1. Spirit Fanfics >
  2. Anne with an E - continuação da série - Corações em jogo >
  3. Palavras não ditas

História Anne with an E - continuação da série - Corações em jogo - Palavras não ditas


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Caros, leitores. Desculpem a demora. essa semana foi muito difícil para mim, e embora não me sentisse muito animada para escrever, tentei fazer um capítulo interessante de ser lido, espero que tenha conseguido, Me desculpem por qualquer erro ortográfico, e devo dizer que ficou um capítulo enorme. Me desculpem por isso também, Espero pelos comentários que sempre me animam a continuar escrevendo. Obrigada por tudo. Beijos.

Capítulo 51 - Palavras não ditas


Fanfic / Fanfiction Anne with an E - continuação da série - Corações em jogo - Palavras não ditas

 

GILBERT

Gilbert viu Anne no topo da escada e sorriu. Havia uma luz atrás dela que iluminava seu rosto, dando-lhe um ar etéreo quase sobrenatural, e ele se recordou da primeira vez que a viu chegar na fazenda dos Cuthberts, tão pequena e frágil, os olhos azuis assustados e os cabelos ruivos que desciam espessos pelas suas costas. Ele pensou naquele momento que nunca tinha visto algo tão lindo. Alguém assim tão perfeito não.podia ser humano, ela era uma criação divina que viera dos céus para encantá-lo, Anne era seu anjo ruivo. Ele se lembrava de tê-la descrito assim ao seu pai e ele rira dizendo que Gilbert estava falando como um bobo apaixonado.

Aos onze anos, Gilbert não sabia bem o que era estar apaixonado, mas, se isso significava que teria a amizade daquela garota para sempre, então ele podia sim dizer que se apaixonara por aquele rosto encantador.

Levaram-se anos para que ele entendesse a profundidade do sentimento que o pai descrevera em sua infância, mas, naquele instante ele compreendera que em mesmo em sua ingenuidade daquela época seu coração já pertencia àquela garota que olhava para ele agora como se não existisse mais ninguém no mundo a não ser eles dois.

De repente, a cena adorável mudou o seu foco e Gilbert viu Anne tropeçar no segundo degrau, perder o equilíbrio e começar a cair sem apoio nenhum. Ele gritou no instante em que Anne tentava segurar em algum lugar que impedisse sua queda, mas, suas mãos escorregaram pelo corrimão sem que ela conseguisse firmar suas pernas, e em uma fração de segundos ela estava aos pés dele e jazia desacordada no chão frio de linóleo.

Gilbert se ajoelhou ao lado dela sem saber o que fazer, e tocou no rosto dela enquanto dizia:

- Anne, por favor, fala comigo. Amor, eu estou aqui, abra esses seus lindos olhos e me diga que está bem. Por favor, Anne, não faça isso comigo. - sem perceber que estava chorando, Gilbert continuou a falar com Anne como se ela pudesse escutá-lo e fazer o que ele pedia.

- Dr. Blythe. Precisa que eu chame uma ambulância? - o porteiro que o conhecia das visitas que já fizera para Anne, e também do hospital local lhe perguntou. Gilbert olhou para ele e percebeu que várias pessoas estavam ao seu redor, olhando a cena penalizadas, se perguntando como aquele acidente com uma moça tão bonita acontecera.

- Por favor, faça isso. Não posso removê-la daqui sem a ajuda de uma ambulância. - o porteiro assentiu e logo discou o número de emergência, enquanto Gilbert continuava ajoelhado ao lado de Anne, segurando sua mão que jazia inerte ao lado do corpo.

Então, Gilbert pensou que ele deveria ter tomado a atitude de chamar a ambulância, mas, em seu desespero aparente, ele deixou seu papel eficiente de cirurgião de lado, para deixar que emergisse à superfície o homem apaixonado pela mulher que continuava de olhos fechados, sem emitir nenhum som, nenhuma palavra que pudesse lhe dar qualquer esperança de que estivesse bem.

Ele baixou a cabeça e rezou baixinho dizendo: “Por favor, Senhor. Não a tire de mim também”. - seus olhos ainda estavam cheios de lágrimas que caiam sobre o corpo de Anne estático e quase sem vida. Gilbert se sentou no chão, e colocou com cuidado a cabeça dela em seu colo, enquanto suas mãos buscavam a pulsação de Anne, que batia bem fraquinha e quase não se dava para ouvir. O jovem médico respirou aliviado, ao constatar que ela ainda estava viva, e acariciou-lhe os cabelos, beijando-lhe a testa com devoção, e rezando para que a ambulância não demorasse a chegar.

Os olhos dele correram pela figura de Anne pálida e ainda assim linda, e não conseguia sequer imaginar um mundo sem ela. Ela era tão cheia de vida, esfuziante, uma rosa brilhante que tornava tudo ao seu redor melhor, feliz e suportável. Anne sempre fora capaz de fazê-lo rir até das coisas mais tristes. Gilbert nunca conseguira ficar muito tempo perdido em questões que exigiam ponderações mais sérias, por que a presença de Anne lhe trazia vibrações incríveis que davam à sua vida um sabor especial, fazendo-o perceber que não valia a pena perder tempo com coisas infelizes ou desgastantes, porque nada de bom lhe traria a não ser um estresse desnecessário.

Pensar que podia perder tudo isso em um segundo, fez Gilbert respirar mais fundo ainda. Não queria pensar que não mais veria o sorriso dela, ouvir sua voz doce, mesmo quando ficava zangada como nos últimos tempos em que eles não se entendiam, precisava que ela estivesse ao seu redor, de preferência em algum lugar onde pudesse vê-la e ter certeza que apesar de tudo o que os separava, ela estaria bem próxima para que ele pudesse protegê-la de todo o mal do mundo.

Gilbert examinou a pulsação dela de novo. Estava ficando cada vez mais fraca assim como Anne empalidecia mais a cada segundo. Ele olhou para as próprias mãos e ficou surpreso como estavam trêmulas.  Acostumado a situações de risco, o rapaz nem se lembrava da última vez em que ficara nervoso assim. Gilbert era sempre calmo e confiante quando se tratava de seus pacientes, mas a garota ali não era qualquer paciente, ela era sua amiga, sua confidente, ela era o seu amor, a sua Anne, e não queria sequer pensar no que faria se algo de ruim acontecesse a ela.

Para seu alívio, a ambulância chegou ao que parecera uma eternidade, e Gilbert ficou espantado ao ver que se passaram somente quinze minutos em que ele ficara naquela espera angustiante. Os enfermeiros se aproximaram com uma maca, e quando viram Gilbert junto à Anne, o cumprimentaram com o devido respeito a alguém de sua posição profissional:

- Dr. Blythe. – Gilbert os cumprimentou também, e um dos enfermeiros perguntou:

- Qual é o real estado da moça?

- Eu ainda não sei. Ela caiu da escada, e não pude examiná-la por causa da gravidade da situação.  Teremos que esperar até chegarmos ao hospital para saber se ela sofreu alguma lesão grave interna.  – A voz dele tremeu um pouco ao dizer isso, mas Gilbert, balançou a cabeça, tentando manter sua postura usual de cirurgião experiente que sempre exibia no hospital em casos graves como aquele. Porém, não estava sendo fácil separar o profissional do emocional. Ele não conseguia pensar com clareza e estava lutando para não perder aquela batalha para o seu coração.

