1. Spirit Fanfics >
  2. Anne with an e- continuação da série >
  3. Em Chamas

História Anne with an e- continuação da série - Em Chamas


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Queridos leitores,
O capítulo de hoje quero dedicar a todos vocês que têm acompanhado esta história, e que por meio de seus comentários me dão ideias incríveis, alimentando assim minha criatividade.
Obrigada por todas as semanas deixarem suas opiniões sobre cada capítulo, me incentivando a continuar a escrever sobre um amor tão inspirador como o de Anne e Gilbert, que aquece nossos corações com sua simplicidade e beleza. Tem sido uma aventura muito prazerosa para mim poder escrever sobre sentimentos humanos comuns a todos nós, fazendo com que cada personagem seja tão real e verdadeiro, que nos passa a ideia de que caminhamos no meio deles, sentindo suas tristezas, alegrias, dúvidas e emoções. Espero que apreciem mais esta parte da história que tenho contado, e que no final me digam o que acharam, pois tentei fazer o meu melhor para que vocês tivessem mais um capítulo interessante no qual se inspirar.
Beijos Rosana.

Capítulo 27 - Em Chamas


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Em Chamas

Capítulo 27

Em chamas

 

GILBERT

 

O dia amanhecera branco pela neve que caíra na noite anterior, e o vento sussurrante entre as árvores anunciava mais uma manhã gelada. Mas apesar do mau tempo e da temperatura que ameaçava cair até atingir zero grau, Gilbert permanecia em seu quarto alheio a tudo, pois tinha tantas coisas mais interessantes para pensar do que ficar irritado com a variação do tempo, tão frequentes no inverno.

As lembranças do Natal ainda estavam frescas em sua memória, e pensar sobre isso o deixava completamente distraído. Ele tentava se concentrar em outras coisas com sua costumeira energia e dedicação, mas sua mente se recusava a deixá-lo esquecer. Anne, ela estava em todos os lugares, todos os aromas o lembravam dela, todos os gostos não se comparavam ao sabor dos beijos dela, nem a rosa mais bela do jardim de Mary tinha o frescor da pele de Anne. Ela era tão cheia de vida que o contagiava, pois ela possuía dentro de si uma paixão sem limites por explorar o mundo a sua maneira, sem se importar com o que estava por vir. Gilbert logo descobrira que precisava dessa paixão para se sentir viv, para se sentir inteiro, e sem ela  ele tinha certeza de voltaria para sua antiga vida  insípida de antes, onde o futuro parecia ser incerto e obscuro. Mas naquele exato momento, Gilbert sabia o que queria e como queria que fosse o seu futuro, e já não conseguia se imaginar vivendo uma rotina de dias todos iguais, depois que bebera da fonte da vida que existia em Anne, e sem isso nada valia a pena.

Mesmo com aquele tempo ruim, ele e Anne se viam todos os dias, pois Gilbert não suportava a ideia de não estar com ela, ele atravessaria montanhas de neve só para encontrá-la, e nadaria um oceano inteiro se fosse necessário, pois já entendera que ela estava em seu destino e em hipótese nenhuma viveria sem ela.

Enquanto mudava de posição na cama, mais lembranças de Natal chegaram até ele capturando o resto de consciência que lhe restava. Ele então se recordou de tudo o que vivera com ela naquela noite, e o dia seguinte chegara encontrando-o ainda em companhia dela. Não pudera ir para casa porque a tempestade de neve piorara, e Anne fizera um convite que ele não pudera recusar.

- Por que não passa a noite aqui, Gilbert? Marilla e Matthew somente voltarão para Green Gables amanhã à tarde, e temos o quarto de hóspedes disponível. O tempo está muito ruim para que você volte para casa.

- Anne, acha que é uma boa ideia? Será que Matthew e Marilla não ficarão zangados por eu passar a noite aqui?- ele perguntara preocupado.

- Bom, acho que eles te fariam o mesmo convite se estivessem em casa. Qualquer um pode ver que andar nesse tempo é correr riscos desnecessários. Além do mais, temos quartos sobrando  em Green Gables, e não acho  nada demais você ficar comigo.

- Está bem, ficarei aqui com você. Mesmo porque eu não gostaria de te deixar sozinha esta noite. – ele concordara.

- Acho que vou fazer mais chocolate quente. Você quer?

- Quero sim. – Gilbert a seguiu até a cozinha e a viu retirar os sapatos, subir em uma cadeira para pegar os ingredientes e fazer a bebida. O armário era muito alto para ela, e mesmo com o apoio da cadeira Anne quase não conseguia alcançá-lo, precisando ficar na ponta dos pés, e ao fazer isso, boa parte de seu vestido subira evidenciando as suas coxas nuas. Gilbert prendera a respiração, engolira em seco e disfarçara sua excitação o melhor que pôde, e quando Anne sorrira para ele de forma especial, ele saíra da cozinha rapidamente, pois temia que acabassem no sofá da sala novamente.

Quando Anne aparecera com bebida, ela parecera não notar a inquietação de Gilbert, conversando com ele com naturalidade e animação. Logo depois, levou-o até o quarto de hóspede que ficava em ao lado do dela. Gilbert olhara para Anne sem acreditar, mas não encontrara no rosto dela nenhuma expressão que denunciasse que fora proposital.  Ele decidira confiar nas palavras dela quando lhe dissera que aquele era o melhor quarto da casa, e dera-lhe o benefício da dúvida, tentando com todas s forças não pensar que ela o estava provocando deliberadamente.

Proposital ou não, o fato é que ele não dormira a noite toda, inquieto demais ao se lembrar de que ela estava bem no quarto ao lado, talvez vestindo uma de suas camisolas curtas de algodão. De manhã, Anne o encontrara na cozinha, de pé ao lado do fogão de Marilla, preparando o café da manhã.

- Dormiu bem?- Anne perguntara, dando-lhe um beijo no rosto.

- Sim, dormi muito bem. - Gilbert respondeu desviando rapidamente o olhar. Não podia dizer a ela que passara as infindáveis horas da madrugada, olhando para o teto no escuro, e que várias vezes se levantara, parando em frente do quarto dela, ameaçando bater na porta. Somente não o fizera, porque percebera a tempo a loucura que aquilo seria. Tomaram café juntos, e duas horas mais tarde, Gilbert se despediu e fora para casa, pois não queria cair na tentação de fazer algo do qual se arrependeria depois.

- Gilbert, tem alguma coisa errada? –Gilbert ouviu Mary perguntar ao pé da escada, afastando seus pensamentos de Anne.

- Não, está tudo bem, Mary. Por quê?

- É que você nunca fica na cama até a essa hora, pensei que estava doente. -  Ela disse aliviada.

- É só preguiça mesmo, mas já vou me levantar.

- Então não demore, fiz bolo de milho e acabou de sair do forno.

- Dê-me cinco minutos.

Gilbert desceu para tomar café logo em seguida, e depois ajudou Mary  a lavar a lousa. Olhou para fora e viu que o tempo ainda estava péssimo, e a única coisa que poderia fazer era alimentar os cavalos, mas soubera por Mary que Bash já estava fazendo isso, então, voltou para o quarto e resolveu tocar um pouco de violão.

Gilbert voltara a usar o instrumento depois de quase um ano sem sequer tocar uma nota. Após a morte do pai, ele não sentira mais vontade de fazer coisa alguma, ficara tão perdido e magoado que a única coisa que quisera fazer era fugir, e somente agora percebia o quanto fizera falta esta parte de sua vida. Tocar sempre lhe dera a sensação de ser transportado para um mundo de belezas onde o sofrimento ou a tristeza não tinham espaço, existiam somente ele e seu coração, e agora ele descobrira que conseguia trazer a imagem de Anne com ele em seus momentos de completa elevação, e até escrevera uma música para ela, já tinha a letra e agora estava trabalhando na melodia.

