Escrita por: LucySamma
Hannah
-Ah, Florência, esta é Hannah. Hannah, Florência. – disse Estevam tranquilamente.
-É um prazer, Lady Florência. – fiz uma reverência quando me lembrei de quem se tratava.
-Você é uma... – ela olhou para mim e depois para Estevam. – Bem... o prazer é todo meu... Hannah.
Eu sabia o que ela ia dizer. Serva. Ela ficou aparentemente curiosa pelo fato de haver tanta intimidade minha com o príncipe. Ao menos, Estevam não se importava com isso.
-Perdão... eu quis dizer Alteza.
Estevam riu inicialmente, mas depois se dobrou de gargalhar.
-O que está fazendo? Dando uma de falsa? – e continuou a rir. – Florência, não estranhe Hannah me chamar assim normalmente, já nos conhecemos bem.
-Ah, é mesmo? – Florência se levantou e me estudou dos pés à cabeça. – Fico feliz em saber que tem feito amigos, Estevam. Quer dizer, se um dia já teve um.
E então foi a vez dela desatar a rir.
-Engraçadinha. Está tentando fazer uma piada? – zombou Estevam. – Sinto lhe dizer que foi um completo fracasso.
Ela lhe fez uma careta. Eu estava quase me sentindo perdida ali dentro.
-Oh, o que você dizia? – Estevam me perguntou. Só então me lembrei de que cheguei aos gritos no quarto. – Ah, não precisa. Sobre a Amberly? Mas analisando os acontecimentos você foi a primeira a vê-la andar.
-Não é verdade!
-É sim, oras! – ele se levantou. – Se quiser ver o vídeo que fiz depois, fique à vontade.
-Não é a mesma coisa. – retruquei.
-Eu sabia que você diria isso.
-Está lendo pensamentos agora? – acabei soltando, me esquecendo da presença daquela moça. Ela me olhou com uma sobrancelha erguida.
-Acho que estou atrapalhando. – disse rindo. – Bem, vou me retirar.
-Eu não disse em momento algum que você está atrapalhando. – disse Estevam.
-Não se preocupe, querido. – ela colocou a mão sobre a boca fingindo bocejar. Pra mim ela estava fingindo. – Estou cansada, depois conversamos.
Ela passou por mim antes de alcançar a porta e me olhou da cabeça aos pés mais uma vez.
-Boa noite... Hannah. – eu assenti e ela saiu.
-Você não vai acreditar. – Estevam me lembrou de sua presença. – As Angelines de Findélia estão começando a se pronunciar.
Pisquei atônita.
-Quê?!
-É sim! – ele estava feliz da vida. – Algumas até estão dispostas a vir no palácio para me conhecer.
-São impostoras. Aposto.
-Você não tem certeza.
-Ah, eu tenho. – falei com convicção.
-Por quê? A verdadeira Angeline disse que não morava em Findélia? – então ele arregalou os olhos como se algo incrível o tivesse ocorrido. – Mas é claro! Ela pode não morar em Findélia!
-Você não já tinha pensado nisso antes?
-Não sei. Mas precisamos anunciar nos países mais próximos.
-Ou mais distantes.
Ele me olhou com a mão no queixo.
-Por quê? Está me escondendo algo?
-Eu? – falei. – Eu não. Estevam, deixe a moça. Talvez ela não queira ser encontrada. Ainda mais por você, uma pessoa tão arrogante.
Ele arregalou os olhos como se eu houvesse dito a coisa mais absurda do planeta.
-Como?
-É. – cruzei os braços e o encarei. – Você é insuportavelmente arrogante.
Ele continuou com seu olhar chocado e levou a mão ao peito teatralmente ofendido. Não aguentei e ri.
-Sua sinceridade me comove.
-Disponha.
-Se é assim então vou mudar. – ele coçou o queixo pensando. Acho que não notou que era brincadeira. – Você acha que um pronunciamento meu para toda Findélia ajudaria?
-Não faça isso! – falei desesperada de mais. Respirei me acalmando. – Estevam, só... pare com essas coisas.
-Ela pode ser tímida. Sim, ela parecia um pouco tímida. Meu pronunciamento pode ser um empurrãozinho, então ela vai aparecer.
Respirei fundo e abri a porta. Ele não ia parar e não importava o que eu falasse. Não sei se fico chateada ou triste por ele, pois jamais encontrará Angeline.
-Boa sorte com isso.
Estevam
No dia seguinte, eu acordei disposto. Acho que é uma das raras vezes em que eu acordo com vontade de levantar.
-Sua Majestade teve uma melhora significativa. – disse o médico para meu pai.
-Kate está me obrigando a comer tudo o que mais detesto. – disse meu pai. – Legumes.
-Bem, o seu humor está consideravelmente melhor.
-Ah, isso se deve à minha princesinha. – disse ele. – Ela está andando, sabia? Além disso, meu filho está apaixonado.
-Não estou apaixonado. – interrompi. – Estou interessado numa moça.
-Claro. – ele me deu tapinhas nas costas. – Encontro você mais tarde.
Se levantou e saiu.
-Bom dia, querido! – disse Florência quando eu a encontrei após o café da manhã. – Se não se importa eu pedi que sua criada pessoal me ajudasse com umas coisinhas nos meus novos aposentos.
-Hannah? – ela assentiu. – Você a mandou fazer uma faxina para você?
-Coisa pouca. – abanou a mão com desdém. – Creio que ela seja uma das melhores, então ela não está disponível para você hoje.
Ergui uma sobrancelha.
-Então, você simplesmente... e seu eu precisar dela? – afinal, eu tinha algumas Angelines para entrevistar e tentar reconhecê-las e ninguém melhor que Hannah para me acompanhar.
-Chame outra. O que mais têm neste palácio são servos.
Abri a boca para protestar, mas como não sabia o que dizer, tornei a fechá-la.
-Vai ficar me devendo. – falei e saí.
Tinha que conhecer as supostas Angelines e algo me dizia que não era nenhuma delas.
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