História Anônimo - A Filosofia Do Sr. Rivers

Na saída da escola, Robert percebeu que Benjamin já havia ido embora junto com Kevin, e Luana tinha entrado no carro do pai para irem à Casa de Recuperação Ômega. Então, não lhe restava nada além de esperar Ben na frente da casa de Kevin.

            Quando pisou fora do saguão e estava prestes a ir para o estacionamento, surgiu do lado de Robert o sr. Rivers.

            — Oi, professor Rivers.

            — Olá Robert.

            Um silêncio constrangedor se formou, e os dois continuaram caminhando lado a lado. Pelo jeito, o professor também estava indo para o estacionamento da escola.

            — Eu tenho notado uma coisa, sr. Rivers.

            — O quê? — perguntou ele, surpreso de que Robert quis puxar assunto.

            — Faz um tempo que não vejo Haley. Mais de uma semana, para falar a verdade. Aconteceu alguma coisa?

            — E você ainda pergunta? — o sr. Rivers parecia querer dizer que era óbvio que tinha acontecido alguma coisa. — Nós decidimos transferir ela de escola.

            — Espere aí. Ela foi para Paris morar junto com a mãe de novo?

            — Não. Dessa vez não. Ela continua na cidade, mas está em outra escola.

            Robert sabia que iria se arrepender de perguntar aquilo, porém, precisava saber a verdade.

            — E por que ela saiu do Iowa City High mais uma vez?

            Stuart Rivers balbuciou.

            — Logo depois que Haley voltou para a cidade, ela pediu para você perdoá-la, lembra-se disso? — Robert lembrava. Ela parecia realmente arrependida, mas nada era suficiente para convencê-lo de que Haley poderia ser uma boa moça. — Você disse que nunca iria fazer isso. Perdoá-la. Mesmo que tenham sido poucas palavras, foram o suficiente para detonar minha filha. Haley ficou arrasada por culpa sua. E sabemos que não foi a primeira vez.

            Haley havia saído da escola somente porque Robert não tinha a perdoado? Uau. Ao que parecia agora, ela não era a menina tão confiante que dizia ser.

            Indignado, Robert abriu a porta de seu carro. Um pouco distante dali, o sr. Rivers, antes de entrar em seu veículo preto, chamou o garoto.

            — E Robert. Você deveria pensar antes de tomar algumas atitudes. Aliás, nós todos sabemos que é por culpa das suas ações impulsivas que você está onde está agora.

            O professor fechou a porta do carro e saiu.

            Era impressionante que tudo que o sr. Rivers falava, curiosamente ficava na cabeça de Robert por um bom tempo.

            Robert entrou em seu carro e escorou-se no banco, com as mãos grudadas no volante.

            Por culpa das suas ações impulsivas que você está onde está agora.

            No final das contas, Robert sabia o porquê de as frases do sr. Rivers lhe deixarem pensativo. Porque todas elas eram verdade. Se ele não tivesse agido por impulsos, nada do desastre com Nolan no verão teria acontecido. E era exatamente sobre aquilo que o professor havia se referido. O sr. Rivers conhecia Robert muito bem. Talvez de uma forma que somente seus pais o conhecessem. E de uma forma que também o conhecia... Anônimo.

            Anônimo.

            Robert lembrou que precisava pesquisar o endereço do local do encontro que ocorreria em poucos minutos.

            MANEQUINS ARTFIBRAS IOWA CITY, jogou ele no Google.

            Não havia imagens. Não havia um número de telefone, ou qualquer outra forma de contato. Apenas o endereço do local. E só. O que Anônimo poderia estar armando em um local tão esquecido como aquele?

            Jogando o endereço no GPS, a localização foi encontrada rapidamente. O caminho, por mais que fosse longo, provavelmente não demoraria uma viagem com mais de simples quinze minutos.

            Robert girou a chave do carro e saiu do estacionamento da escola. Agora, seu rumo era a casa de Kevin Mitchell.

 Quando chegou na luxuosa casa do menino, parou na frente e pegou seu celular para mandar uma mensagem para Benjamin, que de acordo com o plano, era para estar dentro da residência tentando pegar os arquivos da câmera dos fundos.

Já estou te esperando do lado de fora da casa do Kevin.

            Um pouco depois, Kevin abriu a porta da frente e Benjamin saiu. Para não ser visto pelo loiro e causar suspeitas, Robert se abaixou dentro do carro.

Benjamin atravessou a rua e entrou no carro do amigo.

            — Feito? — questionou Robert, ansioso.

            — Sim — Benjamin colocou a mão no bolso. — Copiei todas as imagens da câmera para meu pen drive.

            Robert olhou para o objeto nas mãos de Benjamin e assentiu.

            — Agora, temos que esperar pela Luana — Robert ligou o carro novamente. — Próxima parada, Casa de Recuperação Ômega.