1. Spirit Fanfics >
  2. Anne with an e- continuação da série >
  3. Amor em quatro estações

História Anne with an e- continuação da série - Amor em quatro estações


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Olá. para aqueles leitores que apreciam capítulos longos, a quantidade de palavras registradas aqui os deixarão plenamente satisfeitos, mas para aqueles que preferem capítulos mais curtos,peço que me perdoem pela empolgação da escrita. este capítulo em particular é um divisor de águas para Anne, pois marca o momento em ela que finalmente começa a compreender o que realmente importa e vale a pena. Prometo que no próximo capítulo vocês terão uma grata surpresa. Por isso, espero que leiam, apreciem e me contem o que acharam.. Beijos. Rosana.

Capítulo 16 - Amor em quatro estações


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Amor em quatro estações

Capítulo 16

Amor em quatro estações

 

               ANNE

 

Era o primeiro dia de férias, e Anne encontrava-se sentada embaixo de sua cerejeira, lendo um livro. Olhou para cima e admirou os ramos cheios de flores, embora a primavera já tivesse acabado, e o sol impiedoso do verão já começasse a tornar os dias cada vez mais quentes, sua cerejeira se mantinha majestosa e perfumada.

Adorava passar horas ali, sem fazer nada, deitar a cabeça nas folhagens que se amontoavam junto ao tronco, olhando o céu azul e observar as nuvens que formavam figuras engraçadas como se contassem uma história cheia de personagens incomuns. Perdia-se no tempo, enquanto sua mente vagava pelo mundo da imaginação e dos sonhos, não existiam limites para onde iam seus pensamentos, o mundo que via diante de seus olhos era só seu, e ninguém se atreveria a incomodá-la nesses seus momentos de paz interior.

Via algumas vezes Marilla a observá-la de longe, abanando a cabeça consternada, depois se afastava voltando aos seus afazeres. A menina sabia o que ela deveria pensar, pois vezes sem conta, ouvira-a resmungar, que já era tempo de Anne se comportar como uma mocinha, pois sua infância já tinha sido deixada para trás há algum tempo, e ela precisava crescer e esquecer suas fantasias de menina.

Anne não se importava com o que Marilla dizia, sempre sorria, e guardava para si seus doces pensamentos. Se pudesse não cresceria nunca, manteria dentro de seu coração seu espírito de Peter Pan, e viveria em um estado de felicidade infinita. Mas a menina sabia que a máquina do tempo não perdoava, e mais alguns anos estaria vivendo no mundo dos adultos e teria que aprender a guardar aqueles momentos em uma caixinha de lembranças, e abri-la somente uma vez ou outra quando se sentisse cansada de tentar entender a insensatez do ser humano.

Um barulho de asas tirou-a de seus pensamentos, e viu que um beija flor colorido se aproximara de uma das flores da cerejeira, sugando-lhe o pólen com seu bico imenso, depois voou para longe, deixando Anne encantada com sua beleza. Fechou o livro que estava lendo e pensou na última semana que passara. As provas finais tinham sido aplicadas naqueles dias, por isso tivera que estudar muito, e quase não tivera tempo para outras coisas que não fossem os livros, embora certas lembranças insistissem em desviar sua atenção dos estudos, e a menina tivesse que fazer um esforço enorme para não se deixar levar por elas.

A imagem de Gilbert e o dia da peça vieram-lhe a cabeça, deixando-a inquieta, ela então pegou uma mecha do próprio cabelo e começou a trançá-lo nervosamente, em seguida levantou-se do chão e se sentou em um banco embaixo da janela de seu quarto.

Estaria mentindo se dissesse que não adorara encenar Romeu e Julieta com Gilbert. Embora, tivesse sido pega de surpresa pela situação, sentira-se maravilhada por interpretar uma personagem tão incrível como Julieta. Fizera-o com seu coração, e a segurança que Gilbert tinha lhe transmitido em cena, fora responsável por sua falta de inibição. Sabia que tinha certo talento para papéis dramáticos, afinal, sua vida sempre girara em torno de livros de romance dramático, então colocar em prática essas fantasias não era tão difícil para ela. Só que sempre o fizera na segurança de seu quarto, ou quando contava para Diana e Ruby algumas dessas histórias.

Nunca tivera um público tão grande observando-a, e quando pisara no palco, o medo a invadiu momentaneamente, mas assim que seus olhos pousaram em Gilbert, seu receio se fora, e conseguira dar a cada ato o tom de emoção exato, e o resultado fora a chuva de aplausos e elogios que recebera. È claro que Gilbert tinha sua parcela de responsabilidade no sucesso da peça. Ele fora um Romeu perfeito, o tom que dera a cada fala de seu personagem fez Anne acreditar que estavam mesmo em Verona, vivendo um amor impossível.

Porém, quando tudo acabara, a ruivinha tivera que descer das nuvens e voltar a realidade dos fatos. Tinha se afastado do menino, deixando o caminho aberto para Ruby, e de nada adiantava fantasiar sobre coisas que não mais aconteceriam. Fez uma careta ao pensar nisso, e nem mesmo a lembrança do beijo que ela e Gilbert trocaram quando ele a seguira após a peça conseguia alegrar seu coração. Fora o calor do momento, por estarem tão envolvidos pela magia da história que encenaram juntos, que fizera com que se jogassem um nos braços do outro.

No final não deixara que ele falasse nada, fugira antes que Gilbert exigisse uma explicação para o que acabara de acontecer, pois não saberia o que dizer. Mas lá dentro de seu íntimo sabia que se ele tivesse lhe pedido para ficar, ela teria atendido ao seu pedido, sem pensar ou protestar, porque mesmo que Anne nunca tivesse dito nada a Gilbert, era dele o seu coração.

Nos dias que se seguiram na escola, eles pouco se viram, o nervosismo era tanto durante as provas que todos os momentos livres eram dedicados aos estudos, e mesmo nos intervalos, os alunos se sentavam em grupos, com livros nas mãos a fim de que pudessem se auxiliar mutuamente.

Nesses momentos, Anne não pôde deixar de notar que Ruby está sempre nos grupos de Gilbert, e várias vezes vira os dois sentados bem próximos, enquanto Gilbert explicava a ela algum problema mais difícil. Anne sentia seu coração se encolher e ficar tão pequenininho, que tinha vontade de se esconder no canto mais escuro da sala, e deve ter deixado isso evidente, pois ouviu a voz de Josie Pye dizer bem próximo a ela, como se quisesse torturá-la.

- Eles formam um lindo casal, não acha?- E quando Anne não respondeu nada, ela dera aquele seu tão famoso risinho irônico, o que fizera Anne detestá-la ainda mais. Aquela garota não aprendia mesmo, da próxima vez iria afogá-la em um balde inteiro de água só para ver se Josie parava de provocá-la Depois deixara o assunto morrer, precisava se concentrar ou não iria bem nas provas.

No último dia teriam prova de geometria, e aquela matéria era o pesadelo de Anne. Chegou à escola com taquicardia, pois seus nervos estavam à flor da pele. Até mesmo Diana que era uma otimista incurável não parecia estar em sua melhor forma.

- Graças a Deus é nossa última prova. Pensei que eu ia embolorar de tanto que fiquei trancada no quarto estudando. Faz dias que não vejo o sol. - Anne, ouvi-a dizer.