Mary adorava ouvi-lo tocar, dizendo que acalmava o bebê em seu útero que estando tão perto do parto não parava de se mexer, dificultando o sono dela durante a noite. Por isso, passara a tocar mais vezes durante o dia, aproveitando que as aulas estavam suspensas durante o período das festas, e Mary sempre se sentava com ele no sofá para ouvir suas músicas preferidas que ele aprendera a tocar somente para agradá-la.

Estava feliz que a gravidez dela estivesse no final, pois percebia seu desconforto todos os dias ao se levantar, e muitas vezes ele tinha que ajudá-la a caminhar até a poltrona da sala, pois ela já não conseguia dar um passo sem apoio. Ele notara preocupado as olheiras em volta dos olhos denunciando suas noites mal dormidas, e o apetite que diminuíra drasticamente, aumentando mais ainda sua apreensão por ela.

Às vezes, Gilbert a visitava durante a noite, velando o seu sono, e fazia isso com a ajuda de Sebastian que se mudara para o outro quarto, com a intenção de dar a ela mais espaço e conforto. Mas apesar dos pesares, ela parecia bem emocionalmente. Acordava sempre radiante, como se tivesse dormido uma noite inteira sem interrupções, e realizava as poucas tarefas que ainda lhe eram permitidas fazer, pois Mary detestava o ócio. Ela sempre trabalhara, e estar limitada a atividades manuais como fazer bordados e costurar se tornara um pesadelo para ela, que era do tipo de pessoa que arregaçava as mangas, e enfrentava qualquer coisa com a disposição de um leão. Mary era pau para toda obra, como ela mesma costumava dizer, e não conseguia se acostumar com a ideia de fica confinada dentro de casa a mercê de sua momentânea limitação física. O que lhe dava certo alívio é que toda essa situação era passageira, e terminaria assim que tivesse seu lindo bebê nos braços.

Gilbert ainda pensava sobre isso quando ouviu uma leve batida na porta.

- Entre, estou aqui. - a porta se abriu revelando seu amigo Muddy atrás dela. Gilbert ficou surpreso. Desde o coral ele não o via, pois agora era o namorado oficial de Ruby, e como ainda existia certa reserva da menina em relação a Gilbert e Anne, Muddy preferia se manter afastado dos amigos para não aborrecê-la, o que deixava Gilbert furioso.

- Oi, Gilbert. Posso entrar?- Ele dissera da porta.

- Claro. Por que toda essa cerimônia? Sempre entrou em meu quarto sem pedir permissão, por que agora está tão cheio de dedos comigo?- Gilbert perguntara.

- Bem, sei que não aprova o meu namoro com Ruby. Então, pensei que também não gostasse de me ver aqui. - a expressão de Gilbert mudara completamente, de alegre para aborrecida, ao ouvir o amigo mencionar o nome da menina.

- Muddy, somos amigos desde o jardim da infância. Vivemos juntos  boa parte de nossas vidas. Então, não é o seu namoro com a Ruby, que vai acabar com nossa parceria de anos. Mas, devo concordar com você, que não aprovo esse namoro. Ela não te merece, amigo.

- Olha Gilbert. Eu sempre te apoiei em todas as situações e não me arrependo por isso. Mas, peço apenas que tenha um pouco de paciência com ela. Ruby não e má pessoa. - Gilbert balançou a cabeça, pensando no quanto Muddy estava iludido, mas não disse nada.  Ia esperar que o amigo descobrisse o caráter de Ruby sozinho.

- Mas não foi para falar sobre o meu namoro com a Ruby que vim  até aqui. Na verdade, eu queria te fazer um convite.

- Um convite?- Gilbert perguntou interessado no que o amigo tinha a dizer.

- Sim.  Todos os anos minha família e eu viajamos para as montanhas, e passamos a véspera de Ano Novo com alguns parentes nossos que moram lá. Aí eu pensei que você e a Anne, a Diana e o Jerry, e quem mais quisesse poderiam ir com a gente. E não precisaríamos ficar na casa de meus parentes, pois meu tio tem um resort de esqui com quartos disponíveis para os visitantes. O que acha? – Muddy perguntou ansioso pela resposta de Gilbert.

O menino pensou por alguns instantes na proposta do amigo. Era uma ótima ideia, pois tanto ele quanto Anne não haviam feito ainda nenhum plano para a virada do ano, e passá-lo com ela nas montanhas seria algo no qual ele nunca havia pensando. E quanto mais pensava nessa ideia, mais atraente ela lhe parecia. Então, depois de alguns segundo ponderando sobre o convite de Muddy, ele disse:

- Acho que esta é uma excelente ideia. Vou falar com a Anne hoje mesmo.

- Que legar Gilbert! Tenho certeza de que vamos nos divertir muito. - disse Muddy animado. - Vou esperar pela sua resposta, e depois confirmo com o meu pai caso vocês realmente forem conosco. Partiremos amanhã de manhã.

- Certo. A gente se fala mais tarde. – disse Gilbert, ao ver Muddy se despedir.

Gilbert decidiu ir até Green Gables falar com Anne sobre aquele assunto, por isso, se vestiu com roupas pesadas de inverno e botas apropriadas para caminhar na neve. Queria avisar Mary antes de sair, mas ao ir até o quarto dela percebeu que ela estava dormindo, então escreveu um bilhete explicando para onde estava indo, e saiu de casa.

Lá fora parecia que o mundo todo congelara, pois Gilbert não conseguia enxergar nada que não tivesse sido tocado pela neve do dia anterior. Começou a dura tarefa de abrir caminho por quilômetros e quilômetros de tapete branco, que dificultava seus movimentos. Na verdade, ele sempre gostara de caminhar no inverno, o que era penoso para muitas pessoas, para ele era incrivelmente estimulante. Quando criança adorava fazer bonecos de neve em frente à sua casa, ajudado pelo pai, que naquela época ainda não tinha sido atingido pela gravidade de sua doença. Depois, quando ele ficara enfermo, Gilbert nunca mais se dera aquele prazer.

Estava um pouco cansado quando chegara à Green Gables, mas também se sentia revigorado. Bateu na porta de entrada, e Anne veio abri-la, sem imaginar quem seria, pois normalmente ele nunca vinha ali àquela hora do dia.

- Gilbert? Aconteceu alguma coisa?- ela lhe perguntou preocupada.

- Não, fique tranquila. Sei que combinei que viria mais tarde, mas é que o Muddy me fez um convite que eu gostaria de repassá-lo a você.

- Que convite? – seus olhos brilharam de interesse.

- Ele nos convidou para irmos com sua família para as montanhas amanhã. Ele tem um tio que é dono de um resort onde podemos esquiar. O que acha? Ele também disse que podemos convidar quem quisermos.

- Que ideia genial, Gilbert. Vou falar com Marilla e Matthew agora mesmo, eu não quero perder uma oportunidade maravilhosa como essa. Me espere um pouquinho aqui na sala e se aqueça.- ele a viu subir as escadas e desaparecer no andar de cima enquanto falava com ele.

