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História Anjo da guarda - Cap 33


Escrita por: MenerusHurt

Capítulo 33 - Cap 33



Eu encarava o tapete da minha sala há mais de sete minutos. Aquilo havia se tornado um costume há três dias, desde quando eu me sentei àquele sofá e não soube o que fazer. Há três dias eu estava trancada em meu apartamento, recusando ligações, com a cortina fechada e a televisão desligada. Eu apenas ficava ali, sentada, encarando algum ponto fixo. Ao menos naquele dia eu tinha feito algo diferente. Eu preparei um chá. Detestava qualquer tipo de chá, mas senti a necessidade de fazer um naquela tarde. E foi quando me sentei ao sofá com uma xícara de chá, apenas encarando o meu tapete.

Não sabia o que pensar, não sabia o que fazer. Eu só queria que o tempo passasse logo, mas o motivo não sei. Esperei por uma ligação de Armando. Desde quando voltei para casa naquele dia, depois de Marcela e Catalina me visitarem no hospital, eu esperei por uma ligação. Atendi o telefone nas cinco primeiras vezes que tocou, mas nenhuma delas era ele. Recebi a ligação de Kaleb, dos meus pais (eu ainda precisava descobrir quem havia contado à eles sobre isso), e até mesmo de Henrique. Mas, nenhuma das ligações era Armando. Depois da quinta decepção, desisti de pensar que ele me ligaria em algum momento, e resolvi recusar todas as ligações.

Há três dias eu não ia para o trabalho. Não teria coragem de encarar Armando depois de tudo. Eu ainda não estava pronta. E realmente eu não parecia me importar com isso, e muito menos ele. Se Armando realmente estivesse preocupado ou arrependido de sua decisão, ele teria ido ao meu apartamento. Mas, a campainha não tocou nenhuma vez, e tudo o que fiz durante os três dias foi sentar no sofá e esperar o tempo passar.

Mas de tudo isso, o que me deixava com raiva não era o fato dele ter simplesmente terminado comigo dentro da sala de um hospital, logo depois que eu sofri um acidente. O que me deixava com raiva disso tudo era pensar que eu não deveria estar assim. Enquanto pensava sobre isso e me sentia péssima por ter chegado à esse ponto, a campainha tocou. Imediatamente olhei para a porta e senti meu coração disparar. Seria ele? Me levantei rapidamente e segui ate a porta, olhando para o olho mágico. Não era Armando, e eu já deveria imaginar. Destranquei a porta e a abri, dando espaço para que Marce e Cata entrassem.

M-Ah! Ela está viva! (exclamou me abraçando.) Ficamos com medo de encontra-la em decomposição aqui dentro.

C-Marcela!(a repreendeu.) Betty, ficamos preocupadas. Você não atende o telefone, não vai trabalhar há três dias!

B-Eu tenho um atestado. (Falei desanimada, voltando para o sofá. As duas olharam em volta e percebi quando olharam uma para a outra.)

C-Quando foi a ultima vez que fez uma faxina aqui?

B-Não sei.(Respondi indiferente.)

M-Betty, você não está bem.(Preferi não responder.)

C-Nós soubemos do que aconteceu. Mas se isso te deixa melhor, Armando também está péssimo.

B-Não, isso não me deixa melhor. Ele não deveria estar péssimo se foi ele quem terminou.

M-Mas ele está. Ele está visivelmente abatido e parece que está indo arrastado para o trabalho.

B-Ótimo!(As duas se aproximaram.)

C-Betty, eu sei que é horrível, e sei que foi algo inesperado. Mas Armando vai perceber que foi uma besteira essa decisão, e vai voltar atrás.

B-Não acredito mais nisso. (Falei sem olhá-la.)

M-De qualquer maneira você não pode ficar trancada aqui para sempre! Você não pode deixar de viver sua vida só porque o relacionamento terminou! Sei que Armando ainda é o seu chefe, mas você tem um ótimo emprego! Seu livro está prestes a ser publicado e...

B-Eu não sei se meu livro vai ser publicado depois disso.

C-É claro que vai! Estamos trabalhando

nisso, e Armando não o abandonou.(Eu a olhei.)