- Eu ficaria agradecida se não tivéssemos esta matéria horrorosa. Afinal de contas, quem precisa de geometria?- disse Anne.

- Não seja tão negativa, minha amiga. Você vai se sair bem, é inteligente o bastante para isso. - disse Diana, tentando levantar o ânimo da ruivinha que parecia desolada pela prova que teria que fazer.

- Está errada. Diana. Geometria não é o meu forte, e minha inteligência não funciona neste caso. - lamentou a ruivinha.

Quando foi sentar em seu lugar, viu que havia um bilhete em cima de sua carteira. Abriu-o e leu a mensagem que dizia apenas “boa sorte” e milhares de coraçõezinhos enfeitavam o papel. Viu Josie Pye esticando o pescoço, tentando ler o conteúdo. Fez uma careta de desaprovação para ela, e guardou o bilhete na sua mochila.

- De quem é o bilhete Anne? – perguntou Diana curiosa.

- Não sei. Deve ter sido alguma brincadeira. - Anne, respondeu. A mensagem não estava assinada, mas ela sabia de quem era, Reconheceria aquela caligrafia em qualquer lugar, só não entendia porque Gilbert deixara aquele bilhete para ela. Seu olhar cruzou com o dele do outro lado da sala, e ele lhe sorriu timidamente, então Anne lhe disse um obrigado silencioso, só movimentando os lábios e o sorriso dele se alargou. Desviou o olhar do rosto dele e percebeu que a Srta Stacy tinha acabado de entrar dando início a tão temível prova.

Nos minutos seguintes, concentrou toda sua atenção nas questões de geometria à sua frente. Tinha estudado muito para aquela prova, mas mesmo assim chegara à escola se sentindo insegura. Só que agora não estava achando o teste tão difícil como temera a princípio, e após quarenta minutos conseguira terminá-lo suspirando aliviada. Diana também tinha terminado naquele instante e ambas entregaram o exame para a professora, e saíram para o pátio.

Como aquela era a última prova do semestre, a professora divulgaria as notas depois do intervalo, e conversaria com os alunos que deveriam ir para as aulas de reforço de verão. Todos ficaram nervosos com essa possibilidade, pois ninguém queria perder os dias de férias indo para a escola todos os dias, arruinando seus planos de diversão.

Anne e Diana conversavam sobre o resultado dos exames, quando Ruby chegou junto com Josie e disse:

- Estou ansiosa pelos resultados das provas. Tomara que eu tenha alcançado a média em todas, pois minha família tem planos para viajarmos para o Sul e visitar alguns de nossos parentes, e seria um desastre se tivessem que adiar a viagem por minha causa.

- Não sei por que você está tão preocupada. Você teve um excelente professor particular todos esses dias. Ainda tem dúvidas que tirou as melhores notas? – Josie olhava diretamente para Anne enquanto falava com Ruby.

É verdade. - Ruby deu uma risadinha. - O Gilbert me ajudou bastante. Se não fosse por ele, acho que nem conseguiria estudar direito. Tenho muita dificuldade com algumas matérias, principalmente matemática.

- Vocês passaram muito tempo juntos nos últimos dias. - comentou Diana.

- Você notou? Viu toda a atenção que Gilbert deu para ela? Acho que agora sai namoro. – Josie abraçou a menina, torcendo para ver a reação de Anne à suas palavras.

A ruivinha fingiu não prestar atenção ao diálogo que se desenrolava perto dela, mas estava incomodada. Ela própria tinha visto Gilbert e Ruby juntos várias vezes naquela semana, não era invenção de Josie daquela vez. Então, não precisava que ela ficasse esfregando em sua cara aquela verdade, mas prometeu que a ignoraria naquela semana, pois não deixaria que a menina a tirasse do sério.

Neste momento ouviu Muddy dizendo:

- Pessoal, a professora Stacy acabou de divulgar o resultado das provas. – mal ele acabou de falar, e todos os alunos correram para ver se tinham passado ou não naquela maratona de provas daquela semana.

Anne cruzou os dedos e olhou sua média no quadro. Quando viu sua nota em geometria quase deu um grito de felicidade. Tinha tirado 9’5! Que alegria!  Era sua melhor média naquela matéria até aquele momento. Diana também tinha passado e as duas amigas se abraçaram felizes, já fazendo planos para as férias de verão.

Em seguida, foram parabenizar outras amigas que como elas também tinham sido aprovadas. Anne lançou um olhar para onde Gilbert estava e viu que ele e Ruby se abraçavam, imediatamente olhou para o outro lado, não queria ser pega espionando aquele momento dos dois.

Foi então que ouviu a Srta Stacy bater palmas, chamando a atenção dos alunos para ela. Toda a algazarra cessou imediatamente, e ela disse sorrindo:

- Queria dizer que estou muito feliz pelos resultados dos testes. Todos foram aprovados e espero sinceramente que aproveitem as férias, pois teremos muito trabalho quando voltarem. Mas agora é hora de comemorarmos este momento tão esplêndido. Quero convidar a todos para nossa festa de encerramento amanhã, e dizer que por hoje estão dispensados.

Os alunos bateram palmas de contentamento e foram se dispersando rapidamente. Anne e Diana reuniram suas coisas, e foram para casa satisfeitas por terem sido aprovadas em todos os testes. Afinal, valera a pena terem se dedicado tanto aos estudos nos últimos dias. Agora poderiam descansar, ler todos os livros que quisessem, passear de barco, fazer piqueniques e tantas outras coisas, pois havia um milhão de possibilidades para explorarem.

No dia seguinte, Anne e Diana foram para escola juntas cada uma levava um prato caprichosamente arrumado para a festa. Marilla tinha preparado uma deliciosa torta de frango, e a mãe de Diana fizera sua especialidade, bolo de milho. Ambas estavam elegantemente vestidas. Diana usava um vestido azul cheio de fitas, e Anne trajava um vestido verde com rendas nas mangas.

Quando chegaram à escola, a festa já estava bem animada. Tinham enfeitado a sala com diversos balões coloridos, havia música e outros enfeites de festa espalhados por todos os lugares. As duas meninas colocaram os pratos que trouxeram em uma mesa onde várias outras comidas tinham sido deixadas à disposição dos alunos.

Anne conversava animadamente com Diana quando Cole chegou. Ele tinha sido convidado pela Srta Stacy, e resolvera participar da festa já que tinha estudado por muitos anos naquela escola e se simpatizava muito com a professora.

Muitos alunos tinham chegado, e olhando ao seu redor, Anne percebera que Billy Andrews e Josie Pye não estavam, e quando perguntou a Diana qual seria o motivo da ausência de ambos, Muddy, que acabara de se unir a eles respondeu que ambos tinham viajado com suas famílias no dia anterior e por isso não participariam da festa.

- Graças a Deus vamos ficar livres da presença desagradável desses dois. - disse Anne aliviada.

- Pelo menos você vai se divertir um pouco. - disse Diana sorrindo para a amiga.

- Nisso você tem razão. - concordou Anne. - mas ela então teve seu olhar atraído por uma movimentação na porta de entrada, e percebeu que Gilbert chegava com Ruby a tiracolo e pensou, “Parece que temos mesmo um novo casal”, e aquele pensamento a deixou desolada.

