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História Anne with an e- continuação da série - Uma noite de amor e romance


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Olá, pessoal. Mais um capítulo da história de nosso casal maravilhoso. Espero que gostem e me deixem seus comentários. Beijos.

Capítulo 134 - Uma noite de amor e romance


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Uma noite de amor e romance

ANNE

Os dias em Avonlea passavam calmamente naquele último mês de verão, e Anne nunca se sentira tão feliz. Observando a manhã ensolarada que prometia uma tarde agradavelmente quente,  Anne sorriu ao ouvir o riso infantil de Rilla ao mesmo tempo em que a voz marcante e rouca de Gilbert   chegava até aso seus ouvidos em uma cadência deliciosa.

Assim como sua filhinha desabrochava como a rosa linda que era, seu marido também ia amadurecendo e se tornando além do homem maravilhoso, um pai zeloso e exemplar.

Estar em casa o deixava mais leve, e longe das obrigações do dia a dia melhorava o humor de Gilbert cem por cento. Não que ele fosse mal humorado ao ter que realizar suas tarefas diárias, porém,  não ter um relógio marcando seu horário de despertar,  ou não ver sua mesa da sala de estar repleta de tarefas da faculdade para realizar certamente eram um incentivo a mais para  ele sorrir com mais facilidade,  e seus músculos normalmente tensos se tornassem mais maleáveis por conta das conversas relaxantes com Bash  e as brincadeiras divertidas com  sua filha.

Anne também estava adorando passar alguns dias em casa. Ela sempre veria aquelas terras como seu verdadeiro lar, para onde voltaria algum dia assim que tivesse uma oportunidade.  Assim como Gilbert,  ela tinha certeza de que tanto Milk quanto Rilla aprovariam aquela ideia, pois o  cachorrinho  claramente estava encantado com toda a liberdade que tinha por ali e que em um apartamento na grande cidade nunca lhe proporcionaria por maior que pudesse ser. O único problema era os banhos frequentes que o animalzinho tinha que tomar quase todos os dias, pois ele desenvolvera uma enorme fascinação por rolar em todo tipo de grama ou pedaço de terra que encontrava, e  o seu pelo normalmente sedoso e branquinho adquiria um tom amarronzado difícil de eliminar mesmo com enormes quantidades de shampoo e sabonetes para banho que felizmente Milk adorava, e não dava nem um pouco de trabalho quando nos fins de tarde tanto Anne quanto Gilbert o banhava, permitindo que ele apenas entrasse em casa se estivesse impecavelmente limpo.

Apesar desse inconveniente, Anne realmente não se importava de ver seu amiguinho se jogar em todo tipo de aventura que encontrava pela frente, pois ela sabia com tristeza que toda essa diversão estava com os dias contados, e assim que voltassem para Nova Iorque, Milk voltaria a ficar confinado entre quatros paredes,  vendo o mundo apenas por trás de vidraças enfumaçadas ou da sacada do apartamento.

Rilla, apesar da pouca idade, também estava se divertindo. Anne podia ver o rostinho da filha mais sorridente que o normal, principalmente se tivesse Gilbert ou Matthew do lado. Os dois homens  a mimavam tanto que Anne já podia ver o problemão que isso seria quando voltassem para casa, e a garotinha se visse privada da companhia do vovô Matthew por quem tinha desenvolvido um amor imenso. O bom senhor a carregava por todos os lados, lhe falando  sobre a fazenda, se sentando com ela em sua velha cadeira de balanço onde lhe contava histórias infantis, lhe ensinando antigas canções de ninar, ou simplesmente a ninando em seus braços quando os olhinhos cansados da garotinha pesavam de sono.

Era lindo ver isso acontecer, e Anne se emocionava ao constatar que todo o amor e paciência que um dia aquele homem de alma pura tivera com a menininha rebelde que ela fora , ele transferira para sua filha, assim como era comovente ver Rilla se afeiçoar de forma genuína a alguém que com toda a certeza do mundo fora colocado na terra por anjos  para curar as dores desse mundo com seu coração tão grande e pleno de sentimentos verdadeiros .

E se Anne pudesse ter escolhido uma figura paterna para seguir como exemplo por toda sua vida, sem sombra de dúvidas seria ele, e por essa razão que Matthew Cuthbert seria sempre inesquecível para ela.

Um beijo em seu ombro a fez se virar e ver com satisfação o rosto de seu marido radiante, apesar  da expressão cansada em suas feições perfeitas.

- Acho que Rilla se cansou da brincadeira. Ela começou a bocejar faz cinco minutos.- ele disse,  se sentando ao lado dela na varanda da fazenda dos Blythes.

- Creio que não é só ela que se cansou.- Anne disse acariciando o rosto dele com carinho.

- Eu tenho que admitir que estou exausto. Nunca pensei que uma bebezinha como a Rilla tivesse tanta energia. – Gilbert disse, deitando a cabeça no ombro de Anne.

- Acho que o papel de pai está exigindo muito de você. – Anne disse em tom de brincadeira.

- Está me chamando de velho, Sra. Blythe?- Gilbert perguntou, encarando Anne com um sorriso de desafio nos lábios.

- Velho?- Anne disse, se virando para Gilbert e descendo a mão por seu tronco rijo por cima da camisa. – Isso nunca, meu amor.- ela lhe lançou um olhar insinuante, que fez Gilbert a puxar para seu colo e dizer em seu ouvido:

- Você também está cada vez melhor, minha querida. Quer ir para o quarto para que eu te prove isso além das palavras?

- Gilbert, estamos no meio da tarde! Perdeu todo o pudor, meu marido? Hoje de manhã,  você quase não me deixou dormir.- Anne disse rindo , sentindo os lábios do marido  brincando com a pele do seu  pescoço.

