1. Spirit Fanfics >
  2. Anne with an e- continuação da série >
  3. Coisas do coração

História Anne with an e- continuação da série - Coisas do coração


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Olá queridos leitores. Este Capítulo de hoje vai falar sobre inseguranças. Dessas que nos levam a fazer coisas que acabam magoando as pessoas a quem amamos.Eu por exemplo tenho várias, e as piores estão relacionadas ao meu extremo perfeccionismo que sempre me faz pensar que não sou boa suficiente nas coisas às quais me proponho a fazer.
Ser perfeccionista me trouxe coisas boas como, ser perseverante, não desistir de algo com facilidade e não aceitar uma coisa de primeira se posso melhorá-la.Mas, também me causou muitos problemas com os quais tenho que lidar no meu dia-a-dia.
Uma vez um amigo me disse que as pessoas perfeccionistas tendem a não fazer nada direito, pois seu grau de perfeição é tão alto que quando estão quase alcançando o patamar que julgam ser ideal, seu grau de perfeição subiu de novo, tornando impossível chegar aonde se quer. Tenho lidado com isso há anos, e embora eu tenha me tornando um pouco mais flexível em minhas próprias cobranças eu percebo que tenho estado em uma competição férrea comigo mesma, e as chances de ganhar são nulas. Muitas vezes me peguei me perguntando: e se eu fosse apenas comum? E se eu fosse apenas uma garota que trabalha e estuda como todo mundo, sem a necessidade de me destacar em nada? Mas, aí percebo que o comum me deprime, e eu jamais serei alguém e assim, e isso envolve a insegurança que me causa medo de não ser aceita por mim mesma.
Então, contei aqui um pouco de mim, pois também gostaria de saber quais são as suas inseguranças, e como vocês lindam com elas no dia a dia.
Ê importante duscutir isso aqui, pois isso nos mostra que somos apenas humanos
e sentimentos assim são naturais. Espero que gostem do capítulo e me digam o que acharam. Beijos, Rosana.

Capítulo 31 - Coisas do coração


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Coisas do coração

                       Capítulo 31

                     Coisas  do coração

 

Os raios de sol penetraram as janelas  do quarto de Anne, fazendo-a despertar naquela manhã de domingo que prometia ser esplendorosa. Sorriu feliz e olhou para o lado onde Gilbert havia passado com ela metade da noite, e seu sorriso se alargou.

Ele deixara sobre o travesseiro uma rosa vermelha, e um bilhetinho que dizia:

“ Voltei para casa enquanto você dormia. Você estava tão linda que não tive coragem de acordá-la. Já estou morrendo de saudades. Te vejo mais tarde  Te amo. Gilbert.”

Anne levou o bilhete aos lábios, aspirando o cheiro doce da rosa que ele lhe deixara,,  e seu coração deu um salto de felicidade.

Em todos aqueles anos, jamais pensara que sua vida seria tão encantada quanto agora. Naquele instante se sentia como a princesa Cordélia de sua infância, ela tinha um castelo que era Green Gables, e um príncipe lindo que era romântico, doce e a quem amava de todo coração.

Era tão natural para ela acordar assim agora, sentindo o calor do corpo dele ainda sobre os lençóis. A única coisa que lamentava era ele ter que deixá-la antes do dia nascer, pois como ele mesmo dissera, nunca sabiam quando Marilla e Matthew retornaram de Charlotte Town, e não queria que tivessem um ataque do coração ao vê-lo saindo do quarto de Anne

A menina gargalhou ao imaginar a cena. Embora Marilla tivesse praticamente dado sua benção para que Anne vivesse seu amor com Gilbert da maneira que quisesse, ela com certeza não gostaria de ver sua casa transformada em um ninho de amor pelos dois, por isso, Anne sabia que momentos como aquele eram preciosos, e somente pertenciam a ele dois.  Esperava que um dia Gilbert não precisasse mais ir, e ai suas manhãs seriam perfeitas.

Tomou seu banho matinal, e desceu as escadas, percebendo que a  casa estava em silêncio, sinal de que Matthew e Marilla ainda não tinham voltado. Sentou-se na varanda para tomar café e os lembrou dos acontecimentos do noivado de Diana.

O rosto de Billy Andrews invadiu seus pensamentos e ela estremeceu. Antes, pensava que ele era somente um garoto mimado de família de posses, acostumado a ter tudo o que queria sem se importar a quem atropelaria pelo caminho. Mas, agora Anne podia perceber que ele era pior que isso. Billy era mau no sentido mais amplo da palavra, sua alma era vazia, e nos seus olhos havia um poço escuro e fundo de maldade.  Quando o vira na noite anterior tentando bater em Josie e em ela própria,  ela pensou com certo pesar que não havia esperanças para ele, pois Billy na fazia questão nenhuma de mudar ou aprender com seus erros, e era uma pena ver uma vida que poderia ser tão produtiva, se afundar na lama de sua iniquidades.

Anne sentia pena de Josie. Será que estava bem? Por uma série de motivos, nunca foram amigas, mas Anne não a queria mal. Tiveram muitos problemas no passado, mas como era natural de Anne ela já tinha deixado tudo para trás.

Nos últimos tempos, Josie parecia sempre chateada com alguma coisa, e parara de implicar com Anne. Tinha perdido qualquer interesse em incomodá-la, quando percebeu que o namoro de Anne e Gilbert era um fato real. Mas agora, pensando sobre isso, Anne acreditava que a tristeza de Josie tinha a ver com Billy, e isso era uma tremenda perda de tempo,  pois se Josie conseguisse olhar para os lados veria que havia muitos garotos mais interessantes do que o  cafajeste do Billy Andrews.

Anne não virá Josie depois do incidente da festa. Gilbert disse que Muddy ficará cuidando dela. Somente esperava que o amigo de Gilbert tivesse enfiado um pouco de juízo na cabeça de Josie, e a tivesse convencido de denunciar Billy para a polícia, pois era isso que ele merecia ficar em algum lugar preso, para aprender a ter um pouco mais de respeito pelas pessoas, o que lhe faltava muito.

Pensamentos assim a deixavam deprimida, por isso, os deixou de lado, tentando trazer a sua mente somente lembranças prazerosas, e como não podia deixar de ser, pensar em coisas boas a levava a Gilbert.

Ele a salvara de Billy Andrews, ele cuidara dela depois quando ela se sentia tão aterrorizada que mal conseguia respirar, e ele a amara de novo com tanta paixão e cuidado, que Anne não tivera como não entregar sua alma e seu corpo novamente.ao ser humano mais incrível que já conhecera. Ela sabia que seria sempre assim, jamais amaria Gilbert pela metade, ele era a essência de a sua vida, e sem ele na havia dias de sol ou flores na primavera.

