História Anne With Ann "E" - Para sempre ( EM REVISÃO ) - Capítulo 80

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Saíram para conversar ao ar livre, Diana se encostou na cerca aguardando. Pacientemente. Jerry lhe olhou e começou:

_ O meu pagamento. Da mensalidade desse mês, não foi aprovado.

_ Como?

Ele se endireitou e continuou a falar:

_ Também preciso saber. Isso não tem explicação, o valor não está errado, disso eu sei, contei o dinheiro antes de pôr no correio várias vezes, eu paguei pela mensalidade do curso Diana! Não me conformo com isso! E se não resolverem esse problema? Como irei pagar de novo?

Ela ficou calada, e cautelosamente, tentando confirmar uma teoria que sua mente acabava de criar perguntou:

_ Diz que o pagamento dá como se nunca tivesse sido efetuado? 

_ Isso mesmo.

Jerry estava possesso, e um tanto desesperado, seu planejamento financeiro para ingressar na faculdade de direito foi minuciosamente calculado, de modo que nem um centavo saísse fora do roteiro e ele não contava com imprevistos, mesmo sendo bolsista era ciente do que uma mensalidade atrasada significava e por isso quitava cada uma.

Diana estava vendo a ficha cair sem que tivesse controle sobre ela. Curiosamente dias depois do reitor financeiro da faculdade conversar com o seu pai a mensalidade é recusada sem chance de recuperar o dinheiro. Seu súbito silêncio e a expressão perturbada já o estavam incomodando:

_ Diana? Que cara é essa?

_ Eu... Você me odiaria se eu dissesse que já sei quem é o responsável por isso?

Jerry ficou surpreso, em seguida desconfiado e incerto sobre o que pensar,  não estava gostando do rumo da conversa:

_ Por que? Não sei... Por acaso você sabe quem fez isso?

_ Você não me respondeu. Você me odiaria?

_ É claro que eu não faria isso- Jogou os braços no ar impaciente. _ Se você não é responsável por nada não tem o por que agir assim. Agora se isso tem um culpado e você sabe quem é, aí sim eu ficaria chateado se não me contasse.

Diana piscou várias vezes com um nó crescente na garganta, com muito sacrifício soltou a última frase que desejaria:

_ Tenho quase certeza. Mas tudo aponta que meu pai tentou te prejudicar.

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Já era fim de tarde, a noite estava quase dominando o cenário do céu lançando um azul escuro sobre as matizes alaranjadas e roxas. A casa estava tão iluminada que era vista a distância pelos transeuntes da estrada coberta de neve. Até a geada pareceu dar uma trégua aquele dia, para que os convidados pudessem chegar sem imprevistos ou sem abarrotarem suas carroças na estrada. Josie Pye vestida no seu robe lilás, olhava para a janela distraidamente, seu hálito embaçou o vidro o qual desenhou formas com a ponta do dedo. Nessa contemplação muda dos seus gestos em devaneio, sua mente sem querer buscou as lembranças da noite passada:

Onde enquanto se preparava para dormir, notou a veneziana daquela mesma janela aberta. Revirou os olhos, caminhou até ela para fecha-la e impedir que o ar frio entrasse.

Assim sendo, corriqueiramente, ergueu o olhar para a janela de frente a sua e congelou com as mãos no batente. Seu detestável vizinho resolveu fazer um espetáculo de exibicionismo em pleno quarto? A princípio entrou naturalmente, fechou a porta e começou a lentamente desabotoar os botões do colete.

Josie parecia enfeitiçada não conseguia desprender os olhos numa súbita curiosidade de ver o que viria a seguir. Se livrando da peça, foi a vez das abotoaduras no punho e em seguida a camiseta, cada botão aberto era um pedaço de pele revelada, macia torneada sem marcas diferente de tudo o que já viu ou já imaginou.

Foi então que a camisa de linho desceu pelos largos ombros, revelando uma anatomia composta por um peitoral desnudo com uma espessa linha preta quase imperceptível a baixo do centro, que ao final cortava em uma reta a barriga com algumas salienciazinhas de músculos alí e aqui.

Músculos esses que se mexiam conforme ele andava e formavam um "v" perfeito antes de ser encoberto pela calça social. Ele usou os dedos como uma espécie de pente para arrumar os fios loiros e macios da sua cabeça, tão lisos e perfeitamente domáveis. Se virou de costas, Josie arfou, grandes costas... As omoplatas se moviam enquanto ele estava agachado na cômoda procurando por um pijama. Se ergueu e espreguiçou-se, ela mordeu o lábio sem que percebesse e apertou as unhas nas palmas das mãos enquanto imaginava qual seria a textura ao arranha-lo.

Quando ele ergueu os olhos para fora, deu um pulo. Largou a cortina e se chocou contra a parede pondo uma das mãos sobre o peito enquanto tentava controlar novamente sua frequência cardíaca que deveria estar assim (desse modo pensou ela) pela adrenalina de quase ser pega. Esperou alguns segundos e olhou de novo, ninguém.

Ela estava decepcionada? Teve vontade de gritar, assustada bateu a janela com toda a força a fechando o mais rápido possível. Voltou para a cama e abraçou o travesseiro, o corpo estranhamente febril sem cobertores ainda que estivessem na temporada das madrugadas mais frias do ano. As cenas iam e vinham na sua mente, então era assim um corpo masculino de verdade, ou pelo menos parte dele. 

Nenhum livro ou explicação era capaz de descrever com clareza o que viu. E não conseguiria tirar da mente tão cedo, maldito Jasper. "Mil vezes um infeliz" pensou, era tudo culpa dele.

Agora sozinha, parada no mesmo lugar da noite anterior, soltou um riso sem humor. Realmente, estava ficando louca. Batidas na porta e um chamado:

_ Filha? Querida? Já está pronta? Os convidados não demoram a chegar!

Josie passou as mãos pelo cabelo e respondeu :

_ Já vou mamãe! Estou quase!

Mentiu, seu vestido ainda estava estendido sobre a cama.