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História Antes do Fim - Peter Parker - Capítulo 5 - O melhor sanduíche do Queens


Escrita por: JSommer

Capítulo 6 - Capítulo 5 - O melhor sanduíche do Queens


"Você não está pedindo muito, mas

Parece-me muito e

Meio confuso, não sei o que escolher

Mas baby, é difícil para mim

Eu não estou pronta para seu amor

Eu estou mantendo meu objetivo, mas

Eu não quero provocar você

Você está de joelhos

Você está me implorando por favor

Mas, baby, não é a maneira de me segurar, baby

Você sabe

Oops

Não quis fazer você me amar

Oops

Não quis fazer você me amar

Não quis ser encantadora

Como uma bela amada

Eu não queria fazer você pensar que nós podemos ser uma coisa

E eu te dou tudo, amor"

~Feels Like Loneliness - Sabrina Carpenter


  – Então, Beverly – chamou Michelle, enquanto andávamos pelo corredor. Era meio-dia e estava no horário do almoço, portanto estávamos indo para o refeitório. – De onde você é?

  Eu a havia conhecido naquela manhã, durante a aula de Arte. Ela desenhava muito bem e não pude deixar de me admirar com aquilo, considerando que as únicas partes da arte que me interessavam eram a dança, música e teatro.

  Ela era bonita, com pele cor de caramelo, olhos e cabelos castanho-escuros e a minha altura. Sua personalidade também era... peculiar. Pude sentir seu olhar sob mim durante toda a aula e notei que ela era do tipo intelectual, pois passou todo o tempo lendo um livro particular; e antissocial, pois não interagiu com ninguém. E ao final da aula, ela veio até mim e me chamou pelo nome; bom, meu nome falso. Quando confirmei que era mesmo Beverly Cooper ela se apresentou como Michelle Jones e disse ser amiga de Peter e Ned, esclarecendo a forma como sabia quem eu era.

  Michelle era curiosa e observadora e isso me fazia ter de ficar atenta a como falava e agia em sua frente, sabendo que qualquer deslize poderia tornar as coisas complicadas. Me surpreendia o fato de ela, aparentemente, não saber que Peter era o Homem-Aranha. Se não soubesse, eu tinha quase certeza de que não estava muito longe de descobrir.

  – Sou de Minot, Dakota do Norte (1). – Respondi tranquilamente. Por mais inteligente que ela fosse, não saberia que eu era russa a menos que meus dados vazassem, pois eu era fluente em inglês e não tinha sotaque russo nem francês.

  – Se mudou de forma definitiva? – perguntou, enquanto entrávamos no refeitório.

  – Não, é apenas temporário.

  – Quanto tempo pretendem ficar?

  – Dois meses, no máximo.

  – Tão pouco tempo? – indagou, surpresa. – O que vieram fazer em Nova Iorque? Se não for muita intromissão da minha parte.

  – Minha mãe foi contratada como estagiária na filial de uma multinacional que fica aqui, em Manhattan. – Expliquei de acordo com os dados que me tinham sido fornecidos no arquivo da missão. – Se ela se sair bem dentro desse período de tempo vai ser contratada como colaboradora e vai direto para a sede da multinacional.

  – Impressionante. Poder feminino. – Disse quando pegamos nossa bandeja com o lanche e começamos a caminhar entre as mesas do refeitório.

  – Concordo. – Falei, analisando os alunos que nos observavam passar. – E tenho quase certeza de que ela vai conseguir. – Disse, olhando para Peter quando nos aproximamos da mesa onde ele e Ned estavam.

  – Oi, rapazes. – Cumprimentou Michelle, sentando-se frente a Ned.

  – E aí, meninas! – retribuiu ele e sorri, olhando discretamente para Peter e o vendo desviar o olhar. Seus batimentos se aceleraram ao me ver e seu peito subia e descia rapidamente com sua respiração.

  – Está tudo bem, Parker? – perguntei, ainda em pé.

  – Hã... Sim, é claro. – Respondeu rapidamente. Suas bochechas coraram levemente. – Por que não estaria?

  – Não sei, talvez algum motivo particular? – sugeri, mantendo contato visual e ele olhou para mim de relance. Não houve resposta, mas ainda parecia internamente agitado. Ned e Michelle estavam conversando sobre as aulas ao lado, talvez para evitar o clima desagradável. – Minha presença te deixa desconfortável?

  – O que? Hã... Não, é claro que não. – Irrompeu agitado. – Por que deixaria?