Anne nem conseguia mais se lembrar de como era sua vida antes de Gilbert. Quando se lembrava do orfanato, parecia que todas as más lembranças pertenciam a outra pessoa, como se Gilbert tivesse apagado todas as suas dores, e enxugado todas as suas lágrimas com seu amor infinito, e isso era um milagre maravilhoso,por que ela renascera das cinzas de seu passado, para se tornar essa garota feliz, apaixonada e completa., e Gilbert era responsável por todas as melhores coisas de sua vida.

De repente, ela viu um vulto surgir no portão de Green Gables, e quando firmou o olhar reconheceu Diana, que vinha quase correndo em sua direção.  Quando ela se aproximou, atirou os braços ao redor de Anne e disse com a voz cheia de preocupação:

- Anne você está  bem? Jerry me contou o que aconteceu. Que ódio do Billy Andrews!:Eu pressenti que algo assim aconteceria assim que pus os olhos dele na minha festa.

- Eu estou bem, Diana. Não se preocupe.  Gilbert apareceu  antes de Billy fazer qualquer coisa para me ferir.

- Meu Deus! Você deve ter ficado aterrorizada!- Diana tocou o rosto de Anne com suavidade.

- Você não imagina o quanto. – Anne disse baixando o olhar para as próprias mãos por um momento. Falar sobre aquele assunto a deixava tensa, e não queria mais pensar nisso. - Depois continuou.-  E a Josie? Você tem notícias dela?

- O Muddy a levou para casa. Ele disse que ela estava muito nervosa, mas parecia bem apesar das circunstâncias. Aquele Billy Andrews merecia bem mais do que o soco que Gilbert lhe deu. Eu mesmo poderia estrangulá-lo pelo  que ele tentou fazer com você, e ainda por cima na minha festa de noivado. – os olhos de Diana faiscavam de raiva o que fez Anne dizer;

- Sinto muito, Diana. Eu pedi para que ninguém te contasse o que aconteceu. Não queria estragar sua felicidade. - Anne disse com a voz entristecida.

- Ninguém na verdade queria me contar, nem mesmo o Jerry, que ficou sabendo de tudo pelo Muddy, queria me falar nada. Só depois que ameacei acabar com nosso noivado, foi que ele me contou tudo.

Pobre, Jerry! pensou Anne. Ela bem conhecia o gênio da amiga. Quando ela queria uma coisa, ninguém conseguia fazê-la mudar de ideia. Ficou imaginando quais métodos de persuasão ela usara com Jerry, antes de dizer que acabaria com o noivado. Diana Barry era uma leoa quando se tratava de defender seus amigos. Ela os colocava embaixo de suas asas e não deixava que ninguém se aproximasse até ter certeza de que estavam seguros.

Lá em seu íntimo, Anne também sabia que era assim. Como Diana, ela defenderia quem amava sem pestanejar, e não mediria esforços para isso.  As batalhas de seus amigos eram suas batalhas, assim como suas vitórias e alegrias. Ela nunca desistiria de um amigo, assim como nunca desistiria de lutar por eles.

- E como estão as coisas com sua mãe?

- Nada bem. Discutimos está manhã justamente por causa de Billy Andrews.  Eu disse que a culpa era dela por ter convidado esse estúpido para minha festa. Ela se exaltou, e tentou me ofender com suas palavras elegantes e acabei perdendo a cabeça, e dizendo todos os tipos de desaforos que consegui me lembrar.

- Diana. Você tem que se lembrar que ela é sua mãe ,apesar de tudo, e merece seu respeito. Não a trate assim, ou um dia poderá se lamentar. – Anne aconselhou à amiga. Diana tinha uma personalidade forte, muito parecida com a da mãe, por isso, quando discutiam, os ânimos se exaltavam demais, e palavras duras eram trocadas.

- Eu sei, Anne. Eu já pedi desculpas. Na verdade, eu duvido muito que ela tenha ouvido muitas das coisas que eu disse a ela, pois minha mãe somente escuta o que lhe interessa. Em todo caso, já resolvemos nossas pendências, e espero não ter que retornar a esse assunto com ela. – Diana sentou ao lado de Anne e perguntou:

- Mas, você passou a noite sozinha aqui em Green Gables?

- Não, o Gilbert ficou comigo. – Anne desviou o olhar da amiga, um pouco envergonhada, pois ainda não se sentia a vontade para falar de sua intimidade, mesmo que essa pessoa fosse sua melhor amiga.

- Quer dizer que ele passou a noite com você? Essa história está cada vez mais interessante. Acho que agora você pode me responder uma pergunta que te fiz há algum tempo atrás.- Diana disse sorrindo.

- E qual é? – Anne tentou se lembrar do que ela falava, mas não conseguiu.

- Como é ser a garota de Gilbert Blythe? – Anne suspirou e pensou na pergunta com cuidado. Tinha tantas coisas para dizer, mas não encontrava a palavra certa que descrevesse a enormidade do que Gilbert significava em sua vida. Não foram raras às vezes que ela e Diana falaram de seus namoros, mas naquela época, não existia ainda esse laço que a unia a Gilbert  de maneira tão forte.

- Talvez a palavra certa seja inspirada, apaixonada pela vida de uma maneira que nunca fui. Antes eu achava que minhas únicas aspirações eram me tornar professora, escrever minhas memórias, e talvez viajar para algum lugar longe de Avonlea. Mas agora, eu sei que posso ir aonde quiser, fazer o que eu quiser e ser quem eu quiser sem precisar de rótulos. Isso não é incrível? Sentir que você pode acordar a cada dia e viver uma aventura diferente? Respirar o ar das possibilidades? Encontrar mil e uma razões para amar e ser amada de volta?  É isso o que significa ser a garota de Gilbert Blythe para mim, ser livre e poder encontrar várias versões de mim mesma em cada paixão na qual eu colocar meu coração.

Diana ouviu as palavras de Anne e pensou no quanto ela tinha amadurecido. Amar Gilbert fizera dela uma garota intensa, muito mais do que era quando chegou em Avonlea. Naquele tempo, era apenas uma garotinha ansiosa para agradar a tudo e a todos, contentando-se com as migalhas do afeto que lhe davam, mas agora, Anne se tornara dona do seu destino e iria para qualquer lugar onde o vento de sua curiosidade a levasse, tendo ao seu lado o garoto que a vida lhe dera de presente, e que Diana tinha certeza a seguiria até o fim do mundo.

