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História Anne with an e- continuação da série - Um só coração


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Olá, pessoal. Estou postando este capítulo, e realmente gostei de escrevê-lo, e espero que agrade a vocês assim como me agradou, por isso comentem e me digam o que acharam. Nas notas finais vou deixar uma pergunta e quero que me respondam com toda sinceridade. Obrigada por tudo. beijos. Desculpem-me por qualquer erro ortográfico.

Capítulo 97 - Um só coração


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Um só coração

GILBERT

Gilbert abriu os olhos nos primeiros raios daquele manhã que o cegou momentaneamente. Ele tapou os olhos com as mãos, e logo a consciência de que não estava em seu apartamento chegou até ele, fazendo o sorrir com as lembranças da noite anterior.

Assim, ele de espreguiçou e olhou para o lado, porém, quem ele esperava encontrar não estava ali, e por este motivo, ele franziu o cenho, tentando descobrir onde Anne teria ido tão cedo. Desta forma, ele procurou por sua calça jeans, a qual encontrou jogada aos pés da cama e a vestiu apressadamente, sentindo o ar agradavelmente aquecido no quarto em que passara a noite com Anne.

A neve continuava a cair como pedacinhos de flocos de algodão por toda parte, e um bando de crianças se divertia lá fora criando sua própria versão do boneco de neve Jack Frost. Gilbert observou-as por alguns segundos se lembrando de sua própria infância em Avonlea, depois, ele saiu do quarto e caminhou até a cozinha, onde imaginou que encontraria sua linda mulher.
Seus instintos provaram estar em certos quando Gilbert ouviu uma movimentação vindo da cozinha, e logo um murmurar baixo que o fez avançar seu passo até lá.

O rapaz parou na porta de braços cruzados, seu olhar parando na mulher ruiva que se mantinha de costas para ele, porque não o tinha ouvido se aproximar e assim continuava com a atividade que estava fazendo antes de Gilbert descobri-la ali. Anne vestia a camisa dele que mal chegava às suas coxas, fazendo-o entender porque não encontrara a peça de roupa no quarto. Com certeza a camisa jeans de mangas compridas ficava muito melhor em Anne do que nele, pois fazia uma rara combinação de tom ruivo dos cabelos dela que lhe desciam lisos até a cintura, e o azul escuro que era a cor predominante da camisa.

Anne caminhou pela cozinha, colocando em um prato as panquecas que acabara de fazer, e em seguida, ela se ocupou a esperar que a água fervesse para que pudesse passar o café. Gilbert continuou parado na porta, sem fazer nenhum ruído, apenas observando a sua garota se mover pela cozinha como.se fosse uma princesa daquele ambiente. Sua presença ali como no apartamento deles era incrivelmente marcante, e o perfume de Anne que morava em sua mente impregnava todo o local com sua essência.

Gilbert ouviu seu coração cantar uma velha canção que ele sabia a letra de cor. Era a mesma que tocava desde o dia em que conhecera Anne quando ele descobrira o que era amar alguém de verdade, e que se repetira vezes se conta em todos os momentos importantes e significativos para os dois.
Ele amava aquela garota maravilhosa que se tornara mulher em seus braços, e ele nunca acreditara que merecesse tal presente. Anne era melhor que ele em todos os sentidos, ainda assim, Gilbert sabia que nunca abriria mão dela, porque ele nascera especialmente para amá-la assim, dessa forma completa e avassaladora que podia destruir seu coração em segundos, despedaçá-lo em milhares de pedacinhos, magoá-lo terrivelmente, porém, ele assumia os riscos porque já não era dono de si mesmo.

Anne jogou o cabelo de lado, deixando à mostra seu pescoço tentador, e não conseguindo mais ficar afastado dela, pois sentia a atração intensa arrastando-a para Anne como sempre, era inútil resistir, por isso, ele cedeu sem pensar duas vezes. Gilbert abraçou Anne pela cintura, e disse, com suas mãos acariciando os quadris dela carinhosamente.

- Por que está aqui quando deveria estar na cama comigo? - ela estremeceu ao toque dele, e ele viu a pele do pescoço dela se arrepiar conforme sua respiração a tocava em sua ponto mais sensível.

- Eu sempre preparo o café da manhã nesse horário. - ela respondeu olhando-o por cima do ombro, deixando seus lábios tão próximos que fez Gilbert morder os dele devagar, percebendo com esse gesto que Anne engolia em seco.
Gilbert subiu um pouco as mãos, e seus dedos pararam em.um botão semi aberto de sua camisa, e assim, ele aproveitou para tocar o pedacinho de pele que ficava exposta pelo tecido, e ele ouviu Anne respirar fundo, afundando as unhas curtas e arredondadas nos braços dele com uma força que surpreendeu. Gilbert mal sentiu o arranhado dela, pois o clima estava aumentando a temperatura entre os dois

O rapaz a virou de frente para ele, seus lábios se encontrando ao mesmo tempo, seus gostos se misturando como um poderoso afrodisíaco deixando a ambos totalmente entregues ao sentimento que ditava suas próximas ações.
Gilbert empurrou as costas de Anne em direção a pia e a colocou sentada em cima dela enquanto o beijo prosseguia, sem que nenhum dos dois quisesse realmente parar.

Gilbert sentiu as mãos de Anne em suas costas nuas, percebendo naqueles dedos suaves que subiam e desciam por sua pele, o combustível para que a chama de seu desejo por ela se acendesse. Ambos se afastaram por um instante, e ficaram se encarando ofegantes, os olhos estavam cheios de um sentimento que ambos reconheciam bem assim como seus corpos ardentes.
Gilbert subiu as mãos pelas coxas nuas de Anne, indo parar em sua calcinha de renda. O rapaz a acariciou por cima dela enquanto Anne deixava sua cabeça descansar no ombro de Gilbert que a sentia estremecer com o toque de seus dedos em sua intimidade sensível.

- Você fica linda com minha camisa, meu amor. Devia usar mais vezes. - a voz dele estava rouca, e Anne apenas respondeu com.um gemido, incapaz de responder qualquer coisa enquanto Gilbert a estimulava daquele jeito.

 - Volta para casa, comigo, querida. Sinto falta de fazer amor com você de manhã. - Ele disse em tom baixo, continuando a provocar Anne que mal.se controlava agora. Ela levantou a cabeça, e a visão daquele rosto corado, os lábios carnudos entreabertos quase o levava a um ponto de loucura alto demais, mas ele controlou seu desejo, querendo apenas que Anne sentisse seu amor por ela através do seu toque. Ele sabia que estava sendo ousado demais, pois Cole poderia se levantar e pegar os dois daquela maneira, mas o homem apaixonado que havia nele não se importava, pois ele estava empenhado em dar prazer a sua garota de um jeito diferente.

Anne movia seu corpo de encontro as suas mãos que cada vez mais atrevidas a deixavam tão excitada que Gilbert conseguia perceber as batidas do coração dela se acelerar. E então, ela gemeu baixinho, deixando sua cabeça pender para o lado, e assim ele soube que tinha conseguido atingir seu objetivo. Ele soltou a própria respiração presa em sua garganta, e esperou que sua própria excitação se acalmasse. Anne permaneceu alguns segundos agarrada ao pescoço de Gilbert, respirando pesadamente enquanto a temperatura de seu corpo voltasse ao normal.