Gilbert viu os enfermeiros levantarem Anne para colocá-la na maca, e disse cheio de preocupação:

- Por favor, tenham muito cuidado. Ela é uma amiga muito querida. – em seguida, a levaram para a ambulância, e antes de segui-los, Gilbert disse ao porteiro que observava tudo com atenção:

- Eu posso deixar meu carro estacionado aqui em frente? Prometo que volto par a buscá-lo mais tarde.

- Não se preocupe, Dr. Blythe. Se quiser posso guardá-lo no estacionamento do prédio, e quando quiser pode vir buscá lo. – Gilbert assentiu, entregando-lhe as chaves, e então caminhou apressado até onde os enfermeiros o esperavam.

Durante todo o caminho para o hospital, Gilbert não largou as mãos de Anne tão geladas entre as suas, e pedia internamente que ela ao menos abrisse os olhos para que ela soubesse que ele estava ali, e como nos velhos tempos de infância ele seguraria em sua mão até que ela estivesse bem de novo.

Quando entraram no hospital, eles encontraram Gabriela e o Dr. Philips conversando na recepção, e a médica quando viu Anne deitada na maca, e o rosto lívido de Gilbert que a acompanhava.  No mesmo instante, ela correu para eles, e perguntou para Gilbert com os olhos apreensivos.

- Meus Deus! O que aconteceu, Gilbert?

- Anne caiu da escada. - ele disse com a voz cansada, enquanto ia para a enfermaria onde Anne fora levada. No caminho, ele vestiu seu jaleco, lavou as mãos, seguido por Gabriela que continuava a perguntar:-

- Como ela caiu da escada?

- Nem eu mesmo sei o que aconteceu. Em um instante ela estava no alto da escada olhando para mim com seus olhos encantadores, e no instante seguinte, ela estava caída na minha frente. - os olhos vermelhos de Gilbert mostravam claramente sua preocupação, o maxilar tenso e as mãos que não paravam quietas denunciavam seu nervosismo.

- Gilbert, por que não deixa que o Dr. Philips a examine? - Gabriela perguntou, colocando sua mão direita sobre o ombro dele.

- Não, eu mesmo quero examiná-la. Eu preciso saber se ela está bem.

- Gilbert, não acho que você esteja em condições de ser imparcial nesse caso. Você está muito envolvido nele, e muito nervoso também.  Não quer pensar melhor? Pelo bem da Anne? - Gilbert sabia que ela estava certa. Estava se sentindo mal demais para conseguir examiná-la com a calma que ela necessitava. Mas, também não suportaria ficar do lado de fora sem saber quais os reais riscos que ela estava correndo.

- Está bem. Diga ao Dr. Philips para examiná-la, mas, eu vou acompanhá-lo de qualquer forma. - Gabriela concordou e caminhou de volta a recepção, retornando em seguida com o Dr. Philips.

- Gabriela me contou a situação. Vamos examiná-la imediatamente.

Os dois médicos entraram no quarto onde Anne estava já de camisola, e com um litro de soro preso ao seu braço. Gilbert evitou olhar para ela a fim de que seu coração não se partisse ao vê-la naquele estado, e esperou pacientemente que o Dr. Philips fizesse os exames de rotina, mas sua ansiedade estava lhe causando calafrios, e somente conseguiu respirar melhor quando ouviu-o dizer:

- Aparentemente ela não quebrou nada, e essa mancha roxa no braço parece mais uma torção que ela deve ter sofrido na queda, mas, teremos que fazer exames mais completos para termos certeza de que ela não teve nenhuma lesão interna. Quanto ao desmaio que a acometeu após a queda pode ter sido causado pelo pânico excessivo ao cair de uma altura considerável. Vou esperar que acorde, e mantê-la sedada para que possamos realizar os outros exames com calma. - Gilbert apenas balançava a cabeça concordando. Não confiava em si mesmo para falar. Ainda estava abalado pela queda de Anne e todas as emoções que aquilo lhe acarretara aquela dia, e ele queria apenas que ela acordasse logo, e ficasse bem.

- Vou pedir a uma enfermeira que faça companhia a ela, até que acorde. - Dr. Philip disse se preparando para sair

- Eu fico com ela. - Gilbert disse prontamente. Nada o arrancaria do lado de Anne naquele momento.

- Não seria melhor ir para casa e descansar? Você trabalhou o dia todo no hospital. – Dr. Philips disse e examinando-lhe o rosto cansado.

- Não, eu quero e preciso ficar com ela- Gilbert respondeu com convicção.

- Esta garota é tão importante para você assim? - Dr. Philips perguntou curioso.

- Nós crescemos juntos. - Gilbert respondeu olhando para Anne com carinho.

-   Desculpe me se sou indiscreto, mas me parece mais que isso.

- É complicado. - Gilbert disse evasivamente.

- Está bem, não precisa me contar.  De qualquer forma, chame uma enfermeira caso queira sair ou ela acorde. - Dr. Philip aconselhou.

- Claro, vou ficar o tempo que for preciso.

Assim, que o Dr. Philips saiu, Gilbert se sentou ao lado de Anne e ficou vigiando seu sono. Ele também se lembrou de avisar Cole que era o melhor amigo de Anne em Nova Iorque, e que assim como ele se preocupava demais com ele.

Anne acordou uma hora depois e a primeira coisa que disse foi:

- Gilbert. - Ele se levantou imediatamente ao ouvi-la sussurrar o nome dele, sentindo um alívio enorme por ela ter por fim acordado.

- Estou aqui, meu anjo. - Gilbert disse se aproximando dela e pegando em sua mão.

- Onde estou? - ela perguntou com a voz um pouco pastosa por ter ficado aquele tempo desacordada.

- Está em um hospital.  Você caiu da escada. Não se lembra? – Ele perguntou afastando as mechas de cabelo que caiam sobre o rosto dela.

- Eu me lembro de ter caído, mas não me recordo por que cai. – Ela respondeu apertando os olhos como se estivesse com alguma dor.

-Está sentindo alguma coisa? - Gilbert acariciou-lhe o rosto e ela disse com a voz um tanto chorosa.

- Meu braço está doendo muito.

 - Não se preocupe. Foi somente uma torção. Vai ficar boa em poucos dias. A cabeça dói? - ele perguntou preocupado.

- Não. Apenas meu braço. – Gilbert respirou aliviado, pois aparentemente ela não tinha batido a cabeça.

- Espere um instante. Tenho que chamar a enfermeira. - cinco minutos depois, uma enfermeira simpática entrou e aplicou uma injeção de sedativo em Anne, assim como fora instruída pelo Dr. Philips.

- Agora procure descansar. – Gilbert disse para Anne, logo que se viu a sós com ela.

- Promete que fica comigo? - ela perguntou

- Sempre. - ele respondeu, mas ela adormeceu antes de ouvir a resposta dele.

Era de madrugada quando Cole apareceu no hospital. Ele parecia ter vindo direto do aeroporto, pois trazia apenas uma mala de mão, as roupas estavam amassadas e os cabelos loiros totalmente desarrumados.

- Me diga como ela está, Gilbert? – O rapaz perguntou assim que o viu sentado ao lado de Anne.