- Isso é lindo, Anne. Às vezes invejo sua vitalidade, e sua capacidade de deixar de lado aquilo não te interessa ou não te faz bem. Gostaria de viver dessa maneira também, mais ainda me sinto presa à maneira como fui criada, e por mais que eu lute contra todas as regras, acabo sucumbindo a algumas delas, o que me causa um tremendo desgosto. - Diana mexeu com as mãos impacientes em seu colo e alisou as pregas do seu vestido inquieta.

- Não pense assim, Diana. A liberdade é algo que se conquista diariamente e você um dia conseguirá tudo o que deseja. Basta apenas acreditar com o seu coração. - ambas sorriram, sentido a força de sua velha amizade as aproximar. Depois de alguns segundos, Diana disse:

- Preciso ir, Anne, Minha mãe me fez prometer que estaria em casa no horário de almoço. Alguns parentes estão hospedados em casa, então, tenho que cuidar para que não fiquem entediados e se sintam mais vontade. Você sabe como é, coisas de minha mãe. - Diana fechou a cara de desgosto.

- Nos vemos amanhã na escola. – disse Anne se despedindo.

- Até logo. – Diana soprou-lhe um beijo, e caminhou às pressas até o portão de saída de Green Gables.

Depois que Diana partiu, Anne decidiu que aproveitaria a ausência de Matthew e Marilla e arrumaria a casa. Organizou todos os quartos, a sala de estar e jantar, e quando estava terminando de limpar a cozinha, Gilbert apareceu. Ela estava empoeirada até os ossos, o corpo todo suado e os cabelos escapavam do rabo de cavalo que fizera caindo sobre a testa totalmente desarrumados, e Gilbert olhava para Anne como se ela fosse a sétima maravilha do mundo.

Ele a puxou para os seus braços, e quando ia beijá-la, Anne protestou:

- Estou toda suada, Gilbert.

- Eu não me importo. – sua boca estava bem próxima da dela, mas Anne colocou as mãos em seu peito, impedindo-o novamente:

- Mas eu me importo. – ficaram por alguns segundos em uma batalha de olhares, entre resistir e ceder, insistir ou desistir, mas o desejo venceu, e Anne ouviu Gilbert dizer:

- Que se dane! – ele capturou-lhe os lábios, e suas línguas se enroscaram em uma dança íntima de desejo e paixão. Gilbert levou suas mãos aos cabelos de Anne, abriu a presilha que os prendiam, e deixou que eles caíssem sobre os ombros dela como uma chuva púrpura de fios e cachos ruivos. Aos beijos, ele a levou até a sala, sentando na poltrona favorita de Matthew tendo Anne em seu colo. O beijo foi se aprofundando, até que seus corpos desejassem algo mais, e Anne fez um esforço enorme para se separar de Gilbert e dizer:

- Eu preciso terminar de limpar a cozinha, Gilbert.

- Não podemos deixar isso para mais tarde? – ele perguntou, beijando-lhe a ponta do nariz.

- Não, não podemos. Creio que Matthew e Marilla estão quase chegando, e quero terminar tudo antes disso.

- Está bem. O que posso fazer para te ajudar? –Gilbert deixou que Anne se levantasse, e a seguiu até a cozinha.

- Você poderia alimentar os cavalos para mim?

- Claro. E qual será meu pagamento? – ele perguntou brincando.

- Que tal um pedaço de bolo de macã saindo do forno?

- Eu tinha outra coisa em mente. – ele diretamente para os lábios de Anne.

- Gilbert, você não pensa em outra coisa? – Anne perguntou surpresa com a impetuosidade dele.

- Não quando tenho você tão linda na minha frente. – Gilbert beijou-lhe o rosto.

- Bem, controle-se, pois temos trabalho a fazer. – Gilbert fez uma careta e foi cuidar dos cavalos, deixando Anne com seus afazeres na cozinha.. Uma hora depois, Marilla e Matthew chegaram, e encontraram café e bolo quentinho esperando por eles na mesa.

- Olá. Fizeram boa viagem?- Anne perguntou, dando um beijo em cada um deles.

- Fizemos sim, e como está tudo por aqui? – Marilla quis saber.

- Está tudo bem. Limpei a casa toda, e Gilbert está mo celeiro cuidando dos cavalos.

- Que bom que ele veio te ajudar. Nós estávamos preocupados em deixar você sozinha com tantos afazeres.

- Vocês não deviam se preocupar. Sou jovem e posso muito bem cuidar da casa sozinha. Agora, vamos tomar café. Matthew, você poderia chamar o Gilbert, por favor?

- Claro. – e voltou cinco minutos depois, acompanhado do menino. Tomaram o café da tarde juntos, e enquanto Marilla e Matthew estavam descansando em seus quartos, Gilbert a convidou:

- Não quer ir pra minha fazenda comigo? Assim, você poderia visitar a Mary e sua afilhada. – estavam sentados de mãos dadas embaixo da cerejeira de Anne.

- Acho uma ótima ideia. Prometi a Mary que a visitaria novamente, e até agora não tive tempo.

- Podemos ir agora se quiser.

- Espere só um minuto. Vou trocar de roupa e me despedir de Marilla.

Anne trocou de roupa rapidamente, se despediu de Matthew e Marilla, e saiu em companhia de Gilbert até sua fazenda, onde ela passou horas agradáveis conversando com Mary e brincando com sua afilhada Shirley.

 Ela era uma garotinha dócil e encantadora, e Anne não conseguia ficar perto dela sem pegá-la no colo.

- Você vai acabar mimando essa menina. – Gilbert disse ao vê-la tirando a bebê do berço pela terceira vez.

- Olha só quem fala. Ele mima essa menina três vezes mais que você. – Mary riu ao ver Gilbert corar.

- Ah, quer dizer que temos um irmão coruja. - Anne olhou para Gilbert vendo-a corar mais ainda.

- Eu confesso o meu crime. – Gilbert levantou a mão confessando. – Mas quem resiste a esse rostinho lindo.? – Ele pegou a menina do colo de Anne e beijou-lhe ambas as bochechas.

Anne adorou vê-lo assim, pois lhe dava uma ideia clara de que tipo de pai ele seria. Um sorriso suave surgiu em seu rosto enquanto olhava para Gilbert e o bebê em seus braços

- Está na hora dessa mocinha tirar seu cochilo da tarde. – disse Mary e imediatamente Gilbert devolveu a menina para a mãe.

