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História Anne with an E - continuação da série - Corações em jogo - Eterno amor


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Caros leitores.Estou postando mais um capítulo dessa minha história, e espero que comentem sobre ele e apreciem. Eu também espero que tenha ficado bom, e que não os decepcione. Ando muito exigente com minha escrita esses dias, e sinceramente sempre acho que poderia ter ficado melhor, mas, como estou com uma enxaqueca terrível, minha capacidade de avaliação está péssima hoje.Muito obrigada por tudo. Desculpem-me por qualquer erro, vou corrigi-los mais tarde. Beijos.

Capítulo 54 - Eterno amor


Fanfic / Fanfiction Anne with an E - continuação da série - Corações em jogo - Eterno amor

ANNE

Gilbert estava sentado na mesa do café da manhã e olhava para Anne com um carranca, que ao invés de deixá-la irritada, a fazia rir. Ele parecia um garotinho fazendo birra por não conseguir o que queria, o que o deixava ainda mais atraente, porque aquele maxilar lindamente esculpido ficava mais evidente, destacando o rosto maravilhoso que a fazia suspirar todas as noites quando a olhava como uma carícia antes que ela adormecesse

Desde que ele se declarara a ela a dois dias, ambos viviam em uma lua de mel total, e não tinham discutido ou brigado nenhuma vez. Anne estava adorando ficar no apartamento dele, acordar com Gilbert a seu lado, e fazer todas as coisas juntos, partilhando cada momento e vivendo-os cada segundo, não deixando nada para mais tarde ou o dia seguinte, pois diante das circunstâncias quem poderia dizer quanto tempo aquela paz e alegria que pairava sobre eles duraria?

Anne estava vivendo seus dias sentindo que cada minuto era precioso, e cada instante nos braços de Gilbert era uma lembrança que deveria ser guardada  e apreciada até a última gota, pois ela não sabia se o amanhã viria  ou se ela teria outra chance de sentir os braços dele em volta de sua cintura, ver os olhos dele procurarem pelos dela naqueles momentos   especiais em que não havia necessidade de palavras , e o  roçar de dedos era a única comunicação que precisavam para se sentirem próximos um do outro.

Anne nunca pensara que um dia sentiria dentro de si essa vontade de valorizar cada gesto ou palavra trocada com alguém, pois a vida parecia se estender a sua frente como  tapete de possibilidades infinitas, e  em cada esquina ao longo do caminho as chances de recomeço eram oferecidas para aqueles que possuíam ânimo  e força de vontade de tentar outra vez, e que acreditar que existia um lugar ao sol para todos,  era o impulso que se precisava para acordar a cada manhã com a certeza de que as oportunidades de mudança viriam no tempo certo e para quem as merecesse.

Ela nunca pensara que sua vida estaria por um fio no momento mais feliz, e que estaria correndo contra o tempo para ter o direito de viver aquele amor por Gilbert com todas as emoções que o sentimento pudesse trazer ao seu coração.  Saber que tudo aquilo estava em risco, somente aumentava seu desejo de que durassem pelo tempo que ainda tivesse para saboreá-los devidamente.

Anne nunca fora de fazer planos, e conduzia sua vida conforme as coisas iam acontecendo e determinando quais caminhos deveria percorrer. Mas, a incerteza do que ainda viria mudara tudo, e a possibilidade de não estar mais segura fizera com que Anne olhasse para cada detalhe do que estava ao seu redor de maneira diferente. Ela não queria pensar em coisas ruins, e nem queria ficar imaginando quem estava nas sombras de seus pesadelos, e parecia querer roubar-lhe cada alegria de seu coração.

Porém, o pensamento a perseguia bem mais agora que antes, porque o que estava vivendo com Gilbert era importante demais, e não queria que fosse interrompido antes que tivessem tudo o que mereciam um do outro. Mas a sensação de que o tempo que ainda tinha pela frente estava sendo reduzido pelas horas que passavam bem rápidas, sem se importarem com o seu desespero, parecia estar sempre ali depois de cada sorriso que ela e Gilbert trocavam, como um lembrete de que era um tola por pensar que existiria um para sempre para eles.

Ela temia por si mesma, mas ainda pelos outros.  Ela sabia o risco que cada pessoa que estava perto dela corria, ainda assim, era egoísta demais para abrir mão de seus amigos, e era três vezes mais teimosa por se recusar a afastar Gilbert dela. Anne precisava dele, sofrera muito, lutara muito para tê-lo de volta e não podia deixar que lhe tirassem isso. Aquele era o amor com o qual sonhara a vida toda, não podia desistir dele, e nem permitir que acabasse.

- Gilbert, quando vai desfazer essa cara amarrada e falar comigo direito, amor? - Anne perguntou, focando toda a sua atenção no médico lindo à sua frente que continuava com as feições zangadas, e ela sabia bem o motivo.

- Como quer que me sinta depois de escutar que minha namorada prefere morar em qualquer outro lugar do que ficar comigo? - namorada? Ele tinha mesmo dito namorada? Desde que eles tinham se acertado, Gilbert não tinha mencionado que tipo de relacionamento teriam, e agora ele acabava de lhe dar a maior alegria do dia.

- Eu não disse que prefiro morar em outro lugar. Eu disse que preciso de um apartamento porque quero ter um canto onde eu possa hospedar meus amigos quando eles vierem me visitar. Eu não poderia hospedá-los aqui, e também não posso deixar que fiquem em um hotel. Quero que tenham todo o conforto possível. - Anne tentou explicar, mas Gilbert não parecia ter se convencido ao dizer:

- Você não podia então alugar o apartamento pelos dias que vão ficar por aqui?

- Não.  Eu preciso ter um ambiente só meu onde eu possa ficar e fazer minhas próprias coisas.

- Vai ser assim também quando nos casarmos e tivermos filhos? Cada um na sua casa? - Anne arregalou os olhos ao ouvir as palavras de Gilbert.  Como as coisas estavam evoluindo rápido por ali. Primeiro ele a chamara de namorada, e agora já estava discutindo sobre o casamento deles. Por mais que aquela ideia lhe emocionasse, Anne tentou se manter calma ao responder:

- Gil, ainda não nos casamos e ainda não temos filhos, enquanto isso não acontecer, acho que podemos nos dividir entre o seu apartamento e o meu. - Anne respondeu, enquanto sua mente não parava de pensar na palavra casamento.  Era o seu maior sonho desde que começaram a namorar, talvez tivesse sido desde sua adolescência, só esperava que a sua situação atual se resolvesse logo, e ela perdesse o medo de que tudo estivesse se encaminhando para uma catástrofe.

- Anne, será que não entende que não quero que vá? Eu adoro ter você aqui, adoro dormir e acordar com você, e amo ver o seu sorriso quando chego em casa depois de um dia duro naquele hospital, onde tudo que vejo é sofrimento e dor. Você é um sopro de ar fresco no meio do caos, e não quero perder isso por nada no mundo. - Anne ouviu todas aquelas palavras com o coração exultante. Ela sabia do significado que Gilbert tinha em sua vida, mas não imaginara que fosse tão importante para ele também.  O que ele lhe dissera era lindo demais. Saber que ele a via daquela maneira a fazia compreender porque amava aquele homem com tanta intensidade. Gilbert tinha a poesia nos labios, e conseguia emocioná-la até a alma. Ela se levantou devagar e foi até ele, ficando atrás da cadeira onde ele estava sentado e o abraçou pelo pescoço.