Eles nunca tinham feito algo assim fora da cama, principalmente dentro da cozinha de outra pessoa, e apesar de ter sido difícil para Gilbert se segurar em alguns momentos, ele se sentia feliz por ser a causa da expressão de satisfação do rosto de Anne.

- Acho melhor voltarmos para o quarto, para que eu possa me vestir adequadamente, antes que Cole nos pegue aqui seminus, e descubra o que acabamos de fazer em sua cozinha. - Gilbert disse baixinho com uma ponta de satisfação na voz.

- Isso foi…- Anne tentou falar, mas não conseguiu e assim Gilbert terminou a frase dela:

- incrível. Eu sei. - Ele disse beijando-a na ponta do nariz. Ele a ajudou-a descer da pia e foram para o quarto, tentando fazer menos barulho possível e não acordar Cole.  Assim que entraram no quarto e fecharam a porta, Anne disse:

- Você tem razão. Ainda é muito cedo. Deita aqui comigo. - ela o puxou para a cama, e se deitaram de frente um para o outro. Anne passou seu dedos pela testa de Gilbert, descendo até o nariz desenhando cada linha perfeita, contornou os lábios sensuais, a linha do maxilar, passou pelo pescoço e parou na curva do ombro onde a descansou.

Está com sono? - ele perguntou acariciando a testa dela com os lábios.

- Não. - Anne respondeu suavemente.

- O que quer fazer?

- Quero só olhar para você. - Anne disse sem tirar os olhos dele.- Você é tão bonito.

Gilbert sorriu com as palavras dela e retribuiu o elogio dizendo:

- Você é linda, Anne. Mal consigo tirar meus olhos de você. Tem noção do quanto me tem nas mãos? Apenas peça e eu faço tudo o que quiser.

- Você sabe que a única coisa que eu quero é você, Gilbert. Apenas me diga que nunca mais vai me deixar

- Como posso te deixar se te amo mais que minha vida? Você é tudo o que eu quero também. - ele a puxou para seus braços, apertando-lhe a cintura contra seu corpo.

 - Me diz que casa comigo, Anne. - ele disse de repente. Aquele pensamento vinha rondando sua cabeça desde o último sábado quando fizeram as pazes. Ele não queria esperar mais tanto tempo. Ainda levaria dois anos para que se formasse, e o rapaz não achava que tinham que levar todo esse tempo para legalizarem aquela situação.

- Eu achei que já tivesse aceitado duas vezes o seu pedido. - ela disse com humor.

- Eu estou dizendo que não quero mais esperar me formar para te tornar minha mulher.

- O que quer dizer, Gilbert? - Anne perguntou e ele a sentiu ficar tensa. –

- Eu pensei que talvez a gente pudesse se casar no próximo ano.

O que acha de irmos para Paris nas nossas férias? Podemos realizar aquele seu desejo de casar em uma igreja francesa.

     - Você está falando sério? - ela parecia não estar acreditando no que Gilbert estava lhe propondo.

     - Eu nunca brincaria com algo assim.- Gilbert disse se virando para olhar para ela.

      - Mas, e os seus planos de construir a nossa casa antes de nos casarmos?

      - Amor, a construção está bem adiantada. Sebastian me contou na última vez que me escreveu, e podemos continuar morando aqui até minha formatura. Por favor, diz que quer isso tanto quanto eu. - de repente ele sentiu medo que ela dissesse não, pois aquilo tudo fugia do que tinham pensado antes.

       - Isso é o que mais quero na vida. - Anne disse com o rosto tão feliz que Gilbert teve vontade de beija-la outra vez.

         -- Eu sou o homem mais feliz do mundo. - ele disse sorridente, enquanto Anne deitava seu corpo sobre o dele e dizia:

       - Eu te amo para sempre, Gilbert Blythe. - eles se beijaram, e depois Anne ficou deitada sobre o peito de Gilbert e acabaram adormecendo assim.

          Duas horas depois, Cole os encontrou na cozinha tomando café da manhã, e perguntou cheio de malícia:

          - Então, Gilbert. Você chegou cedo aqui hoje. Veio tomar café com a Anne?

          - Eu...- Gilbert ficou vermelho, e Anne percebendo seu desconforto respondeu:

           - Gilbert passou a noite comigo aqui, Cole. Espero que não fique chateado. - Cole continuou a rir e depois respondeu:

        - Eu sei. Digamos que vocês dois não são exatamente discretos quando estão juntos entre quatro paredes. - o rubor de Gilbert aumentou ao saber que o amigo de Anne tinha ouvido tudo o que se passara entre eles na noite anterior.

         - Cole, me desculpe. Eu não quero que pense que desrespeitei sua casa. Eu não pretendia ficar, mas, então, as coisas se descontrolaram um pouco. - Ele tentou explicar.

      - Pare de se explicar, Gilbert. Eu sei que ficaram longe bastante tempo, e estavam com saudades. Não se preocupe, sou totalmente a favor do amor livre. E enquanto Anne ficar por aqui, usem minha casa como quiserem. Somente me avisem para que eu não venha a ter uma surpresa no meio da noite. - Cole se sentou à mesa e Anne lhe serviu o café da manhã:

          - Então, já estão indo para a Faculdade? - o rapaz perguntou.

         - Não temos aula hoje, mas o Gilbert tem que ir para o laboratório mais tarde, e eu tenho monitoria- Anne explicou se sentando com eles a mesa.

         - Por que não fica para o almoço, Gilbert? Assim teriam mais tempo para namorar. - Cole disse com uma pontinha de malícia na voz.

           - Não vou atrapalhar?

         - Claro que não. Você faz muito bem para minha amiga Anne. Olha como a pele dela está corada. - Gilbert quase engasgou com as insinuações de Cole, e de novo Anne veio ao seu socorro:

          - Cole, pare. Você está deixando Gilbert sem graça.

        - Eu estou apenas brincando. Na verdade, eu estou feliz que estejam juntos e se amando desse jeito. Vocês são jovens e tem mesmo que aproveitar cada segundo. - Cole disse com um sorriso.

          - Eu tenho uma novidade. Gilbert e eu decidimos nos casar no próximo ano. - Anne disse segurando na mão de Gilbert que a apertou com carinho.

           - É mesmo? Que notícia boa. - Cole batia palmas de contentamento.

           - E vamos nos casar em Paris. Como Anne sempre desejou. - Gilbert pegou a mãos dela e a beijou.

           - Contem comigo para ajudar nos preparativos. Vou amar cuidar de todos os detalhes com a Anne.

          - Obrigada. Meu amigo. Posso te convidar para ser o padrinho?

