Point's Of View May
–Não vou nessa festa, já disse! - esbravejei com o rosto afundado no travesseiro.
–Tsc! Você já está me irritando, vadia! Eu não to pedindo, eu to mandando! - falou dando ênfase. Bufei de raiva e me sentei na cama, o fuzilando - To bonito? Aproveita e tira foto. - disse com sorriso cínico.
–É, talvez eu tire. Deve servir para espantar moscas! - retruquei no mesmo tom, fazendo-o bufar.
—O que foi que disse, sua vadia? - perguntou furioso. No mesmo segundo, Shin ficou em cima de mim na cama, com cara de poucos amigos - Vou deixar uma coisa bem clara, vagabunda! - ele aproximou mais seu rosto no meu, me olhando nos olhos em tom sério e bem assustador. Me arrepiei - Não me provoca, se não quiser uma morte dolorenta, vadia.
Engoli em seco sua ameaça, ainda encarando seu olho dourado fora do tapa-olho. Ele continuou em cima de mim, ainda próximo do meu rosto e com a cara raivosa. Com essa aproximação repentina, pude ver dentro de seu olho, uma fúria sem igual junto com tristeza e solidão.
—Por que me trouxe aqui? - praticamente sussurrei por estármos tão próximos. Shin pareceu pensar na resposta, mas não disse nada. - Por acaso tem algum intesse na minha pessoa? - indaguei séria.
—Talvez. Por que acha isso?
—Porque você teve todos os motivos do mundo para me matar e não o fez. Quero saber porque! - a "conversa" era de sussurros, na realidade. Shin ficou imóvel assim como eu, seu olhar percorreu por todo o meu rosto, parando em meus lábios, corei devido a isso.
—Se quer saber - voltou a olhar nos meus olhos -, ia sim te matar quando te vi com Yui naquela escola, você me deixou bem puto fugindo com ela. - ri fraco, o que o fez voltar a olhar minha boca.
—E porque não matou? - já estava meio desconfortável naquela situação.
—Eu não sei, acho que você me lembra alguém especial pra mim, mas que já se foi faz um tempo... - ele logo saiu de cima de mim, sentando-se na cama e olhando o chão.
—Namorada? - arqueei a sobrancelha, sentando ao seu lado e fitando minhas unhas. Ele riu pelo nariz antes de responder.
—Minha mãe. - o encarei surpresa.
—Por que me acha parecida com ela? - indaguei curiosa, logo seu olhos encontraram os meus.
—Não disse que você se parecia com ela, falei que você me lembrava dela. É diferente.
—Você amava ela, não é?
—Claro que eu a amava, ela era minha mãe! - falou como se fosse óbvio.
—Ah, sei lá! Tem gente que odeia os pais ué. - dei de ombros.
—Claro, esse era o papel do meu pai.
—Não se davam bem? - ele assentiu fitando o nada - Sinto muito.
—Não sinta, isso não é da sua conta mesmo. - agora foi ele que deu de ombros, revirei os olhos.
—Eles morreram? - droga! Não devia ter perguntado isso assim na cara dura, mas agora já foi.
—Sim, longa história. - Shin se levantou da cama e se encostou na parede.
—Ah, que isso! Tenho todo o tempo do mundo. - disse num tom sarcástico, dando um sorrisinho.
—Mas eu não, agora vou pegar uma roupa da Yui para você vestir pra festa, já volto - dito isso, ele logo sumiu do sótão e me deixando sozinha. Bufei.
Uau! Que papo depressivo. Shin deve ter sofrido muito na infância, ele e seu irmão na verdade. Mais um na lista da "infância traumática", pode vim o próximo...
Continua...
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