Gilbert se sentou perto da lareira que tinha sido alimentada por Anne minutos atrás, e ficou esperando que ela voltasse. Sem quere seus olhos pousaram no sofá da sala, e ele se lembrou do que quase acontecera ali na noite de Natal. Imagens de Anne deitada com os cabelos espalhados pelas almofadas, completamente entregue aos seus beijos acelerou sua pulsação, e ele se levantou nervoso. Deus do céu! Estava ficando completamente louco por ter pensamentos inapropriados sobre sua namorada àquela hora do dia. Que belo depravado ele estava se tornando!

Anne retornou naquele instante e disse toda feliz:

- Eles concordaram. Será que posso convidar Diana e o Jerry?

- Claro. O Muddy disse que podemos levar quem quisermos.

- Nesse caso, vou convidar o Cole também. Se ele não tiver nenhum outro compromisso ele poderá ir conosco e levar o seu amigo Pierre.

- Amigo Anne? Tem certeza? – Gilbert perguntou com um brilho malicioso no olhar.

- Ora, você me entendeu Gilbert Blythe. Não me faça dizê-lo em voz alta.  – Anne disse, dando um tapinha no ombro de Gilbert, fazendo-o rir sem parar.

- Será que agora que decidimos o que fazer no Ano Novo, poderíamos namorar só um pouquinho antes de eu voltar para casa?- Gilbert perguntou, olhando diretamente para os lábios de Anne, e ela captou a mensagem dele imediatamente.

- Venha comigo. - ela disse misteriosa, pegando na mão dele e levando-o para fora.

Anne conduziu-o até o celeiro, levando-o escada acima, onde havia um esconderijo que só ela conhecia, e onde ela sempre ficava quando queria se afastar de todo mundo para pensar ou ficar sozinha. Quando chegaram lá, ela não esperou Gilbert dizer qualquer coisa, simplesmente atirou os braços envolta do pescoço dele e enterrou as mãos em seus cabelos puxando-o para um beijo.

E que beijo fora aquele! Intenso, profundo e incrivelmente sexy! Gilbert gemeu baixinho quando Anne colou seu corpo no dele, e ele pôde sentir as curvas femininas em suas mãos. Ele queria mais e sua boca explorou a dela devagar, e foi aprofundando o beijo conforme sentia que Anne o acompanhava em sua excitação. Suas mãos foram parar um pouco abaixo da cintura dela, e ele apertou as formas arredondadas sobre o vestido grosso de inverno, fazendo com que Anne se agarrasse mais ainda ao seu pescoço. Ela o deixava cada vez mais maluco quando agia dessa forma, pois o pegava totalmente de surpresa. Ela parecia tão séria em alguns momentos, corando com apenas um olhar dele, mas em outros  Anne se transformava nessa garota incrivelmente sedutora que o fazia quase perder a cabeça, como agora.

Gilbert interrompeu o beijo, pois caso contrário, não conseguiria mais se controlar. Estava louco por ela, não podia negar, tê-la assim já não bastava. Queria-a por completo, somente dele e demais ninguém. Mas havia sempre aquele seu senso de proteção que o obrigava a voltar à razão como naquele momento.

- Gilbert, por que você tem que interromper o nosso beijo no melhor momento?- Anne reclamou com ele.

- Anne, você reparou onde estamos? – ele obrigou-a a olhar para baixo.

- Qual é o problema? – ela perguntou teimosamente.

- Você ainda vai acabar comigo garota.

- Não te avisaram para nunca se envolver com ruivas de sangue quente?

- Não, mas mesmo que tivessem me avisado, acho que me arriscaria mesmo assim. Você me tira completamente do sério.

- Verdade? – Anne olhou para ele provocantemente, mordendo o lábio inferior.

- Não faça isso. –Gilbert disse ofegante

.- Por que não? - ela continuou a provocá-lo.

- Não consigo pensar direito quando você faz isso. - ele respondeu. – Vamos sair daqui antes que a gente perca o pouco de juízo que nos resta. - pegou na mão de Anne levando-a para baixo.

- Estraga prazeres. - ela resmungou, e foi reclamando todo o caminho até que Matthew apareceu na varanda da casa, e os convidou para tomar café. E todo o tempo que ficaram sentados na cozinha em companhia de Matthew e Marilla, ambos somente conseguiam pensar na viagem do dia seguinte, que prometia ser excitante.

 

ANNE

 

- No que está pensando, Anne? – Cole perguntara quando percebera que ela não estava prestando atenção em uma palavra do que ele dizia.

Anne olhou para Cole de maneira distraída, a tempo de ver um brilho divertido nos olhos dele.

- Desculpe, Cole. O que disse?

- Eu não te falei que ela anda assim o tempo todo agora? – Diana falou para Cole. – Quer fazer uma aposta? A razão de sua distração começa com o nome Gilbert e termina...

- Com Blythe. – o menino completou, entrando na brincadeira de Diana.

- Ei, vocês dois. Parem de falar como se eu não estivesse aqui. – Anne retrucou mal-humorada.

- Não fique zangada. É só uma piada. - Cole disse abraçando a ruivinha.

-Vocês adoram zombar de mim. Principalmente porque eu...

- Está apaixonada por Gilbert Blythe. Isso todo mundo já sabe. Está escrito na sua testa. - Diana falou afastando uma mecha do seu longo cabelo negro.

- Diana tem razão. Você parece muito apaixonada.

- Os dois estão muito apaixonados Você precisa ver como eles se olham. Soltam faísca por todos os lados.

- Diana!- Anne estava ficando constrangida com todos aqueles comentários sobre a sua intimidade.

- Anne, isso também não é novidade. Eu sei como você também sabe que Gilbert é louco por você.

Santo Deus! Será que aquela conversa nunca ia ter fim? Sabia que era culpada por não saber mais como disfarçar o que sentia por Gilbert. Esperava pelo menos que nem Diana ou Cole pudessem adivinhar em que direção iam seus pensamentos.

Tivera um Natal perfeito com Gilbert. Lembrou-se da festa, do passeio de carruagem, da troca de presentes, e daquele olhar que a queimava por dentro, e que se tornava uma fogueira completa quando ele a tocava. Ela amava cada beijo, cada suspiro, ela amava a voz dele rouca em seus ouvidos, e ela amava mais ainda ver o desejo que ele sentia por ela se tornar uma labareda de paixão que sempre envolvia os dois em suas chamas ardentes. E acima de tudo, ela amava Gilbert Blythe com todas as fibras do se ser. Amava-o por ser tão generoso com ela, por compreendê-la como ninguém, amava-o por simplesmente proporcionar a ela a melhor época de sua vida, por dar-lhe a chance de ser quem era, por nunca deixá-la desistir. Como não poderia ser feliz quando tinha Gilbert do seu lado? Ele era tudo o que ela precisava, e principalmente ele era o amor de sua vida.

Riu ao se lembrar dos dois naquela tarde quando ele viera lhe trazer o convite de Cole. Ela praticamente o atacara quando ficaram sozinhos, e os beijos que trocaram a deixaram querendo mais. Ficara frustrada quando Gilbert se afastou dela, pois por mais que soubesse que ele estava certo, que ali não era o lugar mais apropriado para se entregarem ao que sentiam, ela não conseguira fazer com que seu corpo entendesse isso também, pois ela o queria tão desesperadamente que perdia todo o bom senso e razão.

- Anne, a que horas vamos sair amanhã para o resort? – Diana perguntara, tirando-a de seus pensamentos.

- Ás sete da manhã. Muddy disse a Gilbert que este horário é o melhor para uma viagem até as montanhas. –ela olhou para Cole e perguntou:

- Você não vai mesmo com a gente?

- Prometi aos meus pais que ficaria com eles. Fiquei muito tempo longe dessa vez e acho que eles merecem essa atenção.

- E Pierre? – Anne perguntou.