- Amor, eu não vou para muito longe. Na verdade, o apartamento que comprei é aqui bem perto, e quero que vá até lá para conhece-lo comigo. – Gilbert apenas assentiu com a cabeça e segurou a mão dela entre as suas. Anne aproximou seus lábios e beijou-o no rosto, sentindo a rigidez dos ombros dele relaxar. Ela continuou a carícia até sentir que ele cedia totalmente. Gilbert se virou e a puxou para ele, e um beijo calmo se iniciou, mas, em pouco tempo o que era apenas uma fagulha se tornou uma fogueira inteira.  Eles se beijavam como se suas vidas dependesse disso, e para Anne era mesmo assim. Após ter sua vida tantas vezes ameaçada naqueles meses, ela queria tudo o que pudesse ter de Gilbert. Cada beijo era uma promessa, e cada toque uma confissão, os lábios de Gilbert sobre os seus exigiam uma resposta e Anne a deu sem pensar. Ela estava no colo do rapaz, seus dedos buscavam o calor dele por entre os botões da camisa que ela não demorou a abrir, e assim começou a tocá-lo devagarinho sentindo cada músculo poderoso que cedia aos seus dedos quentes e macios. As mãos de Gilbert subiam por suas coxas, embaixo da sala longa que ela usava, seguindo em direção à sua intimidade. Anne respirou fundo, e não permitiu que ele fosse mais longe. Segurou-lhe a mão atrevida com delicadeza e disse com seus olhos azuis incríveis:

- Agora não.  Você precisa ir para o trabalho, e antes disso quero que conheça o meu apartamento novo que será seu lar também se quiser.

Gilbert respirava rápido e parecia perdido em seu próprio desejo por ela. Seus olhos percorriam todo o rosto delicado como se tivesse necessidade de gravar cada traço em sua mente. Anne sentiu todo o impacto daquele olhar sobre ela, ao mesmo tempo que tentava se decidir qual versão de Gilbert Blythe ela amava mais. Se a do médico cuidadoso e sempre atento a todas as suas necessidades, ou a do homem ali a sua frente que deixava seu coração falar por ele, enquanto a tocava como se ela fosse de porcelana, permitindo que Anne visse todos os seus sentimentos expostos sem esconder nenhum.

- Eu relutei tanto em deixar você entrar em minha vida de novo, e agora não consigo te imaginar fora dela. - ele confessou sem deixar de olhá-la profundamente.

- Eu não pretendo sair dela nunca mais a não ser que você queira. - ela respondeu abotoando-lhe a camisa.

- Isso não tem chance nenhuma de acontecer. - Gilbert disse voltando a sorrir.

- Então, vem comigo. Eu quero te mostrar o nosso novo lar.- Anne disse alegremente.

- Nosso lar? - Gilbert franziu o cenho e Anne respondeu.

- Sim. Nosso lar. Eu o comprei pensando em você, e tenho certeza de que vai gostar muito de lá. - Gilbert deu um longo suspiro, e Anne soube que tinha ganho aquela batalha.

- Está bem. Mas, tenho apenas trinta minutos antes de ir para o hospital. - Gilbert disse consultando o relógio.

- Prometo que não vai demorar. - ela pegou na mão dele, e saíram do apartamento até ganharem a rua. Caminharam cerca de dez minutos, e quando chegaram em frente ao prédio onde Anne adquirira seu imóvel, Gilbert disse espantado:

- Apenas duas quadras? Já comecei a gostar do ambiente.

- Espere até ver lá dentro. - ela disse sorrindo e puxando-o em direção à entrada.

O apartamento ficava no terceiro andar do prédio, e quando Anne abriu a porta, Gilbert ficou espantado com o tamanho.

- Precisa de tanto espaço assim, Anne?

- Eu não preciso, mas, como disse não pensei só em mim ao realizar a compra. Venha comigo. - ela o levou até um cômodo onde estava todo mobiliado, e era pintado de um tom de azul claro.

- Aqui é o seu escritório, Dr. Blythe. Tem tudo o que precisa para realizar seus trabalhos fora do hospital. Eu deixei um computador aqui caso precise. Naquelas estantes ali pode colocar todos os livros que quiser.  As gavetas da escrivaninha tem cadeado. Achei que seria melhor, caso queira guardar informações sigilosas sobre os seus paciente aqui para estudá-las com calma. E o melhor de tudo está aqui. - ela o puxou pela mão novamente, e o levou para uma área externa que era protegida por uma porta corrediça. A vista dali era maravilhosa, e dava diretamente para o Central Park. Havia uma mesinha adorável e duas cadeiras de vime que davam um charme adicional ao lugar.

- Aqui você pode relaxar, ler o seu jornal, tomar seu café ou simplesmente olhar o movimento. O que acha? - Gilbert ficou em silêncio e olhava para Anne de um jeito Que a intrigou, e ela logo ficou apreensiva pensando que talvez Gilbert não tivesse gostado de sua iniciativa em comprar um apartamento pensando nos dois.

- O que foi, Gil? Não gostou? – ela perguntou preocupada.

-  É claro que gostei. – Ele respondeu ainda sério e Anne não estava convencida de que ele estava sendo sincero, pois a expressão do rosto sugeria outra coisa.

- Então por que está olhando para mim de um jeito estranho?

- Eu estava só pensando. - ele respondeu com um meio sorriso.

 - Pensando no que? - ela insistiu.

- Eu estava imaginando que esse espaço imenso é o lugar perfeito para se ter crianças correndo para todos os lados. - Anne sentiu seu coração disparar ao pensar naquela possibilidade. Vinha sonhando em ter um filho com Gilbert em um futuro próximo, mas não imaginava que aquele era um sonho dele também.

- Você pensa em ter filhos, Gil? - ela perguntou em meio a um sorriso bobo no rosto.

- Todos os dias desde que você voltou para minha vida. - o sorriso que ele lhe deu era tão brilhante, que iluminava seu rosto inteiro com uma luz especial. Anne não resistiu e o puxou para um beijo, só parando quando nenhum oxigênio pareceu restar entre eles.

- Eu também sonho com filhos nossos. Um casal para ser mais específica. - Anne tocou o rosto dele enquanto dizia isso, e Gilbert continuou a sorrir daquele jeito que lhe aquecia o coração.

- Eu quero o que você decidir, apenas peço que façamos as coisas como se deve, casamento primeiro, e depois filhos.

- Não sabia que era tão tradicional, Dr. Blythe. Você sabe que não me importo com formalidades. - Anne disse sentindo-o acariciar seus cabelos.

- Só quero fazer as coisas do jeito certo. Eu não me importo de não.me casar em uma igreja cheia de gente, mas quero que tenha o meu sobrenome quando nosso primeiro filho nascer.

- Será como deseja, meu amor. - ela respondeu beijando o rapidamente.

- Apenas peço que espere mais um pouco. Acabei de iniciar minha carreira aqui em Nova Iorque, e quero me estabilizar para poder te dar a vida que merece. - Anne acariciou o rosto dele, e o amou ainda mais por se preocupar com cada detalhe da vida deles a dois no futuro.

- Eu não preciso de mais nada, a não ser de você, mas não me importo de esperar, desde que estejamos juntos. Agora venha. Vou te mostrar o resto do apartamento. – Anne o levou para conhecer os dois quartos de hóspedes, o seu próprio quarto todo pintado de azul, sua cor favorita, e depois o levou para um quarto maior dizendo com um olhar maroto.

- Este é o nosso quarto.

- Então, temos um quarto só nosso? - Gilbert perguntou surpreso.

- Sim, achei que precisávamos ter um lugar especial para nossas noites de amor.

- Não vejo a hora de estreá-lo com você. – Gilbert disse malicioso, abraçando Anne pela cintura e dando-lhe um beijo no pescoço.

- Vamos ter que esperar até Sábado a noite.  As meninas chegam hoje a noite, e ficarão hospedadas aqui amanhã.  Voltarão para Avonlea no Sábado à tarde, pois Diana disse que ê o máximo que consegue ficar longe da filha e de Jerry.

- Vou morrer de saudade, mas fico feliz que tenha suas amigas aqui.  Sente falta delas, não é?

- Sim, principalmente de Diana. Ela é minha família, assim como Cole, e eles me fazem muita falta aqui em Nova Iorque. Espero que um dia possamos viver todos juntos de novo. - Anne disse, encaminhando Gilbert para os outros cômodos do apartamento.

- O que você vai fazer com o outro apartamento? – Gilbert perguntou assim que voltaram para o prédio dele.

- Vou vendê-lo, e com o dinheiro que conseguir vou fazer uma doação. 

- É mesmo? E para qual instituição vai doá-lo? - Gilbert perguntou curioso.