Conversou mais um pouco com Diana e Cole, depois os dois resolveram dançar deixando Anne sozinha com Muddy. Ambos viram quando Gilbert tirou Ruby para dançar, e a menina ouviu Muddy dizer:

- Lá vai Gilbert com seu novo bichinho de estimação.

Anne olhou para o menino surpresa com aquele comentário e notou que ele parecia aborrecido. Então, Muddy olhou para ela e perguntou:

- Gostaria de dançar comigo, Anne?

- Eu adoraria. - a ruivinha pegou na mão dele e foram juntos para a pista de dança.

Enquanto dançavam, Anne percebeu que Muddy não tirava os olhos de Gilbert e Ruby. Ficou curiosa e perguntou:

- Eu não quero me intrometer, Muddy, mas posso te fazer uma pergunta?

- Claro. O que quer saber?

- Você gosta da Ruby?- Viu o menino baixar a cabeça envergonhado, e quase se arrependeu da pergunta. Mas ele levantou a cabeça novamente e respondeu:

- Eu sempre gostei dela, desde o jardim da infância.

- Mas por que nunca disse isso a ela?- quis saber Anne.

- Você já olhou para mim? Com essa minha aparência patética, acha mesmo que Ruby olharia para mim de outra maneira que não fosse por pena? – Anne observou o menino. Ele não era muito alto, e tinha um corpo um pouco roliço para sua idade, mas tinha um rosto bonito, e olhando todo o conjunto, ele exibia uma figura agradável. Além do mais, Muddy era muito simpático, estava sempre disposto a ajudar quem precisasse e tinha um excelente senso de humor.

- Não sei por que diz isso. Eu acho que você é uma pessoa incrível, Muddy. - Anne tentava consolá-lo.

- Obrigado, Anne. Mas sei que não tenho chance alguma. Além do mais a Ruby nunca escondeu de ninguém que sempre esteve apaixonada pelo Gilbert e parece que resolveram se acertar afinal. – agora ele parecia tão triste que Anne teve pena.

- Não fique assim, Muddy. Ainda acho que deveria tentar conquistá-la.

- Aprecio o seu incentivo, mas acho que já perdi essa parada. - Anne seguiu o olhar de Muddy e se deparou com a cena de Gilbert e Ruby conversando animadamente enquanto dançavam. Sentiu sede de repente e pedindo desculpa para Muddy, foi tomar alguma coisa para aliviar a secura que tomava conta de sua garganta.

Estava se servindo de um pouco de suco quando ouviu a voz de Gilbert bem atrás dela.

- Está uma festa agradável, não acha? – ela se virou devagar, temendo que ele ouvisse a batidas de seu coração que pareciam com o som de um tambor em seus ouvidos.

- Sim, está um a festa muito agradável. - conseguiu dizer sem olhar para ele.

- Você tem planos para as férias de verão?- Gilbert perguntou.

- Não exatamente. Temos muito trabalho na fazenda, então creio que passarei o verão ajudando Marilla e Matthew em casa, e você?

- Vou ajudar Bash na fazenda, e talvez a gente faça alguma viagem juntos já que agora somos uma família. - ele disse aquilo sorrindo, fazendo com que Anne olhasse para ele curiosa com o tom de voz que ele usou. Seu coração bateu ainda mais alto. Deus!  Como ele era bonito! E quando olhava para ela com aquele sorriso maroto nos lábios, ele se tornava irresistível. Ela estava enfeitiçada, só podia ser. Que outra explicação havia para aquele calor que subia pelo seu sangue e aquecia seu coração daquele jeito? Precisava fugir dali naquele instante ou acabaria deixando o menino perceber o que se passava com ela. Viu Diana acenando em sua direção, e quase suspirou aliviada, então disse para Gilbert:

- Se me dá licença. Preciso ver o que Diana quer comigo.

- Claro. - ele respondeu, e Anne saiu apressada sem ver o olhar de desapontamento que Gilbert lhe lançou.

- Anne, desculpe interromper sua conversa com o Gilbert, mas eu combinei de me encontrar com o Jerry no pátio da escola. Você se importa?

- Claro que não. A propósito, você não interrompeu nada. Onde está o Cole?

- Ele está falando com a Srta Stacy. Não me espere para ir para casa, está bem?

- Não tem problema, vá e se divirta. - disse Anne dando um beijo na amiga, e pensou que pelo menos uma delas se sentia feliz.

- Um dólar por seus pensamentos. - ela ouviu Cole dizer.

- Acho que não valem nem cinquenta centavos. - respondeu Anne sorrindo.

- Quer dançar, Srta Cuthbert? Você está me devendo uma dança.

- Com todo prazer, cavalheiro. - disse Anne brincando com o amigo.

E assim começaram a dançar e os olhos da menina percorreram toda a sala, e se deu conta de que procurava por Gilbert. Não o viu em lugar algum e nem Ruby. Sua mente traiçoeira lhe trouxe imagem dos dois juntos, e ela sentiu milhares de nós em seu estômago, fazendo-a respirar com dificuldade. Imediatamente ouviu sua voz interior dizendo, “Pare já com isso. Se estão juntos a culpa é sua. Agora não adianta lamentar”.

- Anne, alguma coisa errada?- Cole perguntou.

- Não, por que pergunta?

- Você está com cara de que viu alguma coisa da qual não gostou. - respondeu Cole olhando para ela com atenção.

- Está tudo bem. – ela respondeu simplesmente.

- Será que esta testa franzida não tem a haver com um certo Gilbert Blythe?

- Isso de novo, Cole. Se não reparou ele já tem um novo interesse.

- Você está falando de Ruby Gillis? Não notei isso não.

- Como não notou? Os dois não se desgrudaram a festa toda.

- Bem, o que notei é que ela não desgrudou dele enquanto o Gilbert não tirava os olhos de você.

- Acho que você está errado. - disse Anne para o amigo. - Eu não o vi olhando para mim em nenhum momento.

- E como poderia ter visto? Você evitou olhar para ele a festa toda. Até parece que estava com medo do garoto. Quando é que vai admitir que é apaixonada pelo Gilbert?

_ Quer mesmo discutir isso aqui?- ela perguntou.

- E quando vamos falar sobre isso? Todas as vezes que tento falar com você sobre isso, você muda de assunto. - disse Cole impaciente.

- É que você não entende. - disse Anne, baixando os olhos. Não suportava aquele olhar de Cole que parecia querer ler sua alma.

- Eu entendo mais do que imagina. É a história do pacto de novo, não é? Eu sei sobre isso, a Diana me contou tudo. – ele disse, quando viu a expressão de surpresa de Anne. - Acho tudo isso uma bobagem. Você acha que se a Ruby estivesse em seu lugar, iria agir da mesma forma que você?  - quando ela não respondeu, ele continuou:

- É claro que não. Espero que me escute, abra os seus olhos e pare de agir como se fosse uma boba.  Sei que gosta da Ruby, mas para mim ela não passa de uma manipuladora barata...

- Está enganado sobre a Ruby, ela não é assim. - protestou Anne.

- Anne, como você acha que ela conseguiria ser amiga da Josie Pye se não tivesse um pouco do caráter dela? Acho que ela ainda é pior do que a Josie.

- Por que diz isso?- ela perguntou sem entender a linha de raciocínio de Cole.