- O que tem ele?

- Vocês estão se entendendo afinal?

- Anne, somos amigos. – Cole respondera um tanto incomodado.

- Amigos com benefícios?- perguntou Diana com certa malícia.

- Você está tão engraçadinha hoje, Diana. Olhe para o Cole, você o deixou constrangido.

- Deixa para lá, Anne. Você sabe que Diana adora chocar quando tem a oportunidade.

- Você não gosta dele, Cole? -  Anne olhou o amigo nos olhos.

- Gosto, mas é complicado. – Cole passou a mão pelos cabelos loiros, e Anne não pôde deixar de observar o quanto ele era bonito.

- Por quanto tempo ainda, você vai ficar se escondendo? – Diana perguntou com as mãos nos quadris.

- Você sabe como as coisas são por aqui, Diana. Não estamos na França onde tudo é aceitável e permitido. – Cole respondeu.

- Então, você vai ficar sozinho para sempre só por causa disso?

- Diana pare de ser tão impertinente. Vamos apoiar Cole no que ele decidir.

- Obrigado. Vocês sempre foram e serão minhas melhores amigas. – Cole disse emocionado abraçando as duas. Quando se afastaram Diana sugeriu.

- Que tal se jogássemos monopólio? – estavam no quarto dela e tinham muito espaço por ali.

- Que surpresa. Pensei que ia nos convidar para tomarmos chá. - Anne disse brincando.

- É mesmo. Minha mãe acabou de fazer um bolo delicioso.

- Não disse que essa garota só pesa em comida? -. Anne balançou a cabeça em direção a Cole

 

 

- Tanto quanto você pensa no Gilbert.

- Lá vai ela começar tudo de novo. - Anne disse ainda rindo da cara de brava de Diana.

- Não sei por que reclama. Vocês fazem um par tão bonito. – Diana elogiou.

- Nisso eu tenho que concordar com ela - Cole disse.

- Quando foi que a conversa sobre Cole se tornou uma conversa sobre mim? –Anne resmungou.

-Tudo bem Anne.  Prometo que não vou te amolar mais sobre isso até a nossa viagem. - Diana deu um cutucão em Anne.

- Não sei se acredito nisso. Você sabe ser implicante quando quer.

- Tem a minha palavra – Diana fingiu estar séria, e depois disse. - Será que podemos jogar monopólio agora?

Cole e Anne concordou e enquanto jogavam,  Anne pensou que jamais encontraria amigos melhores que aqueles, e essa dádiva carregaria em seu coração por toda vida. Nunca dissera a eles o quanto se sentia afortunada por ter amigos tão leais, e defenderia aquela amizade com unhas e dentes. Eles eram seu porto seguro, sua força na batalha da vida, eles eram como seus irmãos, eles eram a melhor parte dela, e esperava que nunca tivesse que deixá-los para trás um dia.

 

 

GILBERT E ANNE

 

Eram seis horas da manhã da véspera de Ano Novo, e Anne já estava acordada. Ela se sentia ansiosa demais pela viagem que faria ao lado de Gilbert, Diana e Jerry para conciliar o sono. Cole decidira não ir, e a desculpa que ele dera mais pareceu a Anne um atestado do medo ou da vergonha de assumir seus sentimentos por Pierre, e Anne iria mais fundo, arriscando-se a dizer que o fantasma do preconceito deixava o amigo apavorado, e a menina sabia bem o que era isso.

Mas, apesar desse pequeno contratempo, imaginava que a viagem seria maravilhosa, não somente por ser a primeira vez que iria para uma estação de esqui, mas principalmente porque partilharia com o namorado aquela experiência tão especial. Estava extasiada com a ideia de passar com ele dias inteiros, sem que tivessem que separar um do outro, e isso era a melhor parte da viagem.

Anne podia sentir que o seu relacionamento com Gilbert entrara em uma fase mais séria, e as coisas entre eles estavam avançando tão rápidas quanto os seus sentimentos por ele se intensificavam.  Gilbert estava mostrando a ela um lado de si mesma que desconhecia, e que só agora, depois de todos esses meses juntos, estava aos poucos mostrando a sua face para o mundo, deixando-a encantada e ao mesmo tempo amedrontada pela sua força e profundidade. Nunca antes fora tocada ou beijada como Gilbert a tocava ou beijava, e isso a estava transformando em uma pessoa diferente do que fora antes de descobrir tais sensações.

Quem poderia imaginar a um ano atrás que aquela garota que vagava de lar em lar, cheia de incertezas e carente de toda forma de carinho, seria essa garota que hoje vibrava de paixão nos braços do único garoto que amara de verdade? Quando se olhava no espelho não conseguia mais enxergar aquela garotinha perdida, sem pais e sem família que só queria um lugar seguro para descansar sua cabeça. E essa segurança ela encontrara naqueles olhos castanhos que transmitiam confiança, naquele sorriso que a fazia se sentir amada, e naquelas mãos que lhe davam vida com um toque ou uma carícia.

A garota que era agora, não tinha medo de ser ousada, de mostrar como se sentia e dizer o que pensava, pois amar Gilbert lhe dera discernimento sobre tantas coisas as quais nunca sequer tinha procurado entender. Gostava dessa maturidade que chegava até ela de maneira tão clara e sábia. Gostava de ter o poder de transformar sua realidade como quisesse, gostava da sensação de se sentir uma mulher, e descobrir novas nuances de si mesma todos os dias, sem as antigas ideias preconcebidas de que ser mulher se limitava a apenas agradar um homem, esquecendo-se de suas necessidades, deixando de lado suas vontades, fechando as portas de seu coração.

Gilbert a libertara das convenções de ter que amá-lo pelas regras de outra pessoa. Ele lhe mostrara que poderia amá-lo por suas próprias regras, sem precisar da aprovação de alguém, sem precisar limitar o que sentia, sem precisar ser alguém que não era.

Anne ouviu uma batida de leve na porta, pegou sua mala e saiu sem fazer barulho, pois Matthew e Marilla ainda estavam dormindo. Encontrou Gilbert a sua espera, e logo que a viu, ele a pegou em seus braços e a beijou como se não se vissem há muito tempo, deixando Anne completamente trêmula e sem palavras.

- Bom dia, meu amor. Passou bem à noite? – ele lhe sorria, e olhando para ele, Anne se perguntou como Gilbert podia ser ainda mais bonito naquela hora da manhã.

- Teria passado melhor se você estivesse comigo. Senti sua falta ontem à noite.

- Eu também.. - Gilbert disse, tornando a beijá-la.

- Ei, vocês dois! Será que dá para esperarem até chegarmos ao resort. –  Gilbert e Anne se separaram ao ouvir a voz de Diana, que acabara de chegar com o Jerry. 

- Não sabia que tínhamos plateia. – Anne disse baixinho para Gilbert.

- Nem eu. – ele lhe respondeu rindo ao ver que ela corara de vergonha.

- Bom dia, para vocês dois. Parece que começaram a diversão sem a gente. - Diana tornou a dizer maliciosa.

- Bom dia, Diana e Jerry. - Anne disse não respondendo a provocação da amiga.

- Onde está o Muddy?- Jerry quis saber.

- Está chegando. – Gilbert respondeu apontando para o portão de Green Gables.

- Não acredito que ela também vai. – Diana resmungou para Anne, ao ver Ruby chegar em companhia de Muddy.

- Ela é namorada dele. Era de se esperar que fosse com a gente. - Anne respondeu.

- Eu sei só que por um momento tive esperanças de que isso não acontecesse. – Diana retrucou desconsolada.

