1. Spirit Fanfics >
  2. ÂNGELA: Virgem >
  3. Ligação

História ÂNGELA: Virgem - Ligação


Escrita por: JakobFKings

Capítulo 18 - Ligação


Fanfic / Fanfiction ÂNGELA: Virgem - Ligação

Os dias até o final de semana passaram velozes. Ângela, resolvera o que pudera da faculdade, mas a verdade é que sua cabeça estava no final de semana. Ela dizia a si mesma que só iria fazer aquele trabalho pelo dinheiro, necessário para ajudar a pagar o aluguel, mas isso não era totalmente sincero. Ela tinha uma imensa curiosidade em saber como seria estar no meio de uma orgia de desconhecidos.

Até pouco tempo ela imaginara esse tipo de situação como uma recriação contemporânea de Sodoma e Gomorra, um festim demoníaco capaz de trazer a ira de Deus sobre a Terra. Somente pessoas desajustadas, pervertidas, de alma corrompida praticavam esse tipo de coisa. Entretanto, isso foi antes de descobrir que a professora Ambrósia participava de bacanais. Isso misturava e confundia tudo. Isso colocava as crenças de Ângela de cabeça para baixo.

Então, tendo sido capaz de colocar parte de suas pré concepções de lado e criado coragem para enfrentar esse ambiente diferente, Ângela ficara curiosa sobre o que aconteceria na festa. Como seria estar naquele lugar?

No final da tarde de sexta-feira ela voltou para casa da faculdade, se banhou e foi trocar de roupa. Fechou a porta do quarto e abriu o guarda-roupas.

“O que eu vou vestir?”

Ela mesma reconhecia: era deveras estranho se preocupar com isso, uma vez que Ambrósia deixara claro que Ângela deveria usar o que ela determinasse. Ainda assim, ela precisava de algo para chegar na festa. Optou pelo mais simples: tênis, calça jeans, camiseta branca e uma blusa. De um lado, deixava claro que ela não estaria lá para participar de nada. Que era uma funcionária, não uma convidada. Por outro lado, não era uma de suas roupas de igreja, o que acabaria chamando a atenção.

Ela pensou que mesmo que quisesse dificilmente conseguiria se fazer passar por uma das convidadas. Simplesmente não tinha roupas sensuais o suficiente. Nem mesmo uma blusinha ou camisola mais provocante fazia parte de seu repertório. Aliás, nem uma calcinha minimamente sexy ela possuía. Eram todas grandes e comportadas. Todas brancas, pretas ou em tons de bege. Nada com renda, transparência ou pequeno demais.

"E por que eu teria algo sensual? Jamais teria oportunidade para usar algo assim. Se eu aparecesse na igreja com uma calcinha fio dental e alguma amiga visse ficaria horrorizada. Matias nunca sequer tentou ver ou tocar o que eu vestia. Seria uma perda de tempo e dinheiro"

Então lembrou-se de propagandas de lingerie que vira no shopping numa promoção para o dia dos namorados.

"Mas que são bonitas, ah são..."

Por fim, pegou as roupas e as colocou na cama, mas antes que as vestisse, sua mente foi capturada pelas lembranças das fotos de Ambrósia misturadas com sua imaginação do que a aguardava.

Lembrou-se de Ambrósia nua, com o rosto tampado por uma bela máscara verde, encostada numa espécie de sofá antigo, de espaldar alto, de veludo vermelho e detalhes dourados. Ela estava segurando um membro rígido em sua mão e sua língua já estava para fora, prestes a tocá-lo. Certamente ela já podia sentir o calor e o cheiro daquele membro latejante. Entre suas pernas uma moça de pele lisa e negra parecia se deliciar em seu sexo.

Essas memórias causaram um arrepio em Ângela. Seus pelos se eriçaram da nuca à virilha.

