vê quando um mão começa a se levantar dali.

— Merda. - balbucia e então Rick vira seu olhar para o mesmo local que Shane.

Ainda cambaleando Rick se levanta e afasta-se de perto da janela e mata com o mesmo ferro que partiu o vidro, a zumbi que se esgueirava pelos estilhaços tentando se libertar. Não demorou muito para outros vierem até eles.

Os dois correm em diferentes direções em busca de algum lugar para se esconderem do grande grupo que grunhia em direção deles.

Randall que a todo custo tentava chegar mais perto da faca viu um zumbi se aproximar dele na mesma hora em que pegou a faca, correndo contra o tempo ele consegue se libertar e corre na direção oposta da morta. Se esconde e espera a morta de aproximar e quando o faz, ele atinge diversas vezes a pequena faça de caça na cabeça da zumbi que cai em um baque seco no chão.

O garoto corre dali no mesmo instante, em busca de algum lugar para abrigar-se.

Rick que no meio de sua corrida encontrou sua arma perdida, a pega e corre entre os carros estacionados no local. Atira contra três dos zumbis e não para, com dois ainda em encalço.

Shane que correu na direção oposta de Rick, se abriga em um ônibus escolar parado, o mesmo em que ele pegou os corpos mais cedo. Faz um pequeno corte em sua mão e usa para atrair os zumbis, os matando pelas brechas do ônibus, mas ao mesmo tempo, muitos querem entrar no ônibus e forçam a porta que começa a ceder, fazendo o homem parar a matança e ir de encontro a porta de metal enferrujada e se apoiar contra ela usando toda sua força para mantê-la fechada.

Rick no meio de sua fuga acaba esbarrando em Randall e quase o mata achando ser um zumbi. Ele acaba detendo garoto e o impede de fugir. Mas Rick não queria sair sem Shane então quer voltar para procurá-lo, depois que encontram um lugar mais calmo, Randall o convence de partir sem Shane e então começam a se afastar.

— Ele fez isso. Vamos embora daqui. - fala Rick suspirando pesadamente.

— Não me deixa aqui! Volta. - Shane murmurava desesperado ao ver pela única janela limpa do ônibus, Rick e Randall se afastarem.

Rick ouve a súplica do ex-policial e pensa em um plano para tirá-lo dali ao ver a quantidade de zumbi em sua volta.

Vai até os policiais verificados por Shane assim que chegaram e pega suas armas voltando até o ônibus.

O xerife já chega atirando e grita para Shane sair pela porta de trás do ônibus. O homem nem questiona e faz o que Rick mandou, saindo com um pouco de dificuldade. Os dois correm de volta para o carro e com um pulo espetacular Shane entra e Randall sai pisando duro no acelerador deixando o lugar agora trás, Rick o havia deixado com o carro para ir buscar Shane.

Randall se anima quando vê que os zumbis ficaram para trás e Rick o corta.

— Continua dirigindo Randall. - diz ríspido. E o garoto se concentra na função.

Chegando próximo a fazenda Rick manda Randall parar o carro que ele faz em seguida. O amarra novamente e o coloca dentro do porta-malas outra vez, menos com as reclamações do garoto.

Já sozinhos no carro Rick decide por um ponto final na discussão com Shane.

— Se quiser me matar, vai ter que fazer melhor do que isso! Mas até eu estar morto, sou eu quem cuidará da minha família. - Rick dá uma pausa em sua fala e logo continua. — Talvez tenhamos que matar o garoto, mas eu vou pensar nisso essa noite. - fala e Shane suspira.

— Rick olha... - o xerife não o deixa completar a frase.

— Lori é minha mulher, aquele bebê é meu! ... Se for ficar com a gente vai seguir as minhas ordens e confiar em mim. - fala por fim e Shane nada diz apenas assente. — Tá na hora de voltarmos a ser o que éramos antes. - fala e entrega a arma de Shane para o dono.

O homem nada diz, apenas pega sua arma e a guarda novamente em seu coldre.

Assim que passam pelos portões da fazenda avistam alguns integrantes do grupo do lado de fora da casa esperando por eles.

Ao descerem todos reparam em seus rostos feridos, sabiam que tinha rolado uns socos ali, mas ninguém fala nada.

Rick bufa nervoso e vai até o porta-malas e tira Randall de lá ainda com um saco na cabeça e Shane o ajuda. Todos ficam confusos.

