História Angels - Seu Loueh.

POV Narrador

Depois de se decepcionar com a polícia local, Louis foi para casa junto ao menino. Ele sentia-se perdido pelo fato de que nunca cuidara de uma criança. Havia centenas de perguntas sem respostas em sua cabeça. Ele não poderia levar Harry para o trabalho todo santo dia. O garoto era muito pequeno para estudar, e além do mais, o maior não tinha coragem de deixá-lo sozinho. Quem faria isso com uma criança? 

Louis jogou-se no sofá e o menino de cachos fez o mesmo, olhando com suas enormes esmeraldas verdes. As bochechas dele esquentaram e o mesmo abraçou seus ursos, pousando a cabeça no colo de Loueh. Louis, por sua vez, acariciou os cachos que pulavam do gorro de coelho do pequeno. 

Ele se sentia culpado por pensar em levar o garoto para um lar de adoção. Não que não quisesse ficar com o pequeno, mas Tomlinson não tinha condições financeiras, muito menos tempo para dar ao menino. Seu estômago se embrulhava só de imaginar a cena de Harry agarrado ao seus coelhos e dando tchau com suas pequena mãozinha livre. Os olhos do maior andaram e ele virou o rosto, não querendo mostrar ao outro que estava a ponto de chorar. Não adiantou, pois Hazz levantou-se e fez bico, passando seu dedinho no olho de Tomlinson.

- Por que Loueh tá chorando? Foi Harry? Harry não queria fazer seu Loueh chorar!

- Seu?- Louis riu de surpresa e acariciou as bochechas do garoto.- Desculpe, Hazz. Não queria chorar na sua frente.

- Mas por que Loueh chora? Hazz quer chorar também.

- Não, não. Estou bem, viu?- Louis pôs um sorriso no rosto.- Vamos comer?

- Harry é grande e sabe quando as pessoas mudam de assunto.- Harry revirou os olhos e Louis riu.- Mas se você não quer falar, Harry entende.

- Obrigado, fofinho. Agora, vamos comer!

- Sim!

Ambos se levantaram e correram para a cozinha. O maior já havia se apegado àquela coisa tão pequenina e fofa. Não tinha mais como fugir, ele teria de cuidar de Harry até que alguém aparecesse para pegá-lo de volta.

Louis fez uma sopa de legumes e Harry entortou o nariz, olhando para o outro com um olhar pidão. Louis sorriu e catou os legumes, deixando apenas as batatas e os pedaços de frango. O menor sorriu e agradeceu, comendo a sopa feliz da vida. 

Depois de comerem a sopa, Louis questionou o pequeno, querendo saber se ele queria tomar banho. A resposta veio mais rápido do que esperava, pois quando piscou, Harry estava nu. Louis sorriu e segurou a mão do outro, carregando-lhe até o banheiro. 

- Harry não pode molhar a cabeça a noite, seu cabelo fica pesado e ele não consegue dormir.

- Ele quem?- Tomlinson questionou.

- Harry.- Harry disse, como se aquilo não fosse tão óbvio.

- Oh, sim...- Louis entrou no box, tirou a blusa e dobrou a barra da calça, suspirando ao ver que a mesma não subia o bastante para não molhar. Ele se deu por vencido e tirou, ficando apenas de boxer. Ligou o chuveiro e colocou a touca na cabeça do pequeno, molhando seu rosto.

Louis deu um banho no menino, passando o sabão líquido por todo o seu corpo miúdo. A tentativa de não molhar-se não funcionou muito, pois quando acabou de banhar o outro, todo o seu corpo estava molhado, inclusive sua cueca. Harry puxou a toalha do seu lugar e se enrolou, tirando a touca. O maior saiu do box e secou o outro, dando um tapinha na sua bunda para que ele fosse para o quarto. Louis tirou sua cueca molhada e entrou no box escuro, fechando-o e tomando um banho quente. Seus músculos estavam rígidos e doídos. Seu pescoço fervia como se estivesse dentro de uma panela de água quente por horas. Ele esfregou o rosto, tentando afastar a dor que percorria seus olhos em formas de lágrimas. Todas por causa de Ethan.

Depois de vestir um dos pijamas que estavam na gaveta, Harry curioso como sempre, olhou pela fresta da porta. Hazz arregalou os olhos e sentiu suas bochechas esquentarem como um vulcão quando viu as partes traseiras do outro que tomava banho. No mesmo instante, voltou para o quarto e se jogou na cama, com um sorriso bobo no rosto.