- Bem. Eu tenho visto que você tem feito bastante pesquisa na área de Oncologia, Então, pensei em doar esse dinheiro para financiar suas pesquisas. Existem muitas pessoas nesse mundo precisando de seus talentos, Dr. Blythe.- Gilbert parou de andar para olhar para ela encantado.

- Anne, isso é maravilhoso.  Mas, tem certeza de que quer mesmo fazer isso?

- Sim. Eu não preciso desse dinheiro.  Tenho mais do que suficiente, e quero muito fazer algo de útil com ele, por isso, doá-lo para suas pesquisas vai me fazer muito feliz. - Gilbert a abraçou apertado, depois beijou-a no topo da cabeça e disse;

- Obrigado. - Anne apenas sorriu. Ela estava feliz por poder ajudar Gilbert com seu trabalho, depois de ter lhe causado tantos problemas por conta disso. Além disso, ela queria que ele soubesse que agora ela era madura o suficiente para conviver com a profissão dele sem se sentir preterida por causa dela.

Momentos depois, logo que Gilbert foi para o trabalho, Anne também se preparou para sair. Ela foi até o seu antigo apartamento pegar o restante das coisas que faltavam, e embora todas as portas tivessem sido pintadas novamente, Anne tinha a impressão que aquelas palavras horrorosas ainda estavam lá, fazendo-a se sentir sufocada novamente, por isso, empacotou tudo o mais rápido possível, entregou as chaves na portaria, levou tudo para o táxi que a esperava  e foi embora extremamente aliviada por deixar tudo aquilo para trás, mesmo sabendo bem lá no fundo, que aquela mudança de ambiente não era garantia nenhuma de que estava fora de perigo.

, Na tarde daquele mesmo dia, Anne resolveu visitar Marilyn. Gilbert tinha saído para o café quando chegou lá e perguntou por ele, por isso, resolveu não perturbá-lo em seu momento de descanso, indo direto para o quarto da amiga.

Marilyn parecia bastante animada quando Anne chegou.  O quarto parecia uma floricultura ambulante, por essa razão, Anne ficou feliz por ter levado uma caixa de bombom ao invés das orquídeas que pensara em comprar anteriormente.

- Anne! Que alegria em vê lá! - Marilyn disse toda animada naquele seu jeito usual que a ruivinha adorava.

- Que bom que vê-la assim, Marilyn. Estava terrivelmente preocupada. - Anne beijou a no rosto, e depois se sentou em uma poltrona ao lado da cama da amiga.

- Estou ótima, querida. Graças à Dra. Gabriela que me socorreu a tempo, e seu lindo namorado que tem cuidado de mim desse então.  Com todo o respeito. Que homem! Além de ter aquela beleza toda de parar o trânsito, é um excelente médico também. – Anne riu da espontaneidade da amiga. Ela era sempre sincera e falava tudo o que pensava, e Anne devia muito a Marilyn por ter-lhe ensinado a viver no meio.do mundo da moda sem enlouquecer.  

- Gilbert é realmente espetacular em todos os sentidos. - Anne disse, a voz soando mais apaixonada do que pretendia.

- Nossa.  Pelo que vejo vocês se acertaram de vez. - Marilyn disse sorrindo.

- Sim. Estamos muito bem e espero que dure para sempre. – Anne disse sonhadora.

- Está mesmo apaixonada. Nunca te vi falar assim.

- Gilbert é o amor da minha vida desde que eu o conheci aos nove anos – Anne confessou sorrindo.

- Aquele homem te venera, querida. Ele fala de você com tanto orgulho. Está com a pessoa certa, e confesso que estou aliviada por você amar alguém tão incrível como o Dr. Blythe. Você sabe que é minha irmãzinha do coração, e sempre temi que se apaixonasse por um desses modelos vazios loucos pela fama e magoasse esse seu coração romântico, mas vejo que minha preocupação era infundada. - Marilyn disse, tocando o rosto de Anne com carinho.

- E como está se sentindo? Quero tanto me desculpar pelo que houve com você. – Anne disse apertando a mão da amiga.

- Eu me sentindo muito bem. E você não tem que se desculpar por nada. A vítima dessa situação toda foi você é não eu, já que aquelas flores eram para você. Eu fico imaginando quem seria capaz de uma maldade dessa. - Marilyn disse pensativa.

- Eu também nem imagino quem seja. – Anne respondeu evasivamente. Não queria que Marilyn soubesse de todo o drama pelo qual vinha passando, por isso, preferia que ela pensasse que foi um fato isolado motivado pela inveja de alguém.

Passaram mais um tempo conversando, e depois Anne se despediu prometendo a Marilyn que iria visitá-la em seu apartamento assim que ele tivesse alta. Ela passou pela recepção, e se despediu da atendente com um sorriso, e enquanto estava indo para a porta, Anne a ouviu conversando com uma enfermeira. Apesar de falarem baixo, ela escutou perfeitamente quando disseram;

- Essa é a namorada do Dr. Blythe?

- Sim.

- Que pena! Mais um homem lindo que tenho que tirar de minha lista de solteiros.

- Mas, temos que admitir que ela é linda não?

- Sim. Espero que ela saiba da sorte que tem.

Enquanto saía pela porta.   Anne pensava na conversa das duas moças que ouvira sem querer. Se ela sabia da sorte que tinha? Com certeza, e ela nunca mais deixaria que aquele homem maravilhoso lhe escapasse.

 

GILBERT

 

Gilbert acabara de voltar de seu breve descanso quando a recepcionista lhe avisou que Anne estivera por ali para visitar Marilyn, perguntara por ele, mas quando soubera que ele estava lanchando, pediu que ele não fosse incomodado.

Ele agradeceu-a pela informação, mas não pôde deixar de se sentir chateado por não ter estado lá quando ela chegara, principalmente porque não a veria mais tarde, já que suas amigas chegariam em Nova Iorque naquele dia, e ficariam com ela até no Sábado à tarde. Isso indicava que ficaria sem vê-la por quase dois dias, e não sabia se suportaria a ausência dela.

Depois de Anne estar em sua casa por quase quatro semanas, ele já estava viciado no cheiro dela, no gosto da sua pele, na beleza do seu sorriso e naquele jeito que ela tinha de abraça-lo como se encontrasse ali toda a segurança do mundo. E Gilbert estava assustado por perceber com que velocidade aquilo tudo estava acontecendo. Ele pensara que seria mais cauteloso depois de todo o sofrimento e decepção pelo qual passara, mas bastou ter Anne uma vez em seus braços para se perder totalmente. Ele tentava ainda mesmo que precariamente se controlar quando estavam próximos um do outro, mas, somente a presença dela já o seduzia completamente, e por isso, não conseguia manter suas mãos longe dela por muito tempo.

Ele gemeu baixinho ao pensar na enorme cama vazia que o estava esperando em casa. Dormir sozinho era outra coisa que passara a detestar depois que Anne começara a dormir todas as noites em seu quarto. Ele somente conseguia dormir quando sentia o corpo suave dela ao seu lado, e mesmo que não fizessem amor, o que era bem raro ultimamente, o som da respiração dela, e suas mãos espalmadas em seu peito lhe garantia uma noite de qualidade de sono incrível. Por esta razão, tinha certeza que teria como companhia uma bela insônia naquela noite e na do dia seguinte, e então, cogitou a hipótese de levar alguns casos e artigos para ler em casa, já que não pregaria o olho e passaria cada segundo contando os minutos no relógio. Aquilo não era exagero nenhum, assim como não estava mentindo quando dizia que Anne era seu antídoto contra todas as coisas negativas que o afetavam dentro e fora do trabalho.

A alegria dela era contagiante, mesmo agora quando estava passando por toda aquela situação estressante, Anne não deixara de sorrir, e quando ele chegava em casa e via aqueles olhos azuis brilhando com toda a vivacidade  que havia dentro dela, ele sentia toda a tensão em seu corpo sendo levada embora como se uma onda de paz o envolvesse em suas asas, protegendo-o de qualquer coisa ruim que existia nesse mundo.