- O que quer fazer, Anne?- Gilbert perguntou ao se aproximar dela.

- Vamos jogar xadrez. Faz tempo que não praticamos.

- Boa ideia.  Saíram deixando Mary cuidando da filha, e foram jogar na mesinha da sala. As horas passaram rápidas e Anne decidiu voltar para casa, pois queria jantar com Matthew e Marilla.

Por esta razão, Gilbert foi levá-la, e foram conversando animadamente pelo caminho. Quando estavam quase chegando na casa de Anne, viram um vulto sentado na curva da estrada que levava a Green Gables . Anne percebeu que era Cole, e correu para abraçá-lo, soltando da mão de Gilbert. Ela percebeu que ele chorava transtornado, e tinha sua mala de viagem do lado.

- Cole, o que aconteceu? – seu coração batia aflito por ver seu amigo naquele estado. O menino passou as mãos pelo rosto, tentando enxugar as lágrimas que rolavam sem parar, deu um suspiro profundo para ajudá-lo a se acalmar e disse:

- Eu e Pierre brigamos e ele disse que voltará para a França no próximo fim de semana

- Mas, por que vocês brigaram?- Anne abraçou o amigo pelo ombro enquanto esperava por sua resposta.

- Ele quer que eu conte tudo a respeito de nós para os meus pais, por que ele não quer ter que esconder nosso relacionamento de ninguém. – os olhos dele se encheram de lágrimas novamente, e Anne percebeu que ele recomeçaria a chorar a qualquer momento.

- E você não quer fazer isso?  - Ela perguntou.

- Eu até faria se soubesse que eles não me odiariam por isso. A questão é que eles nunca aceitarão minha natureza.

- Mas você nunca tentou falar com eles para saber a resposta. - Anne disse.

- Ficou louca? Você conhece os meus pais. Acha mesmo que eles me aceitariam como sou? Eles provavelmente nunca mais olhariam na minha cara. - ele agora tinha o rosto entre as mãos, tentando pensar direito em toda sua situação. Anne se sentou em uma pedra ao lado dele e disse:

- Cole, sei que está com medo e confuso, mas não acha que seria melhor se livrar desse fardo de uma vez? Não estou dizendo que tem que se assumir para toda a Avonlea, mas seus pais têm o direito de saber, não acha?

- É se eles me odiarem por isso? – Cole olhava para ela desesperado

- Você nunca vai saber se não tentar. - Anne disse encorajando- o.

- Eu não sei se consigo fazer isso. – sua voz doou tão triste que cortou o coração de Anne.

- Cole, você acha que seu relacionamento com Pierre vale a pena?- O menino apenas abanou a cabeça afirmativamente.

- Então, acho que deveria considerar a possibilidade de falar com seus pais sobre isso. Posso ir com você se quiser. - Cole olhou para ela surpreso.

- Você faria isso por mim?

- Você sabe que sim. Você é um dos meus melhores amigos. - Anne abraçou o menino com carinho. - Podemos fazer isso mais tarde, o que acha?

- Está bem. Vou para a cada de Diana me preparar e nos encontramos em três horas. Obrigado, Anne. - Cole deu um beijo na menina, se despediu de Gilbert e partiu em direção a casa de Diana.

Gilbert que não dissera nada até aquele momento olhava para Anne com uma cara estranha, o que a fez perguntar:

- O que foi Gilbert. Por que está me olhando assim?

- Anne, por que tem que se meter nisso?

- Acho que não estou entendendo aonde você quer chegar com essa conversa.

- Essa situação é problema do Cole, você não tem que ficar nesse fogo cruzado entre ele e os pais dele. - Gilbert parecia alterado e Anne não entendia por que.

- Eu preciso ajudá-lo, Gilbert. Ele sempre esteve do meu lado quando precisei dele- Anne estava cada vez mais aborrecida com toda aquela conversa.

- Você pode ajudá-lo dando-lhe apoio moral, não precisa se envolver no problema. Isso é coisa de família- Anne observou que Gilbert estava muito aborrecido e isso a deixou chateada.

- Ele é minha família, Gilbert. Cole é como um irmão para mim. Eu pensei que você entendesse.

- É claro que entendo. Não estou te pedindo que o abandone, só não acho que você tem que ajudá-lo a resolver um problema que é só dele. - Anne não disse nada por um momento, sentindo-se triste com a atitude do namorado. Não podia acreditar que ele estava agindo daquela maneira O que estava acontecendo com ele?

- Você não vai mesmo desistir dessa ideia, não é?- Ele perguntou.

- Não, e pelo jeito você não vai me apoiar. – Gilbert não disse nada, e Anne entendeu aquilo como uma confirmação do que ela lhe perguntara. – Muito bem, acho que essa conversa termina aqui. - ela estava tão decepcionada, que tinha vontade de chorar.

- Anne a gente precisa conversar mais sobre isso. – Gilbert pegou na mão dela tentando fazê-la ficar com ele.

- Não, precisamos não.  Se não se importa eu vou entrar, pois tenho que me preparar para ir até a casa de Cole. Nos vemos amanhã na escola.- ela deu as costas para Gilbert e passou pelo portão de Green Gables.

- Anne! – Ele a chamou, mas ela não olhou para trás, estava mais preocupada em esconder as lágrimas que começaram a rolar.

 

GILBERT

 

Quando acordara naquele domingo, estava escuro ainda. E assim, ele decidiu voltar para sua fazenda, pois queria evitar que Marilla e Matthew o encontrassem ali na calada noite. Gilbert sabia do afeto que tinham por ele, mas não tinha ilusões ao que diriam ou fariam se descobrissem o que acontecia entre os dois.

Mas, não se arrependida de nada, pois sabia da verdade e da pureza de seus sentimentos por aquela menina ruiva que chegara em sua vida  sem que ele esperasse,  e tomara conta de tudo, de seus dias, de seus pensamentos e de seu coração, e ninguém no mundo o teria impedido de fazê-la sua.

Anne se mexeu na cama, sussurrando o nome dele baixinho, e isso o fez sorrir. Será que ela estava sonhando com ele?Parecia que até mesmo dormindo estavam intimamente ligados, e ele quase a acordou, para provar de mais um beijo antes de deixá-la. Não queria ir, mas precisava, e esse pensamento não diminuiu a vontade que tinha de se aninhar em meio aqueles lindos cabelos ruivos e acordar com o corpo dela colado ao seu.