  – Acho melhor eu almoçar sozinha. – Soltei, me afastando da mesa. – Não quero incomodar.

  – Não! – pediu, se levantando, e parei de andar. – Está tudo bem. É... apenas coisa da minha casa. Senta com a gente.

  – Está me pedindo para ficar? – indaguei esperançosa. Seria possível que Parker estivesse me dando alguma brecha para me aproximar?

  – É – falou incerto. – Acho que sim.

  – Obrigado. – Agradeci, me sentando no banco a sua frente.

  Peter tossiu, tentando se recuperar e perguntou:

  – O que... o que vai fazer depois da escola?

* * *


  Por mais que Peter falasse demais e gaguejasse ou hesitasse no que falava, me chamou para andar pelo bairro naquela tarde. Disse que seria bom eu me desapegar da frustração da mudança e me apegar a um amigo. Não sei que técnica de proteção à identidade secreta ele estava tentando quando fez aquilo, levando em conta que se Beverly Cooper encontrasse com o Homem-Aranha ficaria muito fácil de ela identificá-lo; mas, bom, aceitei mesmo assim.

  Nós havíamos saído da escola há quase meia hora e a primeira coisa que fiz, após me despedir de Ned e Michelle, foi ligar para Nady e avisar que não iria direto para casa naquela tarde. Para deixar claro, não fiz isso porque ela estava se passando por minha mãe, mas sim porque eu precisava entregar relatórios diários sobre o que fazia e porque era importante que soubessem onde eu estava para passar tal informação para a Central; caso contrário, poderiam me considerar uma desertora e seriam enviadas minhas nada-queridas colegas para me matar.

  – Mãe – chamei quando ela atendeu o telefone. Teria chamado pelo seu nome verdadeiro se Peter não estivesse por perto. – Um amigo da escola se ofereceu para me mostrar um pouco do condado antes do anoitecer, posso ir?

  – Um amigo da escola? – questionara ela. – Você fez amigos na escola?

  – É um conhecido – corrigi. – Vou voltar para casa logo depois.

  – Está em segurança com ele? Não vai comprometer a missão?

  – Tenho tudo sobre controle. – Murmurei enquanto ele olhava para os alunos que caminhavam pelo pátio. – É importante para a mudança – disse quando notei que ele voltou a olhar para mim – que eu faça amigos que possam me informar o que preciso saber sobre a cidade, como ela funciona, o que acontece nela...

  – Certo. – Cedera após captar a mensagem que tentei transmitir pelo tom de voz e emprego de palavras. – Pode ir, mas quero você em casa às cinco.

  – É claro, mãe. – Garanti e desliguei a chamada, voltando-me para Peter. – Ela deixou, mas disse que tenho que estar em casa às cinco.

  – Sem problema. – Dissera ele. – Vamos?

  Depois de passarmos um bom tempo andando pelas ruas do bairro, nós pegamos o metrô e fomos para um lugar onde Peter insistiu em me levar. Era uma espécie de mercearia/lanchonete intitulada Delmar's com o slogan “Melhor sanduíche do Queens”. Nunca tinha visto nada igual. O dono parecia ser latino, com pele bronzeada, cabelos ainda escuros, bigode de mesma cor e barba grisalha.

  – O de sempre, Sr. Delmar. – Pediu Peter e um outro homem que trabalhava ali atendeu quando o que parecia ser o proprietário, debruçado sob o balcão, fez um gesto de cabeça para ele.

  – Um gatinho! – exclamei e me aproximei do gato peludo rajado nas cores marrom, preto e branco, e fiz carinho em seu pelo macio. Ele era manso e fofo, quase como se fosse familiar.

  – Novia increíble, Sr. Parker. – Comentou o tal Delmar, olhando para mim de forma maliciosa.

  - No soy su novia, solo una conocida. – Irrompi, olhando para ele com seriedade. – Que hay de la orden? (2)

  No mesmo instante, o proprietário do estabelecimento ficou sério e foi buscar os pedidos, trazendo-os em sacolas marrons de papel e entregando a Peter, que estava com uma feição que parecia expressar descrença. Após pegarmos os pedidos e Peter pagá-los, saímos da mercearia e começamos a caminhar pela calçada.

  – Você fala espanhol? – perguntou, me entregando o que parecia um sanduíche enrolado em um guardanapo branco de papel.

  – Falo muitas línguas. – Respondi, pegando o sanduíche. – Ficaria surpreso se soubesse.

  – Gostaria de saber... – disse acanhado, olhando para mim de forma quase tímida. – Mais sobre você, quero dizer.