Por isso, ele ficara zangado quando Anne insistira na compra do novo apartamento, ele não podia e não queria perder a presença dela ali naquele espaço onde agora era o mundo particular dos dois, e onde toda beleza existia somente, porque ela trouxera para a vida dele uma nova forma de encarar tudo. Ele sabia que estava sendo um tolo, pois ela precisava ter seu próprio espaço como ela não cansava de lhe dizer, mas, o que ela não entendia e que ele não conseguia mais se ver vivendo naquele apartamento sem ela   pois era frio e solitário demais.

Naquela manhã enquanto ele tentava controlar sua raiva súbita de vê-la se mudar para outro lugar sem ele, o rapaz acabara dizendo:-

- Quando nos casarmos e tivermos filhos também vai ser assim?  Cada um na sua casa? - ele ouvira com horror as próprias palavras ecoarem pela cozinha, e o olhar de espanto que Anne lhe lançou o fez perceber que precocemente a tinha pedido em casamento sem perceber, e incluíra filhos no pacote todo sem mesmo saber se ela desejava aquilo, ou sequer pensava no assunto.

Felizmente, ela soubera conduzir toda a conversa para o rumo que desejava, que era a compra do apartamento, e Gilbert acabara confessando o que significava para ele tê-la por perto. Ele não se importava mais que ela soubesse todos os sentimentos de seu coração.  Ele já passara da fase de negação, e não conseguia mais conter suas emoções em relação  a ela, e já que tinha lhe confessado seu amor, que ela descobrisse de vez a profundidade do que sentia por ela.

 Anne lhe dissera que o apartamento que comprara não era longe de onde ele morava, mas, não era a distância que contava. A verdade era que mesmo que ela morasse na casa ao lado, a ausência dela lhe pesaria do mesmo jeito, pois não teria mais a certeza que tinha a poucos dias de que quando pisasse para dentro de seu apartamento, ele  encontraria no abraço e nos beijos dela a força para continuar na profissão que escolhera, mesmo que no dia seguinte o sofrimento de alguém levasse mais um pedacinho da crença que ele tinha que ser médico fazia todo o sentido do mundo para ele, porque o jovem médico  tinha certeza que reencontraria essa crença naqueles profundos olhos azuis.

Ela insistira tanto que ele acabara cedendo, precisamente depois que ela lhe contara que comprara o apartamento pensando nele. Gilbert fora preparado para não gostar do lugar, mas caíra de amores por ele no primeiro segundo que entraram porta adentro. Anne tinha extremo bom gosto, e pensara em tudo ao assinar o contrato da compra.  Ela até arrumara um espaço para ele poder trabalhar, e enquanto ela lhe mostrava entusiasmada seu escritório grande e espaçoso, tudo no que ele conseguia pensar era no quanto queria se casar e ter filhos com ela. Seu olhar deve tê-lo denunciado, porque ela logo perguntou diante de seu súbito silêncio:

- O que foi, Gil? Não gostou?

-  É claro que gostei. – ele estava tentando encontrar as palavras certas para descrever o que se passava dentro dele naquele momento, mas, ele realmente nunca sabia o que dizer principalmente quando Anne o olhava com aqueles olhos cheios de expectativas. Mas, ela insistira em saber e ele dissera;

- Eu estava imaginando que esse espaço imenso é o lugar perfeito para se ter crianças correndo para todos os lados. - Os olhos dela faiscaram, e se encheram de um sentimento que Gilbert reconheceu como emoção, e ele percebeu aliviado que ela pensava sobre isso também.

- Você pensa em ter filhos, Gil? - ela perguntou sorrindo parecendo encantada com a ideia.

- Todos os dias desde que você voltou para minha vida. - Anne veio para seus braços, e o beijou com aquela doçura sem fim que o fazia ficar de quatro por ela. Não havia mulher no mundo que tivesse esse efeito sobre ele. Assim, Anne lhe confessou que também queria filhos com ele, e sua mente projetou imagens dos dois com crianças ruivas e de olhos azuis, e aquilo mexeu com ele de jeito que fez Gilbert responder:

- Eu quero o que você decidir, apenas peço que façamos as coisas como se deve, casamento primeiro, e depois filhos. - Anne ficou surpresa com o que ele dissera e comentou

- Não sabia que era tão tradicional, Dr. Blythe. Você sabe que não me importo com formalidades. - Ele olhou para ela e estudou seu rosto. Ela era maravilhosa, e seria uma esposa fantástica e uma mãe melhor ainda.  Por isso, ela tinha que saber que suas intenções com ela era as melhores possíveis.

- Só quero fazer as coisas do jeito certo. Eu não me importo de não.me casar em uma igreja cheia de gente, mas quero que tenha o meu sobrenome quando nosso primeiro filho nascer.

Anne concordou e precisamente entendeu quando ele lhe disse que queria ter sucesso em sua carreira para depois assumi-la como esposa. Não queria fazer nada correndo, não precisavam disso. Eles eram adultos e focados em suas carreiras, e desde que estivessem juntos, o resto poderia esperar.

Ela lhe mostrou o resto do apartamento e Gilbert descobriu surpreso que ela preparara um quarto apenas para os dois.  Ele não pode deixar de sorrir ao constatar que Anne sempre pensava em tudo, principalmente quando desejava manter um certo ar de romantismo entre os dois, e embora não quisesse admitir, ele amava esse lado dela, pois era por causa de sua imaginação incrível era que eles tinham noites intensas de amor.

Ambos ainda ficaram mais um pouco no apartamento até que tiveram que voltar para o dele, pois ele precisava ir para o trabalho. Mas, antes dele ir, Gilbert pensou no outro apartamento dela, e perguntou por curiosidade o que seria feito dele, e Anne respondeu

- Vou vendê-lo, e com o dinheiro que conseguir vou fazer uma doação. – Aquilo era mesmo surpreendente, Apesar de saber que Anne tinha bom coração, Gilbert não imaginara que ela gostaria de se envolver em atitudes filantrópicas. Mas, o que ele não imaginara era que ficaria mais surpreso quando ela disse-:

- Bem. Eu tenho visto que você tem feito bastante pesquisa na área de Oncologia, Então, pensei em doar esse dinheiro para financiar suas pesquisas. – Gilbert nunca imaginou que amaria Anne mais do que já amava. Ele ficou sem palavras para dizer o que aquilo significava para ele.  Não tinha nada a ver com o dinheiro, mas sim com a confiança que ela estava depositando nele naquele instante, ao mesmo tempo que lhe mostrara sem usar palavra nenhuma, que ela valorizava o seu trabalho e o esforço que ele estava fazendo para encontrar técnicas melhores e mais eficazes contra uma doença que já matara milhares de pessoas em todo o.mundo.

Ele não tivera palavras para agradecê-la, enquanto a olhava com aqueles olhos de amor e toda a admiração que adquirira por ela através dos anos em que cresceram juntos, e depois quando se reencontraram após sete anos sem uma palavra trocada. Gilbert estava orgulhoso da mulher que ela se tornara, e de sua capacidade de fazê-lo amá-la ainda mais a cada dia.

Naquele momento ele via a raridade que tinha nas mãos.  Ela descera do pedestal que ele a havia colocado somente para mostrar a ele que o que os separava era o orgulho, a teimosia e o egoísmo de ambos. Ela fora feita para ser dele, assim como ele nascera para ela, e jamais seriam felizes separados.

Gilbert foi até a janela do seu consultório, e olhou através dela. Dali, ele podia ver a grama verde bem cuidada em frente ao hospital, os bancos de pedra colocados estrategicamente para que os visitantes pudessem relaxar e descansar das longas horas de espera por notícias de parentes ou amigos.

Porém, sua mente não estava exatamente ali. Ela voava de encontro a mulher que era a causa do descompasso do seu coração, dos seus dias felizes e de suas noites quentes. Gilbert já estava com saudades dela. Algumas horas sem Anne, e ele sabia exatamente o que seria cada segundo que passasse sem vê-la. Seria um martírio e um tormento saber que só a encontraria no Sábado à noite quando todo o seu ser ansiava por ela naquele momento, Ele teria que achar uma maneira das horas passarem mais rapidamente, até que pudessem estar juntos novamente.