Ele foi até o jardim de Marilla e escolheu uma rosa vermelha delicada, acariciou as pétalas como se estivesse acariciando Anne, deu um beijo na rosa, e escreveu um bilhete que dizia:

“ Voltei para casa enquanto você dormia. Você estava tão linda que não tive coragem de acordá-la. Já estou morrendo de saudades. Te vejo mais tarde  Te amo. Gilbert.”

Colocou ambos sobre o travesseiro onde estivera deitado, e refreando um desejo intenso de tocar o rosto de Anne, ele saiu para madrugada fria de inverno.

Entrou em seu carro, e dirigiu até sua fazenda, chegando lá em poucos minutos. Sebastian e Mary dormiam tranquilamente, e o único barulho era o tique taque do relógio da sala.

Foi para o seu quarto a fim de esperar o dia nascer e descansar mais um pouco, mas sua mente insistia em fazê-lo pensar em Billy Andrews. O canalha tentara agredir Anne e Josie, e foi uma sorte ele ter dado por falta da namorada, e fora procurá-la imediatamente.

A cena que virá quase o enlouquecera, e partirá para cima do garoto sem pensar. Dera-lhe um poderoso soco, e tivera que se controlar para não bater no garoto até desfigurar-lhe o rosto cínico.  O canalha tinha fugido feito o rato que era, e Gilbert correra para Anne que estava caída no chão, enquanto Muddy que o seguirá, ajudava Josie que não parava de chorar.

Anne estava extremamente pálida quando Gilbert abraçou, e mesmo ela dizendo que estava bem e teve que verificar com seus próprios olhos. Por que se Billy a tivesse  machucado ou sequer amassado uma prega do seu vestido,  ele iria até o inferno para acabar com a vida dele, nem que isso lhe custasse o diploma de Medicina.

Ele a levou para casa, observando-a com cuidado, e ficara muito preocupado com seu silêncio, sem ter uma pista qualquer do que ela estava pensando, e isso o deixara desconfortável.

Por fim, acabaram embaixo do chuveiro, e mesmo tentando se controlar ele sucumbira ao seu desejo por ela novamente, levado pela mistura irresistível do cheiro suave do sabonete, água quente e pele molhada. A noite que tiveram foi melhor ainda que da primeira vez, porque agora conheciam todos os segredos do corpo um do outro, o que tornava tudo mais excitante e poderoso.

Gilbert se levantou da cama e resolveu preparar um café, pois precisava fazer o tempo passar rápido até encontrar Anne novamente. Ele não conseguia mais ficar longe dela por muito tempo, e não era somente movido pelo desejo, ele tinha uma necessidade física da presença dela, e não importava se ela estivesse em seus braços ou sentada a poucos centímetros longe dele, isso o acalmava, lhe dava ânimo e inspirava. Estar com ela era como um estimulante para as horas de tédio que ele sentia, quando não a tinha por perto.

O barulho da água fervendo o trouxe à realidade. Ele fez o café, e esperou pacientemente que Mary e Sebastian se reunissem a ele. Eles apareceram meia hora depois, e Mary quis saber tudo sobre o noivado de Diana. Quando Gilbert contou sobre Billy Andrews, Mary ficou preocupada com Anne, mas logo se acalmou ao saber por Gilbert que ela estava bem.

Assim que Sebastian saiu para alimentar os animais da fazenda, Mary perguntou:

- Você chegou bem tarde, não é?  Vi pelo relógio que já era de madrugada.

- Andou me espionando? – Gilbert disse brincando.

- Cuidados de mãe, você sabe como é.  E ficou com Anne todo esse tempo? – Ela perguntou olhando diretamente para ele.

- Sim, Anne precisava de mim. – Ele respondeu, fugindo do olhar astuto de Mary.

- Não espero que me conte os detalhes, e nem pense que estou criticando vocês dois. Acho lindo a maneira como vocês se amam, e é natural que a intimidade que vocês têm venha com o tempo. Você é quase um homem adulto, e Anne também já passou de sua fase de menina, e a maneira como cuida dela me aquece o coração. Quem me dera  eu tivesse tido alguém como você quando eu tinha a  sua idade. - Mary suspirou nostálgica - Somente peço que não a magoe, Gilbert.  Anne é uma garota muito especial.

- Eu sei disso.  A única coisa que quero é tê-la comigo para sempre, e fazê-la feliz. - Mary abraçou-o com carinho, e depois o deixou sozinho, indo cuidar de seus afazeres.

Gilbert realizou mais alguns trabalhos pela casa e depois se arrumou para ir à casa de Anne. Quando chegou, ela estava no meio da faxina da cozinha, e parecia adorável com todos os seus fios ruivos escapando do rabo de cavalo que fizera.

Quando a puxou para seus braços, ela protestou dizendo:

- Estou toda suada Gilbert. – ao que ele respondera:

- Não me importo com isso. – é de fato não se importava. Queria apenas senti-la em seus braços, mas Anne parecia não estar disposta a ceder tão fácil, pois logo disse:

- Mas eu me importo. - e seus olhares se enfrentaram por um momento, medindo forças, como se fosse possível sair um vencedor daquela batalha, ele deixou de lado qualquer cautela, e colou os lábios nos dela dizendo:

- Que se dane! – quando percebeu já estava sentado na poltrona de Matthew Cuthbert, com Anne confortavelmente instalada em seu colo. O beijo foi quente e cheio de promessas, mas Anne o interrompeu dizendo que precisava terminar de limpar a cozinha, e ele se ofereceu para ajudá-la, mas com a condição de receber um pagamento em troca.

- Que tal um pedaço de bolo de maçã? – Ela sugerira

- Estava pensando em algo melhor,.- Ele dissera.

- Você não pensa em outra coisa, Gilbert?

- Não quando tenho você tão linda na minha frente.

Mas ela o expulsara da cozinha e ele fora cuidar dos cavalos no estábulo, e só retornou para dentro depois que Matthew o chamara para o café da tarde.

Após o café, ele é Anne foram para sua fazenda, pois ela queria muito  visitar Mary e sua afilhada.E ao vê-la com a menina no colo ele dissera:

- Você vai acabar mimando essa menina!- mas Mary o entregara falando que ele era a pessoa que mais mimava a sua filha, com o que ele concordara, pois amava aquela garotinha de todo o seu coração, e mesmo não tendo o mesmo sangue que ela, a considerava sua legítima irmã.

 Depois disso, ele e Anne jogaram algumas partidas de xadrez, das quais ela acabara ganhando pelo menos duas. Ela tinha melhorado bastante e sua concentração e raciocínio lógico estavam ficando cada vez mais aguçados, tornando o jogo cada vez mais estimulante para ambos.

