História Anônimo - Mudanças De Plano

Enquanto dirigia até o Iowa City High, Robert ficou pensando sobre os seus pais. Depois da última noite e do barraco durante a festa na empresa, Robert e sua mãe tinham voltado de táxi. Quando chegaram em casa, foram dormir.

            Pela manhã, ao acordar-se, Robert viu o próprio pai dormindo no sofá da sala. Parecia ser um pouco cara-de-pau, entretanto, a casa estava no nome dele. Mesmo fazendo uma baita burrada, tinha o direito de estar ali. Assim que a mãe levantasse da cama e visse o sr. Stevens, provavelmente travaria uma discussão. Mas Robert não queria ficar pensando sobre aquilo. Se arrumou para a escola e pegou o carro.

            Robert chegou no estacionamento do Iowa City High e deixou o carro.

            Droga! Tinha me esquecido disso!

            Com toda a confusão do relacionamento dos pais, Robert tinha esquecido que ele e Luana iriam assumir o namoro.

            O garoto suspirou e entrou no corredor principal do Iowa City High. Todos estavam segurando folhas nas mãos, aquilo era estranho.

            Robert começou a procurar por Luana. Ele estava sorridente. Fazia tempo que desejava fazer aquilo. Agora ele podia se sentir livre.

            De repente, Tiffany passou correndo e bufando pelo lado de Robert. Ele sentiu um vento quando a loira passou, por estar tão rápida. Queria perguntar para Tiffany se ela tinha visto Luana, mas a garota já tinha saído do corredor e estava longe.

            Passou mais um tempo e então Caroline passou por Robert. Ela parecia estar atrás de Luana. Foi então que Robert percebeu que Caroline tinha deixado um papel cair no chão. Ele ajuntou, esperando para entregar para a negra novamente. Porém, ele viu o que tinha no papel.

            Era uma foto. A foto dele e Luana se beijando no depósito.

            Robert encarou os alunos do corredor e viu que todos estavam de olho nele, de uma forma diferente do que o normal.

            Não pode ser.

            Ele fez um link em sua cabeça. Aquela folha que todos estavam segurando, só podia ser a foto. Alguém tinha distribuído aquela foto para os alunos. Tudo tinha mudado. Robert e Luana não iriam mais assumir o namoro. Alguém já tinha feito isso por eles.

            Robert caminhou um pouco e viu Luana parada no final do corredor. Ela se virou e o viu. A expressão da menina não era das melhores.

            Luana foi caminhando até Robert e se parou ao lado dele, na ponta dos pés.

            — Precisamos conversar — cochichou a menina no ouvido de Robert. — Agora.

            Os dois caminharam até o lado de fora da escola. Foram para um canto do saguão onde não tinha ninguém.

            — Você já viu isso? — perguntou Robert mostrando a foto para a namorada.

            — Sim.

            Robert agora sabia porque ela parecia estar tão abalada.

            — Você sabe que fez isso, linda?

            — Não está claro, Robert? — Luana encheu os olhos de lágrimas. — Anônimo!

            Robert olhou para cima, nervoso. Ele passou a mão nos cabelos negros, ajeitando o topete.

            — A gente devia ter feito isso mais cedo... — sussurrou ele, decepcionado. — Anônimo estragou mais uma vez a nossa situação. Eu pensei que pelo ao menos por um segundo eu poderia esquecer toda essa confusão e ser feliz um pouco.

            — Monique e Nolan nunca nos deixarão sermos felizes! — exclamou Luana, brava. — Eles querem acabar com nós três! Eles são Anônimo, Robert! Eles nos odeiam!

            Puta que o pariu.

            Robert tinha deixado aquilo acontecer. Não tinha tomado nenhuma atitude para defender a própria namorada. Ele era fraco. Não era forte o suficiente e nunca seria. Anônimo tinha vencido, mais uma vez. Quando aquele jogo terminaria?

            Luana apoiou a cabeça no peito de Robert. Ele a abraçou, envolvendo-a nos braços.

            — Precisamos acabar com essa droga — decidiu Luana. — Precisamos fazer alguma coisa para colocar um fim em Anônimo.