De repente, não era só Ambrósia e seus parceiros que estavam nos pensamentos da jovem. Ela se via espionando Nat na fazenda. Da porta, ela observava Nat de pernas arreganhadas sendo chupada por Gui. A amiga gemia enquanto o namorado a devorava. Ângela sentiu uma umidade começar a aparecer entre suas pernas. Não rejeitou as imagens. Ao contrário: deixou a toalha cair no chão e deitou-se na cama. Apagou a luz e deixou que apenas a luminosidade tênue de um sol que já se escondera no horizonte ocupasse o aposento. Abriu as pernas e encostou o dedo médio em seu clitóris. Levemente.

As cenas de Ambrósia, Nat e Gui se misturaram em sua cabeça. A amiga em pé sendo fodida no meio do mato; a professora de quatro. Todo aquele tesão a tomou de assalto. Pensou naquelas bundas, bocas, paus e bocetas, naqueles músculos suados, naqueles movimentos de quadril, mãos e cabeças, em línguas e clitóris úmidos. Tudo isso terminando em gemidos, espasmos e gozos. Apertou suas pernas e sentiu seu clitóris intumescido e encharcado.

Porém, quando as imagens em sua mente apareciam nítidas e o tesão aumentava, o celular a tirou do transe sensual.

Ela atendeu com uma ponta de surpresa.

“Matias?”

Sentiu vergonha como se ele a tivesse surpreendido. Como se ele pudesse ler os pensamentos pervertidos que ela tinha em sua mente. Como se ele fosse capaz de perceber que ela caíra novamente na tentação da luxúria.

Cobriu-se novamente com a toalha e atendeu a chamada.

_ Oi, Matias.

_ Oi, Ângela. Pode falar um minuto?

_ Sim, claro. O que foi?

_ Sabe, Ângela, eu não consigo parar de pensar em você, em nós. Queria saber se você ainda pensa na gente.

_ Sim, eu penso, claro.

Não era mentira.

_ Então, Ângela. Eu penso em você todo dia, toda hora. Eu te amo muito. Quero voltar a ficar com você.

Ela sabia que ele era sincero.

Matias continuou.

_ A gente pode ter um futuro lindo juntos, sabe? Cheio de amor! Casar! Constituir uma família!

Ela podia sentir o conforto que emanava daquelas palavras. Era a proposta de um futuro doce, calmo, suave.

_ Ângela, a gente pode conversar pessoalmente?

“Por que não?”, ela pensou.

_ Claro.

_ Ótimo! Passo aí às nove. Aí a gente vai na Pizzaria do Getúlio. Que acha?

A lembrança do horário trouxe de volta Ângela ao presente. Ela não poderia se encontrar com Matias às nove. E não podia porque seria uma espécie de garçonete de orgia. Um adorno vivo numa suruba.

“O que ele pensaria se eu contasse a ele o que vou fazer hoje? Nunca aceitaria. Jamais. Nem eu sei como concordei em fazer algo assim”.

_ Hoje não dá, Matias…

Ele hesitou até perguntar com uma voz amuada:

_ Ângela, você está saindo com alguém? É por isso que não pode me ver hoje?

_ Não. Não é isso.

“Na verdade, é muito pior do que isso… Você jamais imaginaria…”

_ É que hoje eu marquei de… - pensou - cuidar de uma criança. Preciso ajudar nas despesas aqui de casa e estou trabalhando de babá algumas noites.

_ Ah… Eu poderia passar no lugar onde você vai estar. Te ajudar.

_ Não, Matias. Não pega bem levar homem pra casa onde se é babá. Os pais acham ruim.

Ela ficou feliz. Pensara rápido.

_ É, acho que você tem razão. Amanhã, então?

_ Me liga. Não quero combinar ainda. Pode acontecer algum imprevisto…

Matias percebeu o tom de hesitação em Ângela.

_ Tá acontecendo alguma coisa, Ângela? Você está bem?

_ Tô, sim.

_ Ângela… estou meio preocupado com você… o Padre Anastásio me disse que faz tempo que você não vai à missa ou frequenta o grupo das mulheres da igreja… Te fazia tão bem… Sinto que você está se distanciando de Jesus… Isso é perigoso…

_ Não, Matias, não é isso.

_ Sabe… nosso namoro era tão tranquilo… Uma paz...