M-E você deve fazer o mesmo. Armando continua fazendo as coisas dele. É claro, com uma cara de dar pena, mas ele está fazendo. Você também deve fazer. Continue vivendo sua vida. Uma hora isso vai passar. Sempre passa.(Suspirei.)

C-Nós não aceitaremos um não como resposta. Agora, vá tomar um banho e se arrumar porque você vai para a editora.

B-Está bem.

C-Eu disse que não vamos aceitar um...(me olhou assustada.) O que?

B-Está bem. Eu vou tomar um banho e vou para a editora.

C-Mas, assim tão fácil? Pensei que teríamos que convencê-la disso.

B-Não. Vocês tem razão. Não posso deixar de viver só por causa do fim de um relacionamento.(me levantei.) Se Armando está vivendo a vida dele, eu devo fazer o mesmo.(As duas se olharam.) Eu volto logo.

Deixei as duas na sala e segui para o banheiro. Eu ainda me sentia pesada depois de tudo o que aconteceu, mas eu concordava que não poderia ficar mais um dia daquela maneira. Eu já tinha chorado tudo o que tinha para chorar, e esperei o tempo que eu deveria esperar. Armando não voltou.atrás, e isso significava que ele ainda pensava ter tomado a decisão certa. Sendo assim, eu deveria continuar a minha vida. De um jeito ou de outro. Mas, a falta que eu sentia dele não me deixaria tão fácil. Quem me dera se isso pudesse acontecer apenas com um banho de água fria.

...

Era estranha a sensação de chegar à editora sem a expectativa de encontrar Armando. Na verdade, eu estava implorando para que ele tivesse alguma reunião que precisasse usar todo o seu tempo. Ao menos naquele dia. Eu ainda precisava me acostumar com o fato de que continuaríamos trabalhando juntos, mesmo depois de tudo. E eu era madura o suficiente para não encher Kaleb com isso, e eu jamais pediria para voltar ao meu antigo cargo só porque Armando e eu terminamos. Eu prometi à ele que não deixaria que aquele relacionamento interferisse no trabalho, e eu cumpriria isso.

C-Tudo bem? (me olhou quando saímos ao terceiro andar.)

B-Sim.(Respondi respirando fundo.)

M-Quer que a gente te acompanhe?

B-Não. Tudo bem. Em algum momento vou precisar encará-lo.

M-Certo. Se precisar de algo, nos chame.

B-Obrigada.(Caminhei em direção à sala dele à passos lentos. Percebi que as pessoas me olhavam, mas quando eu as olhava de volta, desviavam os rostos. Era óbvio que todos já deveriam saber o que tinha acontecido, e eu não poderia deixar que aquilo me abalasse. Dois dias era tempo suficiente para que eu sofresse em meu apartamento, sem precisar demonstrar isso para todos. Ergui a cabeça e continuei à seguir para a sala. Antes de me aproximar da porta, respirei fundo tomando fôlego e dei um passo à frente. Armando estava à sua mesa, lendo algo escorado à cadeira. Ele não havia me notado ainda, mas eu o notava. Estava da mesma maneira, mas era notável o seu rosto abatido. O que era estranho, já que ele não deveria se sentir tão mal por ter sido ele a tomar essa decisão. Estufei o peito e bati à porta para que ele me olhasse. Quando ele ergueu a cabeça e olhou para mim, foi inevitável não sentir o meu coração disparar. Ele continuou me olhando por um tempo, como se não acreditasse que eu estivesse realmente ali.) Posso entrar?

A-Sim, é claro.(Ele enfim pareceu acordar e levantou-se. Adentrei sua sala e me aproximei da mesa, em silêncio.) Eu... Não esperava você aqui hoje.

B-Por quê? (Perguntei um pouco fria.)

A-Porque pensei que tivesse pegado um atestado para o resto da semana.

A-Não, eu estou bem.(Ele ficou um tempo em silencio ainda me olhando.) Está mesmo bem?

B-Sim. Estou muito bem.(Respondi firme.)

A-Que bom. Fico feliz.

B-É... (Desviei o olhar para a mesa dele.) Precisa que eu faça algo?(ele voltou a sentar-se ainda me olhando.)

A-Eu... Queria que organizasse esses papeis para mim, por favor.

