História Anônimo - Aja Rápido, Pequeno Assassino

O DVD estava todo arranhado. Benjamin sentia os profundos cortes com as mãos. Anônimo tinha feito aquilo na última noite com a chave do carro de Benjamin. Tudo tinha ido por água abaixo.

            Benjamin tinha levado Luana até seu quarto, pegando-a no colo, e depois disso foi para sua casa, com o DVD arranhado em suas mãos.

            Fazendo uma pesquisa na internet, Benjamin descobriu que era possível remover arranhões de um DVD polindo o mesmo com pasta de dente. Mesmo não tendo confiança de que não funcionaria, Benjamin tentou. Dito e feito. O resultado era o mesmo. Um DVD que não exibia nada.

            A raiva por Anônimo dominava Benjamin. Talvez houvesse outro DVD reserva no cofre de Franklin. Benjamin inclusive lembrava a senha. 2666466. Mas não tinha outro DVD lá. Aquele era o único no cofre. Era inclusive a única coisa no cofre.

            Ainda dava tempo de pesquisar outra forma de arrumar os arranhões na internet antes de ira para a escola. Benjamin pegou seu notebook e abriu uma guia nova. Ele pesquisou: como consertar arranhões em DVD.

            Os resultados exibiam em sua maioria pessoas polindo o DVD com pasta de dente, o que já estava irritando Benjamin. Entretanto, algumas imagens mostravam uma forma diferente de limpar.

            Interessante.

            Alguns vídeos mostravam uma limpeza de DVD com detergente e um pano úmido.

            Benjamin correu até a cozinha e colocou um pingo de detergente na parte metálica do DVD. Não podia exagerar muito.

            Bem, não custa tentar.

            Ele começou a esfregar levemente o detergente com um pano de prato molhado que estava em cima da pia. Cada vez que esfregava, Benjamin ouvia um barulho de uma porta rangendo, o que na verdade era um pouco assustador para a situação.

            Quando terminou de limpar o DVD, Benjamin pegou seu notebook novamente e abriu a entrada para CD ou DVD.

            O garoto esperava que desse certo daquela vez. Precisava dar certo. Não tinha outro jeito.

            Benjamin pôs o DVD na entrada e esperou um pouco. Podia ouvi-lo girar.

            Ele esperou vários minutos. Já estava batucando seus dedos no teclado do notebook, entediado.

            Essa merda não funciona!

            Benjamin tirou o DVD. Aquilo nunca daria certo. Ele poderia ficar esperando séculos na frente daquele notebook que o DVD apenas giraria como sempre, e não exibiria nada. Não tinha mais esperanças.

            Mais uma vez ele observou os arranhões. Eram profundos demais. Não conseguia nem sequer imaginar como tinha passado por sua cabeça que um simples polimento poderia ajudar em alguma coisa. Era uma ideia estúpida. Nada ajudaria naquela situação.

            Benjamin guardou o DVD em seu quarto, dentro de uma gaveta. Mesmo que fosse inútil, não colocaria fora. Nunca se descartava alguma evidência.

            Um barulho de notificação veio do notebook de Benjamin. Ele correu até lá. Poderia ser uma mensagem de Robert ou Luana.

            Entretanto, era um email novo.

            Email? Que estranho.

            Benjamin quase não acessava seu email. Era uma coisa que usava apenas quando necessário. Provavelmente seria um email de engano, mas de qualquer forma, Benjamin decidiu dar uma olhada. O remetente era um email estranho, repleto de letras e números sem significado algum. O importante era o que falava.

            Se eu pude arranhar o DVD, acha mesmo que algo me impede de roubá-lo? Proteja melhor seus pertences, Benjamin. Se que quiser, posso entrar na sua enorme casa com facilidade. – ANÔNIMO.

            Posso entrar na sua casa enorme com facilidade.

            Aquilo poderia ser algo apenas enviado por Anônimo para assustar. Porém, Benjamin percebeu que Anônimo já estivera sim na sua casa. Tinha colocado a foto de Benjamin e Franklin em cima da cama. Tinha movido a caixa de lugar. Anônimo era mais perigoso que todos pudessem imaginar. Mas só agora Benjamin percebia que não eram os seus segredos que estavam em jogo. A vida deles também estava em jogo.

            O pior de tudo, era que se Anônimo tinha como entrar na casa dos Green, também tinha como abrir o cofre de Benjamin.

            Essa não.

            No cofre de Benjamin estava guardada a caixa dada por Anônimo. E na caixa, a faca que tinha matado Franklin. Anônimo podia pegar aquilo de volta e enviar para a polícia. Benjamin poderia ser preso. Ele já era um dos suspeitos. Aquilo o tornaria acusado de matar o próprio irmão.

            Benjamin agarrou seu IPhone rapidamente e digitou uma mensagem de texto para Robert. Sabia que não adiantaria ligar naquele momento. As palavras não sairiam de sua boca.O nervosismo o fazia tremer.

            Robert, precisamos nos livrar da faca com sangue. E precisamos fazer isso o MAIS RÁPIDO possível.