- Dr. Blythe? - Gilbert se virou e viu que era o rapaz responsável pelas correspondências do hospital. Ele tinha nas mãos os novos exames de Sarah, e Gilbert ficou ansioso de repente. O tratamento com a quimioterapia tinha se iniciado, e a essa altura, Gilbert imaginava que deveria estar tendo algum resultado. Ele iria visitá-la na próxima semana, e esperava que pudesse levar a Sarah boas notícias e esperança para continuar lutando.

Porém, ao abrir os exames, seus olhos se perderam entre números, estatísticas e resultados nada favoráveis como ele desejara. Gilbert sentiu suas esperanças diminuírem. Ele vinha tentando de tudo, mas não conseguia fazer a doença de Sarah retroceder.  Cada vez que abria os envelopes que os laboratórios lhe enviavam todos os meses, ele se sentia de mãos atadas, e passava horas em frente ao computador pesquisando sobre técnicas novas, algum caso parecido que tivesse sido curado, mas não conseguira encontrar nada. Fazia quase um ano que ele fora para a Alemanha, e quando voltara trouxera sua mala cheia de ideias e certezas, que foram desaparecendo pouco a pouco, conforme o tempo corria, e a doença de Sarah avançava.  Será que tinha acreditado demais? Será que fora arrogante? Será que era essa a maneira da providência divina lhe mostrar que ele era tão somente um homem, e que desafiar as leis dos destino era o pior erro que um médico como ele poderia cometer?  

Gilbert respirou fundo, e o Dr. Philips ainda o encontrou assim com os papéis na mão, e pensativo em seu consultório.

- Como vai, Gilbert? Me parece preocupado.

- E estou mesmo. Dê uma olhada nesses resultados. - Gilbert estendeu o envelope para o Dr. Philips, e ele o pegou examinando-o em seguida. Sua expressão era neutra, e Gilbert sabia que esse era sua postura profissional de agir. Dr. Philips nunca deixava que transparecesse seus sentimentos ou pensamentos diante de um diagnóstico, por pior que ele pudesse ser.

- E então? O que acha? – O jovem médico tinha esperanças de que o Dr. Philips lhe mostrasse um caminho, mas quando o bom doutor tornou a olhá-lo, o que Gilbert viu nos olhos dele não o animou nem um pouco.

- Esse é aquele caso de sua amiga sobre o qual você me falou outro dia?

- Sim. - Gilbert disse apertando as mãos.

- Bem, meu amigo. Você sabe o que está escrito aí, eu não preciso lhe dizer. – Gilbert balançou a cabeça concordando.

- Então, também não preciso lhe dizer que o tratamento não está adiantando. - Gilbert confirmou de novo.

- Eu sei que não é  o que você gostaria de ouvir, e eu não  queria ser a pessoa  a fazê-lo, mas, creio que chegou a hora de desistir .- Gilbert sentiu um aperto no peito. Pensar aquilo o fazia sofrer, mas ouvi-lo de outra pessoa era bem pior.

- Eu não posso, Dr. Philips. – Gilbert disse de cabeça baixa.  

- Eu sei que não é fácil, mas por experiência, eu devo lhe dizer que daqui para frente só vai piorar, e é melhor que se prepare e prepare a paciente. - Dr.Phillips disse dando um tapinha amistoso no ombro de Gilbert, e deixando-o sozinho.

Gilbert estava se sentindo péssimo.  Não podia desistir, mas, ele sabia que o Dr. Philips estava certo, mesmo não querendo aceitar. Porém, Sarah era sua amiga, e ele não tinha coragem de dizer-lhe que tudo tinha sido em vão, e que realmente não havia solução para a doença dela, pelo menos que ele conhecesse. Aquilo era a pior coisa que já tivera que fazer em sua ainda curta carreira de cirurgião.  Gilbert achava extremamente complexo dar esse tipo de notícia à família de um paciente, e seria ainda mais terrível contar aquilo para alguém tão próximo.

Sua cabeça começou a doer deixando-o com um humor sombrio. Gilbert olhou para a foto de Anne em cima de sua mesa, e desejou que ela estivesse com ele. Ele queria tanto abraçá-la e sentir o perfume de seus cabelos. Somente ela tinha o poder de fazer com que tudo voltasse a brilhar como tinha sido aquela manhã. Gilbert pensou em ligar para ela, mas no último minuto desistiu. As amigas dela já deviam estar chegando e ele não queria atrapalhar esse encontro deixando-a preocupada com ele.

Gilbert voltou ao trabalho, ainda que não estivesse com ânimo para isso. Ele tinha outros pacientes com os quais se preocupar, e não podia se dar ao luxo de ficar se lamentando por na conseguir ajudar Sarah. Quando estava quase no fim do expediente, Muddy apareceu e estava muito nervoso. O jovem médico o recebeu em sua sala, oferecendo-lhe uma xícara de café e se servindo de uma também.

-Qual é o problema, Muddy? - Gilbert perguntou para saber o que poderia fazer para ajudar o amigo. -

- A Ruby chega hoje. - Muddy revelou tomando o café apressadamente.

- Eu sei.  Ela, Diana e Josie vão ficar com a Anne até Sábado à tarde.

- Sim. Ela marcou comigo no Sábado a noite. Vamos nos encontrar em um restaurante discreto, e depois passaremos o resto do fim de semana juntos.

- E não era o que queria? - Gilbert perguntou enquanto bebia seu café. - Sim, mas, estou nervoso porque como disse no outro dia, eu quero pedi-la em casamento, e estava pensando em comprar um anel de noivado.

- Não acha que é precoce? E se ela não aceitar? -Gilbert disse olhando para o amigo espantado.

- Eu pensei que talvez se eu fizer o pedido e aparecer com o anel, ela não vai ter coragem de recusar. - Muddy disse encarando Gilbert com o rosto sério

- Vai com calma meu amigo. Você pode se machucar. Espere pela resposta dela, e só então pense em comprar-lhe um anel de noivado. Você tem que se lembrar que Ruby ainda tem que terminar com seu noivo atual.

- Eu sei que tem razão, mas eu a amo tanto que não quero perde-la.- Muddy disse desanimado.

- Pressioná-la não vai adiantar, se ela se decidir que prefere se casar com o outro cara. - Gilbert disse tentando fazer Muddy entender a complexidade da situação em que se encontrava.

- Talvez eu deva tentar outra abordagem então. – Muddy disse pensativo.

O amigo de Gilbert permaneceu e. seu consultório cerca de uma hora. Então, quando ele se foi, Gilbert também deixou o hospital e foi para casa.

O apartamento estava silencioso quando ele abriu a porta, e a ausência de Anne o atingiu em cheio. Nos últimos dias, sempre que ele chegava ali, sua ruivinha estava fazendo alguma coisa como ouvindo música, assistindo TV, falando no celular com alguma amiga ou simplesmente lendo um livro, e justamente naquele dia em que Gilbert estava sentindo-se miserável por conta dos resultados de Sarah, ela não estava por ali, e ele precisava tanto dela para salvá-lo da tristeza que se instalara em seu coração 

O rapaz tomou um banho, fez um café e preparou um sanduíche. Depois, escovou os dentes e se deitou na cama, abraçando o travesseiro ao lado, aspirando o perfume de Anne que o tecido conservava, dando-lhe a falsa ilusão de que ela estava bem ali a seu lado. Ele ouviu uma mensagem chegar e se apressou em checar, sorrindo um pouco ao ver que era de Anne.

Ela lhe mandou uma mensagem de voz que dizia:

 

Querido, está tudo bem com você? Tentei te ligar o dia todo, mas somente dava fora de área. As meninas chegaram finalmente e já estamos indo para o apartamento que comprei.  Estou com tantas saudades, me liga assim que ouvir essa mensagem. – Gilbert ouviu cada palavra se deliciando com a voz dela. Ele olhou para o relógio e viu que ainda era cedo, e por isso, poderia ligar se quisesse, mas, ele não saberia esconder o seu estado de espírito, e Anne perceberia no ato. Por esta razão, não o fez. Ao invés disso, ele escreveu uma mensagem carinhosa e a enviou para Anne.

Em seguida, ele abriu a gaveta de sua escrivaninha, onde guardava a mecha de cabelo que Anne lhe dera antes de ir para Alemanha, colocou-a sobre seu peito, e apesar de estar inquieto, ele abraçou o travesseiro novamente, e em segundos estava dormindo.