- Quem disse que existe hora para o amor?- ele perguntou, subindo a mão pelo tronco dela, até tocar seu seio sobre o vestido, fazendo um arrepio agradável correr pela pele de Anne que respondeu:

- Somos pais agora, e temos que nos comportar.- ela disse, fechando os olhos enquanto, ele continuou a deslizar a mão pelo corpo dela.

- Quem disse isso?- Gilbert perguntou com a voz rouca.

- Eu estou dizendo.-  Anne respondeu,  tocando os cabelos dele devagar.

- Nem que tivéssemos sete filhos eu iria deixar de te desejar. – Gilbert mordeu o lóbulo de sua orelha, e ela apertou o ombro dele com força antes de responder:

- Já faz tempo que estamos juntos, ainda não se cansou da novidade?- Aquela era uma pergunta ridícula, pois ela mesma já sabia a resposta. A paixão entre eles  era a mesma,  o fogo que os deixavam quase fora de si nesses momentos estava  cada vez maior, e o parto de Rilla que Anne imaginara que a deixaria menos propensa a ser facilmente seduzida pelo marido não mudara seus sentimentos de forma nenhuma,  na verdade, apenas deixara mais ardente seu desejo por Gilbert Blythe.

- Nunca. Fazer amor com você é a melhor parte do meu dia, Sra. Blythe,  e eu te quero cada vez mais.- Assim, o beijo aconteceu,  e Anne se deixou levar por aquela boca experiente que sempre lhe arrancava inúmeros suspiros. Como amante  seu marido se superava sempre.

Eles se afastaram quando não conseguiram mais ter fôlego suficiente para continuar, e naquele breve momento em que ficaram separados, Gilbert perguntou baixinho para uma Anne totalmente concentrada nele:

- Que tal se tivéssemos uma noite romântica esse fim de semana?

- Todas as nossas noites são românticas,  Dr. Blythe. – Anne disse acariciando o peito  dele devagar em movimentos circulares.

- Eu sei, mas quero uma noite só nossa. Algo diferente do que temos feito.- ele disse, passando os lábios pelos cabelos dela.

-  E Rilla? Ela faz parte de nossa vida agora, e ainda depende muito de mim  principalmente por conta da amamentação. – Anne disse, distribuindo beijinhos curtos pelo pescoço masculino.

- Vou pensar em alguma coisa, eu prometo.- Gilbert respondeu, beijando-a atrás da orelha, fazendo Anne reprimir um gemido. Santo Deus! Estavam no meio da tarde, e seu corpo inteiro pegava fogo, nas mãos daquele rapaz que sabia como enlouquecê-la com bem pouco.

- Não se esqueça que ainda temos o batizado de Rilla esse fim de semana. Marilla insistiu tanto nisso e não quero desapontá-la.- Anne disse, tentando recobrar um pouco de bom senso, principalmente porque estavam do lado de fora da casa, e Gilbert parecia não se importar nem um pouco com quem pudesse vê-los ali, embora não estivessem fazendo nada demais a não ser trocando carinhos e beijos comportados, mas, Anne se conhecia e principalmente conhecia o marido que tinha, e se não tomassem cuidado,  aquilo tudo iria evoluir para algo não tão inocente assim.

- Não vou me esquecer.- Gilbert disse com a voz rouca, e no segundo seguinte já estava beijando-a outra vez, e Anne sequer conseguia pensar direito, porque aqueles lábios provocantes sempre  foram e sempre seriam sua perdição. Quando estavam a um passo de perder a cabeça,  o choro sentido de Rilla fez com que ela e Gilbert recobrassem a razão imediatamente.

- Nossa filha está com fome. – Anne murmurou com a testa colada na dele.

- Sim. E Acho que ela precisa de um banho também, depois de toda a brincadeira que fizemos juntos, ela ficou mais suada que eu.- Gilbert disse com um sorriso encantador.

- Eu vou até lá cuidar dela.- Anne disse,  se levantando de onde estava sentada,  sendo imitada por Gilbert que fez o mesmo.

- Eu vou com  você. – Ele disse, abraçando a cintura de Anne e entrando com ela na sala onde Rilla estava deitada em seu carrinho de bebê.

Assim que viu seus pais se aproximarem, a garotinha começou a chorar mais alto, e quando Anne ia pegá-la par tentar acalmar sua manha  vespertina, Gilbert se adiantou, e acomodou sua garotinha nos braços,  que no prazo de cinco minutos, na contagem mental de Anne,  ela parou de chorar completamente, provando a teoria da ruivinha mais uma vez que os homens da família Blythe tinham um  jeito todo especial  com o sexo feminino.

Isso ela mesma podia comprovar em sua própria pele  que o charme de seu marido a deixava rendida todas as vezes, e Rilla parecia sentir o mesmo efeito sobre si daqueles olhos incrivelmente doces que arrancaram do coração de sua mãe suspiros apaixonados pouco a minutos antes. Diante desse fato, Anne tinha certeza de que em disputa pela atenção de sua filha com seu marido, ela sabia bem quem sua filha escolheria.

- Deixa que eu dou banho nela, amor. Assim,  você descansa mais um pouco.- Gilbert disse, beijando a testa de sua garotinha.

- Eu vou aceitar sua oferta. Essa bebezinha está ficando muito manhosa ao tomar banho  e eu sei que você e o Matthew andam estragando-a com seus mimos.- Anne disse sorrindo. Na verdade, Rilla era bem boazinha na hora do banho, e nunca chorava ou ficava incomodada. Porém,  Anne sabia que ela se divertia muito mais quando era o pai que a banhava, assim, como Gilbert amava esses momentos com sua filhinha, por isso, agora que estavam de folga por alguns dias, ela deixava que ele desempenhasse essa tarefa em seu lugar,  pois não queria tirar essa sua satisfação,  já  que quando voltassem para Nova Iorque , ele teria muito pouco tempo para fazê-lo.