- Não deixe que isso estrague nosso passeio. Vamos nos divertir. - Anne tentou animá-la.

- Tem razão. Será nossa melhor viagem. – Diana respondeu com um sorriso no rosto.

Assim que Ruby e Muddy chegaram mais perto, foram cumprimentados pelos quatro amigos, e depois foram todos até a entrada de Green Gables onde os pais e o tio de Muddy os esperava em dois carros grandes. Colocaram a bagagem no porta malas e seguiram viagem até as montanhas.

A viagem transcorreu tranquila, sem nenhum percalço pelo caminho. Anne acabou adormecendo encostada no ombro de Gilbert, que colocou seus braços protetoramente em volta dela e a acomodou da melhor maneira que podia.

Depois de duas horas e meia chegaram ao seu destino. Então, Gilbert olhou para Anne que ainda dormia, beijou-a de leve nos lábios dizendo:

- Acorda dorminhoca. - Anne abriu olhos ainda pesados de sono, se espreguiçou e perguntou:

- Já chegamos?- Gilbert demorou um segundo para responder, pois se distraiu olhando para rosto delicado de Anne rosado pelo frio, se perguntando se ela sempre se parecia assim tão adorável quando acordava pela manhã. Então, tratou de responder a pergunta dela ao notar o olhar interrogativo com o qual Anne o olhava.

- Já sim. Vamos descer.

Gilbert ajudou Anne a sair do carro, descarregaram a bagagem, e Muddy os levou até os quartos disponíveis do resort. Anne decidiu ficar com Diana, Muddy com Jerry, sobrando os outros dois quartos vazios para Ruby e Gilbert. Anne notou que a menina ficara calada a viagem inteira até a chegada deles no resort, e continuava assim, a não ser por raros momentos em que falava com Muddy, deixando no resto do tempo um silêncio desconfortável, que nem Anne ou Diana tinham vontade de quebrar.

Arrumaram suas coisas, e se encontraram novamente no refeitório, onde fizeram uma excelente refeição regada a muitas risadas e bom humor. Logo em seguida, Muddy os acompanhou em uma visita para conhecerem, e lhes mostrou o campo de esqui onde muitas pessoas já se divertiam.. Resolveram que esquiariam no dia seguinte, pois já tinha esfriado muito aquela tarde, e Muddy disse que não seria prudente participarem dessa atividade, quando o tempo denunciava que a temperatura cairia ainda mais, e como eles eram marinheiros de primeira viagem, isso se tornava muito perigoso.

Passaram o resto da tarde juntos, ora conversando, ora jogando xadrez ou monopólio. Em nenhum momento, Ruby se aproximou de Diana ou Anne, e em muitos momentos preferira ficar em seu quarto.

Muddy se sentia dividido entre dar atenção aos amigos e ficar do lado da namorada. Quando perdeu a terceira rodada de xadrez, Gilbert se irritou com ele e disse:

- Que droga, Muddy!  Dá para prestar atenção no jogo. Estou ficando entediado de ganhar de você em todas as jogadas.. – Gilbert colocou o tabuleiro de lado, e ficou observando o amigo que parecia ter ficado constrangido com sua explosão de mau humor. Muddy sempre fora melhor jogador que ele, e por isso, se desfiavam o tempo todo, tornando aquele jogo muito estimulante, demandando grande concentração de ambos os jogadores. Mas, naquele dia, Muddy parecia estar com a cabeça em outro lugar, não oferecendo nenhum desafio à inteligência de Gilbert.

- O que está acontecendo com você?- Gilbert perguntou sem paciência.

- Desculpe-me Gilbert, não quis fazer o jogo parecer tedioso para você. – Muddy disse sentindo-se desconfortável com a situação.

- Amigo, se prefere ficar com sua namorada, faça isso logo. Detesto ganhar de você desse jeito. - Muddy se levantou e disse:

- Só vou ver como ela está, e volto em seguida. – Gilbert duvidou das palavras do amigo, pois se conhecia Ruby, ela ia monopolizar a atenção do  amigo, impedindo-o de voltar para a companhia deles. E se não estivesse enganado, podia jurar que ela estava fazendo aquilo de propósito.

- Precisa de um adversário? - ele ouviu Anne dizer.

- Se a adversária for você, aceito com prazer.

- Preparado para perder?- Anne disse para provocá-lo.

- Nem um pouco. - ele disse aceitando a provocação. Mas, deixou que ela ganhasse algumas vezes, somente pelo prazer de ouvir a risada dela, clara e cristalina que aquecia seu coração. Se ela percebeu, não disse nada. E além de tudo, ele amava a companhia de Anne só pela alegria de estarem juntos. A cada movimento de uma peça de xadrez ele olhava para ela com uma luz diferente em seus olhos. Anne percebeu essa diferença e se perguntou no que ele estaria pensando. Às vezes, ele lhe sorria com uma sensualidade que era nova para Anne, fazendo seu corpo reagir instantaneamente sem que ela pudesse impedir. Depois de alguns minutos, sob aquele olhar que a queimava, ela não aquentou mais e perguntou:

- Por que está me olhando assim, Gilbert?

- Você sabe que é linda, não é? – ele a acariciava apenas com suas palavras, e Anne foi invadida por um prazer inesperado, mas disfarçou o que sentia e respondeu:

- Você é suspeito para falar, pois é meu namorado.

- Como pode não enxergar o quanto você é perfeita? Não há nada que eu não ame em você. - ele segurou a mão dela que ia fazer um movimento com o cavalo do jogo, impedindo-a de continuar, depois, levantou-lhe o queixo com o polegar forçando-a a olhar para ele. - Quando eu te vejo assim tão perto de mim, eu me pergunto como eu tive a sorte de tê-la para mim. Por que entre milhares de garotos, você escolheu a mim para ser seu namorado? – Anne apertou forte a mão de Gilbert, e disse com os olhos presos no dele.

- Eu é que me pergunto todos os dias, como um garoto como você, que poderia ter a garota que quisesse, escolheu a mim para amar?

- Acho que não tive escolha. Quando te vi pela primeira vez, aterrorizada naquela floresta por causa daquele garoto idiota, eu me apaixonei, e não consegui acreditar quando não quis me dizer seu nome. E então, você me bateu com aquela lousa, se lembra? –Anne riu baixando o olhar e disse:

- Foi um exagero da minha parte, até hoje não te pedi desculpas por isso.

- Não precisa se desculpar, pois foi naquele instante em que você me olhou com esses seus olhos tão lindos que percebi que já estava perdido, que a queria em minha vida e em meu coração. Voltar a Avonlea foi inevitável, tive que viajar o mundo inteiro para descobrir que a única garota que eu poderia amar estava aqui. – Anne não tinha palavras para o que estava sentindo. Era tão forte e imenso que não caberia no mundo inteiro.

- Você tem noção do quanto é maravilhoso? Eu é que tive sorte de te encontrar. Eu estava tão perdida e sozinha quando cheguei a Avonlea, e nunca pensei que seria tão feliz. Você me deu tudo o que precisava. Encheu minha vida de cor, alegria e de um amor tão infinito que faz valer a pena cada minuto ao seu lado. Se isso é um sonho, eu nunca mais quero acordar.

Gilbert se levantou, e a tomou em seus braços, beijando-a uma, duas três vezes, milhares de vezes, depois segurou o rosto dela bem próximo do seu e sussurrou:

- Isso é real o bastante para você?

- Sim. - foi somente o que ela conseguiu dizer.