 

ANNE E GILBERT

 

Anne estava a caminho do aeroporto quando Cole ligou. O amigo ainda estava em Los Angeles, e voltaria somente na próxima semana, e apesar de estar muito ocupado com seu trabalho de restauração, ele sempre arrumava um tempo para falar com ela, principalmente agora que ela e Gilbert estavam juntos de novo. Mas, sua ligação naquele dia teve um outro motivo também.  Quando Anne atendeu o telefone, ela ainda dentro do táxi, e ele nem esperou que ela dissesse alô, e foi logo dizendo:

- Anne, querida, você está bem? Fiquei sabendo hoje sobre o que aconteceu no desfile. Você deve estar me achando um péssimo amigo, me perdoe por te ligar só hoje, mas, também, você precisa conhecer esse meu cliente, ele parece um lunático, é avesso a vida social. A casa dele fica no meio do nada, e você consegue me imaginar em um lugar assim.? Logo eu que sou tão cosmopolita. - ele continuaria a falar se Anne não o interrompesse, sabendo perfeitamente que Cole tinha essas crises e falava sem parar coisas sem nexo quando estava nervoso.

- Cole, calma. Eu estou bem. Não precisa ficar assim.- ela disse com a voz carinhosa.

- Querida, fico imaginando o terror que você passou.  Uma cobra! Meu Deus! Que pessoa perversa ia querer fazer mal a minha irmãzinha? - Anne pensou um pouco, e decidiu que precisava contar a Cole o que estava acontecendo. Ele também estaria em perigo enquanto ficasse em volta dela.  Anne preferia mil vezes sair machucada do que ver Cole arriscando-se por ela.

- Nós precisamos conversar sobre isso, mas não por telefone.  Quando você voltar a gente se encontra e eu te conto tudo em detalhes.

- Está bem. E então?  Não vai me contar sobre você e aquele pedaço de paraíso? - Cole perguntou, mudando seu tom de voz para divertido.

- O que quer saber? – Anne disse também em tom divertindo.

- Tudo, querida. Não poupe nenhum detalhe. - Cole disse rindo.

- Estamos bem. Adoro cada minuto com Gilbert, pois tudo ao lado dele tem outra cor e outro sabor. Ele me faz tão feliz Cole.

- Você realmente me parece muito mais animada que dias atrás.

- Hoje de manhã, ele me chamou, de namorada, e depois me falou sobre casamento e filhos- Anne confidenciou-lhe suspirando.

- Ele te pediu em casamento? Meu Deus! As coisas estão melhores que eu esperava – Cole estava nas nuvens com o que Anne lhe contara, mas a ruivinha foi logo dizendo;

- Calma, Cole. Ele não me pediu exatamente em casamento. Gilbert apenas me disse que quer filhos comigo, mas depois que nos casarmos, o que ainda vai demorar um pouco, pois ele quer se firmar em sua profissão aqui em Nova Iorque.

- Bem sensato da parte dele.

- Você sabe que não ligo para casamentos pomposos.  Por mim, eu casaria amanhã com ele, mas, ele quer esperar, e eu não me opus. .

- Talvez ele não esteja errado. Acho que Gilbert está certo em pensar assim.- Cole disse.

- Sim. Acho que tenho que concordar. Fazer as coisas apressadamente nem sempre dá certo.

- Mas, me conta. Você está em casa? - Cole perguntou.

- Não, estou indo ao aeroporto pegar a Diana, Ruby e Josie.  Elas estão vindo passar dois dias comigo. – Anne disse animada.

- Sua bandida! Você não me contou nada. Vocês não podiam esperar até que eu estivesse em Nova Iorque para se encontrarem? - Cole reclamou.

- Desculpe, elas mandaram uma mensagem semana passada dizendo que viriam- Anne explicou.

- Tudo bem. Com certeza não faltarão outras oportunidades. . Bem, meu amor, preciso me despedir aqui. Dê um beijo nas meninas por mim, e  no Dr.. Gostosão Blythe também.

Anne riu se despedindo de Cole, pensando que talvez Gilbert não apreciasse tanto assim a parte do beijo.

Ela chegou ao aeroporto quinze minutos adiantada, e assim, ela aproveitou para ligar para Gilbert com quem não falava desde manhã.  Anne já sentia falta dele, e ficou pensando em como ficaria sem vê-lo por dois longos dias. A ruivinha estava feliz por ver suas amigas e passar um tempo com elas, mas, ficaria muito mais feliz se ele estivesse ali com ela.

Infelizmente, Gilbert não atendeu o telefone, e a ruivinha pensou que ele talvez estivesse ocupado. Ela tentou mais duas vezes, e como ele não atendeu, Anne deixou uma mensagem de áudio, esperando que ele lhe respondesse assim que pudesse.

As meninas chegaram logo depois que ela tinha consultado suas mensagens pela milésima vez, e vieram em sua direção fazendo o maior alvoroço, distribuindo beijos e abraços por todos os lados.

- Anne, a quanto tempo! - Diana disse sorrindo par a amiga. - Como você está linda!

- Aposto que Isso tem dedo do Gilbert Blythe. - Ruby disse dando uma piscada para Anne.

- O que? - Anne riu da insinuação de Ruby.

- Eu só te vi assim tão feliz quando vocês estavam namorando. Diga que estou mentindo? - Ruby a desafiou com um sorriso.

- Está bem. Estamos juntos de novo. - Anne confessou feliz.

- Não acredito! Como isso aconteceu? Você tem que nos contar. - Diana disse toda animada.

- Esperem um pouco.  E o Francesco? - Josie perguntou curiosa.

- Terminamos. - Anne disse mostrando o dedo anular sem o anel de noivado.

- Já não era sem tempo. - Diana disse. - Sempre achei que esse noivado era um absurdo. Ainda bem que criou juízo, e foi atrás de quem você ama.

- Sim. Eu fui extremamente infantil ao aceitar ficar noiva de Francesco só porque estava magoada com o Gilbert, e quase perdi o homem da minha vida por isso. - Anne disse sorrindo

- Você deveria seguir o exemplo da Anne, Ruby. Está apaixonada por um e vai casar com outro. - Josie disse olhando para Ruby que ficou vermelha.

- Você ainda está nesse impasse, Ruby? Achei que essa situação já tinha se resolvido. - Anne disse espantada.

- Resolvido? Essa maluca está cada vez mais enrolada. Você acredita que ela não vai voltar para casa com a gente no Sábado à tarde, porque marcou um encontro com o Muddy? - Josie contou ainda de olho na garota loira que parecia casa vez mais desconfortável.

- Você tinha mesmo que me dedurar, Josie? - Ruby disse entre dentes.

- Ruby, eu não tenho nada com sua vida, mas tem certeza de que isso é prudente? - Anne perguntou.

- Não se preocupe. Eu sei o que estou fazendo.  – Anne deu de ombro percebendo que aquilo não era verdade, pois o olhar perdido de Ruby lhe mostrava que a garota estava completamente confusa.

- Se você diz. - Anne respondeu mudando de assunto. - Vamos, quero levá-las ao meu novo apartamento.

Elas pegaram suas malas, entraram no táxi que Anne pediu, e foram para o apartamento da ruivinha. Quando chegaram lá estavam completamente exaustas, por isso, depois de conhecerem e elogiaram o novo lar de Anne, elas tomaram um banho, a garota ruiva pediu comida japonesa, e colocaram as fofocas em dia.

Nesse meio de tempo, Anne tentou falar com Gilbert novamente, mas como antes não conseguiu, e isso a estava deixando chateada, pois não queria terminar o dia sem falar com ele. Enquanto estava conversando com Diana, uma mensagem dele chegou que dizia:

:

“Perdoe-me por não ter te ligado, só agora vi sua mensagem. Meu dia está muito complicado, hoje. E você? Está se divertindo? Espero que tenha momentos ótimos com suas amigas, embora eu esteja morrendo de saudades. Não esqueça que te amo.

 

Anne deu um meio sorriso, e Diana perguntou;

- Gilbert?