“Isso era verdade”, pensou Ângela. “Não fosse eu querer outras coisas… estaríamos ainda em paz… sossegados”.

_ Essa paz era da religião, Ângela… Era a certeza de ter um caminho seguro, claro, definido, que nos fazia bem. Era a certeza de que não precisávamos nos preocupar com nada porque nosso destino estava nas mãos de Jesus que fazia tudo ser tão simples…

“Aquela paz… aquela tranquilidade…”

Mas não era simples assim. Havia um motivo para que ela tivesse se separado de Matias.

“Essa paz tinha um preço. O preço era eu suprimir qualquer desejo, qualquer realização. Por que eu devo aceitar um plano de outra pessoa para a minha vida? Será que deixar ‘Jesus tomar conta da minha vida’ significa abrir mão de todos os meus desejos, minhas ambições ou mesmo das minhas curiosidades? Ou isso era só uma forma de ser controlada por outras pessoas? Será que o que eu ouvia era mesmo a vontade de Jesus ou a vontade de Matias ou do Padre Anastácio?”

Ela não se enganava: o simples fato de ter essas dúvidas já criava entre ela e Matias uma distância considerável. Não intransponível, claro. Mas considerável. Ela precisava entender a si mesma antes de poder retornar ao que era antes. Sem compreender quem efetivamente fazia as escolhas e o que as opções significavam, ela não poderia voltar para Matias. Não agora.

“Mas… e se eu fizer escolhas erradas? E se depois de tudo isso eu perceber que joguei minha chance de felicidade no lixo? Tudo por causa de luxúria… Tudo porque eu simplesmente caí na tentação do Diabo? Vale a pena perder toda aquela paz, aquela tranquilidade, pra saber como era a vida de pessoas como Ambrósia? Ou mesmo de Nat? Se eu perder a virgindade eu sei que Matias não vai me aceitar mais. Aliás, ele não pode nem sonhar com o que eu já fiz. E, pior, com o que eu vou fazer hoje… De qualquer forma, não pretendo perder a virgindade. Só vou trabalhar e voltar. Mais nada. É isso”.

Respirou.

_ Matias… eu ainda preciso organizar minha cabeça… por ora, penso só em ajudar aqui em casa e conseguir um estágio. Está difícil. Mandei um currículo pra uma empresa que trabalha com licenciamento ambiental. Eles têm um setor de biólogos e quero muito entrar lá. Tenho entrevista na segunda. Vou passar o final de semana estudando licenciamento ambiental, as resoluções do Conama, o Código Florestal e mais um monte de coisa. Foi um negócio que apareceu de última hora.

Essa parte era verdade. O estágio era uma oportunidade interessante de crescimento. Ela pretendia realmente se dedicar no tempo que teria no final de semana a revisar o material.

Aquela vaga surgira de repente. Fora anunciada no mural virtual da faculdade no dia anterior. Ângela mandou o currículo e, em seguida, telefonara e conseguira falar com a responsável, Lavínia, e agendara uma entrevista para segunda. Embora entusiasmada com o estágio, a verdade é que Ângela não conseguiria focar nos estudos antes dessa festa. Ela trabalharia de madrugada, descansaria e depois iria para a biblioteca revisar o que pudesse.

_ Ângela… pensa bem em tudo que nós vivemos juntos, no futuro lindo que temos à nossa frente… Uma casinha linda, filhos correndo no quintal...

_ Eu penso, Matias. Penso sempre…

_ Não pode me ver mesmo hoje ou amanhã?

_ Melhor não. Depois a gente conversa. Não estou com cabeça pra isso agora.

_ Tá bom, então… Estou aqui pro que você precisar. Não deixa de rezar, de ir à igreja. Vai te fazer bem.

_ Pode deixar. Beijo. Boa noite. Depois conversamos.

_ Beijos. Deus te abençoe. Que Jesus esteja com você hoje em seu trabalho.

Aquela última frase deixara Ângela incomodada.

Mas não daria tempo de remoer o assunto. Precisava se arrumar. Logo o motorista chegaria.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...