Anne resolveu voltar para casa, quando começara a escurecer, e tudo entre eles estava em perfeita harmonia, até que encontraram Cole sentado perto do portão de Green Gables, e ai tudo começou a dar errado.

O menino chorava contando a Anne o ultimato que seu namorado, se é que Gilbert podia chamar assim, tinha dado a ele.  Ou Cole contava o que estava acontecendo entre eles para seus pais, ou Pierre voltaria à França em dois dias

Gilbert não interferiu em nenhum momento, dizendo a si mesmo que era um assunto entre Anne e Cole. Mas mesmo assim, isso o incomodou, pois parecia que Anne o estava deixando de fora da conversa, e ele  não achou nada agradável ser deixado de lado. Ele sempre se sentia assim quando Anne estava com Cole e Diana, pois parecia que havia entre eles um código de lealdade do qual Gilbert não fazia parte, e mesmo dizendo que era bobagem, ele tinha ciúmes, pois não suportava ficar de fora de qualquer coisa que tivesse a ver com Anne.

E foi esse mesmo ciúme que falou mais alto, quando ouviu Anne se oferecer para ajudar Cole a contar aos seus pais sobre Pierre e ele. A raiva que sentiu acabou com o seu bom senso, e quando Cole se foi agradecendo Anne por sua ajuda ele falou.

- Anne, por que tem que se meter nisso? –Ele vira o olhar de confusão dela quando ela  dissera:

- Acho que não estou entendendo o rumo dessa conversa. - sua voz demonstrava que ela estava tensa, mas mesmo assim ele continuou:

- Essa situação é problema do Cole, você não tem que ficar nesse fogo cruzado entre ele e os pais dele. - a voz dele soou mais alta do que pretendia, e o olhar que Anne lhe lançou deu um nó em seu estômago.

- Eu preciso ajudá-lo, Gilbert. Ele sempre esteve do meu lado quando precisei dele. – Gilbert sentiu certo tremor no tom da voz de Anne, mas a teimosia dela em insistir naquele assunto o deixou irritado.

- Você pode ajudá-lo dando-lhe apoio moral, não precisa se envolver no problema. Isso é coisa de família. - quanto mais falava, mas Gilbert sentia que estava se perdendo. Por que começara aquela conversa afinal, se sabia que Anne ficaria aborrecida? Mas ele estava tão bravo por Anne dar mais importância à amizade de Cole do que para o fato de que ele não aprovava o que ela estava fazendo, que não avaliou os riscos de sua intransigência.

- Ele é minha família, Gilbert. Cole é como um irmão para mim. Eu pensei que você entendesse. – ele sentiu que ela ia começar a chorar, e seu coração se apertou por ser ele a causar aquela mágoa.

- É claro que entendo. Não estou te pedindo que o abandone, só não acho que você tenha que ajudá-lo a resolver um problema que é só dele. – aquilo soou egoísta até para ele, mas Gilbert continuava dominado pela raiva misturado ao ciúme que sentia da amizade de Anne e Cole. O silêncio de Anne cortou-o como faca, e ele entendeu qual era a escolha dela, mas perguntou mesmo assim:

- Você não vai mesmo desistir dessa ideia, não é?

- Não, e pelo jeito você não vai me apoiar. Muito bem, acho que essa conversa termina aqui - Anne estava triste e parecia decepcionada, e Gilbert sentiu um baque dentro de si. Estava acostumado com os olhares dela de amor, adoração e admiração, mas aquele olhar magoado era a primeira vez que via nos olhos dela, e isso doeu demais. Quis mudar o rumo dos acontecimentos, apagar as palavras que dissera só para não ver Anne infeliz por algo que ele dissera. E por que dissera tudo aquilo? A sua possessividade em relação a ela o colocara naquela situação, e agora não sabia como sair dela. Então, tentou remediar a situação dizendo:

- Anne a gente precisa conversar mais sobre isso.

- Não, precisamos não.  Se não se importa eu vou entrar, pois tenho que me preparar para ir até a casa de Cole. Nos vemos amanhã na escola.- ela lhe deu as costas e o deixou sem um beijo, se um  abraço. Somente aquela despedida fria que o deixara agoniado. Tentou fazê-la ficar, discutir o assunto. Queria pedir desculpas, implorar que ela o perdoasse, e por isso chamou o nome dela em desespero,

- Anne! - mas ela fingiu não ouvir,  e continuou caminhando, deixando-o sozinho com os braços vazios sem ela, sem o seu riso a encher-lhe os ouvidos, sem seu beijo para consolar-lhe as horas solitárias. Ela foi embora sem olhar para trás.

 

 

GILBERT E ANNE

 

Anne entrou em casa desolada. Não compreendera a reação de Gilbert e por que ficara tão aborrecido por ela querer ajudar Cole. Ele nunca agira assim antes, e sua falta de apoio a deixara sem chão. Será que ele ainda tinha ressentimentos contra o amigo dela? Mas pelo que sabia, a desconfiança dele tinha sido deixada para trás quando Cole lhe contara o seu segredo para que Gilbert esquecesse seu ciúme tolo e sem sentido, e tudo parecera bem desde então,

Porém, Anne não conseguia parar de se perguntar o que acontecera para deixar Gilbert daquele jeito. Não queria tê-lo deixado no portão de Green Gables sozinho. Queria ter ficado para descobrir por que ele estava bravo, por que o fato de Anne querer ajudar Cole o incomodava, mas a decepção fora grande e sua primeira reação fora ficar longe dele, se afastar antes que as lágrimas que ameaçavam cair rolassem na frente dele, e por orgulho, não queria deixar que Gilbert a visse chorando.

Seu coração estava tão pesado que se sentia sufocar. Já sentia falta de Gilbert e queria sair correndo, procurá-lo onde quer que ele estivesse, se atirar nos braços dele e dizer o quanto o amava. Era uma dor insuportável ficar longe de Gilbert, queria-o ali com ela, afagando seus cabelos, com aquele seu sorriso lindo no rosto, dizendo a ela que tudo ficaria bem. Precisava dele, e sem o seu abraço era quase impossível de respirar. Chorou pelo absurdo da situação, sendo que horas atrás estiveram no quarto dela, se amando e fazendo planos para o futuro. Agora, o vazio ameaçava envolvê-la e Anne não tinha ânimo para sair de casa. Por sorte, Marilla e Matthew foram a uma reunião da igreja, e ela não tivera que explicar porque chorava sem parar. Mas, ela prometera a Cole que o ajudaria, e não podia faltar com sua palavra. Resolveria seu problema com Gilbert depois.