Tomlinson se enrolou em uma toalha e foi para o quarto, encontrando Harry deitado. Vestiu uma bermuda de moletom e deitou ao lado do pequeno, olhando para suas bochechas. O menino virou seu rosto e riu, mostrando suas covinhas. O coração de Loueh se encheu e ele jogou o braço sob o outro, encostando sua cabeça junto à do de cachos. Eles puxaram os cobertores e adormeceram, ainda sem saber o que fazer no dia seguinte.

POV Louis.

Rolei na cama e tateei o criado-mudo, pegando o celular e desligando o alarme. Harry continuava a sonhar e roncava baixinho com a boca aberta. Um sorriso brotou em meus lábios e eu me levantei, indo até o banheiro. Lavei meu rosto e escovei os dentes, indo para a cozinha. Fiz café e bebi um pouco sentado na mesa.

Os minutos se passavam e eu continuava sentado ali, questionando-me o quê fazer a seguir. Eu não posso levá-lo para o trabalho. Não queria pedir a ajuda de ninguém. Eu não saberia como explicar. Não posso simplesmente dizer ''cuide desta criança, mais tarde volto para buscá-la. Ou não.''

A campainha foi tocada e eu me levantei com um suspiro. Pousei a xícara dentro da pia e caminhei com meus pés no chão até a porta. Olhei pelo olho mágico e mordi o lábio. Era minha mãe.

- Amorzinho, abra a porta. Eu sei que você está ai.

Gemi e abri a porta, encontrando mamãe e as meninas.

- Oi mãe. Oi meninas.

- Olá, Louis!- Todas responderam em uníssono.

- Não façam barulho!- Sussurrei.- Harry está dormindo.

- Ui, um novo namorado?- Lottie disse, cruzando os braços.

- Ficou louca? Ele tem 5 anos! Talvez 6...- Pendi a cabeça para o lado.

- Tem café? Mamãe nos acordou super cedo e não comemos quase nada.

Mamãe deu de ombros e sorriu, sentando-se no sofá.

- Desculpe amorzinho, pela sua voz no telefone eu percebi que você estava morrendo e precisava do colo da mamãe. Estou certa, não?

Concordei com a cabeça e fiz bico.

- Loueh?- Uma voz rouca soou no corredor e eu me virei, fitando o pequeno com um dos pijamas das gêmeas. Isso não iria terminar bem. Quando o pequenino viu todos na sala, ele parou e olhou para os seus próprios pés.

- Esse é o Harry?- Fizz perguntou.

- Ele. Está. Com. O. Meu. Pijama?- Daisy perguntou, irritada.

- Não cabe em você, Daisy, pare com isso. Vou me trocar, fique aqui com as meninas, Harry.

Corri para o quarto e peguei minhas roupas, vestindo-as e guardando a bagunça que ficara sob a cama. Mamãe batucou na porta três vezes e entrou, dando um sorriso e passando as mãos no vestido que ela usava. Suspiros e mais suspiros sairam dos seus lábios e nada ela dizia. Aquilo estava me deixando extremamente incomodado, pois era raro mamãe não me dizer algo.

- O que há, mãe?- Questionei, olhando-a através do espelho do guarda roupas.

- Você sabe que não pode ficar com ele, Louis.

- Mas é claro que posso.- Me engasguei, olhando-a incrédulo.

- Você só tem 17 anos, senhor Tomlinson!- Mamãe gritou.

- Eu sei mãe, mas não posso levá-lo para adoção. Ele ainda está assustado.

- Não quero saber. Segunda você irá levá-lo na delegacia e dizer que não pode ficar com ele. Faça isso por si próprio e para a mãe do pequeno.

- Qual o seu problema? Ele perdeu a mãe, sabe-se lá onde ela está. Eu não vou deixá-lo e você não vai me obrigar a isso.- Engoli em seco.- Eu te amo, mas você está errada. Eu ficarei com ele até que sua mãe venha buscá-lo. Se não está satisfeita, saia!- Joguei o restante das roupas dentro do seu devido lugar e caminhei à passos firmes para fora.

- Louis! Calma, me desculpe... Você ainda é o meu bebê, entende?- Jay segurou meu braço.- É estranho para mim vê-lo cuidando de uma criança.- Ela sorriu.- Fico feliz que você pense assim. Cuide dele quanto tempo quiser, viu? Você terá minha ajuda, se precisar.

- Obrigado, mãe.- Suspirei e a abracei, olhando para o relógio e constatando que estava atrasado.

Quando voltei para a sala, as meninas estavam ao redor de Harry. As gêmeas mexiam em seus cachos e suas bochechas estavam coradas. Eu sorri em adoração e caminhei até ele, pedindo espaço para as outras. Phoebe reclamou e se afastou, sentando no outro sofá. Peguei o menino no colo e beijei seu olho, explicando que ele ficaria com mamãe e as meninas.