- Porque a Josie pelo menos demonstra com palavras e ações exatamente como ela é. Já a Ruby se esconde por trás dessa imagem de garotinha frágil, mas no fundo tem uma alma perversa.

Anne ficou olhando para Cole tentando enxergar a verdade em suas palavras, mas teimosamente não queria reconhecer que ele estava certo. O menino viu as dúvidas sobre o que ele dizia estampadas no rosto dela, e disse tentando convencê-la de uma vez por todas.

- Não faz muito tempo que você vive aqui em Avonlea, então acho que ainda não percebeu como a maioria das pessoas são por aqui. Elas se acham no direito de tomar conta de tudo, pois pensam que tudo lhes pertence, inclusive a vida dos outros. E Ruby é feita dessa mesma matéria, embora não pareça, mas com essa história de pacto de amizade, ela controla você para conseguir o que quer, pois sabe que você tem um bom coração. Anne entenda uma coisa, ela não é e nunca foi dona de Gilbert Blythe. – Cole, sabia que estava sendo um pouco duro com Anne, mas ela se recusava a ver o que estava bem diante de seus olhos. Que sabe um pouco de choque de realidade não a faria ter mais consciência do que estava acontecendo?

- Tudo bem, Cole. Talvez você tenha razão. Prometo que vou pensar em tudo que me disse. - abraçou o amigo com carinho, depois disse:

- Será que pode me levar para casa. Já estou farta dessa festa.

- Claro. Acho que já me cansei disso tudo também.

Despediram-se da Srta Stacy, desejando-lhe que tivesse ótimas férias. Anne aproveitou para dar mais uma olhada na festa e ver se Gilbert estava lá, mas não havia nenhum sinal dele. Tentou não pensar no que isso significava, e foi para casa em companhia de Cole.

Quando chegaram a Green Gables, Anne perguntou:

- Eu e Diana vamos para a praia amanhã. Quer ir com a gente?

- Acho que seria uma boa ideia. Faz tempo eu não tomo banho de mar.

- Muito bem, então, nos vemos amanhã. - se despediram com um beijo no rosto.

O canto de um passarinho que acabara de pousar em um dos galhos da cerejeira fez Anne voltar ao presente. Enquanto entrava em casa, Anne pensou nas palavras de Cole. Seria verdade que Ruby a manipulava? Se fosse assim, ela não era tão inteligente quanto pensava. Mas ela não conseguia ver aquela personalidade mesquinha em Ruby que Cole descrevera. Tinham sido boas amigas até agora. Seu único ponto de divergência era Gilbert, e isso Anne pensava que já estava resolvido, já que Ruby e Gilbert estavam juntos.

Cumprimentou Marilla e Matthew assim que abriu a porta da cozinha, mas eles pareciam tão entretidos checando as contas da fazenda que mal notaram sua presença. Ela foi para o quarto ainda com as palavras de Cole ecoando em seus ouvidos, sentou-se na frente do espelho, viu sua imagem refletida e pensou, “E se ele tiver razão?”.

 

GILBERT

 

Gilbert se levantou cedo naquele primeiro dia de férias, pois queria ajudar Bash com as atividades da fazenda. Nunca fora um fazendeiro e nunca gostara da função, mas fizera o que pudera durante a doença do pai para manter o legado dele intacto.

Agora que tinha um sócio, as coisas se tornaram mais fáceis. Ele não tinha que passar horas tediosas nos campos já que tinha Sebastian como companhia, e tinha que admitir que ele  era muito agradável,  estava sempre de bom humor, nada o desanimava, sem contar que Gilbert tinha encontrado nele a figura do pai que perdera.

Sebastian tinha sempre um bom conselho para lhe dar, e tinha sempre um ombro amigo para oferecer a Gilbert quando ele estava em seus dias de humor negro. O menino admirava muito o amigo pela sua força de caráter integra e trabalhadora. Passara por muitos momentos difíceis na vida, mas nunca deixara que a dureza do mundo o desanimasse, por isso, Gilbert achava Bash um ser humano maravilhoso.

O melhor de tudo é que tinham Mary na fazenda agora. Assim que voltaram de lua de mel, ela começara a cuidar da casa e de Gilbert com um zelo de mãe que o menino nunca tinha conhecido, já que sua mãe tinha falecido assim que ele nasceu, então, Gilbert se sentia mais amado e mimado do que nunca, e era a sensação mais fantástica do mundo saber que tinha sempre alguém em casa esperando-o quando voltava da escola.

Ao pensar sobre isso, Gilbert sorriu, e logo se lembrou da última semana exaustiva de estudo que tivera. Chegava da escola e ia direto para o quarto, e sempre encontrava um lanche gostoso esperando por ele. De vez em quando Mary aparecia na porta do quarto para lhe perguntar se precisava de alguma coisa, se estava com sede ou fome, se não desceria para jantar com eles. Era tão bom ter a casa cheia de novo, parece que o ar tinha se renovado, quase não se lembrava mais dos dias durante a doença do pai. A tristeza tinha tomado conta de tudo, e apesar de seu pai demonstrar estar sempre alegre, Gilbert sabia que ele sofria muito, mas não queria preocupar o menino.

Agora havia sempre flores por toda parte, suas roupas estavam sempre lavadas e passadas, e havia comida quentinha a toda hora no fogão a lenha que Bash construíra para Mary. Gilbert nunca mais teve que comer comida fria ou requentada, ele só tinha que agradecer pela sorte que tivera de Sebastian e Mary terem entrado em sua vida.

Ele saiu do celeiro de onde acabara de cuidar dos cavalos e passou pelo jardim que Mary plantara ha algumas semanas atrás. Viu que o canteiro de rosas tinha desabrochado e elas brilhavam ao sol de verão. Eram de um vermelho vivo maravilhoso que lembravam a Gilbert dos cabelos de Anne.

Pensar nela o fez parar um instante a meio caminho da cozinha, fitou o horizonte e pensou nos últimos dias que tinham passado. Não falara com ela desde o dia da peça quando por um breve momento se conectaram de novo, e ele se sentira vivo como nunca. Eles podiam estar separados, mas quando se encontravam se entendiam com um único olhar, eram almas gêmeas, tinha certeza, só não entendia por que Anne preferia ficar longe dele quando estava na cara que se completavam.

Mas naquela última semana, as coisas estiveram bastante tensas e ninguém tivera energia para mais nada, a não ser se dedicar as matérias das provas. Anne estava sempre acompanhada de Diana e não se largavam nem nos intervalos, e o que era pior é que Ruby resolvera persegui-lo por toda a escola. Tentara fazê-la entender que só poderiam ser amigos, mas ela teimosamente fingia não compreender o que ele queria dizer. Pedira a ajuda Gilbert para estudar para as provas, pois tinha muitas dúvidas e não conseguia entender as matérias sozinha. Gilbert não soubera dizer não, ficara com pena da garota magrinha que parecia perdida entre as fórmulas de matemática que para ela eram complicadas demais.