 - Ela está bem. Tivemos que sedá-la para fazermos outros exames essenciais nesse caso, mas aparentemente nada de mais sério aconteceu.

- Pobrezinha. Tem passado por tanta coisa ultimamente. - Cole disse tocando os cabelos de Anne com carinho

- Estamos cuidando bem dela, não se preocupe.

- Como isso foi acontecer? - Cole perguntou sentando na poltrona ao lado de Gilbert.

- Acho que ela escorregou Não sei ao certo.  Eu tinha ido falar com ela, e quando Anne me viu, ela estava no último degrau da escada. Ela se virou para descer a escada e conversar comigo, e então caiu. Eu não consegui ver se ela tropeçou ou se escorregou, pois tinha um ponto de luz bem atrás dela que me impediu de perceber o que de fato aconteceu.

- Ainda bem que você estava lá com ela. Não consigo nem pensar o que de pior teria acontecido se você não estivesse. - Gilbert ficou em silêncio, não desejando se lembrar do terror que sentiu ao ver Anne caindo sem que ele pudesse fazer nada para ajudá-la.

As horas foram passando, e em um determinado momento, o jovem médico sentiu necessidade de uma xícara de café.  Não havia comido nada no dia anterior, e à noite mal dormida já cobrava seu excesso.

- Cole, você poderia ficar um pouco com Anne? Preciso de uma xícara de café. – Ele perguntou se levantando de onde estava sentado.

- Claro.  Não arredarei o pé daqui até que saiam os resultados dos exames. - Cole disse sorrindo.

- Obrigado. – Gilbert disse, indo até Anne e beijando-lhe o rosto com carinho.

 Em seguida, ele foi até a máquina de café expresso do hospital, encheu um copo descartável com ele, e foi toma-lo em seu consultório. Ao entrar naquele seu espaço já tão familiar, ele olhou para o sofá cama que mantinha ali para seus descasos ocasionais quando estava de plantão, e pensou em relaxar um pouco, mas logo desistiu ao pensar que Anne precisava dele.

Assim, ele se sentou à mesa onde fazia as consultas e passou a saborear o líquido forte e amargo em seu copo, sentindo a cafeína entrar em sua corrente sanguínea e lhe devolver a energia perdida naquelas horas de tensão sem descanso ao lado de Anne.

De repente, seus olhos foram atraídos por um envelope pardo em cima da mesa que não estava ali quando ele saíra aquela tarde, e sabia exatamente o que continha dentro. Ele o abriu com cuidado, esperando que tivesse boas notícias, mas seu coração afundou quando olhou os resultados dos últimos exames de Sarah. Ela tinha piorado consideravelmente, e a medicação ministrada por ele não havia surtido o efeito esperado. Sarah teria que ser submetida a quimioterapia, justamente o procedimento que queria evitar, mas que era o único possível e que talvez tivesse um efeito positivo no caso dela, apesar de ser um tratamento bastante agressivo. E o pior de tudo era que ele teria que ir falar com ela assim que amanhecesse o dia, justamente naquele momento em que ele não queria sair de perto de Anne. Mas, ele não podia negligenciar obrigações por motivos pessoais. Anne estaria bem amparada ali no hospital, e Gilbert ficaria fora apenas um dia, e se tivesse sorte estaria de volta naquela noite mesmo.

Ele voltou para o quarto de Anne e falou para Cole:

- Terei que viajar imediatamente a Charllotetown. Os exames de Sarah chegaram e preciso falar com ela urgentemente.

- Más notícias? - Cole perguntou notando o olhar de preocupação de Gilbert.

- Não são exatamente o que eu esperava.

- Sinto muito. - Cole disse simpático.

- Você pode cuidar de Anne até eu voltar?

- Claro que sim. Nada me faria sair de perto dela,  Anne é minha irmã.

- Cole, isso me lembra uma coisa. Não seria melhor avisar a tia de Anne?  Eu sei que ela não gostaria de preocupar Matthew e Marilla, mas a tia dela mora aqui em Nova Iorque onde as notícias voam, e pelo que sei, a tia de Anne já é muito idosa para receber uma notícias dessas pela mídia.

- Tem razão.  Farei isso assim que amanhecer o dia. Quanto a Anne, fique tranquilo Dr. Blythe. Ficarei ao lado dela como seu fiel escudeiro. - Cole disse com certo humor.

- Obrigado, Cole. A Anne tem sorte de ter você. – Gilbert sorriu tocando o ombro do rapaz com afeição.

- Ela tem sorte por ter nós dois. - Cole respondeu olhando significativamente para Gilbert.

Assim, o jovem médico saiu do hospital, chamou um táxi e foi até seu apartamento para pegar uma pequena mala que levaria na viagem. Logo, ele estava embarcando para Charlottetown, pensando consigo mesmo que estava indo em outra   batalha onde teria mais um dragão para matar.

 

ANNE

 

Anne corria em meio a um labirinto cheio de armadilhas. Ela sabia que tinha que sair dali, antes que fosse pega pelo seu perseguidor que estava vindo vem atrás dela, e a ruivinha tinha certeza de que ele seria implacável se a alcançasse e não pouparia sua vida.

O medo era real e parecia congelar seus movimentos, mas ainda assim ela continuava, pois estava lutando por sua sobrevivência.  Ela dava volta e mais voltas, seu coração disparava a cada porta que abria e não encontrava a saída. Anne virou uma esquina e se viu ao meio de um corredor enorme, e no fim dele havia uma porta iluminada que ela imaginou estar ali sua salvação. Ela correu até lá mesmo estando quase sem força, alcançou a porta e ao abri-la para sentir o vento da liberdade em seu rosto, deu de cara com seu algoz que estava de costas para ela. Então, ele se virou devagar e ao ver seu rosto, a ruivinha gritou em plenos pulmões e acordou com Cole abraçando-a e dizendo:

-Calma, meu amor. Está tudo bem. Foi apenas um pesadelo. - Anne se agarrou a Cole enquanto chorava copiosamente, as lembranças do sonho ainda em suas lembranças fazendo-a estremecer. Após alguns minutos, seu coração se desacelerou, e Anne conseguiu se acalmar o suficiente para se soltar de Cole e deitar com a cabeça relaxada no travesseiro.

- Está se sentindo melhor? - Cole perguntou preocupado com sua palidez excessiva. - Anne apenas balançou a cabeça. Ainda estava mortificada pelo pesadelo que parecera tão real deixando-a apavorada.

- Anne, não quer me contar sobre o que sonhou? Talvez isso te ajude a não pensar mais nele.

- Não posso. – Ela disse fechando os olhos para controlar o tremor que sentia por dentro.

- Tudo bem. Sobre o que quer falar então? - Anne olhou-o confusa e de repente se deu conta de que não era para Cole estar ali.

- O que está da fazendo aqui, Cole? Quem lhe contou sobre o acidente?

- Gilbert me contou o ocorrido, e eu não podia abandonar minha amiga tão querida sozinha nessa situação. – Ele disse beijando-lhe as duas mãos.

- Mas, e o seu trabalho? - Anne perguntou feliz por ter a companhia de Cole naquele momento.

- Eu conversei com meu cliente, e expliquei que deveria vir para cá por motivos de problemas de família, e ele me deu uma semana a mais de prazo.

- Fico tão feliz que esteja aqui. Senti muito a sua falta. - Anne disse sorrindo.