  Olhei para ele com curiosidade. Sabia que era uma boa agente, mas não a ponto de passar por todos os alertas de perigo que uma aranha pudesse sentir. Perto dele eu era um veneno mortal, algo capaz de destruí-lo como a um mero inseto. Passar tempo comigo o deixaria vulnerável e aberto a ataques. Não conseguia entender porque tinha interesse em ser meu amigo.

  – Quem sabe? – deixei em aberto e voltei a olhar para o caminho.

  Enquanto caminhávamos, me deparei com a loja de antiguidades do outro lado da rua e pude ver policiais levando os objetos que eu havia roubado na noite anterior de volta para ela.

  Só encontraram agora? Me perguntei. Caramba, eu sou boa mesmo!

  Quando olhei para o lado, vi Peter parar de andar. Ele dá muita bandeira. Qualquer um saberia que esteve aqui quando o roubo aconteceu.

  – O que foi? – perguntei.

  – Nada – disse com a voz falha. – É só que... aquela loja foi assaltada ontem à noite.

  – Saiu no jornal?

  – Não, até agora.

  – Conhece o dono?

  – Não.

  – O assaltante, talvez? – sugeri, observando a forma como ele buscava na lembrança os acontecimentos da noite anterior.

  – Não... – disse quase em um murmúrio. – Mas sinto que deveria.

  Desviei o olhar e sorri discretamente. A curiosidade que havia plantado nele havia se mantido e o estava fazendo querer mais, querer prosseguir, descobrir quem era a Demônio Vermelho e o que queria com ele. Cairia facilmente na armadilha se o encontrasse de novo.

  – Vamos embora. – Pediu, mudando a direção e eu o segui em silêncio. Silêncio esse em que, suponho, ele tivesse passado pensando na vilã de segunda que havia conhecido no terraço. – Por que disse “conhecida” lá dentro?

  – O que? – indaguei confusa quando ele quebrou o silêncio.

  – No mercado do Sr. Delmar – esclareceu, enquanto andávamos. – Ele disse que você... Disse que éramos... – Suas bochechas coraram. Era fofo ver a facilidade com que ele ficava envergonhado com algo. – E você disse que é apenas uma conhecida.

  – E...?

  – Pensei que fossemos amigos. – Disse, olhando para mim de forma neutra.

  Naquele momento, admito, me senti surpresa. Ele havia me conhecido na manhã anterior e quando percebeu que eu era a garota do beco me evitou o resto do dia. E mesmo me vendo durante a noite, não fazia ideia de que era eu por trás da máscara. E apenas por passarmos e almoço juntos e algumas horas da tarde podíamos ser considerados amigos? Era um conceito estranho para mim.

  – Somos? – indaguei confusa.

  – Ah – exclamou, dando de ombros como quem não quer nada. – Se você quiser.

  Ponderei por um breve momento. Se ele me considerava uma amiga e eu o intitulasse com o mesmo cargo, seríamos próximos e ele poderia me contar sobre sua vida, seus segredos, suas fraquezas e até outras informações que poderiam ser úteis para a minha missão. Talvez aquilo fosse vantajoso de alguma forma e não apenas uma perda de tempo.

  – Eu adoraria. – Disse e olhei para ele com um sorriso. Era engraçado ter de inclinar a cabeça um pouco para baixo para olhá-lo nos olhos, considerando que eu tinha de inclinar um pouquinho para cima para olhar para Alek e Igor.

  Peter sorriu.

  – Não vai comer seu sanduíche? – perguntou, apontando para o lanche em minha mão. – É o melhor do Queens.

  – Eu vi na entrada da mercearia. – Falei com um sorriso e desembrulhei o sanduíche do guardanapo, dando a primeira mordida e sentindo o delicioso gosto do queijo, do presunto e de outros ingredientes saborosos ao paladar. Nunca tinha comido nada como aquilo! – Hmm! – exclamei impressionada. – Esse é o melhor sanduíche que já comi!

  Peter riu e disse:

  – Eu falei. 


Notas Finais


•Feels Like Loneliness - Sabrina Carpenter (2016)
https://youtu.be/gDEx2r8YeJs

1- Minot, na Dakota do Norte, é onde Josh Duhamel (ator que escalei para Igor Stilinsky na fanfic) nasceu.

2- Diálogo no Delmar's:
Delmar: "Namorada impressionante, Sr. Parker."
Beverly: "Não sou namorada dele, apenas uma conhecida. E quanto ao pedido?"

Hummm
Me parece o começo de uma amizade, não?


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