Gilbert acompanhava Anne de longe, e até pensou que ela o procuraria para conversarem sobre o que acontecera no dia da peça, mas ela parecia ignorá-lo completamente. Isso deixou Gilbert tão chateado que ele acabou dando mais atenção a Ruby do que deveria, mas precisava afastar seus pensamentos de Anne ou ficaria maluco. O único dia em que tivera uma reação positiva da parte dela foi quando deixara o bilhete de boa sorte sobre a carteira dela. Sabia que Anne odiava aquela matéria, e por isso, quis fazer algo para deixá-la mais calma, pois se a conhecia bem, a ruivinha estaria uma pilha de nervos. Não assinara o bilhete, mas tinha certeza de que ela entenderia quem o deixara para ela, e não estava errado. Depois de ler o conteúdo da mensagem, ela o procurara com os olhos e lhe sussurrara um obrigado que o deixara tão feliz, que todos os dias de tensão pelos quais ele passara sumiram em um passe de mágica.

Quando os resultados das provas foram revelados, ele vira com satisfação que tanto ele quanto Anne tiveram as melhores notas, e quisera cumprimentá-la por isso, mas não tivera a oportunidade, pois novamente Ruby grudara nele em um abraço tão apertado que não conseguira se livrar da menina, e Anne fora embora com Diana sem que ele conseguisse falar com ela.

No dia seguinte ele se arrumara para a festa, feliz pela oportunidade que teria de falar com Anne em um ambiente diferente da sala de aula. Quando estava quase pronto para sair  ouvira a voz de Mary no andar de baixo chamando-o:

- Gilbert, tem uma pessoa aqui embaixo esperando para falar com você.

Ele descera as escadas curioso, pois não esperava por ninguém, e ficou muito surpreso de ver Ruby em sua sala de estar.

- Oi, Ruby, tudo bem.

- Oi, Gilbert. Estava indo para a festa da escola e resolvi passar por aqui. Será que poderíamos ir juntos? Meu irmão saiu mais cedo de casa e eu não queria chegar à escola sozinha. – Ruby usava aquele seu tom de voz açucarado que Gilbert não gostava muito.

- Claro. - disse ele, embora não quisesse a companhia dela. Na verdade, estava cansado de ter a presença da menina a toda hora em volta dele, mas como sempre não quis ser indelicado e por isso aceitou o pedido dela. Olhou para Mary e viu sua cara de desaprovação. Sabia o que ela devia estar pensando, mas não tinha tempo para explicar nada para ela naquele momento, por isso, se despediu de Mary rapidamente e saiu em companhia de Ruby.

Enquanto caminhavam para a escola, ouviu a menina lhe perguntar:

- Você vai passar as férias aqui mesmo em Avonlea?

- Sim, quero ajudar Bash na fazenda. - respondeu Gilbert meio a contragosto.

- Minha família e eu vamos viajar para o Sul, não gostaria de ir conosco? Minha mãe me pediu para te convidar, em agradecimento por ter me ajudado a estudar para as provas. - Gilbert podia ver a expectativa da garota pela sua resposta, então disse educadamente.

- Obrigado, Ruby. Agradeça sua mãe por mim, mas é que prometi a Bash que trabalharia na fazenda nessas férias.

- Tudo bem, mas se mudar de ideia é só dizer. - Gilbert percebeu que Ruby ficara decepcionada, mas passar as férias de verão na companhia dela não é o que ele chamaria de diversão.

Quando chegaram à festa, o menino estava ansioso para encontrar Anne. Ela estava conversando com Diana quando ele a viu tão adorável em seu vestido verde rendado. Mal teve tempo de olhar para ela, pois Ruby o arrastara para a pista de dança. Aquela garota estava testando sua paciência, agia como se fosse dona dele, se continuasse assim ele a colocaria no lugar dela, mesmo que isso a magoasse. Não gostava nem um pouco quando era forçado a fazer o que não queria. Sorte dela que seu pai o ensinara a nunca desrespeitar uma garota, ou Gilbert a teria deixando na pista de dança sozinha, e ainda se obrigara a conversar com ela como se estivesse se divertido. “Que garota mais entediante,” pensara Gilbert, até mesmo quando tentava fazer piada era sem graça. O que ele não daria para escapar daquela companhia tão cansativa. Foi então que viu Anne perto da mesa de bebidas, e pretextando estar com sede, disse a Ruby que ia pegar algo para beber.

- Está uma festa agradável não acha? – dissera ele, tentando começar uma conversa.

- Sim, está um a festa muito agradável. – ela respondera, não parecendo estar muito interessada em falar com ele.

- Você tem planos para as férias de verão?- Gilbert perguntou, querendo saber o que ela faria fora da escola.

- Não exatamente. Temos muito trabalho na fazenda, então creio que passarei o verão ajudando Marilla e Matheus em casa, e você?

- Vou trabalhar com  Bash na fazenda, e talvez a gente faça alguma viagem juntos já que agora somos uma família. – então ela olhara para ele, parecendo estar curiosa pelo que ele dissera, e a magia que sempre havia entre eles aconteceu novamente. “Como ela é linda,” ele pensara. “Que saudades de estar com ela, de rir com ela e ouvi-la falar de coisas que só importa a nós dois.”. Mas Anne interrompera aquele momento dizendo:

- Se me dá licença. Preciso ver o que Diana quer comigo.

- Claro. - ele respondera, mas ficara profundamente desapontado. Tanto que resolvera sair da festa e ficar no pátio um pouco sozinho. Queria escapar da presença sufocante de Ruby, pois ela o estava irritando com todos aqueles olhares de adoração, como se ele fosse um deus entre os mortais.  E também queria pensar em uma maneira de chegar até Anne novamente. Por que ela o tratava com tanta indiferença? Não compreendia as atitudes dela. Em um momento olhava para ele como se não existisse mais ninguém no mundo, e no outro fugia como se não suportasse ficar no mesmo ambiente em que ele estivesse.

Anne agia de maneira contraditória, mas ele a queria mesmo assim. Precisava dela e não tê-la era o mesmo que morrer de sede em oásis no deserto. Quando ela deixaria de lado aquele muro protetor que construíra em volta de si mesma, e correria para os braços de Gilbert onde era o seu lugar?

Resolveu voltar para dentro. Quem sabe conseguiria falar com ela de novo, a convidaria para dançar e passariam mais alguns momentos juntos? Mas quando entrou na sala novamente, viu que Anne não estava mais lá e a festa perdeu de repente toda a graça para ele. Viu Ruby se aproximar e decidiu ir para casa, então falou bem rápido sem dar tempo pra a garota se manifestar.

- Ruby, estou indo para casa. Vou pedir para o Muddy te acompanhar depois da festa.

- Não pode ficar mais um pouco? A festa está tão animada. - ela fez uma cara de amuada que lembrou a Gilbert de crianças mimadas quando não ganham o que querem.

- Sinto muito, Ruby. Tenho que resolver algumas coisas para o Bash antes de chegar em casa. Mas fique e aproveite a festa. Boas férias e boa viagem. - nem esperou a menina responder e saiu. Viu Muddy do outro lado do salão e pediu-lhe que acompanhasse Ruby assim que a festa acabasse, depois foi para casa o mais rápido que pôde.

Quando chegou, teve que explicar a Mary por que tinha acompanhado Ruby até a festa, e quando ela perguntara se ele já tinha esquecido Anne, o menino respondera que continuava apaixonado por ela. Quase riu quando viu que Mary suspirou aliviada. Ele sabia o quanto a esposa de Bash adorava Anne, e rezava para que os dois se acertassem. Gilbert pensou divertido que ela teria ainda que rezar muitos rosários até que ele e Anne ficassem juntos, pois do jeito que as coisas estavam isso ia demorar uma vida para acontecer.