- Vamos lá, garotinha do papai. Agora é que a diversão vai começar. – Gilbert disse, carregando Rilla até o banheiro, e logo Anne podia ouvir Gilbert brincar com a menina na banheira, e sorriu  mais uma vez naquele dia ao constatar que seu príncipe voltava a ser um garotinho , quando estava junto com Rilla. Era como se ao tê-la em seus braços o fazia reviver sua infância,  e todo o clima da fazenda tornava o ambiente propício a isso. Como queria ter conhecido o Gilbert  naquela época, só  para descobrir se ele tinha sido um menino sapeca como ela imaginava que ele deveria ter sido. Apesar de também conseguir visualizá-lo como  um pequeno gênio, rodeado de livros, mas algo lhe dizia , que em algum momento entre sua necessidade de ter sua inteligência desafiada, ele deveria ter tido sua fase de travessuras, embora  Gilbert tivesse lhe afirmado que foi um menino obediente e estudioso, ela podia apostar que Gilbert também deveria ter dado suas escapulidas e se comportado como toda criança de sua idade.  

Assim, ela se deitou no sofá  e esperou que Gilbert terminasse o banho de Rilla para amamentá-la, e pelo tempo que aquela brincadeira toda durou, tanto o riso da filha, quanto a voz brincalhona de seu marido soava como uma doce música para seus ouvidos.

 

GILBERT

O olhar de Gilbert sobre o jardim de Mary naquele momento era cheio de alegria. Fazia séculos que não se sentia tão despreocupadamente feliz,  pois nos últimos tempos, sua felicidade sempre viera acompanhada de um preço a se pagar, um obstáculo a transpor, uma dor a superar,  e a última quase acabara definitivamente com seus alicerces e estruturas

Ele fora testado até a última gota, quase  exaurido de todas as suas forças , ficara a um passo de se pôr de joelhos,  perdera seu fôlego, o recuperara no último minuto quando pensara que Anne se perderia dele para sempre.

Gilbert nunca tivera que  apelar tanto para sua fé, se agarrar às suas crenças, arrancar suas esperanças de um desespero que atacara seu coração de forma impiedosa até o último segundo onde ele tivera que se manter em pé  sem esmorecer.

Sua solidão naqueles dias fora tão dura , pois mesmo que todos os seus amigos estivessem a seu lado, a única pessoa que não o deixaria desistir de forma nenhuma, era a mesma que estava deitada naquela cama de hospital, e por quem ele lutava em seu coração.  E fora por ela que ele se mantivera firme, e não se deixara cair nenhuma vez. Talvez ele tenha se sentido  perto do abismo algumas vezes naqueles dias, mas ele se recusara a declarar a si mesmo derrota, pois o grito que reprimira em sua alma e que  ficara a ponto de sair só se acalmar, porque sua princesinha estava lá à sua espera, como um talismã de boa sorte, um alento do paraíso, que lhe injetara vida em suas veias onde apenas a angústia corria em sua corrente sanguínea.

Rilla o salvará de perder a razão   e o ajudara a atravessar aquele túnel de escuridão que ameaçara engoli-lo completamente, e que sem Anne o teria jogado facilmente no fundo do poço,  porém,  o rostinho de sua filha tinha sido seu alento,  e então,  sua ruivinha voltara para ele no seu último instante de lucidez.

Se a tivesse perdido  ele teria enlouquecido, porque um mundo sem Anne não teria lugar para ele também . Talvez ele tivesse sobrevivido por sua filha, e viveria apenas para ela, mas dentro de si, ele com certeza estaria morto, sua vida toda teria naufragado, e ele caminharia à deriva dela até que seu coração parasse de bater , e ele pudesse assim reencontrar seu amor perdido.

Ele nunca confessara a Anne como aqueles dias foram difíceis, e  os pesadelos que felizmente lhe  tinham dado uma trégua só aconteciam de tempos em tempos agora, mas ainda estavam lá no fundo de sua mente como o lembrando de tudo o que ele quase perdera,  e do que ainda poderia perder, pois na vida era tudo incerto e relativo. Não havia garantias de que a felicidade de hoje ainda seria desfrutada no dia de amanhã , e era por esta razão,  que Gilbert tirava o melhor proveito de tudo, e  guardava em sua memória cada instante feliz, porque não sabia se no minuto seguinte ainda teria as coisas que lhe eram mais preciosas a seu lado.

Ele saiu da janela, e observou Anne dormir. Ainda não tinha anoitecido totalmente, mas, ela acabara adormecendo logo após ter amamentado Rilla.  Sua esposa estava bem agora, e sua anemia totalmente curada, mas, ainda havia momentos em que ela parecia se cansar com facilidade, e dormia períodos mais longos que antes. No entanto, o médico dissera que isso era algo totalmente normal, tendo em vista tudo o que ela passara na gravidez de Rilla, e no parto,  o corpo dela apesar de saudável,  ainda estava se recompondo, e com o tempo, a fraqueza da qual às vezes ela ainda reclamava desapareceria por completo. E Gilbert esperava que aquele tempo ali na fazenda pudesse ajudá-la nesse processo, pois, tanto o ar puro quanto a comida caseira de Mary eram realmente milagrosos.

A intenção a princípio era ficar uma semana por conta do recesso da faculdade, mas, Gilbert decidira que ficariam duas semanas, pois , após o período das provas, haveria uma semana de feira científica na qual apenas alunos que precisavam de pontos a mais em sua nota do bimestre eram obrigados a participar, e como ele e Anne já tinham fechado suas notas, poderiam dispor de mais alguns dias de descanso antes que a correria diária voltasse com toda a sua força.