- Eu também.  Espero que não se importe, mas liguei para suas amigas em Avonlea, e me disseram que virão te ver na próxima semana. Ficaram muito preocupadas por saberem o que te aconteceu. Apenas pedi que não dissessem nada a Matthew e Marilla para poupá-los do nervosismo que essa notícia lhes causaria. Mas, não pude fazer a mesma coisa pela sua tia, já que seu acidente virou noticia em todas as mídias. Por isso, resolvi avisá-la antes. Sinto muito, Anne. Eu sei que não queria aborrecê-la devido aos seus problemas de saúde, mas não pude evitar dessa vez. - o rapaz disse sem jeito.

- Tudo bem, Cole.  Ela ficaria sabendo de qualquer jeito. - Anne disse apertando a mão do amigo com afeto.

- Mas, eu a tranquilizei dizendo que estava tudo bem, e ela me pediu que lhe dissesse para ligar para ela assim que possível. – Anne assentiu, mas ainda se sentia inquieta com a situação.  E onde estava Gilbert que ainda não tinha aparecido para vê-la?

- O que é essa carinha triste? - Cole perguntou com um sorriso. - Será que está sentindo falta de um certo doutor Blythe? - Anne sorriu para ele surpresa e perguntou:

- Será que nunca consigo esconder nada de você? Até parece que lê pensamentos.

- Querida Anne, seus pensamentos sempre foram transparentes quando estão relacionados a Gilbert. Você nunca consegue esconder nada do que sente, e todos que  a conhecem profundamente sabem disso, principalmente eu que tenho convivido com você a bastante tempo, e conheço a história toda entre vocês dois.

- Não pensei que estivesse tão óbvio assim.- Anne se sentiu encabulada por seu interesse em Gilbert estar tão explícito em seu rosto.

- Anne, acha que ainda engana alguém quando torce o nariz se o nome de Gilbert é mencionado? Você pode fazer essa cara de deboche ou de pouco interesse que também conheço bem, mas sempre aproveita qualquer oportunidade para saber um pouco mais sobre ele. Não adianta fingir. Você definitivamente não é uma boa atriz, querida.

- Ah, Cole. Tudo bem. Eu me rendo. Onde ele está que não deu as caras até agora?- ela perguntou cheia de expectativa.

- Ele viajou para Charlotte Town. Precisava ver Sarah. - o sorriso de Anne se apagou imediatamente de seu rosto. Então, Gilbert tinha viajado antes mesmo de saber se ela estava bem. Que tola fora por pensar que pelo menos uma pequena parte dele se importava.  Nada tinha mudado naquele meio de tempo em que ficara desacordada. Gilbert a deixara na primeira oportunidade que tivera, e o que ela deveria pensar sobre isso?

- É claro que ele tinha que ir correndo para Charlotte Town. – Anne não quis parecer ressentida, mas seu tom de voz deixou explicito seu estado de espírito a respeito daquele assunto.

- Anne, eu não acredito que você está com ciúmes de uma pobre mulher doente. - Cole olhou para ela como se estivesse indignado com aquela ideia.

- Eu não tenho ciúmes de Sarah.  Eu sei que Gilbert não sente nada por ela a não ser amizade. - Anne respondeu sem coragem de encarar o amigo nos olhos.

- Então, não entendo porque fica azeda toda vez que Gilbert visita Sarah. - Cole disse confuso com o sentido do que Anne acabava de lhe dizer.

- Eu tenho ciúmes da atenção que ele dá a ela. - Anne por fim confessou.

- Anne Shirley.  Não seja injusta Gilbert passou a noite a seu lado esperando que acordasse, e somente a deixou para resolver um assunto médico de uma paciente em estado grave que precisa mais dele agora do que você. – Cole disse com a aquela voz severa que fez Anne se encolher como se fosse apenas uma garotinha, e estivesse levando um sermão por algo errado que fizera.

- Eu sei que Sarah precisa dele e não estou dizendo que ele deve abandoná-la, afinal, ele tem feito de tudo para ajudá-la, mas, ele não podia esperar mais um pouco, pelo menos até que eu acordasse e pudesse falar com ele?

- Não, não podia. Você fez todos os exames necessários e apesar do susto, nada mais grave foi constatado a não ser uma torção em seu braço, enquanto a Sarah não sabe se sobreviverá até amanhã.  Me desculpe o que vou dizer minha amiga. Até posso entender que sinta falta de Gilbert, mas não acho sua atitude nem um pouco louvável.

- Eu sei que estou agindo de maneira egoísta, mas é algo que não consigo evitar quando se trata de Gilbert. - Anne tentou se explicar, mesmo sabendo que aquilo não tinha desculpa.

- Anne, Gilbert não é sua propriedade particular. Ele tem uma vida e uma profissão muito integra por sinal. Ele leva muito a sério seu trabalho de médico, e você deveria sentir orgulho dele, e não criticá-lo por ser quem é.

- É claro que sinto orgulho dele. Eu sempre o incentivei a seguir por esse caminho, pois sabia que a medicina era a vocação dele.- Anne disse em protesto ao que o amigo acabara de dizer sobre ela.

- Então, por que tenho a impressão que vive em competição com a profissão dele? Por que não aceita logo que a medicina é um dos amores da vida de Gilbert, e ele nunca vai desistir dela por nada nesse mundo? - Anne sabia daquilo também, mas era mais fácil guardar sua opinião para si mesma, do que admiti-la em voz alta.

- Mas, ele desistiu de mim, não é? - ela disse entristecida.

- Eu não penso assim, Anne. Nós já conversamos sobre isso. Eu disse que a medicina é um dos amores de Gilbert, mas não o único. Por que não acredita que ele ama você?

- Talvez porque sempre exista algo entre nós que nos separa. Quanto mais tento me aproximar, mais Gilbert se afasta de mim. O que mais tenho que fazer para Gilbert entender que me arrependi de tê-lo deixado ir? - ela olhou para Cole como se ele tivesse a resposta para aquela questão que a vinha atormentando sobremaneira.

- Talvez deva dar-lhe tempo. Esperar que ele aprenda a confiar em você de novo. Gilbert é como um gato escaldado, Anne. Não o teste demais ou vai perdê-lo. Seja maleável e cuidadosa, e mais importante, não comece uma guerra se não tem certeza que vai ganha-la.

Anne pensou nas palavras do amigo e ponderou. Quantas guerras estava disposta a lutar por Gilbert? E quantas chances ela tinha de ser vencedora? Se avaliasse seu desempenho até ali, diria que suas chances eram bem pequenas. Nunca pensou que seria tão difícil fazer Gilbert perdoá-la, pois se acostumara a ideia de que não importava o que acontecesse entre eles, estariam sempre bem. Mas, ela se esquecera de que era dessa maneira anos atrás. No presente eram outras pessoa, com visões diferentes de vida, e talvez Gilbert tivesse mudado demais e ela nem percebera.

Ela apenas suspirou enquanto tais pensamentos passavam por sua cabeça, e Cole percebendo seu estado de espírito, mudou de assunto perguntando:

- Me conte como foi esse seu acidente na escadaria do prédio onde mora, e o que Gilbert estava fazendo lá.