            Robert pensava. Se antes ele não tinha feito nada, aquela era a hora de agir. Era o momento para passar por cima de Anônimo, mostrar que apesar de tudo, eles podiam ser fortes. E Robert sabia como fazer aquilo.

            — Quer saber de uma coisa, linda? Só porque todos já sabem do nosso namoro, não quer dizer que não possamos assumir ele.

            Luana franziu a testa.

            — Como assim, amor?

            — Nós vamos entrar novamente naquele corredor, fingindo que nada aconteceu — disse Robert. — Vamos entrar de mãos dadas. Somos namorados. Que se dane se os outros vão achar ridículo.

            Luana abriu um sorriso para o namorado. Os dois se beijaram.

            — Se Anônimo quer que nós não assumamos o namoro, temos mais um motivo para assumir.

            Robert respirou fundo.

            Ok. Vamos lá.

            Os dois voltaram para o corredor principal. Todos ainda seguravam as fotos nas mãos.

            Robert pegou a mão branquinha e macia de Luana. Ele sentia a namorada tremer freneticamente. Com certeza aquilo não estava sendo fácil para ela. Ela estava abrindo mão de uma das coisas mais importantes para poder ficar com Robert: sua popularidade.

            Os olhares os observavam atentamente. Ninguém conseguia encontrar uma sensação que definisse o que sentiam. Os alunos estavam literalmente sem reação.

            Robert piscou para Luana. Ela continuava tensa, mas conseguiu abrir um sorriso.

            Só aí Robert percebeu quem também estava no corredor. Haley.

            Haley meteu-se na frente do casal de braços cruzados.

            — Algum problema comigo e com minha namorada? — questionou Robert, orgulhoso de poder usar a palavra namorada em voz alta.

            — O que isso deveria significar? — zombou ela, rindo.

            Os outros alunos já tinham desviado a atenção de Robert e Luana.

            — Agora todos vão achar bonitinho e fofinho vocês dois andando de mãos dadas pelo corredor — falou Haley. — E no final, vão esquecer quem vocês realmente são.

            — O que você quer dizer com isso? — Luana parecia confusa.

            — Quero dizer que vocês são dois ignorantes excluídos — soltou Haley, sempre com a língua venenosa. — Ninguém se importa com vocês! Parem de fingir que são o centro das atenções. Vocês não são.

            Robert revirou os olhos. Quando ele imaginava que Haley não podia ser mais arrogante, ela fazia aquilo.

            — Quer saber a verdade, Haley? — Robert perguntou. — A verdade é que você é a ignorante excluída por aqui. E pode ter certeza você também não é o centro das atenções.

            Haley murmurou algumas palavras indecifráveis e saiu dali, ainda de braços cruzados.

            Luana continuava confusa.

            — Vocês se conheciam, Robert — concluiu Luana. — Não venha me dizer que não aconteceu nada entre vocês.

            — Na verdade, nós namoramos — admitiu Robert, sendo direto. — Há muito tempo atrás. Acho que ela nunca superou o nosso término.

            Luana não parecia brava. Ela parecia aliviada.

            — Fico muito feliz que tenha me contado a verdade, amor! — a menina abriu um sorriso bobo. Robert adorava quando ela fazia aquilo. E pela primeira vez, ele a via fazer aquilo na frente de mais pessoas. A sensação era boa. Muito boa.

            Os dois encostaram os lábios, um de frente para o outro. Robert sentiu o gosto do batom de cereja de Luana. Era tão bom fazer aquilo. Poder ser livre.

            O casal soltou as mãos e Luana foi até a sua sala de aula, acenando para Robert enquanto caminhava.

            Robert sorriu. Estava tão aliviado. Não tinha palavras para expressar sua felicidade.

            Então, Robert viu alguém bem no fundo do corredor, parado em um canto. Estava sozinho, com uma expressão zangada. Parecia estar falando sozinho. Seria um aluno bêbado? Uma vez já tinha acontecido uma situação assim. Mas naquele momento, o aluno estava falando no telefone. Continuava irritado, como se algo o incomodasse.

            Robert foi caminhando discretamente um pouco para frente.

            Ele foi se aproximando aos poucos para ver mais de perto quem estava falando no telefone. Robert conseguiu então ver quem era o aluno.

            Era Nolan Hard.