Ficaram juntos por ainda algum tempo, e depois, Anne voltou para o quarto dela a fim de que pudesse se arrumar para festa de Réveillon que seria dada realizada no salão de eventos do resort. Às dez horas, ela e Diana já estavam prontas e encantadoras em seus vestidos de lã branca. Anne deixou os cabelos soltos, e as únicas joias que usou foram brincos de argola dourada e o anel que Gilbert lhe dera.

O salão estava cheio de gente, mas, Anne não teve dificuldade em encontrar Gilbert. Ele estava sentado em um sofá no canto da sala, tocando violão e rodeado de pessoas que o olhavam admiradas pela sua habilidade em dedilhar canções de todos os gêneros. Anne se aproximou um pouco mais, e viu uma garota olhando para ele como se fosse engoli-lo com os olhos. Sem se fazer de rogada, caminhou em direção a ele com um sorriso nos lábios, e quando estava em frente a ele, se sentou no colo do menino, dando-lhe um beijo que o deixou atordoado. Ouviram aplausos por todos os lados, e quando o beijo terminou, Anne olhou para a garota que minutos antes tentara flertar com Gilbert, e viu a decepção e inveja brilhando em seu rosto.

- Puxa Anne. Eu adorei a iniciativa, mas o que foi isso?- Gilbert lhe perguntou sorrindo. Sabia que Anne era avessa a troca de carinhos em público, e ficara surpreso com sua atitude ousada.

- É para mostrar para aquela garota que estava te secando com os olhos que ela não tem nenhuma chance com você.

- Parece que ela entendeu, pois já encontrou outro cara para paquerar. – Anne seguiu a direção do olhar de Gilbert e viu a garota conversar animadamente com um garoto louro com pinta de surfista.

- Ainda bem, pois pensei que teria que ser mais clara se ela insistisse em não entender a indireta. – Anne disse ainda aninhada no colo de Gilbert.

- Essa é a minha garota. - Gilbert disse abraçando-a pela cintura. – Será que você poderia ficar sentada um pouco do meu lado? Quero te mostrar uma coisa.

- Está bem. - Anne disse e obedientemente se sentou no espaço vago ao lado do namorado.

- Gente, eu queria um minuto de atenção. Eu vou tocar uma canção que compus recentemente e que gostaria de tocar para vocês em primeira mão. - ele afinou um pouco as cordas do violão, antes de tocar, e quando o fez sua voz soou afinada e linda.

 

O brilho dos seus olhos é a luz do meu mundo

Seu sorriso é a minha inspiração,

Quem dera eu pudesse tê-la todas as noites em meus braços,

E prendê-la para sempre em meu coração.

 

Nossos beijos podem derreter a neve no inverno,

O perfume dela me faz divagar,

Se ela me toca sou capaz de atravessar o mundo

Só para me perder no fogo do seu olhar.

 

Ela faz tudo valer a pena,

Ela é toda beleza e sedução,

Ela é o sussurro do vento em meus ouvidos,

Ela é a minha doce e secreta paixão.

 

 

 Ao ouvir Gilbert cantar Anne já sabia que ele compusera aquela música para ela. Seu coração se encheu de um sentimento tão inebriante, que ela quis que estivessem sozinhos para dizer a ele o quanto o amava, o quanto todos os sentimentos que tinha por ele eram verdadeiros. E enquanto ele pronunciava a última linha da canção, seus olhos não deixavam os dela. Estavam envolvidos em uma magia particular que não havia espaço para mais nada e mais ninguém.

Ele lhe estendeu a mão e Anne a pegou, entrelaçando seus dedos nos dele. Foram caminhando até a pista de dança, onde uma música romântica tocava. Gilbert abraçou Anne bem junto ao seu corpo, escondendo o rosto nos cabelos dela, e então, cantarolou a música que ela acabara de ouvi-lo tocar no ouvido dela. .Anne fechou os olhos e se deixou levar, pela dança, pela música, pela voz de Gilbert que a fazia ansiar por algo que ainda não sabia bem o que era. Estar nos braços dele dessa maneira, despertava nela um instinto de volúpia e desejo que fazia seu corpo estremecer.

Gilbert se afastou um pouco e perguntou acariciando o rosto dela:

- Gostou da música?

- Não tenho palavras para dizer o que estou sentindo. Você superou todas as minhas expectativas. É a primeira vez que alguém compõe uma música para mim.

- Não é difícil quando o compositor tem uma namorada como você - Gilbert disse carinhoso.

- Eu te amo mais do que imagina. - Anne disse beijando-o.

- Eu te amo mais ainda. – ele respondeu dando-lhe outro beijo.

Neste momento começou a contagem regressiva para a virada do Ano, e quando os ponteiros do relógio anunciaram meia-noite, todos gritaram juntos:

- Feliz Ano Novo!

Anne e Gilbert estavam alheios à confusão ao seu redor. Continuaram dançando como se fossem as únicas pessoas presentes no salão. Gilbert levou as mãos de Anne aos lábios e disse:

- Feliz Ano Novo, meu amor. Espero que passe comigo o resto de minha vida em todos os anos que ainda virão.

- Feliz Ano Novo. Se eu puder ficar ao seu lado terei imenso prazer em passá-los com você.

Iam se beijar, mas então, Muddy, Jerry, Diana e até Ruby vieram cumprimentá-los pelo novo ano que se iniciava. Terminaram a noite cantando canções de sua infância e dançando ao som de uma banda contratada para animar os convidados. Foram para cama um pouco antes de o sol nascer, e ao cair na cama Anne dormiu como um anjo.

A menina combinara com Gilbert que depois do café esquiariam juntos, já que Diana e Jerry tinham outros planos. Quando saiu do quarto, Diana ainda estava dormindo. Então, se encaminhou para o quarto do namorado para que pudessem ir até o refeitório e depois, para o campo de esqui.

Anne chegou à porta do quarto de Gilbert e nem teve o trabalho de bater, pois percebeu intrigada que a porta estava aberta, e o estranho era que Gilbert tinha o hábito de trancá-la sempre. Não gostava que invadissem sua privacidade sem avisar antes. Entrou esperando encontrá-lo já pronto para saírem, mas, não era Gilbert que estava no quarto, e sim Ruby.  Não podia acreditar naquilo. A Ruby de novo entrara no quarto de Gilbert! Primeiro na fazenda, agora ali, o que estava querendo? Por que não deixava o namorado dela em paz.

- O que faz aqui, Ruby? O quarto do seu namorado é o segundo á direita. - Ruby não respondeu e parecia desafiar Anne com seu olhar de puro ódio. Anne não se deu por vencida e insistiu:

- Quer me dizer, por favor, o que está fazendo aqui?

- Não é óbvio? – ela por fim respondeu.

- Você achou que o Gilbert estivesse aqui e por isso veio conferir. O que pensou? Que ele ia te dar uma chance afinal.

- Anne, você continua sendo a mesma garota estúpida que era quando veio para Avonlea. Você se acha tão inteligente que ainda não entendeu? Eu e Gilbert fomos feitos um para o outro, e se não fosse por você,  quem estaria nos braços dele agora como sua namorada seria eu, e seria para mim que ele escreveria músicas de amor.

- Você é que ainda não entendeu. O Gilbert me ama e estamos juntos, não importa o que você diga. Nós pertencemos um ao outro.

- Você é mais estúpida do que eu pensava. Acredita mesmo em toda essa baboseira? Eu sou a garota certa para o Gilbert, ele não descobriu isso ainda, mas vai descobrir, e quando isso acontecer, vou escorraçá-la da vida dele para sempre. – Ruby continuava falando cheia de maldade.