- Eu fui procura-lo no hospital para tentar acertar as coisas entre nós, mas ele estava em cirurgia, e voltei para casa. Quando estava no topo da escada, ele me chamou e acho que pisei em falso ao tentar descer as escadas novamente, escorreguei e caí. – Ela não quis falar da sensação estranha que teve de sentir um leve empurrão em suas costas, mas agora não podia ter certeza, porque depois de tudo que acontecera não podia dizer que não fora fruto de sua imaginação, ou mesmo parte de um sonho. Anne também não decidira se contaria a Cole sobre as ameaças.  Ele era seu melhor amigo, mas não queria vê-lo envolvido em algo tão perigoso. Ela nunca ficaria em paz se algo acontecesse com ele por sua causa. – Meu Deus, Anne! Você poderia ter morrido. - Cole disse com os olhos arregalados.

- Mas, estou bem. Foi apenas fatalidade ou falta de sorte que tem me acompanhado ultimamente. - era o que tentava dizer a si mesma todos os dias, mas realmente já não sabia se acreditava nisso. Não se sentia mais segura em sua própria casa, a rua lhe parecia outro campo de batalha, não sabia o que se escondia nas sombras, cada esquina lhe trazia uma sensação de estar sendo vigiada, seguida, observada a cada passo que dava. Gilbert estava certo, precisava procurar a polícia, embora a ideia não lhe agradasse, ela teria que tomar essa atitude, antes que as coisas piorassem ainda mais. Não conseguia mais acreditar que era apenas uma brincadeira de mal gosto como no princípio, ela estava sendo perseguida e tinha que descobrir por quem.

- Espero que essa onda se azar passe logo, e sua vida volte a ser como antes. Agora que está solteira precisamos sair e nos divertir. - Anne olhou para o amigo com carinho e sorriu de leve ao pensar que tudo com Cole parecia mais leve. Talvez porque ele não levasse a vida tão a sério como Anne, e dedicasse seu tempo livre para a diversão e lazer

- E como está sua vida em Los Angeles? – Anne perguntou, e passaram as horas seguintes sobre o trabalho de Cole, e suas impressões da cidade.

O médico apareceu mais tarde dizendo a Anne que ela seria liberada no dia seguinte, portanto, passaria mais aquela noite no hospital, e depois estaria livre logo pela manhã. Apesar de estar aliviada por poder deixar aquele ambiente hospitalar, Anne se sentia apreensiva ao pensar que acabaria ficando sozinha em seu apartamento, e não estava disposta a passar horas insones por conta de suas neuroses e pânico. Talvez fosse uma boa ideia ir para um hotel e se registrar anonimamente, assim ninguém saberia onde ela estaria hospedada. Não queria causar alvoroço, e nem chamar a atenção com sua presença, o que com certeza colocaria em perigo sua segurança. Porém, decidiu que pensaria sobre isso no dia seguinte quando estivesse deixando o hospital.

O resto do dia passou bastante calmo. Cole tinha ido para a casa dele tomar banho e vestir roupas limpas, e depois voltaria para fazer companhia para ela durante a noite. Assim, Anne foi deixada por algumas horas sozinha com seus próprios pensamentos.

Francesco lhe enviara flores, desejando-lhe um pronto restabelecimento, mas não tocara no assunto sobre o noivado rompido por Anne, fato que não a surpreendeu, pois conhecendo Francesco como conhecia, sabia muito bem o quanto ele era discreto a respeito de assuntos pessoais, e não falaria de algo assim com ela naquele momento. Com certeza a procuraria em outra ocasião para conversarem melhor sobre aquilo. O que Anne agradeceu imensamente, pois não estava com disposição para discutir com seu ex-noivo um assunto tão íntimo e delicado naquele momento.

Outras surpresas a aguardavam naquele dia, como a visita inesperada de Monique que apareceu no final da tarde com uma caixa de bombons e flores.

- Anne, querida. Fiquei sabendo do seu acidente. Eu sinto muito. Como você está? - Monique disse beijando Anne no rosto.

- Estou bem. Na verdade foi somente um susto. - Anne respondeu estranhando que Monique aparecesse ali. Não eram amigas, apenas se conheceram recentemente, e Anne não podia dizer que realmente gostava daquela  mulher. Monique era uma pessoa agradável, simpática e muito bonita, mas havia algo por trás daqueles olhos   verdes que deixava Anne desconfortável. 

Ela agia como se estivesse no palco representando um papel de suas peças de teatro. Monique gesticulava e jogava os cabelos longos e ondulados para trás como se estivesse tentando convencer Anne de sua tranquilidade e posição de atriz de sucesso, mas, a ruivinha pôde observar a tensão nos ombros, e os jeito com que ela apertava as mãos quando achava que Anne não estava observando, que deu à ela a certeza de que Monique não parecia tão a vontade como ela tentava demonstrar.

Elas passaram algum tempo conversando. Embora Anne estivesse entediada com as histórias que Monique insistia em lhe contar sobre o mundo do teatro do qual fazia parte, a boa educação da garota não lhe permitia dar por encerrada aquela visita que se estendia mais do que gostaria.  Quando por fim, Monique disse que precisava ir embora, Anne fez um esforço para não deixar transparecer seu alívio, enquanto sorria com fingida simpatia para a atriz.  Porém, antes de sair, os olhos de Monique pousaram sobre as flores enviadas por Francesco e disse com a voz um tanto seca:

- Pelo jeito, você tem um noivo bastante atencioso. – Anne ia responder que não eram mais noivos, mas algo dentro dela a impediu e ela respondeu simplesmente:

- Sim.

- Aproveite bastante, pois homens assim são uma raridade hoje em dia – Anne assentiu incomodada pela maneira com que Monique dissera aquilo e a outra continuou

- Tenho que ir, querida. Terei o um dia cheio amanhã e preciso ir para casa descansar e acordar bem disposta para o início das filmagens.  Até logo, espero encontrá la em breve em melhores condições.

- Até logo. – Anne respondeu, observando Monique sair do quarto com seu andar elegante.

“Que garota mais estranha”. – Anne pensou mais uma vez. Mas logo, desviou os olhos para o livro que ela estivera lendo antes de Monique chegar, se concentrou na leitura, e deixou que o mundo da imaginação afastasse toda a inquietação do seu coração, levando-a para o mundo mágico do faz de conta.

 

 ANNE E GILBERT

 

Gilbert chegou em Charlotte Town no início da tarde daquela segunda feira incomum. O céu cinzento anunciava chuva próxima, e ele só esperava que não atrasasse o seu voo de volta, porque retornaria para Nova Iorque assim que conversasse com Sarah.

Seu coração estava dividido naquele dia. Uma parte ia com ele rumo a uma missão difícil de ser realizada, e a outra metade ficara em Nova Iorque junto à mulher que amava. Esperava que àquela altura, Anne já estivesse acordada e bem. Estava louco de preocupação, e que ia estar com ela o quanto antes. Anne corria perigo, e não se sentia bem deixando-a sozinha para se defender. Após tantos anos e a recente separação de ambos, Gilbert ainda se sentia responsável por ela. Era como se ele tivesse sido designado para cuidar dela no instante em que a protegera de Billy Andrews em sua tenra infância, e por esta razão, o sentimento de proteção que tinha em relação a Anne era imenso, e jamais se libertaria desse laço, por mais que seu senso racional lhe dissesse que ela já era adulta, e não dependia mais dele para coisa alguma.