Ele a ajeitou melhor na cama, deu-lhe um beijo na testa, e depois saiu do quarto, pois não queria acordá-la com algum ruído inconveniente. Quando chegou no andar debaixo, Mary preparava o jantar em companhia de Shirley que observava todos os movimentos da mãe quase sem piscar,  e Bash estava sentado na varanda em companhia de sua velha xícara de café,  e foi para lá que Gilbert se encaminhou ao descer o último lance de escada.

- Os verões aqui continuam quentes.- Gilbert comentou, enquanto se sentava ao lado do amigo.

- Sim. Porém,  estamos no último mês dessa estação,  e logo entraremos em períodos mais frios.- Bash respondeu, sorvendo sua bebida devagar.

- Você ainda sofre com o inverno daqui?- Gilbert perguntou, se lembrando da primeira vez que o amigo pisara ali, e como ele se surpreendera com as temperaturas muito baixas daquelas terras.

- Você sabe que não sou amante de tremer feito um pinguim quando o inverno chega, mas, como um bom viajante do mundo, me adaptei a ele muito bem.- Bash disse com seu sorriso característico, seus dentes muito brancos contrastando  com sua pele escura.

- Você realmente transformou Avonlea em seu lar,  não é?- Gilbert perguntou, sentindo a firmeza  de seus laços fraternos com Bash aquecerem de seu coração.

- Sim. Aqui eu encontrei o que precisava para construir uma vida sólida.  Conheci a mulher da minha vida, tive minha filha linda, e ganhei um irmão para toda a vida.- Sebastian disse, colocando sua mão no ombro de Gilbert com afeição.

- Fico tão feliz que essas terras tenham te adotado também. Você é muito respeitado por aqui.- Gilbert comentou em uma sincera constatação de que Bash ganhara a consideração de todos que o conheciam,  por sua índole irrepreensível,  e sua postura honesta e justa em todas as situações.

- Eu também sinto um sincero respeito por todos por aqui, principalmente por  você que me deu essa oportunidade de fincar raízes sólidas em um único lugar. Muito obrigado por sua amizade, Blythe.  Você não sabe o quanto à prezo.

- Eu também prezo nossa amizade,  Bash.  Principalmente nossa parceria nessa fazenda que foi a menina dos olhos de meu pai. Eu posso dizer que você me salvou, meu amigo. Você sabe que nunca fui bom fazendeiro.- Gilbert disse, encarando o rapaz com um sorriso.

- Você pode não ser um  bom fazendeiro,  mas, será com certeza um excelente médico,  e já é um pai admirável. – Bash disse colocando sua xícara de café do lado.

- Ser pai de Rilla é incrível. Eu nunca pensei que amaria tanto essa minha nova função. Minha filha é maravilhosa, linda e inteligente como a mãe dela.- o rapaz disse com um brilho intenso no olhar.

- Pelo jeito, você continua apaixonado demais pela ruivinha.- Bash comentou em tom de brincadeira.

- Anne é a mulher da minha vida. Nunca vai existir nenhuma outra para mim.- Gilbert disse com convicção,  porque aquele era um fato totalmente comprovado e assinado embaixo por seu coração.

- E pensar que em nossas viagens pelo mundo, quando eu dizia que você era caidinho  por ela,  você só faltava  me matar.

- Eu era muito novo, Bash, e estava magoado pela morte de meu pai. Relacionamento era a última coisa que se passava pela minha cabeça naquela época, e só fui entender que você estava certo quando nós voltamos, e eu encontrei Anne de novo.- Gilbert explicou, relaxando totalmente o corpo  sobre a poltrona onde estava sentado.

- Que sorte a sua, meu amigo, encontrar um amor verdadeiro tão cedo. Eu tive que bater muita cabeça por aí até encontrar a mulher certa – Bash disse suspirando.

- O importante é que encontrou, e agora tem com ela uma família linda.

- Assim  como você está construindo a sua.- Bash disse em uma afirmação que mostrava bem como tanto ele quanto Gilbert conseguiram conquistar exatamente aquilo que desejavam.

- Quando eu me formar, quero trazer Anne de volta para  Avonlea . Ela se adaptou bem em Nova Iorque, mas eu sei que ela sente falta de Green Gables, Matthew e Marilla. E confesso que também quero construir minha carreira aqui.

- Você sabe que não terá tanto a recursos como se atendesse em um hospital de uma grande cidade. - Bash disse e Gilbert concordou com a cabeça.

- Eu não pretendo me tornar famoso,  Bash, ou milionário.  O que eu quero é ajudar pessoas, e é para isso que estou estudando.

- Você continua um idealista,  meu amigo.- Bash disse, segurando nas mãos sua xícara vazia.

- Eu não sou  tão idealista assim. Levei muitos tombos para entender que certas coisas  não  conseguimos mudar mesmo com toda a nossa boa  vontade. Mas, podemos ao menos tentar melhorar, e criar novas possibilidades.- Gilbert concluiu com um suspiro.

- Então, o menino se tornou homem.- Bash afirmou com um olhar admirado para o rapaz que enfrentara tantas tempestades como ele, e aprendera a enxergar além de sonhos, a realidade de uma vida dura demais. Porém,  continuava com seu coração incrivelmente generoso que era uma das coisas que sempre apreciara em Gilbert, e principalmente por ter enxergado nele um irmão sem se importar com sua cor de pele.

- Sim, marido e pai de família. – Gilbert completou com uma expressão divertida. – Isso me lembra uma coisa. Eu queria fazer algo diferente com Anne, sabe. Somente, ela e eu. Você acha que a Mary se importaria em ficar com Rilla por uma noite?- Gilbert perguntou, olhando esperançoso para o amigo.