- Isso nunca vai acontecer. – Anne disse cheia de confiança.

- Ah, não? Você acredita mesmo que ele te ame, uma órfã idiota que veio não sei de onde, e que pela caridade dos outros encontrou um lar? Você acha que ele não percebe a diferença entre nós duas? Eu venho de uma família boa, conhecida na cidade, onde somos respeitados, e você é só uma vira-lata que nunca soube quem era o pai ou a mãe, e que pode simplesmente ter sido concebida em um bordel qualquer.

A fúria tomou conta de Anne sem que ela pudesse se controlar. Quando olhou para Ruby, viu as marcas  vermelhas no rosto dela onde sua mão a tinha atingido. A menina caíra sentada no chão com a força do tapa de Anne,  e tinha os olhos cheios de lágrimas A ruivinha não sentiu pena e nem remorso pelo que fizera, pois só agora conseguia ver o verdadeiro caráter de Ruby. Lembrou-se das palavras de Gilbert que tantas vezes a alertara sobre a menina, e Cole que lhe falara a mesma coisa. De tudo aquilo só lamentava por ter sido tão ingênua.

- Nunca mais fale de mim ou de minha mãe dessa maneira. Você não passa de uma invejosa, que não consegue aceitar o fato de que a órfã aqui conseguiu conquistar o garoto que você tanto desejava, sem utilizar nenhum método desonesto. Eu não preciso duvidar do amor de Gilbert, pois ele prova o que sente por mim todos os dias. Posso não ter vindo de uma família respeitada como a sua, mas tenho plena certeza de que sou muito melhor que você. Só tenho pena de Muddy por não perceber o tipo de pessoa que você é.

- Anne, o que...? – Gilbert e Muddy acabaram de entrar no quarto, e viram toda aquela cena sem entender o que tinha acontecido. Eles só registraram o fato de Anne estar com os olhos faiscando de raiva e Ruby caída no chão, massageando um lado do rosto onde havia uma marca vermelha de dedos.

- O que você fez Anne?- Gilbert perguntou boquiaberto.

- O que eu deveria ter feito há muito tempo. – ela respondeu. Depois, olhou para Muddy que parecia paralisado pela cena, sem saber o que fazer e disse - Quer tirar a Ruby daqui? E aproveita para perguntar a ela o que fazia aqui no quarto do meu namorado essa hora da manhã? – Muddy arregalou os olhos, sem compreender as palavras de Anne a princípio, mas a luz do entendimento chegou a sua mente, fazendo-o perceber tudo o que ocorrera ali. Ele olhou para Ruby com os olhos magoados, deu-lhe as costas e saiu do quarto de Gilbert sem sequer olhar para trás. Ela se levantou sozinha, passou as mãos pelos cabelos em desalinho, e saiu correndo atrás do menino.

- Ela terá sorte se ainda tiver um namorado. - Anne comentou.

- O que aconteceu aqui, Anne? - ele esperou que ela respondesse, mas como isso não aconteceu ele perguntou novamente. - Não vai me contar?

- Mais tarde. Será que agora podemos tomar café? Estou morrendo de fome. - Anne perguntou, tentando se mostrar alegre.

- Ter certeza de que não quer falar sobre isso agora?

- Tenho. Só quero seguir com o que planejamos para hoje.

- Então, está bem. Vamos até o refeitório. Eu já tomei café, pois acordei mais cedo do que desejava. Desculpe-me.

- Não tem importância. Quero apenas que me faça companhia. – ela lhe sorriu, e Gilbert deu-lhe um beijo na testa, colocou seu braço ao redor do ombro dela e saíram juntos do quarto.

Após o café da manhã, onde somente Anne falava, pois Gilbert estava mais preocupado em observar se ela parecia mesmo bem, como queria aparentar, foram para a estação de esqui.

Gilbert aprendera a esquiar quando viajara com o pai para Aspen, no Colorado aos nove anos. Não era um profissional, mas sabia o suficiente para se manter em cima dos esquis sem cair o tempo todo. Ele tentou ensinar Anne, explicando a ela tudo o que aprendera com sua experiência, mas a menina passava mais tempo sentada na neve do que propriamente se equilibrando, no fim, tudo se tornou uma grande brincadeira. Cada vez que Anne caía, ela dava uma gargalhada tão alta que Gilbert não podia deixar de rir também. Estava feliz por ver que ela estava se divertindo, e parecia já ter esquecido o incidente no quarto dele de manhã. Ele queria muito saber o que acontecera, mas Anne não parecia estar disposta a falar sobre o assunto ainda. Mas, iria sondá-la até descobrir o que desejava, e depois ele teria uma conversinha com Ruby Gillis que ela nunca mais esqueceria.

Após três horas de diversão, Anne resolveu ir para seu quarto tomar um banho quente e tirar a roupa molhada e Gilbert a seguiu, dizendo que precisava ver como Muddy estava. Ela entrou no quarto, viu Diana deitada na cama lendo um livro e disse:

- Ufa, Diana. Nunca pensei que esquiar fosse tão difícil. Passei mais tempo no chão do que usando os esquis. Agora só preciso de um banho quente e... Nossa, a água está gelada! O que aconteceu com a água quente?- Anne disse surpresa, ao testar a temperatura do chuveiro.

- Anne, me desculpe. Fui tomar banho e a água quente acabou.  Procurei pelo rapaz responsável pelo resort, mas ele me disse que isso acontece com frequência aqui, e que teremos que esperar até a noite para termos água quente novamente.

- Mas, eu não posso ficar com essa roupa toda molhada, ou posso ficar doente. –parou para pensar um pouco, e depois falou. - Vou até o quarto de Gilbert ver se ele me deixa tomar banho lá.

- Boa ideia. – Diana disse.

Anne se dirigiu ao quarto de Gilbert pensando no quanto odiava banhos frios, pois eles lhe lembravam do orfanato. No inverno, nunca tinham água quente, e as freiras que tomavam conta do lugar diziam que o encanamento e a fiação do orfanato eram velhos, por isso, tinham que se contentar com banhos frios ou não teriam nenhum. Anne nunca acreditara muito nisso, pois no fundo desconfiava que elas dissessem isso para terem a satisfação de ver todos os órfãos congelarem até os ossos. Anne sempre pensara que tanto as freiras quanto os padres seguiam sua vocação pela convicção de ajudar a humanidade, mas no orfanato onde vivera, descobrira que a crueldade também se escondia onde todos acreditavam que só havia compaixão.

Não havia nenhuma misericórdia nos olhos das freiras que lhes forçava a disciplina goela abaixo. Seus corações eram isentos de amor, e Anne cedo aprendera a não contar com a simpatia e a compreensão delas em nenhuma ocasião. Por isso, não suportava sentir frio, pois isso lhe lembrava do quanto se sentira miseravelmente dependente de uma bondade humana que nunca existira.

Chegou ao quarto de Gilbert e percebeu que não havia ninguém. Ele deixara a porta destrancada de novo, e então sem hesitação, resolveu tomar banho mesmo assim, pois pensou que Gilbert não se importaria em dividir um pouco de sua água quente para que ela tomasse um banho decente.

Despiu-se rapidamente, e se enfiou embaixo do chuveiro. A temperatura agradável da água aqueceu seu corpo em um minuto. Lavou os cabelos enxugando-os somente o suficiente para tirar o excesso de água. Colocou sua lingerie e procurou por suas roupas, mas se lembrou de que as deixara no quarto. Enrolou-se na toalha, e saiu do chuveiro, louca para vestir suas roupas e ficar quentinha, pois não queria se resfriar e estragar a sua viagem com Gilbert. Mas, antes que alcançasse suas roupas, ouviu a porta se abrir e deu de cara com Gilbert que a olhou surpreso.