- Hazz, você ficará com a mamãe, tudo bem? Eu preciso trabalhar, assim que der, voltarei e nós comeremos o que você quiser, tudo bem?

- Tá!- Ele riu.

- Ótimo. Se precisar de qualquer coisa, fale com a tia Jay que ela ligará para mim e eu volto correndo, tudo bem?

- Tá!- Ele disse novamente.- Harry já tá com saudades do seu Loueh.

Dei um sorriso grande, mostrando todos os meus dentes e o abracei apertado, querendo ficar com o seu cheirinho pelo resto do dia. Nós estávamos juntos a poucos dias, mas o que eu sentia por aquele menino já passava de amor e cuidado. Ele era... Mais que um irmão para mim. Pousei Harry no sofá e botei meus sapatos que estavam perto da porta. Dei uma última olhada para trás e revirei os olhos ao ver que as meninas já estavam encima dele. Abri a porta e sai, colocando o casaco.

Dei um bom dia ao porteiro e sai pela manhã fria de Londres. Liguei para o trabalho e avisei que chegaria um pouco tarde. Eles concordaram e disseram que não havia problema algum, pois abriram um pouco mais tarde. Agradeci aos céus e acelerei meus passos, olhando para ambos os lados da pista. Meus olhos pousaram sob um corpo conhecido e eu gemi, tentando abaixar a cabeça para não ser reconhecido.

- Louis!- Ethan berrou, levantando seu copo de café.- Louis, Lou!

- Droga Ethan, pare de gritar!- Berrei, atravessando a pista e caminhando sem parar ao seu lado.

- Onde está indo? Quer carona? Meu carro está à duas quadras daqui.- Ele corria, tentando acompanhar meus passos.

- Não, obrigado. Estou indo no seguro buscar o meu.- Sorri cínico.

- Aquela lata velha tem seguro?

Travei meus pés no chão e virei com um olhar fuminante para ele.

- Ethan, vai tomar... Some da minha frente, seu infeliz! Antes que eu arranque esses seus olhos e faça você engolir.- Virei a esquina e entrei na oficina do seguro, dando bom dia ao homem. Abri a carteira e tirei algumas, entregando-lhe e agradecendo. O homem apertou minha mão e sorriu, entregando-me a chave.

- Louis, precisamos convesar.- Ethan ainda estava ao meu lado.

- Ethan, sai!- Me joguei dentro do carro e enfiei a chave na ignição, diminuindo meu campo de visão. Quando voltei a me sentar, Et estava com ambas as mãos sob o capô e com uma carranca. Gemi de frustração e liguei o carro, acelerando o mesmo até que o motor roncasse loucamente. A carranca do garoto se desvairou mas ele continuou lá. Dei de ombros e soltei o freio, fazendo o automóvel andar um pouco. Ethan gritou e saiu. Eu agradeci e sai, olhando para o lado e acelerando novamente, antes que o garoto que tanto me infernizava voltasse.

Parei a lata velha na frente da loja e saí, atravessando a rua e entrando na mesma. Pus me crachá no bolso alto da blusa e dei bom dia a todos. Comecei meu trabalho antes que o gerente me enchesse o saco. Durante todo o tempo de trabalho, minha cabeça ficou em casa. Eu só conseguia pensar em Harry e como as meninas o estavam tratando. Mamãe com toda certeza as repreendeu por terem falado algo sujo ou besta para o menino e, Hazz apenas sorriu, com suas bochechas coradas.

No horário de almoço, eu preferi não comer, pois queria que meu horário de trabalho acabasse logo, para que pudesse correr para casa. Finalmente o horário acabara e eu fiz uma anotação mental de passar no hipermercado para comprar roupas de dormir, cuecas e algumas bermudas. Acho que o garoto de cachos não aguentava mais vestir pijamas das minhas irmãs. Acho que o mesmo sentia-se constrangido.

Desejei um ótimo final de tarde para o pessoal e me retirei da loja, entrando no carro de novo e dirigindo para o mercado. Peguei o bilhete na máquina e conversei um pouco com a voz programada que dizia:''Dirija com cuidado, nós estamos aqui por você!'' E eu respondia:'' Obrigado! E eu estou aqui para gastar!'' e balançava a cabeça como uma música irritante.

Entrei no mercado e peguei uma cesta, indo para a seção de roupas. Caminhei entre os cabides e sorri ao ver um roupão de banho de coelho. Mordi o lábio e o joguei dentro da cesta, pegando o restante das coisas que precisava e indo pro caixa. Paguei tudo e coloquei dentro do carro, dirigindo a 10 quilômetros a mais do que o permitido só para vê-lo ainda acordado.

O que está havendo comigo?