        - Claro, meu amor. Eu aceito com prazer, mas terá que encontrar uma parceira, porque Pierre não será bem-vindo como meu companheiro. em uma igreja.- ele disse um tanto tristonho, e de repente, Gilbert se sentiu mal por ele. Devia ser muito difícil se esconder daquela maneira, não poder mostrar ao mundo quem ele realmente era, mas, infelizmente a sociedade ainda tinha muito preconceito contra o que não era convencional. Ele aprendera com Anne a aceitar que todo o tipo de amor valiam a pena, desde que fosse sincero.

           - Que tal se fosse sua mãe? Acha que ela aceitaria? – Anne sugeriu.

          - Ela vai amar. Minha mãe te adora, você sabe. Vou escrever para ela hoje mesmo. - Cole tomou seu último gole de café e disse.

            - Bem vou voltar para meu quarto e descansar mais um pouco. Esses remédios me fazem dormir quase o tempo todo. Fiquem vontade e não derrubem a casa. - Cole disse sorrindo enquanto se encaminhava para o seu quarto.

             Gilbert olhou para Anne com um sorriso acanhado, enquanto a ruivinha o observava com carinho. Ele estendeu lhe os braços e ela se aninhou neles sentando em seu colo.

             - Vai ficar para o almoço?

              - Eu gostaria, mas, eu preciso ir para casa cuidar do nosso filho canino. Ele está abandonado desde ontem a noite. - Gilbert respondeu, admirando o rosto dela. Aquilo era algo que ele nunca cansava de fazer. Todos os traços do rosto dela eram espetaculares, sem sombra de dúvida ela era a mulher mais linda que já conhecera.

               - Tem razão. Eu tinha me esquecido do nosso queridinho. A essa hora ele deve estar morrendo de fome, Gilbert. - Anne disse fazendo cara de quem estava terrivelmente arrependida por ter prendido Gilbert ali por tanto tempo.

                - Então, acho melhor eu ir andando. - Gilbert disse se levantando junto com Anne.

               - Antes que se vá quero te dar uma coisa. Venha comigo até o meu quarto. - ela disse puxando Gilbert em direção ao corredor.. Eles entraram no quarto e Anne foi até a cama, levantou o travesseiro e tirou debaixo dele um objeto que Gilbert conhecia muito bem.

     - É minha boina vermelha! - ele disse espantado olhando para o presente que um dia Anne lhe dera, e o qual ele pensar a ter perdido para sempre. - Então ela estava com você? Como isso aconteceu?

     - Você a esqueceu aqui no dia em que veio me ver e eu estava dormindo.  Por isso, eu a guardei comigo porque era a única coisa concreta sua que eu podia tocar e me fazer senti-lo perto de mim. Creio que agora está na hora de ela retornar para seu verdadeiro dono. - Anne lhe entregou a boina e ele a ajeitou imediatamente em sua cabeça.

        - Obrigado por ter cuidado dela para mim. Você não sabe o quanto fiquei chateado ao pensar que a tinha perdido. De todos os presentes que já me deu, ela é minha favorita.

         -Vermelho combina perfeitamente com você. - Ela disse e Gilbert respondeu:

        - Assim como combina com você. - Gilbert disse colocando uma mecha de cabelo de Anne atrás de sua orelha.

         Anne o acompanhou até a porta, e se despediram com mais um beijo, e Gilbert prometeu que viria busca-la para levá-la para a Faculdade antes de ir para o laboratório. Ele desceu as escadas que levavam até o térreo, e pegou seu carro o qual deixara estacionado em frente do prédio desde a noite anterior.

Quando finalmente adentrou seu apartamento, Milk veio choramingando querendo o colo de seu dono que satisfez seu desejo no mesmo instante.

       - Desculpe-me por deixá-lo sozinho a noite passada, amiguinho, mas foi por uma boa causa. - ele disse afagando o pelo do animal que ofegava com a língua de fora e os olhos cheios de amor por seu dono.

           - Sua mãe vai voltar para casa logo, e seremos uma família completa de novo. - Gilbert disse para o cãozinho como se ele pudesse entendê-lo.

             Depois de alimentá-lo, Gilbert preparou para si mesmo uma refeição simples, e consultou o calendário em cima da geladeira da cozinha onde uma data em especial estava grifada. Ele sorriu ao pensar na surpresa que estava preparando para Anne, cujo aniversário seria naquele Sábado.

Ele não falara com ela sobre a data de propósito, porque queria que ela pensasse que ele tinha esquecido, mas ele nunca esqueceria nada que tivesse a ver com ela, pois todos os detalhes sobre sua noiva estavam arquivados em sua mente.

 Feliz consigo mesmo, Gilbert começou a assoviar uma canção que ele costumava cantar com seu pai quando criança, e foi tomar um banho, pois logo se reunira a Anne novamente para irem para a Faculdade juntos.

ANNE

 

    Anne experimentou a sopa que estava preparando para Cole, acrescentando mais um pouco de salsinha para lhe dar mais sabor, pois sabia que o amigo gostava de comida com sabores mais fortes e menos sal possível.   Um gosto que ele adquirira ao viver tantos anos na França e que trouxera junto com Pierre para a América

    Enquanto ela via a comida borbulhar e ganhar mais consistência, seu olhar pousou na pia da cozinha, e imediatamente ela sentiu seu rosto queimar de vergonha, entretanto não podia dizer que se sentia arrependida pelo prazer que sentira quando Gilbert a tocara tão intimamente. Ela era uma mulher adulta com sentimentos e desejos de uma mulher adulta, então, seria pura hipocrisia tentar voltar a ser aquela garota ingênua que sabia bem pouco sobre a vida e o relacionamento íntimo entre um homem e uma mulher.

    Assim, ela se sentia livre para experimentar o que quisesse com seu noivo, mesmo que fosse pouco louvável aos olhos de algumas pessoas. Ela amava o jeito com que Gilbert a tocava com tanta paixão, e o jeito com que ele se importava a cada toque em saber como ela se sentia. Ele jamais a forçava a nada, preocupando-se única e exclusivamente com o prazer. Dela. Gilbert era um homem raro, em um mundo onde quase não existiam mais homens galantes e românticos, seu noivo era uma exceção. Ele lhe mostrava com carinho e paciência que não havia nada de errado em se entregarem um ao outro, porque o que faziam juntos era transformar o amor abstrato que sentiam em algo vibrante que podia ser materializado pelo toque de seus dedos.

    Então, que mal poderia ter em tudo aquilo se fazia tão bem aos dois? Quem levantava o dedo para criticar e dizer que todas as sensações que Gilbert causava em seu corpo era algo pecaminoso, nunca tinha realmente se apaixonado. Sem querer Anne se lembrou de Rachel Lynde, amiga de Marilla e imaginou o que aquela mulher tão austera lhe diria sobre tudo aquilo. Com certeza ela descreveria o comportamento de Anne como o mais promíscuo e libertino do mundo, mas, quem se importava com a opinião daquela mulher cheia de preconceitos? Anne não se importava, Gilbert muito menos, então que se danassem as línguas ferinas. Anne estava feliz assim como Gilbert e nada daquele tipo a afetava mais fora do círculo do amor com o qual ela Gilbert se protegiam.