Gilbert afastou os pensamentos e entrou em casa a procura de uma bebida gelada. O calor tinha aumentado e pelo jeito aquele seria um verão escaldante. Então decidiu que iria a praia assim que acabasse suas tarefas naquele dia, pois afinal estava de férias e merecia aquele prazer..

 

GILBERT E ANNE

 

Anne desceu as escadas correndo e quase atropelou Marilla no caminho.

- Que pressa é essa, menina? Vai apagar algum incêndio? – disse a boa senhora em tom severo.

- Desculpe Marilla, pela minha falta de jeito. Parece que algumas coisas nunca mudam, não é? Eu combinei com a Diana de irmos à praia hoje, por isso estou indo para casa dela neste exato minuto. - respondeu Anne, alegremente.

- Tome cuidado para não se resfriar, não quero que fique doente de novo.

- Marilla, é verão! Quem pode ficar doente por ir para a praia?- perguntou a menina, abraçando Marilla pela cintura.

- Pessoas impudentes que abusam do sol. – Marilla olhava para ela muito séria.

- Está bem. Prometo que vou me cuidar. Agora preciso ir ou chegarei atrasada. Tchau Marilla. - Anne se despediu e correu para fora encontrando Matthew  perto do celeiro, parou um instante para falar com ele:

- Oi, Matthew. Onde está o Jerry?

- Dei folga para ele hoje, por quê?

- É que eu e Diana vamos à praia e pensei que ele gostaria de ir também.

- Bom, eu não sei se ele tinha algum plano para hoje, pois ele não me disse nada. - respondeu Matthew tirando o chapéu da cabeça para aliviar o calor.

- Tudo bem. Eu posso convidá-lo outro dia.

- Então, divirta-se – disse Matthew.

 Anne deu-lhe um beijo no rosto, e se dirigiu à casa de Diana. Bateu na porta e esperou pela amiga ansiosa. Quando abriram a porta Anne deu de cara com um rapaz alto, louro, de olhos verdes que a olhava admirado.

- Mon Dieu! Que beldade é essa? Dê uma voltinha, meu bem. Quero olhar para você. - pegou na mão de Anne e a examinou de cima a baixo. Anne ficou muda pela ousadia do rapaz, mas foi salva por Diana que acabara de entrar na sala.

- Quer deixar minha amiga em paz, Jean? Não ligue para meu primo, Anne. Como vive na França ele acha que as garotas daqui são como as de lá. Sempre usa suas cantadas de Dom Juan para conquistar as meninas. – falou Diana divertida.

- Onde você escondia essa joia, Diana? Não temos ruivas maravilhosas assim na França. Não vai nos apresentar?- Anne ouviu Jean falar com Diana e achou o sotaque dele encantador.

- Anne, esse é o meu primo galanteador Jean. E essa é minha melhor amiga Anne.

- Encantado senhorita. - disse Jean, beijando a mão de Anne. – Você possui uma beleza incrível. Seria a maior sensação na França. - Anne ficou ruborizada pelo elogio.

- Você não tem jeito, Jean.  Pare de tentar impressionar Anne.com esse seu jeito de Casanova. E dê uma olhada no espelho, está começando a babar pela garota. E isso é tão deselegante. - brincou Diana com o primo. Depois pegou Anne pelo braço e disse:

- Vamos para meu quarto Anne ou meu primo não vai mais largar do seu pé.

Enquanto subiam as escadas, Anne perguntou:

- Ele vai ficar muito tempo por aqui?

- Não, vai embora em uma semana. Só veio nos fazer uma visitinha rápida. Por quê? Ficou interessada?

- É claro que não Diana. Assim você me deixa encabulada.

- Só estou brincando Anne. - fez uma pausa e continuou. - Preciso te contar uma coisa.

Anne percebeu que a amiga ficara séria de repente e perguntou:

- O que aconteceu?

- Minha mãe me pegou com o Jerry de novo, e dessa vez ela viu quando ele me deu um beijo.

- O que ela disse?- perguntou Anne preocupada.

- Disse que me mandaria para a França no primeiro trem se eu não terminasse o namoro imediatamente.

- E você?

- Eu falei para ela muito calmamente que se ela fizesse isso, eu levaria o Jerry junto. - Anne observou que Diana estava bem calma quando disse isso, e perguntou:

- Sua mãe não ficou brava por você falar assim com ela?

- Você conhece minha mãe. Brava foi pouco. Ela ficou furiosa. Esbravejou, disse que eu era uma menina muito mal-agradecida e malcriada. Aí tia Josephine interviu e conseguiu acalmá-la. Não sei o que conversaram, mas minha mãe não me falou mais nada sobre Paris ou o Jerry. Ela tem me tratado relativamente bem, e não discutimos mais.

- Que bom. Assim você poderá aproveitar as férias de verão em paz.

Diana concordou com a cabeça enquanto terminava de vestir uma bermuda rosa.

- A propósito, o Jean vai com a gente para a praia, E combinei de encontrar o Jerry lá. - comentou Diana.

- Que bom, queria mesmo convidá-lo para ir conosco - disse Anne satisfeita. - E o Cole? Ainda não o vi por aqui.

- Ele teve que sair com tia Josephine e não pode ir com a gente dessa vez. - explicou a menina.

Diana terminou de pegar suas coisas e voltaram para a sala onde Jean as esperava. Caminharam por alguns minutos até chegarem à praia. Enquanto Jean ia dar um mergulho, as meninas foram trocar de roupa. Quando Anne saiu do vestiário, Diana começou a rir e disse:

- Anne, pelo amor de Deus. Onde encontrou esse maiô tão fora de moda? - a menina perguntou, apontando para a roupa de banho que Anne usava e que parecia duas vezes maior que o tamanho dela.

- Eu sempre venho à praia com ele. – respondeu a ruivinha se sentindo ofendida pelo comentário da amiga.

- Você não pretende sair assim, não é?  Isso parece do século dezenove.

- É a única roupa de banho que tenho para vestir.

- Engana-se. Ainda bem que você tem uma amiga precavida. - disse Diana, retirando algumas peças de banho da mochila. Pegou um biquíni preto e deu para Anne. A ruivinha ficou desconfiada, mas vestiu o biquíni que a amiga lhe emprestara.  Quando se olhou no espelho viu que a peça mal cobria seu corpo, sentiu seu rosto corar de vergonha e disse:

- Diana, eu não posso sair assim. Isso é indecente.

- Não seja boba, Anne. Todo mundo se veste assim na praia.

- Todo mundo não. Eu não me visto assim nunca. - disse Anne se examinando no espelho.

- Anne, esta é a última moda em Paris. Minha prima me trouxe estes modelos no último verão. Não faça essa cara de desgosto. Você ficou muito bem com esse biquíni preto. Realça as suas curvas. - falou Diana enquanto trocava sua bermuda por um biquíni azul.

- Que curvas Diana. Eu sou tão magra que duvido que fique bem nessa coisa diminuta, ao contrário de você que ficou maravilhosa nessa peça azul. - se olhou novamente no espelho fazendo uma careta.