- Já entendi. Está querendo namorar sua esposa.- Bash disse com um olhar malicioso.

- É mais ou menos isso.- Gilbert disse sem dar maiores detalhes.

- Pode ficar descansado, Blythe. Eu vou falar com ela. Não acho que Mary vá se importar. Ela é louca pela Rilla, assim como Shirley. Sua garotinha será bem cuidada.

- Obrigado. – Gilbert disse com satisfação.

- É para quando você está  planejando a grande noite.

- Amanhã, pois teremos o batizado de Rilla. E depois  eu planejei passar a noite com ela em algum lugar especial. – Gilbert respondeu cruzando os braços na frente do corpo.

- Então, já sabe aonde  vai levá-la? - Bach perguntou,  inclinando o corpo para frente, arrumando sua postura.

- Sei sim. É um lugar especial para nós dois.- Gilbert respondeu, sabendo que sua esposa iria adorar a surpresa

- Espero que se divirtam.

- Ah, isso eu tenho certeza.- Gilbert disse, dando uma picadinha marota para o amigo, e entrando na  casa, pois queria ver se Anne já tinha acordado, pois já era quase hora do jantar.

Ele a encontrou ainda dormindo, e por isso, ele se aproximou da cama, a beijou na testa devagarinho e disse em seu ouvido.

- Querida, é hora de acordar. – Anne resmungou alguma coisa que ele não entendeu, e se virou para o outro lado, tentando escapar do toque que atrapalhava seu sono.

- Vamos, amor já anoiteceu, e hora do jantar. Mary está nos esperando.- ele insistiu, beijando-a nos lábios dessa vez, o que fez Anne abrir os sonhos, e sorrir para ele sonolenta.

- Que horas são?

- São sete da noite.- Gilbert respondeu tocando o cabelo dela com carinho.

- Dormi tanto assim?

- Você estava cansada. Amamentar Rilla tira suas energias, não é?

- Sim, mas eu adoro fazê-lo. Ela já acordou?- Anne perguntou, se sentando na cama esfregando os olhos.

- Ainda não. Está com fome?- Gilbert disse, tocando-lhe as bochechas.

- Um pouco. Vou tomar um banho e já desço. – ela disse, se levantando da cama com a ajuda de Gilbert.

- Tudo bem. Só não demora.- Gilbert falou, dando-lhe um  selinho.

Assim que Anne foi para o chuveiro, ele desceu as escadas e caminhou em direção à cozinha, sentindo o aroma da comida de Mary pelo ar, sorrindo  com satisfação ao ser bombardeado por lembranças prazerosas, que o fizeram retornar no tempo, e se recordar de tardes alegres e animadas ao redor da mesa do jantar onde a presença de sua pequena família era tudo o que importava.

 

GILBERT E ANNE

O sábado do batizado de Rilla amanheceu radiante, e os preparativos para aquele dia tão especial começaram desde cedo, pois depois da cerimônia a igreja, haveria uma pequena comemoração na casa dos Cuthberts, que fizeram questão de oferecer  aos convidados alguns comes e bebes que seriam preparados por Marilla, e Mary, que se voluntariou para  ficar responsável pelo bolo.

Anne também disse que queria ajudar, por isso, assim que o dia se iniciou, ela se pusera de pé e foi até a cozinha preparar o café da manhã   pois queria estar em Green Gables o quanto antes.

Quando Gilbert apareceu na cozinha, ela se movimentava por todos os lados em uma clara indicação de sua ansiedade e nervosismo. Para tentar roubar um pouco de atenção de sua esposa para si, Gilbert a rodeou pela cintura e a fez parar por um instante, enquanto seus lábios se colavam nos dela cheios de ternura. Sem conseguir resistir aos carinhos de seu marido, Anne o abraçou pelo pescoço, e retribuiu ao beijo que demorou mais tempo do que deveria  e quando se separaram, ela encostou sua testa na dele e disse quase ofegante:

- Sempre tirando o meu foco.

- Eu queria apenas que parasse e olhasse para mim um instante.:- ele disse, beijando-a na ponta do nariz.

- Já está carente, meu amor?- Anne disse com um grande sorriso.

- Eu estou sempre carente de você. – Gilbert respondeu, abraçando-a apertado.

- Querido, você sabe que preciso ir para  Green Gables ajudar com os preparativos do batizado de Rilla. Mas, prometo que não vou demorar por lá muito tempo.- ela acariciou de leve o maxilar dele, admirando-lhe a beleza matinal que o fazia parecer ainda mais charmoso.

- Eu sei, e vou te levar, mas será que no caminho você poderia ir comigo a um lugar?- Gilbert perguntou, ainda com os braços em volta da cintura dela.

- Claro , meu amor. O que você quiser.

- Muito obrigado. – Ele disse, dando-lhe mais um beijo.- Quer ajuda com o café?

- Não, está tudo pronto.- Anne respondeu, e quando ia se sentar à mesa, Rilla começou a chorar, e ela se pôs de pé novamente para ir acudir a filha, mas, Gilbert a fez ficar onde estava dizendo:

- Tome seu café. Eu vou lá cuidar da nossa princesinha.

- Obrigada.- Anne disse,  tomando seu café vagarosamente.

Ela vinha se preocupando mais com sua alimentação desde que Rilla nascera, pois devido a anemia severa que tivera, ela levara quase dois meses para se curar definitivamente, porém,  ainda carregava sequelas como fraqueza e cansaço extremo em alguns momentos, principalmente  após as amamentações de sua bebê. Por esta razão,  ela fazia o possível para não pular nenhuma refeição, e quando se sentava a mesa, não se limitava mais a brincar com a comida, e tratava logo de consumi-la de maneira  mais    prazerosa possível, pois tinha um marido que não deixava que ela negligenciasse uma colher de arroz que fosse, fazendo-a sempre se lembrar que a boa nutrição de Rilla dependia muito de como ela se alimentava, e esse era um argumento que fazia questão de não esquecer de forma nenhuma.