   - Por que está olhando com tanta intensidade para a pia da cozinha Anne? - Cole disse bem atrás dela, fazendo Anne se sobressaltar, e fazendo-a dar-se conta de que o amigo poderia ter facilmente surpreendido ela e Gilbert naquela madrugada, mas nem isso a fazia se sentir culpada, pois ela adorara tudo o que ele fizera com ela, e estava louca para explorar mais daquilo tudo com Gilbert em várias outras oportunidades.

     - Estava apenas pensando. - Anne disse evasivamente.

      -Está preocupada com o casamento?

    - Não, por que? - Cole se sentou na cozinha, olhando para Anne com atenção e disse:

     - E os filhos Anne?

         - O que tem isso? - ela tentou desconversar.

      - Por que enquanto você me contava tão animadamente de seus planos de casamento com Gilbert no próximo ano, eu notei um certo pânico no seu olhar, e imaginei que fosse por esse motivo. -Anne olhou para o amigo surpresa pela sensibilidade dele em perceber algo que ela tentara esconder de si mesma.

     - Eu ainda não resolvi como vou lidar com isso. - ela disse olhando para as próprias mãos.

    - Isso não é questão de resolver com o lidar com uma situação, Anne. É ter maturidade para aceitar o que a vida tem a lhe oferecer.

     - Eu sei, Cole. Mas ainda dói e vai doer por muito tempo, porém eu decidi a algum tempo que não deixaria isso me ferir demais como antes. Gilbert não merece uma mulher pela metade, e sim alguém inteiro, e eu vou ser essa mulher completa para ele, Cole. Isso é a única coisa que me interessa.

    - Você sabe que te apoio cem por cento em tudo. E sei que não é mais aquela garotinha medrosa que chegou a Green Gables. Você amadureceu tanto nesse tempo, Anne. Olha para você. Está tão linda, segura e tão mulher. Por isso, não pense por um segundo que é alguém pela metade. Você é uma mulher completa. Eu vejo isso, Gilbert enxerga mais ainda, e aquele rapaz te ama, Anne, tão intensamente que me comove.

    - Desculpe por ontem à noite. Não pensei que você nos ouviria. - Anne disse com um sorriso um tanto constrangido.

   - Pelo que está pedindo desculpas? Por estar apaixonada e se deixar levar por esse sentimento? Por ser uma mulher e sentir prazer com o homem que ama? Isso é lindo, Anne e não vergonhoso. Nunca peça desculpas por expressar tão intensamente a maneira como se sente com Gilbert quando se amam. Não existe nada pior e frustrante do que alguém reprimido.

    - Obrigada, Cole. Você é sempre tão maravilhoso comigo. - Anne disse abraçando seu amigo com carinho.

    - Você também é maravilhosa comigo. Deixou de estar com seu amor para me fazer companhia.

    - Eu faço qualquer coisa por você. - Anne respondeu ainda abraçando Cole.  

     - Eu agradeço muito, mas você precisa cuidar da sua vida também, principalmente de um certo rapaz que te ama demais.

    - Gilbert entendeu quando disse que eu precisava ficar aqui. Vou para casa quando Pierre voltar. - Anne afirmou.

     - Pierre volta amanhã, então creio que Gilbert ficará feliz com essa notícia. Já sabem p que vão fazer para comemorar seu aniversário? - Cole perguntou se servindo da sopa que Anne acabara de colocar sobre a mesa.

   - Não, mas creio que Gilbert não está se lembrando.

   - É por que não disse a ele? - Cole perguntou olhando-a com curiosidade.

   - Porque não acho isso tão importante. Gilbert tem outras coisas com as quais se preocupar.

     - E claro que é importante, Anne. Todos os aniversários são importantes. Nunca pense o contrário. - Cole disse em protesto.

      - Tudo bem. Talvez eu diga a ele hoje quando ele vier me buscar para a Faculdade. - Anne disse provando da sopa que ela própria preparara.

      - Faça isso minha querida. Tenho certeza de que terão uma noite incrível juntos. - Anne assentiu e depois perguntou.

      - Como está se sentindo, Cole?

     - Bem melhor com todos os seus cuidados. - ele disse sorrindo.

     - É quando pensa voltar ao trabalho?

     - Na próxima semana. - Cole respondeu se-servindo de mais sopa.

     - Tem certeza? Não quero que se esforce demais sem necessidade, Cole. - Anne disse preocupada.

     - Anne, prometo que vou me cuidar, mas preciso voltar ao trabalho. Meu projeto e de Pierre já se atrasou o suficiente. Está na hora de eu voltar para minha vida de antes.

     - Se acha que é capaz não vou discutir isso com você, mas não exagere e faça tudo com cuidado. - ela o aconselhou.

     - Pode deixar, irmãzinha. - Ele respondeu brincando. - Você deve estar com saudades do apartamento de Gilbert.

     - Não só do apartamento. - Anne disse sorridente. - Dele principalmente e de Milk. Meu bebê peludo cresceu tanto, quase não consigo segurá-lo no meu colo.

     - Então, acredito que poderá matar toda essa saudade esse fim de semana. - Cole disse dando- lhe um tapinha carinhoso na mão.

     -Seria um presente de aniversário e tanto. - Anne disse com os olhos sonhadores.

     - E você o terá. - Cole disse sorrindo.

      Quando Gilbert voltou para buscá-la, Anne já estava pronta. Dessa vez, Gilbert não teve que esperá-la porque a menina o aguardava do lado de fora, sentada nas escadarias do prédio.

     - Que visão maravilhosa. Cada vez que te vejo é como se você florescesse mais um pouco, querida. Você realmente sabe como deixar meu dia mais feliz.- Gilbert disse a abraçando apertado, e Anne aproveitou para sentir o perfume dele e guardá-lo mais uma vez em suas lembranças, porque aquela noite não teria Gilbert com ela, assim cada pedacinho dele que pudesse gravar e juntar com todas as outras lembranças que já tinha dele, seria uma maneira de ajudá-la a passar aquela noite longe dele. Anne não ia contar ainda para Gilbert a possibilidade de ela voltar para casa no dia seguinte, porque não queria criar falsas expectativas caso Pierre não pudesse voltar para casa como Cole dissera. O inesperado sempre poderia acontecer, e desta forma não desejava deixar Gilbert chateado se não acontecesse.

     - Eu poderia ficar assim com você para sempre. - Anne disse ainda abraçada a ele.

    - Você acabaria se cansando de mim. - Gilbert disse afagando-lhe os cabelos.

     - Isso seria tão impossível quanto o sol deixar de nascer. Eu nunca vou ter o suficiente de você. Não importa o quanto a gente se abrace, se beije e faça amor. Eu sempre vou querer mais de você em mim. - ela disse apaixonada, e Gilbert respondeu com seu olhar mergulhado no dela como se quisesse que Anne lesse a sua alma inteira:

      - Eu não vejo a hora de você voltar para casa. Por Deus? Anne que não demore muito mais. Vou enlouquecer se tiver que esperar mais tempo do que já esperei para tê-la comigo.- ele segurava o rosto dela com as duas mãos e Anne desejou que pudesse encurtar ainda mais o tempo que faltava para Pierre retornar, e ver a alegria de Gilbert sorrir naqueles olhos que naquela pequeno instante estavam agoniados de saudade, assim como ela .Eles precisavam um.do outro mais do que a presença física, eles necessitavam daquela conexão que os tornava fortes e capazes de lutar por tudo que desejavam juntos, e superar os obstáculos que ainda estava por vir.