- Chega de bobagens. Vamos logo para a praia, se não perderemos toda a diversão. - Diana pegou na mão de Anne e arrastou a menina para fora. Anne se escondia atrás da amiga, tentando evitar que alguém olhasse para o seu corpo. Encontraram Jean debaixo de um guarda sol gigantesco e ele disse assim que viu Anne.

- Mon Cher, você está de tirar o fôlego. - a ruivinha ficou roxa de vergonha. Diana percebendo seu desconforto, repreendeu o primo dizendo:

- Jean, você está incomodando Anne com esse seu linguajar francês. Quer por favor, deixá-la em paz?

- Desculpe mon petit. Não quis envergonhá-la. Estava só elogiando sua beleza ruiva. - desculpou-se Jean. Anne acabou rindo, pois a cara que ele fez era muito engraçada. Assim, começo a relaxar e tiveram uma ótima conversa. Tinha que admitir que Jean era divertido e inteligente, não mais do que Gilbert, é claro, e nem tentou compará-los, pois sabia que Jean perderia  na comparação, pois havia uma coisa diferente sobre Gilbert que ela não podia ignorar. Talvez fosse a maneira como ele cuidava de todo mundo que lhe importava. Quando o conhecera, achara que ele era frio por causa de sua postura sempre séria e contida, mas depois de algum tempo, entendeu que ele era tão ou mais emocional do que ela, e isso o tornava muito especial aos olhos dela. Mas estava gostando da companhia de Jean, principalmente porque ele lhe contava muitas histórias interessantes sobre a França, e suas aventuras pelas ruas pariense, todas envolvendo garotas bonitas, é claro.

De repente, a atenção dela foi atraída por um garoto que nadava no mar com movimentos tão perfeitos, que por alguns segundos ela ficou presa a cada braçada que ele dava. Então, ele virou o rosto e ela o reconheceu.

Anne viu Gilbert sair do mar completamente molhado pelo mergulho que dera, as gotículas de água salgada caiam de seus cabelos, descendo pelo seu rosto e pescoço, indo se alojar no peito moreno que brilhava ao sol. Como que hipnotizada, Anne não conseguia tirar os olhos dele. Arfou em expectativa quando o viu caminhar em sua direção. Percebeu que Gilbert também ficara surpreso por encontrá-la ali, e depois viu que ele olhava para ela de maneira atrevida, passeando os olhos por cada centímetro de sua pele alva exposta pelo biquíni preto minúsculo. Anne sentiu como se milhares de descargas elétricas a atingissem de uma única vez, se esqueceu de onde estava sentindo-se quase nua sob aquela inspeção tão íntima. Gilbert jamais a olhara assim, por isso não sabia se ele aprovava ou desaprovava a maneira como ela estava vestida naquela praia tão cheia de gente.

Gilbert estava impressionado. Quando saíra do mar, não imaginava que Anne estivesse justamente naquela praia, e trajando um biquíni que revelava um corpo perfeito. Ele nunca a vira vestida assim, e a visão de Anne tão sexy naquela roupa mínima, trazia imagens um tanto ousadas para sua mente. Então, sacudiu a cabeça a fim de afastar os pensamentos pouco respeitáveis que o invadiam naquele instante.

Ele também não pôde deixar de notar o rapaz alto e louro que a acompanhava. Anne parecia estar se divertindo com algo que ele dizia baixinho em seu ouvido, pois dava para ouvir seu riso cristalino enchendo o ar, enquanto seu cabelo ruivo descia suave até suas costas. Gilbert estava no auge da irritação mil vezes potencializada por seu ciúme, quando o rapaz passou o braço em volta do ombro de Anne.

Não, ele não ia permitir que outro cara que não fosse ele abraçasse Anne daquele jeito, por esta razão, esqueceu completamente as regras da boa educação e rumou em direção à menina, decidido a afastá-la dele imediatamente. Pegou-a pelo braço, e disse sem perder tempo:

- Com licença, meu camarada, mas eu e esta senhorita temos algumas pendências para acertar. – e assim caminhou em direção às pedras altas da praia, arrastando Anne junto com ele. Encontrou um lugar reservado, longe das vistas de todos, e ficou de frente para a menina.

- Quem você pensa que é para me arrastar até aqui como se eu fosse sua propriedade?- ela perguntou com os olhos soltando chispas de raiva.

- E o que você pensa que estava fazendo, deixando que aquele garoto tocasse em você como se fossem íntimos?- Gilbert respondeu com outra pergunta.

- Então é disso que se trata? Ficou com seu ego de macho ferido por que outro garoto se aproximou de mim? – ele sentiu o desdém na voz de Anne.

- Se aproximou só não, ele estava tomando certas liberdades com você que não acho que são muito apropriadas.

- Ora, Gilbert. Não sei por que se isso seria de sua conta já que não estamos mais juntos. - Anne continuava indignada pela atitude dele.

- É claro que é da minha conta. - Agora Gilbert estava irritado novamente.

- Entenda de uma vez por todas, Blythe. Não existe mais nada entre nós.

- É mesmo? Pois eu vou te mostrar que ainda existe muita coisa entre nós. - Gilbert a puxou para ele, e ficaram com os rostos muito próximos, olhos se enfrentando em uma batalha intima. Anne tentou se libertar, empurrando-o sutilmente para longe dela, mas logo desistiu, pois sabia que era inútil. Naquela luta entre os dois ela sempre acabava cedendo, e em segundos estava nos braços dele, pele contra pele, lábios sobre lábios, e aquele fogo que ameaçava queimá-la até a alma.

- Pare com isso!  - disse Anne, quebrando o encanto daquele momento.

- Você quer mesmo que eu pare? É isso mesmo que quer?- Gilbert fez aquela pergunta olhando no fundo dos olhos dela. Anne sustentou-lhe o olhar e perguntou:

- Por que entre todas as garotas do mundo você tinha que se interessar logo por mim?

- Porque não existe ninguém no mundo inteiro para mim que não seja você. - A sinceridade de Gilbert deixou Anne sem fôlego, e aquelas palavras a deixaram mais feliz do que queria admitir, mas ela não podia deixar se levar daquela maneira, por isso disse:

-  Agora você está exagerando, Gilbert.

- Não estou exagerando, Anne. E você? Vai continuar negando o que sente por mim? – Anne fugiu da pergunta dele dizendo:

- A questão não é o que sinto por você, mas o que outras pessoas sentem por você.

- Me diz logo o que quer dizer com isso, pois odeio quando fala em códigos. - Gilbert estava ficando impaciente, e Anne podia perceber isso pelo tom de voz dele um pouco mais alto do que o normal.

- A Ruby gosta de você.

- O que ela tem a ver com a gente? – perguntou Gilbert, sem entender o que Anne acabara de dizer.

- Ela tem tudo a ver com a gente.

- Já te disse que não sinto nada por ela, não sei por que você sempre volta nesse assunto. – davam voltas e voltas e sempre chegavam naquele ponto.

- Isso é o que você diz, mas tenho visto você em companhia dela nestes últimos dias.

- Se você não percebeu,  é ela que me procura e não o contrário.

- Mas você não a afastou de você, não é?- ela continuava insistindo no mesmo assunto.

- Por que eu tenho a impressão de que você quer usar a Ruby como desculpa para se afastar de mim?- O olhar de Gilbert a deixava na defensiva.