- Olha quem está nos esperando.- Gilbert disse, entrando na cozinha com Rilla em seus braços, e olhando para aquela cena, Anne não pôde deixar de se encantar  mais uma vez. Gilbert tinha trocado a roupa de Rilla. Ela usava um macacãozinho  azul marinho, sapatinhos brancos, e até os cachinhos dela, seu marido tinha arrumado em duas marias-chiquinhas, cujos lacinhos que as prendiam também eram na cor azul. Sua filha parecia uma bonequinha, e seu marido, o estilista da vez, sorria orgulhoso para sua obra-prima.

- Ela está linda, amor. Você está ficando cada vez melhor nisso.

- Aprendi observando você. Além do mais, nossa filha não precisa de muita coisa para ficar encantadora,  já que é naturalmente linda.

- Falou o pai babão. – Anne disse rindo.

- Eu sei.- ele concordou também rindo.- Já terminou seu café?

- Sim. Preciso apena me vestir.- Anne disse se levantando. Você pode amamentar a Rilla para mim.? Eu aqueci uma mamadeira com leite  materno para ela.- Anne disse. Aquele era um recurso que vinha utilizando desde que começara a ir para a faculdade. Como não queria que Rilla fosse alimentada com outro leite que não fosse o seu, ela aprendera a retirar o próprio leite, armazená-lo na geladeira, pois assim, Rilla sempre teria o leite de sua mãe em seus horários de amamentação, mesmo que Anne não estivesse presente para fazê-lo.

- Pode deixar.- Gilbert disse, e assim,  a ruivinha foi até o quarto, se vestiu o mais rápido, possível e voltou para a cozinha, onde Gilbert estava terminando de alimentar Rilla.

Em seguida, ela pegou a bolsa onde tinha colocado todas as coisas que sua filha precisaria no tempo em que ficassem em Green Gables, e assim, em companhia de Gilbert, ela foi imediatamente para o carro.

No caminho para Green Gables, o rapaz tomou uma estrada diferente, e Anne se lembrou do pedido dele naquela manhã, e ficou observando com atenção todos os lugares pelos quais estavam passando, curiosa para descobrir aonde estavam indo. Quando ela avistou o portão tão conhecido seu e de Gilbert, ela se virou e olhou para o marido interrogativamente, que captando o olhar dela respondeu:

- Achei que estava na hora de meu pai conhecer Rilla.- Anne assentiu, compreendendo as intenções do marido, respeitando aquele gesto que era importante para ele.

Deste modo, ela o acompanhou, caminhando por entre as lápides,  até que chegaram no túmulo do pai de Gilbert,  não deixando de notar que Marilla cumprira a promessa que fizera a seu marido, pois tudo ali estava bem cuidado e com flores plantadas por toda parte.

Eles pararam em frente à foto de John, enquanto Gilbert segurava forte na mão dela e fazia uma prece silenciosa de olhos fechados.  Logo depois, ele passou a mão sobre a foto do pai, a observou por alguns segundos e começou a falar:

- Oi, papai. Eu sei que faz tempo que não venho aqui e peço que me perdoe por isso. No entanto, hoje eu  até vim até aqui porque queria te apresentar a minha filha. – Ele pegou Rilla dos braços de Anne, e continuou a converse com John como se ele pudesse ouvi-lo. – Essa é  Rilla, sua netinha. É uma pena que ela não possa conhece-lo pessoalmente, mas espero que onde quer que o senhor esteja, possa vê-la e abençoá-la. E eu prometo que quando ela tiver idade para entender, eu vou contar a ela a pessoa extraordinária que o senhor foi.- depois, se voltando para s filha, Gilbert disse:- Está vendo, Rilla. Aquele é  o seu avô.- ele apontou para a foto, e a garotinha  apenas sorriu,  como se realmente compreendesse o gesto de seu pai. Em seguida, Gilbert lhe deu um beijo na bochecha  e a entregou de volta para Anne.

- Vamos, meu amor. Não quero atrasá-la mais.- ele disse, segurando no braço da esposa.

Assim, eles voltaram para o carro, e seguiram finalmente para Green Gables, e quando Gilbert estacionou o carro em frente à fazenda dos Cuthberts,  Anne se virou para o marido e disse:

 - Foi lindo, o seu gesto de agora a pouco. Rilla realmente precisa saber quem foi o seu avô paterno desde cedo.-

- Obrigado.- Gilbert disse.- Quero te dizer uma coisa antes que desça do carro.

– Claro.- ela lhe sorriu, e esperou pelas palavras dele.

- Hoje à noite, vou te levar para um passeio, e vá preparada,  pois vamos passar a noite fora.- ele disse com um sorriso misterioso.

- Tudo bem, mas e Rilla?

- Já  está tudo certo. Bash e Mary vão tomar conta dela para nós.  

- Parece que você pensou em tudo. – Anne disse admirada.

- Sim, e tenho certeza que você  vai adorar.

-  Não acredito que vai me deixar curiosa o dia todo. -Anne disse,  balançando a cabeça.

- É essa a intenção. – ele disse, olhando-a de forma enigmática.

- Certo.  Acho que consigo esperar até a noite. – Anne disse, dando um selinho em Gilbert e descendo do carro.

- Até mais tarde, meus amores.- Gilbert disse , beijando a testa de suas duas mulheres, e quando Anne o viu indo embora, ela ficou se perguntando que surpresa seria aquela..