B-Ok. (Imediatamente juntei os papeis sobre a mesa e comecei a organizá-los. Ele continuou me olhando, mas eu não fiz questão de fazer o mesmo. Já estava sendo difícil estar no mesmo ambiente que ele depois de tudo, eu também não precisava ficar encarando-o para tornar tudo ainda pior. Mas, o cheiro do seu perfume estava por toda a sala, e era quase impossível não sentir todo o meu corpo se arrepiar ao me lembrar das vezes que o seu perfume impregnava em meu corpo. "Se concentra, Beatriz! Não pode permitir que ele saiba que você sente a falta dele. De maneira alguma". Suspirei pesadamente e continuei a me concentrar nos papeis. Com o tempo Armando parou de me olhar e enfim eu pude pensar em outras coisas que não fosse o fato de meu ex namorado estar sentado à minha frente. Talvez não fosse tão ruim assim. Ou eu pensava que não fosse.)

...

Até o momento eu estava conseguindo aguentar bem àquela situação. Consegui ficar na mesma sala que Armando até o horário do almoço, e consegui me manter firme. Raramente olhei para ele, e não estava me importando se ele fazia isso a cada cinco minutos. Fiz todo o meu trabalho, e saí para o almoço como sempre fazia. Mas, dessa vez não me importei em pergunta-lo se ele não iria almoçar. Não era mais da minha conta saber isso, apesar de me preocupar se ele estava se alimentando bem ou não. Me encontrei com Marcela para ela me acompanhar até o refeitório já que Catalina estava ocupada com o trabalho, e esperei até que ela terminasse de fazer o que estava fazendo.

B-Eu acho que estou conseguindo superar. (Falei escorando me ao seu computador.)

M-Vai com calma. Ainda é metade do dia. (Ela riu.) Mas fico feliz por pensar assim.

B-Eu estou falando sério. Quero dizer... Pensei que seria mais difícil, mas não foi tão ruim assim. Eu fiquei séria o tempo inteiro e só falei com ele quando precisei.

M-Isso é um começo.(Sorri orgulhosa.)

B-Eu acho que vou ao Joe hoje.

M-Por quê?

B-Não sei. Me deu vontade de sair.

M-Você detesta sair.

B-Mas agora estou com vontade.

M-Ok, isso é uma medida desesperada.(se levantou.) Você não precisa se esforçar para mostrar ao Armando que está bem. Ele vai perceber que é forçado.

B-Não estou forçando nada.

M-É claro que está. É óbvio que você ainda está abalada. Não precisa fingir que não está.

B-Oras... Não foi você que foi me buscar em casa hoje para dizer que eu precisava viver minha vida?

M-Sim! Mas eu não quis dizer viver a vida fingindo que está feliz com o término.

B-Não é que eu esteja feliz. Eu só... Acho que tem coisas piores acontecendo por aí.

M-Se você diz...(nos preparamos para ir ao elevador quando Felipe se aproximou.)

F-Oi!(sorriu.)

M-B-Oi!(Respondemos.)

F-Viram a Catalina? Queria chama-la para almoçar.

M-Ela está trabalhando. Agora que é chefe de criação vai ter que dividi-la entre o trabalho, entre as amigas, e o tempo que ela vai ficar com você.(ele riu.)

F-Tudo bem. Eu falo com ela depois. E vocês? Estão indo almoçar?

M-Sim! (Felipe virou-se para mim.)

F-Ah, Betty... Como você está?

B-Eu estou bem. Por quê?

F-Bom... Sobre o que aconteceu...

B-Ah! Eu não me machuquei! (Sorri.) Foi apenas uma batida leve, por sorte. Eu...

F-Não, não estou falando do acidente. É claro, isso foi preocupante. Mas, estou falando sobre você e o Armando.(Meu sorriso desapareceu. Abri a boca para responde-lo, quando Felipe olhou para algo atrás de mim. Marcela e eu nos viramos e percebi que Armando seguia em nossa direção. Assim que me viu, seus passos diminuíram de velocidade, até ele se aproximar suficiente.)

A-Oi.

M-F-Oi.(responderam. Todos ficamos em silencio por um tempo, até o clima ficar tenso.)