Tomou um banho e se arrumou o melhor que pôde, embora não sentisse vontade nenhuma de se enfeitar. Vestiu uma saia comprida azul marinho e uma blusa de lã blanca de mangas compridas, calçou sapatilhas pretas, deixando os cabelos soltos e não usou nenhuma maquiagem.

Cole chegou pontualmente no horário marcado, estava nervoso, e falava sem parar. Anne apenas escutava, balançando a cabeça, e o seu silêncio era tanto que fez o amigo perguntar:

- Anne, o que aconteceu? Você parece tão triste.

- Não é nada, é só que... - não ia conseguir esconder aquilo de Cole. – Eu e Gilbert brigamos. – ela disse por fim.

- Brigaram? Por quê? – e antes que Anne lhe contasse ele já sabia. – Foi por minha causa, não é? – Anne apenas balançou a cabeça em afirmativa, e ele continuou. – E por que você insistiu em ajudar, se Gilbert não concorda com isso?

- Porque você é meu amigo, e ele tem que entender que jamais abandonarei meus amigos, não importa o que aconteça.

- Anne, você é uma garota incrível. Preferiu brigar com o namorado a me abandonar. Eu te amo, minha amiga. – Cole a abraçou e deu-lhe um beijo na bochecha,

- Também te amo, Cole. Mas, vamos logo resolver a sua vida. Já basta uma pessoa infeliz por aqui.

Chegaram à casa de Cole, e Anne percebeu que as mãos dele suavam de nervoso.

- Fique calmo, - ela disse:

- Estou tentando. – Cole respondeu, respirando fundo.

Encontraram a mãe de Cole na cozinha. Ela estava ocupada com um assado de carneiro que seria servido à família no jantar daquela noite. Assim que o viu, ela lhe sorriu feliz por vê-lo ali com Anne.

- Oi, querido. Que surpresa! Não sabia que viria aqui hoje com a Anne. Se soubesse teria me arrumado melhor;. Oi, Anne. – ela disse, beijando Anne no rosto.

- Mãe, eu preciso falar com você sobre um assunto muito sério. – ele olhou para Anne, e ela lhe sorriu encorajando-o.

-  Aconteceu alguma coisa? – a mãe dele franziu a testa preocupada.

- Não, exatamente, eu queria te contar uma coisa, mas não sei se consigo. – ele baixou a cabeça desesperado, e quando a levantou novamente, viu um brilho de compreensão por parte da mãe.

- Eu estava me perguntando quando viria me falar sobre isso.

- Você sabia? Como? - ele não podia acreditar que a mãe já soubesse do seu segredo.

- Cole, eu sempre soube que havia algo diferente em você. Eu sou sua mãe e te conheço melhor que ninguém. Mas, você sempre foi um filho tão bom, inteligente e talentoso, que nunca pensei muito nisso. Mas, no dia em que você foi para Paris, eu percebi que você estava indo embora por causa de maldade das pessoas daqui, e me senti tão mal por não protegê-lo, por não dizer a você que o amava e que podia contar comigo. Ai, você apareceu com Pierre e entendi tudo. - Cole chorava copiosamente, sem acreditar que sofrera a toa. Devia ter confiado mais, no amor da mãe por ele.

- E meu pai, ele sabe?- Cole perguntou por fim.

- Sim. No início ele ficou um pouco decepcionado, mas depois, ele percebeu que era bobagem pensar assim. - a mãe explicou.

- E sinto muito orgulho de você. – Cole olhou para a porta da onde aquela voz viera e viu o pai olhando para ele cheio de amor. Cole correu para ele e o abraçou, mal acreditando que o pesadelo havia terminado. O pai afastou-o por um momento do abraço e disse:

- Cole, sinto muito por você ter pensado que não podia confiar na gente e ter precisado ir tão longe para tentar ser feliz. Nós te amamos, filho. O que você é ou deixa de ser não nos importa. Queremos apenas que você seja feliz com quem quiser. E se quiser trazer Pierre aqui mais vezes, vamos ficar felizes de conhecê-lo melhor. Ele parece ser um ótimo rapaz.

- Obrigado, papai. – disse Cole abraçando o pai novamente. Anne se emocionara verdadeiramente com a cena, e depois vendo que tudo tinha sido resolvido da melhor forma possível, Anne resolveu ir embora e deixá-los sozinhos para conversarem melhor.

- Não quer ficar para o jantar, Anne? – a mãe de Cole convidou.

- Não, eu preciso mesmo ir.

- Eu te acompanho, Anne, Depois eu volto para jantar com vocês. – Cole disse para a mãe.

E assim, ele e Anne saíram conversando sobre tudo o que acontecera. Anne estava realmente feliz por Cole ter se entendido com os pais, talvez agora ele se permitisse ser feliz, retirando aquele fardo tão pesado que ele carregara nos ombros por tantos anos.

Quando chegaram no portão de saída da casa de Cole, Anne viu Gilbert sentado em uma pedra esperando por ela, e seu coração quase saiu pela boca. Não esperava que ele viesse até ali. O que será que ele queria?

Gilbert viu Anne se aproximar devagar, e pensou no quanto estava com saudades dela, e se recordou do que aconteceu depois que ela o abandonara no portão de Green Gables.

Chegara em casa sentindo como se o mundo o estivesse sufocando. Sentou-se na varanda, olhando para o nada, quando Mary se aproximou e falou com ele:

- Gilbert, o que aconteceu? Você parece arrasado.

- Ah, Mary, Acho que estraguei tudo com Anne. – ele pegou a mão que ela lhe oferecia e a apertou desesperado.

- Mas, por quê? – ele então lhe contou tudo o que acontecera, e enquanto falava seus olhos marejaram várias vezes, mas ele não se permitiu chorar. Quando terminou seu relato, Mary falou:

-. O que deu em você para agir assim?

- Nem eu mesmo sei direito. O problema é que sinto um ciúme danado quando Anne está com Cole ou Diana, pois tenho sempre a impressão de que ela me deixa de lado.

- Foi por isso que falou todas aquelas coisas para ela? Por causa de um ciúme bobo? – ouvindo Mary falar daquela forma, Gilbert percebeu o quanto fora idiota e injusto com Anne.

- Tem razão Mary, fui mesmo um bobo, mas a ideia de dividir Anne com alguém me deixa muito chateado.

- Gilbert, aquela garota te adora, mas você não pode esperar que ela viva somente para você. Ela tem o direito assim como você de passar um tempo com os amigos.