Depois do almoço,  ela voltou para casa em companhia de Mary e Sebastian que foi buscá-las e encontrou Gilbert esperando por ela.

Ele a ajudou com o banho de Rilla, e ficou tomando conta da menina até que Anne tomasse o dela, e assim  após todos estarem prontos,  eles foram para a igreja onde o batizado aconteceria, e durante todo o percurso Gilbert olhou para sua garotinha admiravelmente vestida de branco  e admirou mais ainda a mãe dela, vestida em um conjunto de saia e blusa  verde oliva que realçavam ainda mais sua beleza jovem e fresca.

A cerimônia se iniciou assim que o casal pisou no altar onde os padrinhos, Diana e Jerry os esperava, e depois de um ritual muito bem executado pelo pastor local, Rilla foi finalmente batizada, e todos seguiram para a festinha na fazenda dos Cuthberts.

Anne e Diana não tiveram muito tempo para conversarem durante a festa, já que Anne se dispôs junto com Gilbert a servir os convidados, e quando tudo chegou ao fim, Anne percebeu que a amiga tinha ido embora, sem que ambas pudessem ter trocado meia dúzia de palavras. Mas, prometeu a si mesma que ainda naquela semana, ela faria uma visita a amiga, pois na última semana também não conseguira vê-la, porque Matthew não quisera ficar longe de Rilla, e Anne aproveitou para fazer companhia a Marilla.

Eles voltaram para a fazenda dos Blythes quando começava a anoitecer, e depois de colocar Rilla para dormir, e fazer algumas recomendações a Mary, Gilbert disse para Anne:

- Agora, Sra. Blythe. É nossa vez de nos divertimos.

- Aonde vamos?- Anne perguntou, e Gilbert pegando na mão dela disse:

- Venha comigo.

Logo, eles estavam no carro novamente , e Anne percebeu que Gilbert dirigia em direção à floresta,  mas, não disse nada, pois não conseguia sequer imaginar o que estavam fazendo ali.

O rapaz parou o carro em um lugar seguro, e assim que ele e Anne desceram do carro, ele a abraçou,  e entraram na floresta, caminhando por alguns minutos. Quando Anne viu para onde estavam indo, ela o olhou admirada e disse:

- Meu antigo clube de leitura? O que estamos fazendo aqui, Gilbert?

- Vamos entrar?- foi tudo o que ele disse, e sem saber o que tudo aquilo significava, Anne obedeceu.

No momento em que Gilbert abriu a porta, os olhos de Anne brilharam ao ver a arrumação que Gilbert fizera lá dentro . Ele colocara uma mesa de centro feita de madeira com dois banquinhos improvisados. Em cima dela, havia dois castiçais com velas, uma cesta onde deveria estar o jantar de ambos daquela noite. Do outro lado, ele colocara um enorme colchão com várias almofadas, e sobre ele, muitas pétalas de rosa o cobriam, fazendo Anne se lembrar de uma noite parecida com aquela a tanto tempo atrás.

Gilbert a abraçou por trás,  e perguntou em seu ouvido:

- E então? O que achou do nosso ninho de amor para essa noite?

- Foi você que arrumou tudo isso?- Anne perguntou, encostando seu corpo no dele:

- Sim. Eu vim aqui hoje mais cedo enquanto você estava em Green Gables.

- Eu simplesmente adorei. Olha para esse lugar.  Nada mudou.- Anne disse, olhando para seus livros antigos na estante, e caminhou até eles em companhia de Gilbert que pegou uma caixinha, a abriu, e de lá tirou um envelope,  o qual Anne reconheceu imediatamente.

- Se lembra dessa  carta que te enviei quando ainda estava no navio com Bash?

- Como poderia esquecer. Foi.  aí que nossa história começou- Anne respondeu, sorrindo com as lembranças.

- Não. Você está enganada. Nossa história começou nessa floresta, especificamente quando um garoto idiota chamado Billy  Andrews tentou te intimidar.

- E o meu matador de dragões me salvou. - Anne disse sonhadora.

- São tantas lembranças,  não é? – Gilbert perguntou,  fazendo-a se  virar para ele.

- Sim, mas. São lembranças muito preciosas. - Anne respondeu,  tocando o rosto dele de leve

- Vamos jantar?- Gilbert perguntou, sem tirar os olhos dela.

- Vamos sim. – Anne respondeu, abraçando-o pela cintura.

-  Espero que goste do que eu trouxe. – Ele disse,  puxando-a até a mesa improvisada que ele havia arrumado naquela tarde  e em seguida  ele tirou da cesta, todos os tipos de comida que Anne mais amava, as quais comeram acompanhados de um excelente vinho, que Anne saboreou com avidez, pois desde a gravidez de Rilla, ela não provava algo tão saboroso. Quando chegaram na sobremesa, Anne olhou para o marido de um jeito malicioso e disse:

- Chocolate?

- Sim. Eu pensei que poderíamos saboreá-lo mais tarde. O que acha?- Gilbert disse segurando em sua mão

- Convite aceito.

Um tempo depois, eles tinham terminado o jantar, e estavam deitados sobre o colchão que Gilbert trouxera para que passassem a noite. O rapaz tinha a  cabeça recostada em uma das almofadas, e Anne estava deitada sobre seu peito, por que assim  podiam se olhar enquanto conversavam.

Naquele momento, eles estavam em silêncio, enquanto Gilbert mantinha seu olhar fixo no rosto de Anne. As mãos dele estavam acariciando os cabelos dela, e após uma extensa observação, o rapaz deu um longo suspiro, fazendo Anne ponderar  que era quase impossível saber o que seu marido estava pensando, mas o que ele disse a seguir, respondeu plenamente ao questionamento silencioso dela:

- Eu te amo tanto, Anne, que só de pensar que posso te perder, meu coração chega a se contorcer de dor.