Eles eram a energia um do outro, e por isso nunca conseguiriam viver longe desta maneira. Separados ambos eram apenas a metade do sentimento que fazia suas vidas valer a pena, porém juntos eles eram oxigênio um do outro e o mais importante de tudo, eles eram um só coração.

- Isso é o que eu mais quero também, meu amor, mas, Cole tem sido um amigo tão maravilhoso. Não posso deixá-lo sozinho. Não seria justo e nem decente com alguém que sempre me estendeu a mãos em todos os meus momentos difíceis, por isso, me custa muito colocar meu coração em primeiro lugar. - Anne respondeu abraçando a cintura de Gilbert ainda mais forte.

- Eu sei. Perdoe-me por meu pedido parecer tão desesperado. Eu juro que vou ser mais paciente. Quando achar que deve voltar, eu e Milk estaremos esperando. - ele atraiu o rosto dela em direção ao seu e beijou-a ainda uma vez antes de levá-la até seu carro, e irem juntos para a faculdade.

O trajeto pareceu tão terrivelmente curto a Anne que teria feito tudo para retardar o relógio se tivesse o dom de comandar o tempo.  Ela adorava Cole demais, contudo, Gilbert tinha razão, aquela separação entre eles era tortura, e os efeitos já se fazia perceber nos dois. Ela passava o dia inteiro e a noite pensando nele, e quando se encontravam era aquela explosão de sentimentos difíceis de controlar. Anne precisa de seu noivo mais tempo perto dela, porque aqueles breves intervalos em que conseguiam ficar juntos eram insuficientes, e todo o seu ser sofria de saudade. Ela riu internamente ao se lembrar que quando era mais jovem odiava a palavra dependência, e dizia que se um dia conseguisse sair do orfanato jamais daria o direito a alguém de controlar sua vida, ou dizer-lhe o que fazer, e ali estava ela totalmente dependente de um sentimento que era o mais importante de sua vida.

Porém, ela não via aquela dependência como algo necessariamente ruim, e olhando para trás ela tinha que admitir que nunca tivera chance de fugir do que sentia por Gilbert. Ele a conquistara no primeiro instante, e não tivera como se sentir diferente, e ela sabia que Gilbert se sentia assim também porque ele o confessara para ela muitas vezes, assim, eram duas almas que só podiam realmente existir se pudessem ocupar um espaço no mesmo universo que os uniu um dia.

Eles entraram pelo portão da faculdade juntos, pois Gilbert fez questão de levá-la até a monitoria. O rapaz também queria aproveitar para falar com seu professor de Patologia sobre um trabalho pendente.  Ao se despedirem pela última vez naquele dia, Anne segurou a mão dele e perguntou:

- Eu vou te ver mais tarde?

- Não acho uma boa ideia, principalmente porque se a gente se encontrar eu não vou conseguir manter minhas mãos longe de você, e não quero ficar constrangido ao imaginar Cole ouvindo tudo o que a gente fizer ou disser. Sinceramente, foi constrangedor demais ouvi-lo falar sobre isso essa manhã. - Gilbert disse, sorrindo sem jeito.

- Desculpe, acho que a culpa foi minha. Eu devia ter me controlado mais. - Anne disse ruborizada. Ela realmente não tinha reprimido seus desejos aquela noite e acabara dando um espetáculo e tanto para os ouvidos de seu amigo. Embora, duvidasse que Cole ficasse chocado com alguma coisa. Seu amigo apesar de ter apenas vinte anos era tão vivido e suas experiências não se limitavam apenas ao relacionamento que tinha com Pierre. Cole não lhe contara muito sobre sua vida em Paris, mas, Anne sabia que ele tinha saído com outras pessoas antes de se comprometer seriamente com Pierre. Além do mais, Paris era uma cidade onde pouca censura existia, e o que seria visto como um escândalo na sociedade de Avonlea, na cidade Luz não tinha qualquer efeito colateral.

- Eu não quis que se controlasse. Você não sabe o quanto estava linda com apenas a luz da lua clareando seu rosto. É uma visão que não quero esquecer nunca. - Gilbert disse, fazendo o rubor de Anne aumentar, ao mesmo tempo e que sentia as borboletas se agitarem em seu estômago. Gilbert sabia exatamente como incitar sua imaginação, que naquele momento voou tão longe que ela teve que se beliscar para se focar no momento presente.

- Você se arrepende de ter ficado comigo na noite passada? - ela perguntou vendo os olhos de Gilbert mudarem de cor de repente, como se as lembranças da última noite o estivessem afetando também.

- Não. Você se arrepende de ter me pedido para ficar?

- Nunca. Foi uma das melhores noites da minha vida. - ela disse apertando a mão dele e Gilbert disse com seu olhar ainda mais escuro:

- Então, precisamos repetir mais vezes.

- E iremos, assim que eu voltar para casa.

- Isso é uma promessa, Sra. Blythe? - ele perguntou olhando-a com um misto de expectativa e malícia.

- Sim, Dr. Blythe. É uma promessa. Agora preciso entrar ou vou ficar atrasada.

- Eu também tenho que ir. Mas, quero te levar para sair amanhã à noite. Você aceita?

- Sem pensar duas vezes. - Anne respondeu dando-lhe um selinho rápido, e assim se despediram.

Logo ela se encontrava sentada em seu lugar costumeiro, e seus alunos de reforço começaram chegar pouco a pouco. Ela estava tão absorvida pela tarefa de explicar sobre o poema épico, A Lenda De Beowulf, que Anne não percebeu o rapaz que a olhava com admiração, e foi somente quando ela terminou a sua aula que viu Roy Gardner se sentar no assento do aluno e olhá-la de um jeito intenso, fazendo-a se sentir desconfortável.

- Por que você anda me evitando? - ele perguntou com a voz magoada.

- Eu não ando te evitando. - Anne respondeu ajeitando suas anotações sobre a mesa, tentando não olhá-lo diretamente.

- Está sim. Desde a última semana. Você voltou para aquele babaca, não é? - ao ouvir o jeito depreciativo que Roy falava de Gilbert, Anne não pôde deixar de encará-lo.

- Não fale assim dele. Gilbert é meu noivo, eu o amo e tudo o que aconteceu foi apenas um mal-entendido que interpretei de forma errada.

- E quanto a nós, Anne? - ela o olhou espantada. Do que ele estava falando exatamente? ela se perguntou. Nunca tiveram nada além de amizade, e Roy não podia estar cobrando algo assim dela.

- Nunca houve um nós, Roy. Você sabe muito bem. Eu sempre fui sincera com você. - ela disse irritada.

- Eu sei que sim, e te agradeço por isso, mas, eu pensei que você me daria uma chance, Anne. - o olhar triste dele a fez sentir pena, mas, ela nunca lhe deu esperanças nenhuma, e se Roy se iludira, ele o fizera sozinho.