- Isso não é verdade. Pode me jurar que não sente nada por ela?

- Eu não vou jurar nada. Se não confia na minha palavra, não há mais nada que eu possa fazer. Já te provei de mil maneiras diferentes o que sinto por você. Quantas vezes mais vou ter que te convencer disso? – Gilbert falava aquelas palavras de uma só vez, como se não suportasse guardá-las dentro de si por mais tempo.

- Você não tem que me provar nada. Só acho que o que existe entre nós é apenas uma atração física. - Ela estava mentindo, é claro, mas não deixaria Gilbert saber disso.

- Atração física? Pensa que não sei o que sinto? Já sei. Você é dessas pessoas que precisa de palavras para poder acreditar, só ações não bastam. OK, então vou te dizer. – o rosto de Gilbert estava tão transtornado pela indignação que Anne ficou amedrontada pela reação dele, então disse, tentando apaziguar a situação:

- Não, Gilbert. Eu não preciso ouvir nada.

- Vou dizer assim mesmo. Eu te... - mas antes que Gilbert terminasse a frase, Anne o interrompeu:

- Pare Gilbert. Já disse que não quero ouvir nada.  - precisava impedi-lo, pois se o deixasse falar, as coisas não seriam mais as mesmas.

Um pânico crescente surgiu dentro dela, olhou para Gilbert e viu sua expressão magoada. Não conseguia suportar o jeito como ele a olhava. Tentou tocar o rosto dele, mas Gilbert se afastou dizendo:

- Por favor, não me toque. - ao ouvir aquelas palavras, Anne encolheu a mão como se tivesse sido queimada, e o que viu no olhar de Gilbert a deixou terrivelmente infeliz.

Um silêncio pesado caiu entre eles, e quando Anne achou que não aguentaria mais todo aquele clima pesado, ouviu Gilbert dizer:

- Tudo bem, Anne. Acho que agora entendi tudo. Você não quer ficar comigo porque prefere ser livre para ficar com quem quiser.

- Gilbert, o que está dizendo? Você não entendeu nada.

- Então me explica para que eu possa entender o sentido de tudo isso. - quando Anne não disse nada, ele continuou.

- Não vai me dizer nada, não é? Nunca me diz nada. Quer saber, estou farto dessa brincadeira, vou fazer sua vontade e deixá-la em paz.  Espero que aproveite bem suas férias e a companhia de seu novo amigo. – então Gilbert a deixou sozinha, e caminhou para longe sem olhar para trás.

Anne ouviu sua voz interior gritar dentro de sua cabeça. “Ele está indo embora, sua idiota. Faça alguma coisa!”, mas não se mexeu, simplesmente não conseguia ordenar suas emoções. Depois de alguns minutos, se sentiu forte o bastante para voltar para a praia. Viu Diana brincando com Jerry na água, e Jean estava entretido conversando com uma garota que o olhava com adoração.

Aliviada por nenhum deles ter notado sua presença, Anne se sentou na areia e observou as ondas do mar indo e vindo até tocarem seus pés. Lembrou-se das palavras de Gilbert, e percebeu que ele tinha razão. A culpa de toda aquela situação era dela. Gilbert também estava certo quando dissera que ela usava Ruby como desculpa pra manter-se longe dele, quando o único obstáculo entre os dois era ela mesma.

Mas havia uma razão para isso, algo que ela nunca conseguira dizer em voz alta para ninguém. Desde que viera para Avonlea tinha aquela sensação de que não devia estar ali. Sentia como se vivesse a vida de outra pessoa, como se a família que agora tinha, os amigos que conquistara tinham-lhe sido emprestados e os perderia a qualquer momento, por isso, não se sentia digna do amor de ninguém, muito menos do dele. Ser órfã a tinha afetado mais do que queria admitir, pois tinha sempre aquele medo escondido no seu subconsciente de que de uma hora para outra seria deixada sozinha de novo, e por isso evitava se envolver profundamente em qualquer situação que a deixasse vulnerável e expusesse todo o horror que sentia por dentro.

Mas por causa de sua covardia, Gilbert tinha ido embora e ela era responsável pela mágoa dele. Como fora tola, e tão idiota por não ter confiado nele, conseguia enxergar isso com uma verdade cristalina neste momento. De repente, não quis mais ficar na praia, procurou por Diana e disse que estava indo embora.

- Quer que eu e o Jerry te acompanhemos?- perguntou a amiga.

- Não, não é necessário. Fiquem mais um pouco e aproveitem bastante.

- Não sei se posso te perguntar, mas e você e o Gilbert?

- Depois a gente fala sobre isso, é melhor eu ir andando. - se despediram e Anne chegou a Green Gables meia hora depois. A casa estava silenciosa, pois Marilla e Matthew tinham ido a uma reunião da comunidade na casa de Rachel e demorariam a voltar.

A ruivinha tomou um banho e se sentou na varanda para ver o sol se pôr. Sentia-se inquieta e não conseguia relaxar, a imagem do rosto magoado de Gilbert voltava a sua cabeça a toda hora. Precisava falar com ele, será que era tarde demais para consertar as coisas? Não esperava que ele a perdoasse, mas queria que ele entendesse o porquê de sua indecisão, e todos os medos que a paralisavam, impedindo-a de viver uma vida plena e feliz. Saber que ele a considerava volúvel e que queria apenas se divertir com os sentimentos das pessoas a incomodava demais, talvez não se sentisse assim se outra pessoa pensasse isso dela, mas com Gilbert isso era diferente.

Resolveu ir até a fazenda dele naquele mesmo dia, pois queria tirar o peso que sentia de cima de suas costas. Caminhou bem rápido, pois estava ansiosa para falar com o menino logo.

Bateu na porta e esperou impaciente que ele viesse abri-la, mas ficou surpresa ao ver Sebastian atendê-la e não Gilbert.

- Oi, Sebastian. Eu queria falar com o Gilbert. - a voz dela tremeu um pouco ao dizer isso.

- Oi Anne, o Gilbert não está. - ele pareceu um pouco desconcertado com a presença dela ali.

- Ele vai demorar? Será que posso esperar?

- Olha Anne. O Gilbert viajou com a família da Ruby para o Sul.

Ela arregalou os olhos de surpresa, depois sentiu aquela dor familiar tomar conta do seu peito. Olhou para Sebastian e disse da melhor forma que conseguiu:

- Tudo bem, então. Eu falo com o Gilbert quando ele voltar, não era nada importante mesmo.

- Vou falar para ele que esteve aqui. - disse Sebastian.com pena da menina.

- Obrigada. – disse Anne simplesmente, voltando para Green Gables.

Então ele tinha viajado com Ruby. Talvez fosse melhor assim, pensou. Chega de chorar por Gilbert Blythe, chega de se lamentar pelo o que tinha perdido, estava na hora de deixá-lo ir e esquecer esse sonho de amor que nunca lhe pertencera.

Mas se acreditava mesmo nisso, por que ela sentia como se toda luz de vida tivesse se apagado de dentro dela de repente, e ela tivesse sido deixada sozinha e perdida no meio da escuridão da noite? Tinha se atirado ao mar e agora se afogava, restava saber se conseguiria viver com isso..

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Tenham uma boa leitura.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...