 Gilbert chegou à casa de Sarah, sentindo-se terrivelmente impotente por toda aquela situação. Queria estar trazendo naqueles documentos em suas mãos a cura definitiva para o mal que a estava consumindo, mas ao contrário de seus desejos, ele carregava ali mais uma dose de sofrimento ao qual seria infligido à ela, se Sarah aceitasse o tratamento que lhe seria proposto naquele dia, e ainda assim não haveria garantias nenhuma, a não ser uma boa dose de fé e esperança de que a cura ainda viria mesmo que em lentas quantidades

Assim, que Gilbert apertou a campainha, Sarah surgiu na porta com sua costumeira palidez que parecia ser uma marca permanente no rosto dela nos últimos tempos. Ela lhe sorriu e uma pontada aguda atingiu o estômago de Gilbert que sabia com pesar que aquele sorriso morreria assim que ele lhe contasse o que viera fazer ali.

- Olá, Gilbert. Você não me avisou que viria hoje.

- Eu realmente pretendia vir vê-la somente na próxima semana, mas as coisas se precipitaram.

- Más notícias? - ela perguntou séria.

- Gostaria de dizer que não, mas eu tenho aqui os resultados de seu último exame, e sinto muito, Sarah, as notícias não são as esperadas. - era tão difícil para Gilbert fazer o papel do médico portador de más notícias, principalmente porque a paciente em questão era uma amiga tão querida, mas essa era uma de suas responsabilidades e não podia fugir dela, por mais que detestasse essa parte de sua profissão.

- Eu já esperava por isso. Não tenho me sentido melhor, e as dores de cabeça aumentaram.

- Sinto muito, Sarah. Queria ter resultados diferentes, mas parece que nada do que tentamos até agora teve o sucesso esperado.

- Então, terei mesmo que fazer quimioterapia? - ela perguntou não parecendo muito surpresa com isso.

- Sim.  Sinto muito.

- Parece de se desculpar, Gilbert. Eu já disse isso da outra vez. Não depende apenas de você, e nós dois sabemos disso. Se é isso que tenho que fazer, então, faremos. Não há mais nada a discutir. - ela disse conformada.

- Porém, eu devo alertá-la dos riscos.

- Não é necessário.  Eu sei exatamente quais são.

- Bem, então, teremos apenas que discutir como e quando serão as seções de quimioterapia. – Ele disse aliviado por ela aceitar tão bem a situação sem entrar em desespero

- Claro. Vamos entrar e conversamos enquanto preparo um café para nós dois. Pela sua cara de cansado, parece que está precisando.

Eles se sentaram na cozinha e conversaram sobre os procedimentos enquanto ela servia café com bolinhos. Em um dado momento, Sarah olhou para ele e disse:

- Não parece que é somente meu caso que está te preocupando. - Gilbert sorriu. Os anos de convivência entre eles fizeram Sarah a conhecê-lo melhor que ele mesmo.

- Existem muitas coisas em minha cabeça no momento.

- Problemas com Anne?

- Não diria que são problemas e sim preocupações.  Ela sofreu um acidente e está no hospital. - ele disse passando as mãos pelos cabelos escuros.

- E ela está bem?

- Sim, mas ainda assim estou preocupado. Anne tem passado por muitas situações difíceis ultimamente. – Ele disse pensativo.

- Vocês estão juntos de novo?

- Não. – Gilbert respondeu sem olhá-la nos olhos.

- E por que não? - Sarah perguntou curiosa.

- Porque existem muitas coisas pendentes entre nós. - Gilbert respondeu não querendo mesmo falar do assunto

- Eu gostaria de entender porque duas pessoas que se amam continuam separadas. Eu vejo vocês como duas partes divididas de uma mesma moeda que teimam em não se juntarem. Orgulho não leva a nada, Gilbert. - Sarah o alertou.

- Não é orgulho. É cuidado.

- Cuidado com o que? - Sarah perguntou surpresa.

- Com o meu coração. – e ela riu ao dizer:

- Nesse caso Dr. Blythe.  Sinto dizer que é um esforço inútil, pois pelo que sei, seu coração já está perdido a muito tempo. - Sarah concluiu, e Gilbert não pôde deixar de concordar com ela.

Gilbert deixou a casa de Sarah uma hora depois de ter chegado.  Ele tinha passagem comprada para Nova Iorque para as quatro horas, e tinha três horas de espera pela frente. Ele lamentava não ter tempo para dar uma passada em sua fazenda em Avonlea para falar com Bash.  Estava lhe devendo uma visita, e prometeu que assim que as coisas estivessem mais calmas em sua vida, ele tiraria uma semana de folga para curtir um pouco da vida no campo da qual sentia falta.

O voo de volta a Nova Iorque foi tranquilo, e ele aterrissou no aeroporto principal da cidade às oito da noite, e mesmo estando exausto por não ter descansado nada desde o dia anterior, ele foi direto ao hospital, pois precisava ver Anne, e não descansaria enquanto não soubesse que ela estava bem.

Gilbert entrou no hospital e cumprimentou a enfermeira da noite. Aquela hora o movimento ali era calmo, e apenas alguns funcionários caminhavam pelos corredores. Ele entrou no quarto de Anne, e viu Cole sentado ao lado dela com uma revista na mão, enquanto a ruivinha dormia tranquilamente.

- Como ela está? - ele perguntou assim que Cole levantou os olhos para ele.

- Está muito bem. Ela passou um ótimo dia sem dores ou desconfortos sérios.  Ela apenas reclamou do braço, mas seu quadro geral é bom. Amanhã de manhã deverá receber alta.

- Fico satisfeito por saber disso. – Gilbert disse olhando para Anne com carinho.

- Como foi de viagem? - Cole perguntou com simpatia.

- Foi dentro do esperado. Obrigado por perguntar.

- Anne me disse que não quer voltar para o seu apartamento. Pensei em leva-la para o meu, mas ainda não disse nada a ela.

- Ela pode ficar no meu apartamento. Eu terei dois dias de folga e posso tomar conta dela, depois a gente vê como fica a situação

- Acho uma boa ideia, Gilbert.  Você saberá cuidar dela melhor do que eu. - Cole disse satisfeito em como a situação estava se resolvendo. Anne e Gilbert durante dois dias sob o mesmo tempo era algo bom demais.  Com certeza, a amiga teria ótimas histórias para contar a ele depois, e esperava que fossem bem quentes.

- Volto amanhã cedo para vir busca-la. Você vai ficar aqui essa noite?

-Sim. Quero estar aqui quando ela acordar. – Cole disse sorridente

. - Nesse caso vou para casa dormir um pouco.  Estou acordado a mais de vinte quatro horas. Boa noite, Cole. - Gilbert disse se despedindo.

- Boa noite, doutor. Tenha bons sonhos. – Cole disse com a voz cheia de humor.

Gilbert pegou um táxi e foi até seu apartamento. Seu carro ainda estava no estacionamento do prédio de Anne, e queria ligar para lá no dia seguinte, e ver se conseguia alguém para trazer-lhe o carro. Assim que entrou, ele  foi  para o chuveiro, tomou um banho rápido, preparou uma leve refeição para si mesmo e foi direto para cama onde adormeceu quase que imediatamente.