- Sim. – Anne respondeu aliviada por ele ter mandado uma mensagem. Ela ficara preocupada com a falta de notícia dele, se perguntando se ele não estaria bravo por Anne ter preferido passar aqueles dois dias com as amigas, ao invés de ficar com ele. Estava contente por ter sido apenas um pensamento bobo.

Ainda assim, ela sentia falta de ouvir a voz dele, de escutar suas observações maliciosas, o jeito dele de rir de suas piadas, as provocações entre os dois, a mania que ele adquirira de dormir com os dedos entrelaçados nos dela, fazendo-a deitar a cabeça em seu peito, algo que Anne amava, pois lhe dava a sensação de estar sendo protegida ao mesmo tempo em que se sentia amada.

- Está com saudades? - Diana disse simpática.

- Você ficaria chateada se eu dissesse que sim? - Anne sorriu de leve enquanto esperava pela resposta da amiga.

- Claro que não.  Por que está me perguntando isso? - Diana perguntou enquanto enrolava uma mecha do seu longo cabelo escuro em seu dedo indicador.

- Porque vocês vieram de tão longe para me visitar e eu fico aqui suspirando pelo Gilbert.

- Anne, eu sei como se sente, pois me sinto. Assim também em relação ao Jerry. Estou aqui, mas meu pensamento sempre voltam para ele e nossa filha. É dessa forma quando amamos alguém de verdade. – Anne olhou para amiga e pensou que das duas, ela sempre fora a mais sensata, centrada e decidida. Quando Diana descobrira que estava apaixonada pelo Jerry, ela insistiu até que ele a convidou para sair, depois ele a pediu em namoro, e o resultado era que hoje estavam ali casados e felizes, e Anne sentia uma tremenda admiração por aquela garota tão forte e tão suave ao mesmo tempo.

- É engraçado como me sinto em relação ao Gilbert. Ele sempre esteve em minha cabeça como você bem sabe, e eu costumava pensar que se eu ficasse um tempo com ele a minha fixação e paixão mal curada da adolescência desapareceria. Porém, quando começamos a namorar, eu percebi o quanto estava errada e descobri que Gilbert é bem mais do que eu esperava e do que eu mereço. - Anne suspirou e Diana disse:

- Por que ele é bem mais do que merece, Anne?

- Ele é bom demais com todo mundo, e comigo principalmente.  Depois, de tudo o que o fiz passar por causa da viagem para a Alemanha, e o meu noivado com o Francesco, eu achei que ele nunca me perdoaria, mas, ele voltou a dizer que me ama, e que quer uma vida comigo, então só posso acreditar que sou mesmo uma garota de sorte.

- Isso não é sorte, Anne. É amor, e você deve saber que Gilbert te ama desde que você foi morar em Avonlea, depois que os Cuthberts te adotaram. O jeito que ele cuidava de você, sempre te arrastando para onde quer fosse de mãos dadas com ele já era prova suficiente do sentimento que ele tinha no coração por você. E você também nunca olhou para outro garoto do jeito que olhava para o Gilbert. Era natural que quando crescessem, vocês ficassem juntos.  Acho que todo mundo esperava isso, até Matthew e Marilla

- Eu fui uma boba perdendo tanto tempo por causa de besteiras. Gilbert me faz tão feliz, Diana. Como eu não percebi antes que ele era o cara certo? - Anne disse balançando a cabeça.

- Porque você não estava pronta para o tipo de amor que Gilbert queria te dar, mas o importante é que agora você está, e tenho certeza de que não vão mais se separar. - Diana disse tocando as mãos de Anne com carinho.

- Se depender de mim, eu não largo aquele homem nunca mais- As duas riram, e então ouviram Josie dizer:

- Volta daqui, Ruby!

- Me deixa em paz. - Ruby passou por Anne e Diana e  se trancou no banheiro.

- O que foi, Josie?

- Essa desajuizada da Ruby Que não sabe com quem quer ficar. Deve estar lá no banheiro, mandando mensagens para o Muddy, enquanto o noivo dela viaja a trabalho. - Josie disse inconformada. -

- Deixe-a, Josie. Ruby é maior de idade, e deve saber o que está fazendo...- Diana aconselhou.

- E se ela não souber? E se ela estragar sua vida por conta de uma má escolha? - Josie disse preocupada.

- Então, ela terá que descobrir por si mesma. - Anne disse com conhecimento de causa, e logo mudando de assunto ela disse;

- Me digam o que querem fazer?

- Por que não assistimos Grey's Anatomy na TV? Eu adoro essa série. - Diana disse animada.

- Está bem. Vamos para a sala de visitas então. - Ruby veio se juntar a elas em seguida, e já passava da meia noite quando todas foram para a cama exaustas e risonhas.

Ainda não eram sete horas, quando Anne acordou.  Não havia dormido bem a noite, pois sentia falta dos braços de Gilbert em volta de sua cintura. E toda vez que cochilava, ela acabava despertando logo, ao passar as mãos no travesseiro ao lado e se lembrar que Gilbert não estava lá. Ela acabou se levantando quando se sentiu incapaz de pegar no sono de novo, foi para a cozinha e preparou o café da manhã para suas visitas.  Duas horas depois, as três apareceram na cozinha, e ao vê-la toda arrumada, Ruby disse bocejando:

- O que foi, Anne? Acordou com as galinhas é?

- Isso aí tem outro nome. Carência de Gilbert Blythe. - Josie disse zombando de Anne.

- Querem parar de me amolar.  Vamos, se apressem, ou chegaremos tarde no Spa.

Dentro de trinta minutos estavam a caminho do Spa que pertencia a uma amiga de Anne em Nova Iorque, e uma hora depois já estavam na sala de massagens, recebendo o melhor tratamento Vip.do mundo.

- Isso é que é vida!  Ruby disse suspirando profundamente, enquanto uma massagista profissional desfazia todos os nós de tensão das suas costas.

- Eu me acostumaria a   ser tratada assim todos os dias facilmente – Josie comentou. Anne e Diana se olharam caindo na gargalhada.

Após esse momento de relaxamento, elas foram para o salão de cabelereiro e manicure do Spa onde receberam um tratamento de beleza completo.  Diana adorou a hidratação que fizeram em seu cabelo, e estava comentando com Anne como eles pareciam mais brilhantes e macios, quando Anne viu um rosto familiar passar por ela que ao reconhecer quem era disse:

- Monique. – a moça olhou para ela parecendo chateada por Anne tê-la reconhecido, mas logo depois ela abriu um sorriso e disse:

- Anne, querida que felicidade vê-la tão bem. - Ela deu dois beijos em cada lado do rosto de Anne e a ruivinha respondeu.

  - Que surpresa encontrá-la por aqui.

- É mesmo. A vida tem cada coincidência maravilhosa, não acha? - ela continuava a sorrir, mas, Anne podia ver que seus olhos eram frios.

- Tem razão. O que veio fazer por aqui?  Você também tirou o dia para relaxar? - Anne disse tentando ser simpática.

- Sim. Estamos com o set de filmagem aqui perto. Por isso, resolvi fazer uma massagem antes de começar a filmar.  Sempre me sinto ótima depois e pronta para enfrentar o meu dia.

- Sim, aqui são realmente incríveis.  Ah, deixa eu te apresentar.  Esta é minha amiga Diana.

- Olá, Diana.  – Monique disse sem sequer estender a mão à amiga de Anne, e falou em seguida. – Preciso ir, já estou arrasada. Até logo, a gente se vê por aí. - ela deu as costas a Anne e continuou andando até desaparecer dentro da sala de massagem.

- Que garota estranha!   Diana comentou

- Eu também acho. – Anne concordou. Então, ela e Diana se envolveram em uma conversa sobre moda, e a ruivinha acabou se esquecendo de Monique, e de seu encontro estranho.

Enquanto isso, Gilbert estava no hospital e acabara de entrar em seu consultório. Ele colocou seu jaleco branco, deu uma olhada em seu celular para ver se havia alguma mensagem de Anne, e encontrou um monte de corações e emoji de beijinhos enfeitando as palavras: eu te amo. Tenha um bom dia”. Ele acabou sorrindo, apesar de estar ainda bastante chateado com o caso de Sarah. Só Anne mesmo para fazê-lo rir como um bobo, depois de passar a noite inteira dormindo mal por causa da falta dela.