- Roy, eu sinto muito que você esteja sofrendo, contudo, Gilbert é o homem da minha vida, e tudo o que você e eu fomos não passou de amizade da minha parte. - Anne odiava destruir as ilusões de alguém assim, mas, seria muito pior se continuasse alimentando o sentimento que Roy dizia nutrir por ela, por isso, preferia que ele entendesse que nunca aconteceria nada demais entre eles, porque ela já tinha feito sua escolha anos atrás.

- Não quer mesmo considerar? - Anne quase riu. Roy falava como se os sentimentos pudessem ser negociados. Bem se via que ele nunca amara ninguém antes.

- Não há o que considerar, Roy. - Anne concluiu desejando terminar logo aquele assunto que a estava incomodando.

- Está bem, Anne. Se é isso que deseja. Mas, saiba que te amo, e se um dia me quiser, eu vou estar à sua espera.

- Roy... - Anne tentou falar, mas, Roy não permitiu.

- Eu sei. Não estou esperando que me diga nada. Podemos pelo menos ser amigos? - ele perguntou com um sorriso triste.

- Claro. - Anne respondeu aliviada por aquela situação tensa terminar.

- Nos vemos por ai então. Até mais, Anne.

- Até. - ela o viu sumir pela porta de vai veem, e se sentou novamente em  sua mesa de monitoria, feliz por ter encerrado aquele assunto de vez.

Porém, quando estava quase terminando o seu expediente, sua coordenadora se aproximou de Anne e disse:

-Mandaram te entregar isso. - quando Anne levantou o olhar do livro que estava lendo, ela viu surpresa que a garota segurava um enorme buquê de rosas. Intrigada, ela pegou o cartão que dizia:

 

Querida, Anne.

Soube por fontes seguras que amanhã é seu aniversário, e não podia deixar essa data tão importante passar em branco. Espero que tenha uma vida feliz, e que todos os aniversários lhe chegarem te tragam o melhor da vida, porque você é como um raio de luz, Anne, e desde que te conheci, eu sabia que não seria apenas algo passageiro. Feliz aniversário,

Com amor, Roy.

 

 Deus! Ele não desistia! O que mais teria que dizer para Roy entender que não estava disponível e que nunca estivera? O buquê de rosas era lindo, mas, de forma alguma, ela o levaria para casa, pois se Gilbert ficasse sabendo ela ia ter um problemão para aplacar o ciúme dele.

- Que coisa mais linda, Anne. São de seu noivo? - Soraia, uma das monitoras- perguntou encantada com as flores.

- Não, são de um amigo. - olhando para garota melhor, Anne perguntou:- Gosta de rosas, Soraia?

- Muito.

- Então, são suas. - Anne disse lhe entregando o buquê enquanto a garota a olhava espantada.

- Mas, não são um presente de seu amigo?

- Sim, mas, meu noivo é ciumento, eu teria problemas ao explicar quem as mandou, então pode ficar com elas. - Anne disse com um sorriso encorajador.

- Muito obrigada, Anne. Nunca ganhei um buquê de rosas assim.- A garota disse toda boba enquanto acariciava as pétalas de um dos botões.

- Então, considere um presente meu. - ela disse antes de sair, sentindo que pelos menos as rosas de Roy serviram para agradar alguém naquele dia que especificamente não era ela.

 

 

 

ANNE E GILBERT

Gilbert acabara de falar com seu professor de Patologia e estava caminhando pelo corredor em direção a porta quando cruzou com Roy Gardner que veio andando em sua direção Por um segundo, ambos pararam e se encararam como inimigos, antes de continuar cada um o seu caminho.  Gilbert teria continuado seu trajeto calmamente, se não fosse pela voz de Roy Gardner que como bom provocador que era, disse em tom provocador e alto o suficiente para que o jovem estudante escutasse:

- Idiota. - Gilbert estacou sem acreditar no que aquele rapaz dissera e se virou na direção dele com os olhos fuzilando de raiva pela ousadia dele em chamá-lo por algo que definitivamente ele não era.

- O que disse? - ele perguntou por entre dentes.

- Eu disse que você é um idiota. - Roy respondeu provocando Gilbert mais ainda.

O noivo de Anne caminhou alguns passos de volta até estar próximo de Roy e disse com o rosto bem próximo do dele, seu maxilar travado denunciando o quanto ele tentava controlar seu temperamento não tão pacifico naquele momento.

- Como ousa me chamar assim, seu moleque mimado?

- Eu chamo quantas vezes quiser. Você pensa que ganhou essa parada com a Anne, mas está muito enganado. - Roy disse sorrindo com ironia.

- Que eu saiba não nunca houve uma disputa entre nós Roy, porque a Anne sempre foi minha garota. Ela me ama, então, quem é o idiota aqui é você se pensa que vai ter alguma coisa com ela. - Gilbert disse com seu olhar fixo no de Roy quase fuzilando-o vivo.

- Você diz que ela te ama, mas, se fosse assim, por que ela teria permitido que eu a beijasse? - Roy perguntou olhando com satisfação para o rosto de Gilbert que ficou vermelho de repente.

- Você está mentindo. A Anne nunca beijaria um cara como você.

- Mas, beijou. E se dúvida, deveria perguntar a ela.- Roy disse encarando Gilbert com um olhar vitorioso de quem tinha jogado e conseguira marcar seu ponto final. Em seguida, ele virou as costas e saiu, deixando Gilbert parado no corredor sem conseguir acreditar no que ouvira.

Anne não podia ter beijado aquele cara. Ele sequer conseguia pensar nisso. Suas mãos tremiam de raiva, mas, nem se comparavam com a tempestade de ira que se formava dentro dele. Gilbert foi par o trabalho sem realmente saber como dirigira até lá, pois sua visão estava turva, assim como sua cabeça começava a doer daquele jeito que o deixava sem dormir por dias. O trabalho se tornou uma tarefa quase impossível, pois sua cabeça não parava de pensar no que Roy tinha lhe contado. Será possível que Anne tinha escondido isso dele? Por que não lhe contara? Por que o fizera acreditar que não houvera nada entre ela e Roy?  Seu estômago queimava ao imaginar aquele crápula abraçando sua garota, tocando nela e beijando-a, enquanto sua cabeça rodava lhe causando enjoo. Ele precisava esclarecer aquilo com sua noiva ou não teria paz.

Quando seu expediente terminou, Gilbert estava quase agonizando de tensão, por esta razão, ele pegou o carro e dirigiu o mais rápido que pôde para dar tempo de pegar Anne na saída da monitoria. No momento em que ele estacionou o carro na porta da Faculdade, Anne atravessava o portão. Ele a chamou pelo nome e ela sorriu ao ver que era Gilbert que estava ali esperando por ela. Contudo, Gilbert sequer retribui fazendo-a franzir a testa preocupada ao se aproximar dele.

- Gilbert, o que foi? Você está se sentindo bem? - ela perguntou olhando para o rosto pálido dele.