Ao acordar no dia seguinte, Gilbert se sentia bem mais disposto que no dia anterior, pois tivera uma excelente noite de sono e todo o cansaço parecia ter se evaporado.

Ele se vestiu logo após o café da manhã, ele chamou um táxi e foi para o hospital novamente. Quando passou pelo consultório de Gabriela, ela o cumprimentou com um sorriso e disse:

- Caiu da cama, Gilbert?  Pensei que hoje era seu dia de folga.

- E é.  Vim buscar Anne. - ele disse sorrindo também.

- Ah, então está explicado toda essa animação. – Gabriela disse caçoando do bom humor de Gilbert.

- Não é o que está pensando, Gabriela.

- É claro que não. – Ela disse se divertindo com a falta de jeito de Gilbert naquela manhã.

- Bem, vou deixá-la pensar o que quiser. – Gilbert disse continuando seu caminho até o quarto de Anne.

- Boa sorte! - Gabriela disse e Gilbert apenas murmurou um obrigado meio sem jeito que a fez rir mais ainda do embaraço dele.

Anne já estava acordada quando ele chegou, e corou de prazer ao vê-lo ali em sei quarto de hospital naquela hora da manhã

- Gilbert.  Não sabia que tinha voltado. - Ela disse olhando para Cole que fingiu não notar a pergunta muda que seus olhos lhe faziam.

- Cheguei ontem à noite, e passei por aqui, mas você já estava dormindo. - Anne olhou de novo para Cole que tinha lhe omitido aquela informação, e respondeu ante o olhar intenso de Gilbert sobre ela:

- Que pena. Eu teria gostado de te ver.- ela disse com sinceridade, e Gilbert sentiu seu coração acelerar. Ela sempre tinha aquele efeito sobre ele conscientemente ou não.

- Eu vim te buscar. Cole me disse que você não queria voltar para o seu apartamento, então pensei que poderia ficar no meu, até quando se senta melhor para voltar para o seu.

- Mas, não vou te atrapalhar? Posso muito bem ir para um hotel. Não quero que mude sua rotina por mim. – mas por dentro Anne gritava de alegria. Ficar perto de Gilbert era o que mais desejava no momento, e o melhor de tudo era que fora ele quem sugerira aquilo.

- Você nunca atrapalha, Anne. Vou gostar de ter sua companhia por perto como nos velhos tempos. - Anne sentiu um calor bom tocar seu coração.  Gilbert também a queria por perto, e ela não se importava se ele fazia aquilo só pela amizade de ambos.

- Está bem. Se realmente não vou atrapalhar.

- Tem muito espaço para nós dois lá.  Não se preocupe. Agora vou deixar que arrume suas coisas, e volto para te buscar em quinze minutos. – Anne assentiu e assim que ele saiu, ela se virou para Cole que até aquele momento não tinha dito uma palavra, e perguntou:

- Por que não me contou que ele tinha voltado, e que queria me levar para o apartamento dele?

- Quis te fazer uma surpresa.  E tenho certeza que você adorou. Agora confessa para mim. Sou ou não sou o melhor amigo que alguém poderia ter, ruiva? - Cole disse em tom de brincadeira.

- Essa sua falta de modéstia sempre me surpreende, Cole. - Anne disse entrando na brincadeira.

- Tenho certeza que vai me agradecer depois de passar alguns dias ao lado do Dr. Delícia

- Você sabe que isso não quer dizer nada. Gilbert está fazendo isso pela nossa amizade. – Anne disse séria.

- Então, depende de você fazer dessa estadia algo bastante interessante.

- Você é impossível, Cole. - Anne, disse abraçando o amigo e beijando-o na bochecha.

- Eu sei que me ama mesmo assim. Agora, vamos arrumar suas coisas. Não vai querer deixar o seu homem esperando. não é?

Assim, quinze minutos depois, quando Gilbert voltou para buscar Anne, ela já estava pronta. Eles se despediram de Cole que os acompanhou até o ponto de táxi.  E depois foram direto para o apartamento de Gilbert.

Logo que entraram, ele disse:

- Se quiser tomar um banho fique à vontade. Tenho alguns trabalhos para terminar em meu escritório, mas se precisar de alguma coisa é só me chamar.

- Pensei que estivesse de folga? – Ela disse sorrindo.

- E estou, mas o trabalho de um médico nem sempre termina quando deixamos o nosso turno. – Ele disse isso olhando-a de um jeito que fez Anne corar mais uma vez, e respirar com dificuldade.

- Está bem. Não quero atrapalhar. Você se importa se eu pegar um livro de sua estante par a ler?  Preciso ocupar o tempo de alguma maneira.

- Claro que não. Pegue o que quiser. Prometo que logo me juntarei a você. - Gilbert disse colocando uma mecha do cabelo de Anne atrás da orelha dela, e aquele simples gesto fez com que Anne se prendesse ao olhar de Gilbert que não abandonava o seu rosto. Se desse um passo estaria nos braços dele, mas não se moveu, não queria que ele pensasse que ela estava se aproveitando de sua estadia ali para tentar uma aproximação maior com ele.

- Acho que vou tomar banho então. - ela disse quebrando a magia do momento.

- Está bem. Estarei no meu escritório.

Anne tomou um banho rápido, e colocou uma roupa confortável que Cole havia pego em seu apartamento enquanto ela estava no hospital, e depois se sentou no sofá de Gilbert entretida com a leitura de um livro de aventuras que encontrou na estante dele.

Perto do meio dia, ele encerrou seu trabalho no escritório e disse para ela:

- Vou preparar nosso almoço. Tem preferência por algo especial?

- Não, o que preparar está bom par a mim. Quer ajuda? - Anne perguntou deixando o livro de lado e se levantando do sofá

- Se quiser preparar a salada, sua ajuda será bem-vinda. - ele disse sorrindo.

Assim passaram a meia hora seguinte trabalhando juntos na cozinha. Anne estava adorando aquela camaradagem entre ambos, que ela não desfrutava a um bom tempo. Gilbert também parecia estar apreciando aqueles momentos com ela, pois estava bem humorado e brincalhão como nos velhos tempos. Quem sabe aquele não era um início de um entendimento entre eles?  Ela pensou animada.

 Após   o almoço, Anne ajudou-o a lavar a louça e a organizar a cozinha, e quando terminaram, ele disse:

- Você se importaria de ficar um pouco sozinha? Preciso ir buscar meu carro que ficou no seu prédio no dia do acidente.

- Claro que não.  Sou uma garota crescida, Gilbert. – Posso ficar algum tempo sozinha.

- Disso eu não tenho dúvidas – Ele disse com os olhos passeando pelo corpo dela, Anne sentiu seu rosto em brasas e para disfarçar disse:

- Acho que vou aproveitar e desfazer minha mala.

- Volto logo.   Gilbert disse, rindo da cara de embaraço de Anne, e saindo pela porta

Ela apenas balançou a cabeça e disse a si mesma que Gilbert adorava deixá la sem graça, e falava as coisas de propósito apenas para que ela se enrolasse toda, mas pelo menos, isso lhe mostrava que sua presença por ali era bem-vinda.