- Eu sei, Mary. O que faço para concertar o que fiz? Acho que ela nunca vai me perdoar.

-- Claro que vai, Gilbert. Você precisa somente ser sincero.

E agora ele estava ali, e esperava que ela pudesse perdoá-lo, pois caso contrário não saberia o que fazer, pois já não conseguia viver sem ela. Viu-a se despedir de Cole, e continuar caminhando em sua direção. Quando ela estava bem próxima, Anne perguntou:

- O que está fazendo aqui, Gilbert?

- Vim te dar o meu apoio, é tarde demais? – ela não respondeu, o coração de Gilbert se afundou. Ele nunca se perdoaria se Anne não quisesse mais saber dele.

Um vento gelado começou a soprar, anunciando a chegada de chuva pesada. Gilbert olhou para Anne e disse:

- Acho melhor irmos andando, pois parece que vai chover logo. Podemos conversar em casa?

- Anne, apenas balançou a cabeça concordando.

Andaram lado a lado, mas em nenhum momento Anne fez um movimento para segurar na mão dele, e Gilbert percebeu que ela continuava magoada. Começaram a andar bem rápido, pois queria chegar à fazenda de Gilbert antes que a chuva os pegasse pelo caminho. Mas, de repente, ele ouviu um grito, olhou para o lado e viu que Anne massageava o tornozelo, a dor estampada em seu rosto.

- O que foi Anne?^- ele perguntou Gilbert preocupado.

- Torci meu tornozelo, e acho que não consigo mais caminhar rápido. O que faremos Gilbert? Se andarmos muito devagar, a chuva nos pegará pelo caminho com certeza. – Anne disse desolada.

- Tem uma cabana de caça por aqui que meu pai utilizava quando saia para caçar coelhos. Ele costumava dormir por lá. Eu sei que esse lugar ainda existe, quer ir para lá? Podemos esperar até a chuva passar.

- Claro. Não quero tomar banho de chuva em pleno inverno e morrer congelada.

Andaram devagar por alguns minutos e logo encontraram a casa da qual Gilbert falara. Entraram nela sem nenhuma dificuldade, pois a chave ficava escondida na soleira da porta, e Anne pôde observar que a casa estava limpa e arrumada, como se alguém tivesse passado por ali recentemente.

Então, Gilbert ofereceu-lhe uma cadeira dizendo:

- Vamos dar uma olhada nesse seu tornozelo: - Gilbert examinou atentamente a parte afetada pela torção e viu que começara a inchar um pouco.. – Você vai ter que fazer um pouco de compressa, assim que chegar em casa, ou amanhã não conseguirá andar.

- Está bem. – Anne respondeu sem olhá-lo nos olhos. Então, Gilbert resolveu começar a falar:

- Anne, eu quero que me desculpe pelo que eu disse hoje à tarde, eu não falava sério. Acho incrível que você queira ajudar os seus amigos, e eu sinceramente, acho que o seu apoio a Cole foi extremamente essencial. Perdoe-me pela minha estupidez, agi motivado pelo ciúme, e espero que me desculpe.

- Ciúme? Como assim, Gilbert? Você ainda tem ciúme de Cole, mesmo sabendo que ele não se interessa por meninas?

- Eu não tenho ciúme de Cole, e sim da amizade que você tem por ele e por Diana. Quando vocês estão juntos, me sinto colocado de lado, como se eu não merecesse fazer parte do seu circulo de amizade e odeio essa sensação. - ele olhou para ela um tanto envergonhado, e Anne enfim compreendeu o que o levara a agir daquela forma tão estranha.

- Por que nunca me disse que se sentia assim, Gilbert? Eu nunca pensei que minha amizade por Cole e Diana te fizesse se sentir desconfortável.

- A culpa não é sua, eu é que sou um idiota insensível. Não sei como você não me deu um chute. – Anne começou a rir e perguntou:

- E por que eu faria isso?

- Porque é o que mereço. Acho até que me bater novamente com aquela sua lousa seria muito apropriado dessa vez.

- Você nunca vai me deixar esquecer isso, não é? – Anne se sentia totalmente relaxada agora. O peso que sentira o dia inteiro tinha ido embora, Era tão bom estar bem com Gilbert de novo.

- Claro que não. Foi nossa primeira briga de amor. – ele respondeu divertido.

- Eu aceito seu pedido de desculpas, desde que converse comigo toda vez que algo te incomodar. Nunca mais quero me sentir como me senti esta tarde. Pensei que ia morrer sem você.

- Eu te prometo que isso nunca mais vai acontecer. Eu te amo demais, e também me senti muito mal sem você. – Gilbert passou a mão de leve pelo rosto dela, e Anne sorriu.

- Eu te amo tanto, Gilbert. Tanto que chega a doer. – eles se olharam cúmplices, e ficaram em silêncio por alguns segundos, ouvindo a chuva que começara a cair lá fora.

Anne sentiu Gilbert massagear seu tornozelo machucado, e ouviu-o perguntar:

- Está doendo muito?

- Um pouco. – Ela respondeu, fechando os olhos concentrada no toque dele. De repente, percebeu que Gilbert substituiu suas mãos por seus lábios, distribuindo beijos quentes por toda a extensão da sua perna, até chegar a coxa, afastando todo o tecido da saia que atrapalhava o seu caminho.

Anne suspirou extasiada pela ousadia da carícia, pensando que somente Gilbert conseguia despertar nela sensações novas e desconhecidas. Então, ele se levantou, levando-a com ele, e rapidamente se livrou da saia que ela usava, depois abriu todos os botões de sua blusa e atirou sobre a cadeira onde Anne estivera sentada. As mãos de Gilbert a acariciavam por inteiro, deixando-a louca de vontade de tocá-lo também. Anne abriu a camisa dele, e tocou seu peito suavemente com seus lábios.

Gilbert gemeu baixinho ao sentir o toque doce de Anne em seu corpo. Ela ateava fogo em seu sangue, deixando-o fora de si, fazendo com que ansiasse por queimar com ela para sempre naquela fogueira de desejos. Capturou-lhe os lábios em um beijo intenso, levando-a para cama, e em um segundo seus corpos se fundiram em uma dança dos sentidos que os deixou sem fôlego, e completamente perdidos um no outro.

E quando a chuva cessou, deixando o ar purificado e limpo, ainda os encontrou abraçados, saciados e sonolentos, totalmente envolvidos em seus sonhos de amor,

          

 

 

 

 

 

 

 

-

.

-

 

 

 

 

 

 

 

-

-

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Até o próximo capítulo.
Beijos.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...