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ELIZABETH GRIMES:

A curiosidade bateu em mim quando meu pai e Shane desceram do carro com feridas recentes em seu rosto, mas não comentei nada, meu rosto apenas se contorceu quando ele tirou o garoto do porta-malas.

Os minutos seguintes se passaram com Rick explicando o que tinha acontecido e Shane prendendo o desconhecido que descobri se chamar Randall no celeiro.

No momento estávamos na sala de jantar outra vez, decidindo sobre o que faríamos com o garoto. Andreia dá a ideia de interrogar ele, mas meu pai diz que já o fez e ele não vai falar.

— Faça com que ele fale. - ela fala com uma leve entonação irônica.

— Tá falando para torturar ele? - pergunto indignada.

— Sim ué, simples. Precisamos que ele fale, mas ele não quer falar, vamos dar um incentivo. Ameace ele, diga que se não falar o matamos. - e continua com seu discurso sem noção.

— Você é completamente maluca não é?! Não vamos torturar um garoto! E se ele não falar, vai mesmo ter peito para executar alguém assim? - indago.

— Ele ou eu. É uma percepção bem simples. - ela fala. Realmente, é bem simples, mas no momento ele não está nos representando uma ameaça. Matá-lo agora assim, seria uma execução.

— Pode ser uma boa ideia Lizzie. - fala meu pai.

— Não pode estar considerando essa ideia maluca não é? - pergunto.

— Vamos o interrogar, se ele não falar fazemos um pouco de pressão, e se ainda assim não resolver, o ameaçamos de morte. - Rick diz dando o decreto final e começa a sair da sala.

— Pai! - o grito e vou atrás dele e puxo seu braço para virar-se pra mim. — Não está agindo como o homem que eu conheço. Cadê aquele cara que vê o lado bom das pessoas? E o que você e Shane aprontaram que voltaram todos ferrados?

— Elizabeth...

— Não vem com essa não! Vai me explicar sim, agora. Não sou mais um criança Rick.

E então ele me diz que brigou com Shane por conta da criança que Lori carrega e mais alguns assuntos.

— Bom... Shane mereceu, mas devia ter batido mais nele.

— Lizzie... - fala com tom de aviso e repreensão.

— Qual é pai?! Ele me deu uma surra nos primeiros dias depois de tudo, se não fosse por Daryl... - ele me corta.

— Ele tocou em você, fora o dia do incidente da fazenda? - ele pergunta com os olhos arregalados. — Como eu nunca fiquei sabendo disso antes Elizabeth?! Por que não me contou?

— Não achei que fosse necessário, e além do mais foi um descontrole de Shane. Achei que era por pressão ou só alguma crise, mas pelo que parece não foi. - dou de ombros e meu pai nega com a cabeça. — Tá tudo bem. Eu estou bem agora, e Daryl me defendeu dele e não permitiu que não tocasse mais em mim.

— Daryl é? - ergue uma sobrancelha.

— Sim... - repondo corando de vergonha. — Não vá tirar satisfações com o Shane sobre isso, já passou. Ok? - ele assente e segue caminho para o celeiro.

No caminho vejo ele se aproximar de Daryl e o chamar para junto com ele. E então caminham Rick, Daryl e Shane para o celeiro. O último citado já esperava ansiosamente na porta do lugar.

Aguardo impacientemente do lado de fora do local com o sol fritando minha cabeça. Já estão lá faz horas, e nada de ninguém dar um sinal. Apenas escuto os gritos de Randall, e já sei que ele não concordou em falar e estão tendo que o torturar.

Não concordo com isso. Não concordo mesmo!

Tortura não é reposta para nada. Você só destrói a si mesmo, pouco a pouco. Entendo que na situação que estamos hoje muitos valores não importam mais, mas se nos deixarmos levar por essa "liberdade", o que nos tornaríamos?

Sem contar nos flashbacks que insistem em voltar para minha mente, a cada grito de Randall, uma nova lembrança de meu passado manchado ressurge em meus pensamentos. E por mais que os evite, com o sofrimento de Randall como gatilho não é possível.

Sem aguentar mais toda essa situação me levanto do lugar que descansava no chão, disposta a invadir o local.

Abro sorrateiramente a porta pesada do celeiro e do mesmo lugar consigo ver claramente a cena que se passa na minha frente.