- Será que podemos conversar? Eu preciso te perguntar uma coisa. - ele disse sério, e Anne sentiu uma pancada em seu coração, fazendo-a se perguntar o que poderia ter acontecido para deixá-lo daquele jeito,

- Claro. - ela respondeu.

- Então, venha comigo. - ele disse e Anne o seguiu até o carro. Uma vez lá dentro, a ruivinha   já´ sentia suas mãos suarem de nervosismo. Gilbert não estava agindo normalmente deixando-a terrivelmente ansiosa, ao mesmo tempo em que não conseguia deixar de notar o rosto extremamente pálido de seu noivo

.- Gilbert, por favor me diga o que está acontecendo? -  Gilbert ficou calado por um momento, e então, perguntou de uma só vez.

- Por favor, Anne me diga que não é verdade que você beijou Roy Gardner. - o olhar dele sobre ela ao fazer essa pergunta foi como o impacto de uma bala em seu coração. Como ele soubera daquilo? Era algo tão sem importância, mas que visto pelo ângulo errado poderia causar uma confusão imensa, por isso, ela se virou para Gilbert e disse;

-  Ele me beijou e não o contrário. - ela viu os lábios de Gilbert tremerem e o olhar magoado dele que doeu fundo dentro dela. Odiava ver Gilbert sofrer por qualquer coisa relacionada a ela. Ele descansou os braços no volante e a cabeça entre eles como se não suportasse o peso do que Anne lhe contara.

- Gilbert, você ouviu o que eu disse? Ele me beijou e eu não correspondi. Como poderia se estou apaixonada por você? - ela tocou o braço do rapaz que permanecia inerte sem se mexer, deixando-a cada vez mais nervosa. Deus, permita que ele me perdoe, ela pediu baixinho. Como se ouvisse seu apelo mudo, Gilbert a olhou de lado e disse:

- Por que não me contou antes?

- Porque não achei que tivesse importância e porque eu nem me lembrava disso. Eu deixei que ele em beijasse apenas porque estava sentindo demais a sua falta, e queria te tirar da minha cabeça, mas, não adiantou porque todo o tempo eu desejei que fosse você. Desculpe-me, amor, não queria que ficasse magoado com isso. - ela disse tocando o rosto dele.

- Eu fiquei quando ele me contou hoje, mas, eu precisava saber de você para ter certeza de que ele não estava inventando tudo para me deixar com ciúmes.

- Talvez tivesse sido essa a intenção dele, porém, eu repito. Roy Gardner não significa nada para mim. O que temos é apenas uma relação de amizade. Esse beijo que ele te disse que trocamos foi uma estupidez de minha parte. Eu não devia ter permitido que acontecesse porque foi por todas as razões erradas. Eu não te trai, Gilbert, eu jamais faria isso com alguém que eu amo tanto. - ela disse tão próxima dele que Gilbert podia sentir-lhe o calor.

- Eu sei que não me traiu, mas é que dói pensar em você com outro cara que não seja eu. - ele estendeu a mão e pegou uma mexa do cabelo dela

- Eu me senti do mesmo jeito quando te vi a Dora, e sei o quanto isso fere o coração.

- Desculpa vir até aqui te perguntar isso. Eu devia ter imaginado que aquele estúpido usaria isso para nos separar.

- Eu gostei que tenha vindo me perguntar diretamente. Isso prova que confia em mim em primeiro lugar, e me deu a oportunidade de esclarecer esse fato por mim mesma. - ela disse pensando que falaria com Roy sobre isso depois. Ele agira levianamente por suas costas e era algo que não podia perdoar.

- Eu te amo. - Gilbert disse tocando-lhe as bochechas.

- Eu te amo mais. - Anne respondeu juntando seus lábios em um beijo doce e consolador.

- Vou te levar para casa. - ele disse assim que se separaram massageando as têmporas, chamando a atenção de Anne para esse fato.

- Está com dor de cabeça de novo? - ele assentiu com a cabeça e ela perguntou:- Não seria melhor procurar um médico?

- É apenas dor de cabeça por tensão. Vai melhorar assim que eu tomar um analgésico e relaxar. - Gilbert a tranquilizou ligando o carro e dirigindo até o apartamento de Cole.

- Não se esqueça do nosso encontro amanhã. - ele disse.

- Não vou esquecer. - Anne respondeu beijando-o nos lábios e descendo do carro. Foi somente quando Gilbert deu ré e acenou para ela desparecendo na esquina em seguida é que ela entrou no prédio.

Naquela noite Anne sentiu-se extremamente zangada com Roy, mas não estava exatamente desapontada porque nunca acreditara cem por cento nele, e pôde comprovar que o velho Roy nunca o tinha abandonado realmente. O que ele fizera fora extremamente infantil, e usar um beijo que lhe dera somente para tentar separá-la de Gilbert tinha sido realmente a gota d'água. Roy lhe pedira para que continuassem amigos, mas, Anne de repente percebeu que nunca poderia ter qualquer tipo de amizade com alguém tão pouco confiável, que não sabia aceitar um não como resposta, e que se aproveitava de qualquer coisa para ficar por cima da situação.

Na manhã seguinte do seu aniversário, ela acordara com seu humor um pouco melhor, e encontrou Cole logo cedo na cozinha preparando seu café da manhã especial, e sorriu assim que a viu entrar

- Feliz Aniversário, querida.

- Obrigada, Cole. Mas, não devia ter se preocupado. Você não está tão bem assim para de esforçar com tudo isso. - ela apontou para todas as coisas deliciosas que haviam na mesa, assim como pequeno bolo confeitado em cima.

- Eu tive ajudar especial para isso. - ele disse maroto.

- Quem te ajudou fazer essa refeição linda para mim? - ela perguntou curiosa.

- Olhe bem atrás de você. -ele disse animado, e quando Anne fez o que o amigo lhe pedira, ela quase gritou de felicidade ao ver Pierre sorrindo-lhe parecendo também muito feliz. Aquilo significava que poderia ir para casa e estar com Gilbert novamente, e esse fora seu melhor presente do dia.

Quando seu noivo viera buscá-la como tinham combinado no dia anterior para saírem juntos, Anne não se continha de ansiedade para contar a ele a grande novidade do dia.

- Por que parece que você ganhou um presente antecipado de Natal? - Gilbert disse admirando-lhe o sorriso incrível. Anne simplesmente ficava deslumbrante quando sorria assim.

- Acho que nós dois ganhamos.

- O que quer dizer? - Gilbert a olhou interrogativamente.

- Isso quer dizer que já posso voltar para casa, pois Pierre chegou hoje de manhã da França. – ela disse se maravilhando ao ver o rosto de Gilbert se iluminar de repente com o que ela contara.

- Você não está brincando, não é? - ele tinha medo de estar sonhando por isso tinha que se certificar.

- É claro que não estou brincando, seu bobo. - Anne disse jogando seus braços em volta do pescoço de Gilbert.

- Amor, isso é maravilhoso. Então, o aniversário é seu e eu é que ganho o melhor presente do mundo. – Gilbert disse fazendo Anne arquear a sobrancelha surpresa.