Anne continuou por um tempo lendo o livro, absorta nos personagens e enredo da história. Quando se cansou, deixou o livro de lado e foi até a janela observar o movimento da rua. A tarde estava quase no fim e uma brisa fresca começava a soprar anunciando chuva mais uma vez. Estavam em uma estação bastante propensa à temporais, e Anne amava a chuva, mas não era muito fã de tempestades, por isso, estava grata por não ter que ficar sozinha em mais um dia assim. Ter Gilbert por perto significa muito para ela em todos os sentidos.

Anne continuou a olhar para o movimento da rua que aquela hora tinha diminuído consideravelmente. De repente, um raio cortou o céu e iluminou uma árvore bem em frente do prédio de Gilbert, e ela viu uma figura embaixo dela que olhava em sua direção.  De onde estava não dava para ver o rosto, pois a figura vestia um capuz, mas pela postura parecia um homem, o que a assustou terrivelmente.

O barulho do seu celular chamou sua atenção, e ela o pegou de cima da mesinha de centro da sala de Gilbert onde o havia deixado, e uma mensagem escrita em letras maiúsculas apareciam dizendo:

 

“ACHOU QUE EU NÃO TE ENCONTRARIA, SUA VADIA RUIVA? POIS ESTAVA ENGANADA. NÃO IMPORTA ONDE SE ESCONDA, EU SEMPRE ESTAREI POR PERTO!”

 

O terror do sonho voltou com tudo e se misturou a realidade daquele instante. Ela se se sentou no chão embaixo da janela, abraçou seus joelhos com a cabeça entre eles, tremendo sem parar.

Quando Gilbert chegou pouco tempo depois, ele a encontrou naquela posição, e se aproximou de Anne preocupado, e se ajoelhado ao lado dela.

- O que foi, Anne? O que aconteceu? - ele perguntou tocando o joelho dela. A ruivinha levantou a cabeça, encarando Gilbert com seus olhos azuis atormentados. Ela atirou seus braços ao redor do pescoço dele enquanto estendia o celular para ele, e começava a chorar sem parar, agarrada ao corpo de Gilbert.

O jovem médico leu a mensagem e sem entender direito o que aquilo significava, ele perguntou a Anne:

- O que é isso, Anne? - ela respondeu em um fio.de voz:

- Havia um homem do outro lado da rua, rondando o prédio. Acho que foi ele que enviou isso. – Ela disse sentindo-se fraca pelo nervosismo, e tinha certeza de que se tentasse se levantar suas pernas não a sustentariam.

- Você precisa ir à polícia. – Gilbert disse com a voz alterada.

- Eu sei. – Ela respondeu respirando tão rápido quanto a taquicardia que atingia seu coração.  Gilbert olhou para Anne, percebendo seu rosto pálido, os tremores que sacudiram seu corpo e as suas mãos geladas e sem cor. Ela estava a beira de uma crise de pânico, e por essa razão, Gilbert decidiu não falar mais sobre aquele assunto naquele dia. Assim, ele a pegou no colo e disse:

- Você precisa se aquecer. - Anne não se importou quando Gilbert a levou para o quarto, e lhe falava baixinho palavras que acalmavam seu espírito. Ele depositou-a sobre o cama de lençóis macios, a cobriu com uma manta. Em seguida, ele testou-lhe a temperatura e viu que ela estava um pouco febril, sabendo de antemão que era apenas um sintoma psicológico, ele beijou-lhe a testa e falou com carinho:

- Agora tente dormir um pouco. Quando acordar se sentirá muito melhor. - Assim, ele apagou a luz do quarto, deixando apenas a luz do abajur acesa. - Estarei na sala se precisar de mim.

Quando ia sair do quarto, Anne agarrou em sua mão e disse:

- Por favor, não quero ficar nessa cama sozinha. Fica comigo essa noite, Gilbert. - O rapaz olhou para a menina ruiva que  lhe suplicava com os olhos por algo que naquele momento não parecia ser adequado.. Anne não estava pensando direito, e seu pavor a fazia atingir um estágio de carência que traria consequências talvez não tão positivas para ambos.

-Anne, você não sabe o que está me pedindo. - ele disse, tentando negar o que ela queria.

- Sim, eu sei. E pouco me importa se você acha que é tarde para nós dois, se não me ama mais ou se não quer mais me dar uma chance. Eu estou aqui despida de qualquer orgulho, minha alma rendida, e meu coração entregue a você em uma bandeja de prata.  Eu juro que não estou esperando nada de você, nenhuma promessa e nenhuma certeza. Somente quero que fique comigo, pois preciso tanto que afaste esse medo terrível do meu coração. – Gilbert sentiu o silêncio entre os dois se instalar devagar, enquanto ele lutava contra todas as suas vontades.

A fragilidade de Anne o atraía para perto dela enquanto ele tentava não ceder diante daquele pedido que entre sua razão e emoção era o que ele mais desejava também.  Porque era tão errado desejar aquela mulher mais que tudo? Por que não podia ao menos por aquela noite deixar que sua paixão falasse por ele?

Ela dissera que precisava dele, e Anne nunca lhe parecera tão sincera e ao mesmo tempo tão sedutora. Estava cansado de fingir que não tinha um coração, e por isso, ignorou qualquer alerta ou aviso de sua mente racional para que tomasse cuidado, se deitou com ela naquele cama imensa e a abraçou apertado.

Os lábios entreabertos dela foram cobertos pelos seus, os corpos se colaram, e os toques de tornaram-se mais urgentes enquanto cada peça de roupa se transformava um empecilho que devia ser eliminado. Em pouco tempo nada mais cobria a pele de ambos, apenas existiam carícias que   se misturavam aos gemidos roucos de prazer, enquanto seus corpos iniciavam uma dança de movimentos acelerados, marcando o compasso e o ritmo de cada escalada de seu desejo, alcançando degraus cada vez mais altos, deixando-o ofegantes. As mãos de Gilbert traçavam um caminho de fogo por toda a pele dela, enquanto Anne retribuía deixando-o louco com os beijos que ela distribuiu por todo o corpo de Gilbert.  Estavam tão quentes que incendiaram um.ao outro com sua vontade quase insana de se fundirem de uma só vez. Antes de possui-la por completo, Gilbert disse sem conseguir se manter longe dela por muito tempo:

- Olhe para mim, Anne. Eu quero ver seus olhos quando eu te fizer minha- Anne obedeceu, deixando que seu olhar se derretesse no castanho ardente do dele no momento em que ele a possuiu. Então, ela fechou os olhos e deixou que Gilbert a conduzisse pelas nuvens até o infinito onde se juntaram como duas estrelas cadentes que tivessem enfim encontrado o seu destino.

Quando seus lábios se colaram no último instante, Anne disse em meio a um suspiro:

- Eu te amo. - Gilbert apenas sorriu abraçando-a com enorme emoção, desejando que Anne entendesse sem necessidade de palavras, a força do sentimento que sempre o levava de volta para ela.

Assim, Anne adormeceu em paz e feliz, sem se importar que Gilbert não tivesse confessado que também a amava, pois tudo o que lhe importava naquele instante era o momento maravilhoso de amor que deram um ao outro, e as palavras que tanto desejava novamente seriam ditas por Gilbert um dia quando ele estivesse pronto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

-

 

-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

-

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Beijos. Desculpe se eu os decepcionei de alguma forma. Tentei fazer o melhor, mas não tenho muita certeza se realmente ficou bom.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...