Randall estava sentado no chão, algemado contra uma pilastra enquanto Daryl o esfaqueava. Ele já estava completamente encharcado de sangue, meu pai de frente para ele repetia perguntas. Shane apenas observava mais afastado.

Meus olhos se enchem de lágrimas quando o caçador o atinge mais uma vez.

— Me responda e ele para. Quantos vocês são? - meu pai pergunta, quase em súplica.

— Por favor! Eles vão me matar se eu contar. - o garoto fala com dificuldade.

— Você vai morrer de qualquer forma de não nos disser. - meu pai revida.

Ainda não tinham notado minha presença e continuo em silêncio apenas observando a cena.

— Somos em trinta... - ele fala com dificuldade, parando para pegar fôlego e Daryl o ameaça e então volta a falar. — Olha, eu não sou como eles, quero que vocês entendam. - ele fala e Daryl levanta a faca mais uma vez e ele súplica para que não o bata outra vez.

— Continue a falar. - diz meu pai.

— Eles atraem mulheres para o grupo, prometendo segurança apenas para abusarem delas e quando se cansam as matam. - ele fala suspirando e arregalo meus olhos. — Estavam a trás de mais garotas na cidade quando encontraram vocês... Por favor me deixem ir, eu juro que não digo nada sobre vocês ou a fazenda! - súplica.

— Ainda não decidimos sobre isso. Por hora, vai ficar aqui. - fala meu pai e o garoto choraminga.

Daryl o acerta um soco em seu rosto fazendo o garoto cair desacordado. Ele chacoalha a mão para aliviar a dor do soco e olha de relance para trás, caindo diretamente em meus olhos.

Meu corpo que estava paralisado pela cena resolve voltar a si e caminho rapidamente para fora dali com as lágrimas querendo correr por meu rosto.

— Elizabeth! - escuto meu pai e Daryl gritarem por mim, mas não dou ouvidos e continuo me afastando do celeiro.

Sinto meu braço ser puxado e luto com eles para me afastar, mas a pessoa não deixa e me abraça forte, impedindo que eu fuja.

— Me solta! - falo enquanto sou prensada contra seu peito.

— Não, até você se acalmar. - escuto o sotaque caipira de Daryl e me deixo relaxar em seus braços. — O que você viu lá dentro... - não o deixo terminar.

— Era necessário, eu sei... Mas eu sou uma pessoa ruim por não conseguir aceitar isso? - sussurro em seu peito.

— Claro que não Liz... Olha, eles são pessoas ruins, não sabemos o que Randall pode ser capaz de fazer ou não. - ele começa.

— Tudo bem. Pode me soltar agora, já estou bem. - falo e o vejo corar enquanto me solta. — Obrigada. - sorrio e me viro saindo dali.

Daryl ainda estava com as mãos sujas de sangue, sei que não fez aquilo por maldade, fez porque era o necessário, era preciso. Mas não aceito, não tinham outro método para interrogar Randall que usasse um pouco menos de violência?

Chamo Dylan para me ajudar e pegamos alguma equipamentos no pequeno estoque de Hershel e voltamos até o celeiro. Dessa vez apenas meu pai estava lá e observava o corpo de Randall.

Me ajoelho ao lado do garoto e ajudo Dylan a cuidar dos ferimentos. Nada muito grave, apenas alguns roxos e cortes não muitos fundos para precisarem de pontos. Limpamos e tampamos os ferimentos mais expostos e Dylan sai primeiro levanto o que não usamos dos suprimentos e eu fico limpando a sujeira que fizemos.

— Elizabeth... - meu pai começa. Ele tinha ficado esse tempo todo sem falar nada, apenas observando Dylan e eu. — Sei que não concordou com isso, mas quero que saiba que se tivesse outra opção eu teria escolhido.

— Eu sei pai. - suspiro e o encaro. — Olha, tá tudo bem, já fizeram mesmo. Só não se deixe perder em meio a esse mundo. - falo e começo a me afastar.

— Qual mundo? - questiona.

— O sem regras. Onde tudo vale... Há algumas semanas atrás, você nunca teria feito algo parecido com isso, independentemente da situação. As pessoas mudam eu sei, e nas circunstâncias que vivemos hoje é compreensível a sua atitude. Só não... Perca a essência do homem que eu admiro. - suspiro e dou as costas para Rick saindo dali, levando comigo um saco com o lixo.