- Você não vai me perder  amor. Eu estou aqui e não vou a lugar algum.- ela afirmou, olhando-o longamente.

- Não é o que meus pesadelos me dizem.- Gilbert disse, deslizando suas mãos pelos braços  dela.

- Você ainda os tem?- Anne perguntou preocupada.

- Não como antes, mas, eles ainda me assombram às vezes.

- Por que  não me disse?- Anne perguntou, acariciando o peito dele de leve.

- Porque eu não queria que soubesse o quanto ainda sofro com tudo o que aconteceu – Ele admitiu.

- Mas, tudo isso passou, e estou com você aqui e agora, e por essa razão, não deve mais sofrer com isso.

- Eu sei disso, mas, ainda tem algo que ainda me magoa demais.

- E o que é?- Anne perguntou, levantando a cabeça para encará-lo melhor.

- Você me disse que quando encontrou nosso filho, você ficou muito tentada a ficar lá com ele.

-  Gilbert, foi só  um sonho, e você não deveria se importar com isso. – Anne disse, percebendo mais uma vez como tudo o que acontecera desde sua gravidez até  o nascimento  de Rilla, afetara Gilbert mais do que pensara.

- Mas, me responda uma coisa. E se não tivesse sido um sonho, e se você pudesse realmente escolher? Teria preferido ficar com Walter, ao invés de voltar para mim e Rilla? Você teria coragem de me deixar nesse mundo para viver sem você?- Havia uma dor naquela pergunta que deixou o coração de Anne em agonia. Então, era essa incerteza que fizera Gilbert sofrer todo aquele tempo. Deus! Como fora egoísta.  Como pudera machucar daquela forma seu único amor?

- Não, eu não teria escolhido ficar com o Walter. O que você tem que entender  é  que eu sempre vou voltar para você.  Não importa as circunstâncias, eu sempre estarei a seu lado porque você é  o homem que eu amo, e eu não saberia sobreviver sem você.

Emocionado com aquelas palavras,  Gilbert a beijou,  sentindo seu coração um pouco mais leve. Por todos aqueles meses a possibilidade de Anne ter seguido um  caminho diferente em sua inconsciência o atormentara, mas, ele não tivera coragem de expor a ela essa sua tristeza, por ter pensado que talvez não voltar para ele tivesse parecido a Anne algo muito mais interessante do que despertar , e se isso tivesse acontecido, Gilbert saberia que seu amor nunca fora suficiente para fazê-la desejar lutar para ficar com ele.

Anne retribuiu o beijo, sentindo que Gilbert precisava da afirmação do seu amor além das palavras. Ele girou o corpo, e a fez ficar por baixo dele, e assim Gilbert disse, olhando-a nos olhos:

- Me deixa amar você aqui  nesse lugar tão especial para nós dois,  pois eu quero me lembrar de como é  ter você em meus braços,  sentindo que nada mais existe,  a não ser você e eu.- A resposta de Anne foi voltar a beijá-lo, e assim, lentamente  eles se despiram um ao outro, pois não precisavam ter pressa, porque naquela noite o tempo corria a seu favor.

As mãos quentes de Gilbert correram pela pele nua de Anne, fazendo-a se lembrar de como ela amava ser tocada por ele daquela maneira. Seu corpo correspondia a cada estímulo dele, enquanto seus dedos apertavam cada músculo das costas dele, descendo até a lombar masculina,  e depois fazia todo o caminho de volta. A língua de Gilbert brincava com cada parte sua, enquanto seus suspiros altos demais excitavam os sentidos de Gilbert incitando-o a  continuar.  Suas pernas se enroscaram, assim como suas intimidades se roçaram, tornando o momento docemente excitante.  Anne correu os lábios pelo pescoço de Gilbert, ouvindo-o dizer seu nome baixinho. Então, ela desceu as mãos pelo tronco dele inteiro, sentindo ao mesmo tempo a maciez da pele e firmeza dos músculos  que se ondulavam ao seu toque, assim como os quadris dele se moviam de encontro aos seus, aumentando o desejo dela por ele ainda mais. Eles voltaram a se beijar, e dessa vez o beijo não foi lento e nem cuidadoso,  e sim selvagem e quente, seguindo a própria excitação de seus corpos que clamavam um pelo outro.

Os dedos de Gilbert alcançaram sua intimidade, estimulando-a longamente, fazendo Anne chegar ao seu limite, que ela tentou conter  morrendo o ombro dele de leve. Sentindo-a tão ardente quanto ele, Gilbert disse em seu ouvido:

- Olha para mim.-  fazendo um esforço enorme Anne fez o que ele pediu, mantendo seus olhos presos nos dele, enquanto seu corpo tremia, fervendo de desejo,  e então, ela o sentiu invadir seu corpo devagar, em uma investida prazerosa e bem-vinda, fazendo-a  se agarrar a ele, entrelaçando suas pernas na cintura de Gilbert,  forçando-o a  ir mais fundo, porque dessa forma, o prazer de Anne era maior, e o dele se igualava ao dela em intensidade. E assim,  as ondas de volúpia chegaram como um redemoinho, arrastando-os para a montanha mais alta da paixão que os consumia, e quando chegaram juntos ao pico do prazer mais glorioso, eles se beijaram longamente e cheios de cumplicidade para   caírem no final ofegantes  um contra o outro.

Ao chegar a madrugada, depois de se amarem mais uma vez,  eles se lembraram da sobremesa que não tinham provado, e assim terminaram sua noite romântica rodeados de amor, ternura e muita paixão, e em companhia do velho e bom chocolate.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas Finais


O que acharam? Beijos.


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