História Aniversários de Kim Seungmin - Capítulo único

Seungmin pousou o casaco no cabideiro e sentiu o piso aquecido debaixo das meias quando chegou em casa. Encontrou Minho estendendo roupas na área de serviço, aproximando-se para trocar um beijo de boas-vindas.

— Eu já arrumei tudo. Vou esperar você tomar banho.

Acenando suavemente, o acastanhado se banhou em dois instantes, colocando seu suéter favorito enquanto aquecia as pernas com um moletom grosso. 

Ele se sentou em uma das banquetas da cozinha americana e repousou o rosto na mão direita, contendo uma risada ao escutar o namorado falando sozinho conforme fritava a carne.

— Quer ajuda? — Minho sobressaltou.

— Meu Deus, você quer que eu bote fogo na casa? — Seungmin riu, meneando a cabeça. — Então pare de me assustar enquanto estou no fogão.

— Você é muito assustado, Minho. 

O moreno mostrou a língua e negou a ajuda. 

— Então... Aniversários são assim, não é... — Espreguiçou-se, observando o outro pôr os bowls na bancada. — Eu viro um rei com direito a todos os mimos do meu namorado.

— O único dia que você pode abusar de mim. — Finalmente se sentou ao seu lado, servindo comida ao acastanhado. 

— Você sabe que eu te amo, né? — Agradeceu a refeição com um gesto, gemendo pelo sabor delicioso derretendo na própria língua. — Mas me conta sobre o seu dia.

Seungmin adorava escutar e rir com Lee Minho. Uma das coisas mais legais de namorá-lo era a impossibilidade de se entediar. A mente de Minho era impressionante, e a forma como ele demonstrava seu carinho surpreendia o Kim, que jamais cogitou a chance ser tão querido romanticamente por alguém.

— Você está me entendendo?

Com um sorriso não muito contido, ele respondeu:

— É claro, Minho. 

༶

— “[...] Foi por ela que eu matei as larvas (exceto duas ou três, por causa das borboletas). Foi ela que eu escutei se queixar ou se gabar, ou mesmo calar-se algumas vezes, já que ela é a minha rosa. [...]”

Os lábios de Seungmin se esticaram no rosto sonolento. 

— Essa é a minha parte favorita de O Pequeno Príncipe. 

— É uma das minhas favoritas também. — Minho retribuiu o sorriso, alcançando o marca-página. — Mas estou ficando com sono, Min… 

— Já está bom. Obrigado por ler pra mim. — Seungmin abriu os braços, deixando o namorado se deitar no seu peito depois de apagar a luminária de cabeceira. — E obrigado pelo jantar. E pela coleção de vinil que eu queria. E por ser tão bom pra mim.

Minho não respondeu, mas esfregou de levinho o rosto nele. Tinha certeza que o namorado estava envergonhado e, só daquela vez, resolveu não tirar com a cara dele, preferindo se mover o suficiente para beijá-lo.

Um trovão soou quando as bocas se colaram. Como de praxe, sempre chovia nas noites de seu aniversário. Seungmin costumava odiar a data por isso (e por outras causas também, porém preferia ignorar esses pensamentos pessimistas), mas o Lee o confortava tão bem que os pingos grossos já não surtiam o mesmo efeito de antes.

Ele suspirou audivelmente quando Minho puxou seu lábio com os dentes e correu os dedos por suas madeixas escuras. A mão do mais velho se arrastou da barriga até o pescoço sem aplicar pressão, entretanto ainda assim arrepiando cada poro da sua pele. 

— Minho… 

— Hum? — murmurou, distribuindo beijos por sua mandíbula.

— Quero você.

Seungmin sempre teve um tratamento de rei vindo de Minho, mas, no seu aniversário, ele parecia se empenhar ainda mais em atender todos os seus caprichos. Naquela noite, Minho cavalgou no colo do Kim até ambos gozarem, sorrindo para ele enquanto suor escorria pelas têmporas e fazia seu abdômen brilhar. O mais jovem sorriu de volta, abraçando o namorado e o enchendo de beijos, percebendo que a chuva ainda caía lá fora, mais fraca.

Seungmin cheirou o pescoço de Minho antes de pegar no sono, satisfeito com o seu dia. Seus aniversários sempre foram meio sem graça por escolha própria — com exceção de quando não tinha esse poder —, mas Minho, com o passar dos anos, foi o convencendo a tentar aproveitar a data. E talvez, apenas talvez, no próximo ano, ele aceitasse um bolo. Por enquanto, um jantar, a leitura de O Pequeno Príncipe e um aconchego debaixo das cobertas era mais que o suficiente.