Ele mandou outra mensagem dizendo: “eu também te amo”, e nesse momento a enfermeira entrou dizendo:

– Dr.  Blythe. Estão esperando pelo senhor na emergência. - Assim, Gilbert guardou o celular na gaveta, e começou seu turno que duraria até o dia seguinte.

Quando saíram do Spa já era tarde e acabaram fazendo um lanche por lá mesmo. Em seguida, foram ao shopping, assistiram a um filme no cinema, tomaram sorvete e voltaram para o apartamento de Anne carregada de sacolas e com bolhas nos pés de tanto que andaram naquele dia.  Elas jantaram cedo, assistiram mais uma rodada de Grey's Anatomy, e depois foram para a cama. Já em seu quarto, Anne viu a mensagem de Gilbert, abriu sua galeria de fotos do celular, e quando encontrou uma de Gilbert, ela deu-lhe um beijo, desejando que ele pudesse sentir de verdade aquele carinho, e depois dormiu olhando para o sorriso dele.

No dia seguinte, acordaram tarde, e como era o último dia delas em Nova Iorque, elas resolveram ficar no apartamento de Anne e descansar, pois à tarde teriam um longo voo para Avonlea, com exceção de Ruby, que somente voltaria no domingo á noite, por conta do seu compromisso amoroso com Muddy.

As quatro amigas almoçaram juntas uma massa deliciosa que Diana preparou, e depois foram arrumar suas coisas para a viagem de volta.  Às quatro horas, Anne foi com elas até o aeroporto e disse um tanto chorosa:

- Por favor, não demorem a me visitar. Diana, mande meu amor para Jerry, Laura, Matthew e Marilla.

- Pode deixar. – Diana disse abraçando-a apertado.

- Você também precisa vir à Avonlea um dia desses. – Josie disse beijando-a no rosto.

- Assim que eu tiver uma folga no trabalho e o Gilbert puder viajar comigo, irei sim. – Anne disse sorrindo.

Ela as viu desaparecer pelo portão de embarque, pegou um táxi e respirou aliviada ao pensar que logo estaria em casa nos braços de Gilbert.  Aquele pensamento a fez rir mais do que qualquer outro naquele dia, fazendo-a se sentir extremamente bem.

Porém, enquanto estava verificando suas mensagens, ela percebeu que um carro de vidro escuro estava seguindo o táxi no qual ela estava. Por alguns quilómetros, Anne sentiu a tensão tomar conta dela, imaginando quem poderia ser a pessoa atrás do volante Deste modo prosseguiram por mais alguns minutos, e ela estava a ponto de chamar a polícia, quando o carro atrás dela fez uma curva e mudou de caminho, fazendo-a se sentir uma tola por imaginar algo daquele tipo.  Se não tomasse cuidado, ficaria totalmente paranoica.

Assim que o táxi estacionou em frente do edifício de Gilbert, Anne desceu, pagou a corrida e subiu as escadas rapidamente ainda um pouco nervosa com a perseguição que imaginara. Sua ânsia era tanta de ver Gilbert, que ela não percebeu o vulto de capuz escondido atrás da árvore olhando-a com raiva e rancor.

Ela abriu a porta com a cópia da chave que Gilbert lhe dera, esperando que ele estivesse sentado na sala ou em seu escritório particular, mas tudo se encontrava estranhamente silencioso. Foi quando ela se aproximou do quarto dele, e viu o reflexo de luz que vinha do abajur passar pela fresta da porta que estava apenas encostada, e quando a abriu seu coração deu um pulo ao ver Gilbert deitado na cama sem camisa, apenas de cueca boxer preta e parecia dormir. 

Anne ficou por alguns instantes observando-o da cabeça aos pés, enquanto suas mãos formigavam de vontade de tocá-lo. Duas noites sem ele, e sua carência já a estava cobrando com juros e correção monetária. Céus! Como ele estava lindo! Aquele corpo de arrasar que fora a causa de sua insônia naqueles dias em que ficaram afastados, e aquele rosto que a luz do abajur tornava ainda mais atraente, eram uma combinação tentadora demais para ela aguentar. Ela tirou os sapatos, depois as roupas, ficando completamente nua como viera ao mundo. Em seguida, se aproximou da cama, engatinhou sobre ela, até alcançar o corpo de Gilbert, e se deitar sobre ele deixando que sua pele se colasse completamente na dele, se deliciando com o calor vibrante que vinha do corpo daquele homem magnífico.

Gilbert abriu os olhos devagar, mas antes mesmo que despertasse completamente, ele já sabia quem estava ali. Seus sentidos estavam tão viciados em Anne, que agiam sem que Gilbert tivesse que pensar em nada. Os lábios dela desceram sobre os dele, e Ele os entreabriu, deixando que o gosto dela invadisse sua boca como se fosse a fruta mais doce e desejada do mundo. Gilbert virou o corpo, deixando que Anne ficasse embaixo dele, notando extasiado que ela estava nua em pelo. O rapaz libertou os lábios dela por um segundo, apenas para olhar para aquele rosto que o atormentara durante os dois dias em que ela não estivera ali, e disse:

-Senti sua falta. - seus dedos percorriam o rosto dela, enquanto as mãos de Anne acariciavam seus ombros musculosos, e ela respondeu;

- E eu a sua. Estava louca para estar com você novamente. - ela tocou os cachos desarrumados dele, e percebeu as linhas de tensão ao redor dos olhos, e perguntou-lhe preocupada:

- Você está bem? - ele lhe deu aquele sorriso maravilhoso que fazia seu coração falhar três batidas seguidas e respondeu:

- Agora que está aqui me sinto bem melhor. Você não sabe o quanto eu preciso de você- Gilbert disse traçando os lábios dela com a ponta dos dedos.

- Eu também preciso muito de você – eles se olharam fixamente como se estudassem a reação um do outro, e como se tivessem combinado apenas pelo olhar, eles se moveram ao mesmo tempo enquanto suas bocas se devoravam com vontade. Naquele instante, Gilbert se esqueceu de seu dia estressante no trabalho, as preocupações com Sarah, e todos os outros pensamentos, para de concentrar apenas naquela mulher que era dona de suas vontades e que comandava o ritmo de seu coração ao bel prazer. Ela era um raio de sol no meio da tempestade, a vida que pulsava dentro de seu corpo e enchia seu sangue de calor, ela era o desejo que queimava em sua pele como rastro de pólvora, ela era o amor que salvava sua vida do caos total, ela era o seu presente e o único futuro que deseja a ter.

O toque de Gilbert em seu corpo naquela noite estava diferente. Anne sentia como.se ele precisasse amá-la intensamente para se sentir vivo e em completa harmonia com seus próprios anseios, e por isso se deixou arrastar pela paixão dele até que não pudesse mais ouvir ou ver mais nada, a não ser sentir o seu corpo que pulsava por algo mais, além de uma união completa de si mesmos em busca de um prazer perfeito e insaciável. Ela se entregou completamente-, porque ali estava o seu homem, estar nos braços dele lhe dava segurança, estar com ele lhe dava a paz que procurava, fazer amor com ele e ser parte dele. a fazia se sentir completa. Então seria dele para sempre, porque naqueles olhos, naquelas mãos e naquele corpo estavam o único abrigo o qual a protegia de tudo até de si mesma.

Assim, eles se amaram tão intensamente aquela noite, mais ainda do que toda a as noites em que estiveram ali naquela mesma cama, celebrando o velho e o novo amor que os acompanhara pelo longo caminho de suas vidas, e que esperara até o último instante para que explodisse em fagulhas de felicidade verdadeira e partilhada. Quando Anne sentiu que seu corpo se acalmara, ela se aconchegou mais a Gilbert, colocou sua cabeça no peito dele como ele tanto gostava, fechou olhos e pensou que ali deitada ao lado daquele homem que fora e para sempre seria seu lindo e eterno amor, era o único lugar onde sempre sonhara e desejaria estar.

 

 

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Notas Finais


Boa leitura. Espero pelos comentários. Beijos.


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