O menino ficou boquiaberto ao ver Anne ali em seu quarto quase despida. Que diabos ela estava fazendo? Só podia ser brincadeira ou ela queria enlouquecê-lo de vez? Não conseguia tirar os olhos dela, pois Anne tinha os cabelos molhados do banho, de onde um filete de água escorria pelo seu pescoço e colo, indo desaparecer debaixo do tecido da toalha. Gilbert tentou desviar o olhar, se esforçando para não imaginar o que haveria além do que a toalha escondia, mas era tentador demais para não olhar.

Anne estava ali, à sua frente, rosto rosado pelo calor do chuveiro, e seus olhos o encaravam como se o desafiasse a se aproximar dela, e descobrir quantas delícias ela lhe revelaria se a tocasse. Ele contou até dez mentalmente, tentando controlar as palpitações de seu coração, se repreendendo em silêncio por não resistir à musa ruiva diante dele.

Anne o viu se mover em sua direção, mas não disse nada, pois estava paralisada pela eletricidade do momento. Sua cabeça gritava para que se vestisse antes que a situação fugisse de seu controle, mas o olhar de Gilbert capturava o seu, impedindo-a de fazer qualquer coisa. Ele chegou bem perto e perguntou:

- Você está com frio? – passou os dedos pela pele arrepiada que ela já não sabia se era pelo frio, ou pelo olhar intenso de Gilbert.

- Um pouco. – Anne não conseguiu dizer mais nada, além disso.

Gilbert deu mais um passo, seus corpos quase se tocando, e disse com a voz rouca:

- Vou te aquecer. – ele deu a volta, ficando atrás dela e abraçando-a pela cintura.

O aroma que vinha de Anne atingiu-o em um segundo, aguçando os seus sentidos. Ele afastou os cabelos dela, e distribuiu beijos por todo o seu pescoço, ombros e costas, partes do corpo, que a toalha não escondia. Anne deu um suspiro profundo, e se se encostou nele, perdendo todas as suas forças.. Precisava que ele a beijasse, e precisava naquele momento. Virou-se de frente, se pendurou no pescoço de Gilbert, tomando os lábios dele com desespero. O menino, então, colou seu corpo no dela, e Anne pôde sentir a força de todos os músculos dele.

Os lábios de Anne eram doces, sob os seus, e a pele dela tinha gosto do pêssego mais delicioso que já experimentara na vida. Não conseguia resistir ao magnetismo que vinha dela, o dominava, não podia pensar em nada a não ser em seu desejo louco de tê-la, ele precisava tê-la ou ficaria maluco. Sem perceber, ele a puxou para a cama com delicadeza, onde ele se sentou e trouxe Anne para seu colo, sem parar de beijá-la ou tocá-la, envolvendo-a completamente em uma sedução tão doce, que a menina não podia resistir e não queria resistir. Ela precisava mais daqueles carinhos, precisava mais de Gilbert, por isso, decidiu que faria o que seu coração desejasse.

Seus beijos eram cada vez mais intensos, e seus corpos estavam tomados pelas sensações que cada toque provocava. Então, Gilbert escorregou a toalha que Anne ainda tinha em volta de seu corpo até a cintura, revelando mais um pouco da pele dela. Ele afastou a alcinha do sutiã que ela usava, e depositou beijos quentes na pele do ombro exposta, fazendo  Anne se esquecer do frio e de tudo. Em seguida, Anne estendeu a mão e abriu o primeiro botão da camisa de Gilbert, querendo sentir a pele dele vibrar em suas mãos. Quando ia abrir o segundo, ouviram uma batida na porta, e a voz de Muddy dizendo:

- Gilbert, você está aí? – Anne gemeu de frustração pela interrupção de seu interlúdio com Gilbert enquanto o ouviu responder:

- Estou saindo do banho, Muddy. - o menino tentou controlar o tremor de sua voz e continuou. - Vou me vestir e falo com você em um minuto.

- Está bem. Te espero no meu quarto.- Muddy respondeu.

Gilbert permaneceu abraçando Anne por alguns minutos, depois, respirou fundo e olhou para a menina que o fitava em silêncio, parecendo ter sido tomada pelas mesmas sensações que ele. Que loucura! Pensara ele. Seus pensamentos ainda estavam confusos, e seu corpo ainda vibrava por ela.. Encostou sua testa na de Anne e perguntou:

- Você está bem?

- Sim, apenas um pouco frustrada por termos sido interrompidos. – ela respondeu com sinceridade.

- Muddy às vezes não tem nenhum senso de conveniência. - Gilbert disse. Logo, percebeu que Anne começara a tremer de frio, e a libertou do seu abraço, dizendo:

- É melhor se vestir ou vai acabar resfriada.

Anne foi para o banheiro, vestiu suas roupas rapidamente, ajeitou os cabelos e voltou para perto de Gilbert.

- Acho melhor ir falar com Muddy. Ele me pareceu tão arrasado depois do incidente com Ruby.. - Anne se mexeu inquieta ao ouvir o nome da menina, e Gilbert não pôde deixar de notar seu gesto.

- Vai me contar agora o que aconteceu?

- Gilbert, temos mesmo que falar sobre isso? – Anne ainda não se sentia confortável para falar sobre o assunto.

- Está bem, não vou insistir. Vou te levar até seu quarto e depois falarei com Muddy.

Os dois saíram de mãos dadas pelo corredor, e embora não falassem nada, a magia que experimentaram minutos antes ainda estava lá, escondida por uma fina camada de autocontrole. Mesmo não desejando, se separaram na porta do quarto de Anne com Gilbert dando-lhe um beijo na testa, pois não confiava em si mesmo para beijá-la de verdade, pois corria o risco de se descontrolar novamente, e não queria fazer Anne passar por nenhum constrangimento ali no corredor.

Assim que Gilbert se foi, Anne entrou no quarto onde não havia nenhum sinal de Diana, mas percebeu que ela já tinha arrumado as malas, pois partiriam de manhã. A ruivinha então imitou o gesto da amiga e também deixou sua mala pronta. Ás sete da noite, ela e Gilbert jantaram com os outros hóspedes do resort enquanto Diana e Jerry preferiram ficar em seus quartos descansando.

Após o jantar, Anne decidiu ir para o quarto descansar, pois sairiam muito cedo no dia seguinte, e ela queria dormir, pois quase não pregara os olhos na noite anterior. Ela e Gilbert se despediram com um beijo longo e apaixonado, fazendo com que ambos desejassem bem mais do que apenas um beijo de despedida na porta do quarto.

Voltaram para casa de manhã bem cedo nos mesmos veículos que os trouxeram ali. Anne viu Ruby passar por ela de cabeça baixa, enquanto Muddy caminhava ao lado dela mantendo uma expressão fria no rosto. Tinha pena dele, mas como não podia fazer nada para ajudá-lo naquele momento, Anne decidiu que o melhor a fazer era deixar o assunto morrer. Falaria com Muddy em outra oportunidade.

Assim, quando estavam a caminho de casa, uma sonolência boa tomou conta de Anne e ela se aconchegou a Gilbert que a abraçou carinhosamente. A última coisa na qual conseguiu pensar, enquanto fechava os olhos e adormecia profundamente era que estava nos braços de Gilbert, e era ali que deveria ficar, pois estar nos braços de Gilbert era  como estar em casa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

-

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado; O que acharam do castigo da Ruby? Espero pelos comentários;
Até o próximo capítulo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...