- Então, você se lembrou do meu aniversário.

- É claro que sim. Como se eu pudesse esquecer alguma coisa sobre a mulher da minha vida - Gilbert respondeu.  Em seguida, ele retirou do porta luvas do carro uma caixinha embrulhada para presente e o entregou a Anne.

- Eu comprei esse presente a algum tempo porque ele me lembrou você.

- E o que é? - ela perguntou curiosa ao pegar a caixinha da mão de Gilbert com cuidado.

- Abra e veja por si mesma. - ele disse aumentando a expectativa de Anne sobre o presente.

Devagar, ela desfez o laço azul que estava amarrado na caixinha embrulhada em papel da mesma cor, e quando se deparou com a caixinha de música e a bailarina ruiva. Ela levantou os olhos marejados para Gilbert e disse:

- É a coisa mais linda que já ganhei. Obrigada, meu amor. - ela disse beijando Gilbert com carinho.

- Agora vamos para o nosso encontro especial.

- Ainda tem mais?

- Muito mais meu amor. A noite está somente começando.

- Aonde vamos,-  ela perguntou surpresa.

- Logo você vai saber. - Gilbert disse, dando partida do carro e dirigindo até o centro da cidade por cerca de dez minutos. Quando por fim estacionou, Anne olhou para o grande edifício vermelho com uma placa que dizia: Ringue de patinação no gelo.

         Gilbert, tem certeza que vamos entrar aí? Eu nunca patinei no gelo antes. - Anne disse um tanto amedrontada.

           - Por isso é que eu te trouxe.  Vai fugir do desafio? - Gilbert perguntou com um olhar divertido que fez Anne se decidir.

         - É claro que não. – ela respondeu descendo do carro.

         - Essa é a minha garota. - Gilbert disse sorrindo.

Patinar não se mostrou algo tão difícil assim para Anne como ela pensara no princípio, e após alguns tombos na superfície gelada que lhe renderam algumas gargalhadas, ela conseguiu se equilibrar o suficiente para poder acompanhar Gilbert que já era um verdadeiro perito, pois aprender aquela modalidade esportiva em uma de suas viagens pelo mundo.

Quando por fim resolveram parar, ambos estavam completamente suados apesar do frio, mas extremamente felizes por estarem se divertindo juntos. Desta forma, eles deixaram o ringue de patinação e foram para o apartamento de Gilbert onde ele preparara mais uma surpresa para acabar a noite. No momento em que ele abriu a porta, Gilbert disse:

- Espere um instante. - e para a surpresa de Anne, ele a pegou no colo e disse:

- Bem-vinda ao lar, Sra. Blythe.- Gilbert disse todo romântico fazendo Anne se sentir derretendo por dentro.

Desta maneira, ele a carregou para o quarto onde Gilbert deixara uma champanhe no gelo, e um pequeno bolo de aniversário.com o nome de Anne escrito nele. Assim que Gilbert a colocou no chão Anne disse:

- Muito obrigada, meu amor, por tudo isso.

- Eu é que tenho que agradecer por ter você aqui comigo de novo.  Vai dormir aqui essa noite, não é?

- Nada me faria deixar você nesse momento. - ela então o puxou para um beijo que em pouco tempo já tinha se transformado em algo intenso demais. Gilbert gemeu por entre o beijo quando Anne mordiscou seu lábio inferior. Ele já estava intoxicado pelo cheiro dela, e por isso uma urgência imensa de tê-la tomou conta dele.

O champanhe foi esquecido no balde de gelo assim como o bolo que seria provado apenas mais tarde, porque naquele momento outra festa acontecia no corpo de Anne, que sentia sua pele arder de desejo pelo homem de seu coração.

Gilbert a despiu devagar, admirando cada parte dela que ele já tinha visto tantas vezes, mas que sempre seria algo digno de ser adorado por ele. E quando última peça foi arrancada deixando Anne gloriosamente nua, com seus cabelos cheios de onda caindo até a cintura, Gilbert percebeu que não conseguiria resistir por muito tempo. Assim que ele se despiu, Anne o empurrou para a cama e disse:

- Apenas relaxe meu amor, porque essa noite você é completamente meu. – Gilbert apenas suspirou fundo em resposta, enquanto Anne deitava o corpo dela sobre o seu. Os beijos famintos que trocaram foi o início de uma noite que não tinha hora para acabar. Assim, Anne se dedicou a tarefa de excitar Gilbert de todas as formas possíveis, e como ele fizera com ela na manhã do dia anterior ela o fez se desfazer em suas mãos pelo seu toque.

Gilbert perdeu a noção de tempo e espaço, enquanto Anne explorava seu corpo inteiro com os lábios, as vezes deixando pequenas mordidas que o faziam se arrepiar em toda extensão de sua pele.   Os beijos dela o deixavam louco assim como os movimentos que ela fazia com os quadris fazendo-o apertá-la cada vez mais forte de encontro ao seu corpo. O desejo se expandiu de maneira gigantesca, da mesma maneira que as batidas dos corações de ambos que  se tornavam cada vez mais rápidas. 

O toque delicado das mãos de sua noiva faziam Gilbert viajar pelas ondas da paixão como se fosse um peregrino em busca de um abrigo aconchegante. Ele se perdeu naquelas sensações que subiam por todos os seus membros deixando-o completamente tenso e ao mesmo tempo relaxado.

Anne se regozijava internamente por ter Gilbert ao alcance de suas mãos e fazer com ele o que bem desejasse, e por isso, somente se deu por satisfeita quando seu próprio corpo implorou pelo toque dele e deste modo, foi a vez de Gilbert fazê-la gemer seu nome, deixando-a tão excitada que Anne pensou que ia explodir se não consumassem aquele ato de amor naquele instante.

Por esta razão, quando Gilbert a possuiu, Anne sentiu cada parte de seu corpo em chamas, como se tivesse alcançado os raios de sol. E assim eles cavalgaram juntos em movimentos tão rápidos que faziam a ambos transpirar, queimar, ofegar. Como sempre Anne deu tudo de si assim como Gilbert permitiu que ela tomasse dele o que ela quisesse.

 O ápice chegou para ambos de forma monstruosa, fazendo Gilbert mergulhar cada vez mais na feminilidade ardente de Anne, e assim quando a calmaria chegou, eles ainda ficaram agarrados por algum tempo até que uma letargia gostosa tomou conta dos dois e os fez adormecer.

O champanhe continuou no gelo até o dia seguinte, porque naquela noite, ambos queriam apenas celebrar o amor em seu corações da forma mais íntima que conheciam, e dar um ao outro a certeza se que aquele sentimento maravilhoso que um dia os atraíra um para o outro iria durar indefinidamente até a eternidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


O que vocês acharam dessa Anne mais madura e segura de si? Eu achei que este capítulo realmente capturou a essência dela da série na qual ela nos mostra como ela é espiritualmente livre, e sem os preconceitos que a sociedade costuma impor até hoje, apesar da nossa suposta liberdade de expressão. E isso implica amar quem quiser, e da maneira que quiser. Espero por suas opiniões. Beijos.


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