F-Então.(pigarreou.) Armando, vamos almoçar?

A-Sim. É claro.

M-Vamos, Betty? (me olhou)

B-Vamos.(Preparamos para seguirmos juntos para o elevador, quando Érica apareceu chamando a atenção de todos.)

E-Com licença!(disse em voz alta e todos olharam para ela.) Eu tenho um anuncio para fazer!(Ficaram todos em silencio, olhando curiosos para ela.) Eu estou muito feliz em dizer que... Eu estou grávida!(Todos abriram a boca espantados.)

B-De quem? (Perguntei sem querer. As atenções voltaram para mim, e Marcela prendeu o riso.) Quero dizer... Desculpe. Meus... Parabéns.

E-Obrigada. (Sorriu.) Mas, já que perguntou... Não citarei nomes ainda. Mas... Ele é desse andar.(Marcela eu nos olhamos assustadas. Imediatamente olhamos para Felipe, que ergueu a mão em rendição.)

F-Não sou eu!(Nós duas respiramos aliviadas. Começou um grande murmúrio entre todos, até eu olhar para Armando, que me olhou com

indignação.)

A-Por que está olhando para mim?

B-Eu não estou olhando para você!

A-É claro que está!

B-Não, não estou!

A-Não sou eu também, caso esteja se perguntando isso.

B-Eu não estava.(ele bufou e eu cruzei os braços irritada. Mas no fundo, eu estava rindo pelo seu nervosismo. Não olhei para ele com a intenção de acusa-lo, mas sim para saber sua reação diante daquilo.)

M-THEODORE! (gritou e todos assustamos.)

T-O QUE? (se levantou e todos olharam para eles.)

M-Eu acho bom você não ter nada a ver com isso!

T-Você está me acusando?

M-Não! Só estou te dando um alerta!(Os dois começaram a discutir Armando e eu suspiramos impacientes. Enquanto discutiam, Kaleb abriu a porta da sala e todos se calaram imediatamente.)

K-O que está acontecendo aqui?(perguntou com seriedade. Ninguém teve coragem de responde-lo.) Eu perguntei o que está acontecendo aqui?(Érica abaixou a cabeça, e eu percebi que embora ela tenha dado a notícia para todos, Kaleb era o único que não precisava saber ainda sobre sua gravidez.)

B-Eu estava... Falando sobre o meu acidente.(Falei rapidamente e Armando me olhou.) Estavam todos preocupados e eu estava explicando que está tudo bem.(Ninguém teve coragem de me desmentir, por sorte. Kaleb franziu o cenho, mas pareceu acreditar naquilo.)

K-Muito bem. Então será que pode fazer isso em outro lugar que não seja em frente a minha sala? Estou tentando trabalhar.

B-Sim, desculpe.(ele voltou para sua sala e fechou a porta, e novamente os murmúrios começaram.)

E-Obrigada.(disse para mim.)

B-Não há de que.(Me virei para Marcela) Vamos?

M-Sim. (olhou para Teddy.) Nós conversamos depois.

T-Mas eu...

M-DEPOIS!(Segurei ela pelo braço e a fiz andar mais rápido em direção ao elevador. Ao olhar para trás, notei que Armando ainda estava me olhando, mas me virei rapidamente quando chegamos ao elevador.) O que deu na Érica para ela dar essa notícia na frente de todos?

B-Acho que ela só queria causar. (Falei apertando o botão do elevador freneticamente.)

M-Você não pensou realmente que Armando tivesse algo com isso, não é?

B-Não, é claro que não. Quem acusou o namorado foi você.

M-Mas eu sei que ele não fez isso. É óbvio que nem ele, nem Felipe e nem Armando fariam isso. A pessoa que fez isso só pode ser louco ou muito desesperado.(Balancei a cabeça e as portas do elevador se abriram. Nós entramos e eu apertei o botão do andar do refeitório. Enquanto as portas se fecharam, percebi Armando conversando com Felipe mais ao longe. Eu não sabia mais quanto tempo aguentaria ficando tão perto dele, controlando o desejo de abraça-lo. Mas, antes que a porta se fechasse, alguém colocou a mão para barrar a porta.)


Notas Finais


❤️😘


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