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História Antes e Depois de Você - Vida de Princesa é sem Glamour


Escrita por: HQueenElla

Capítulo 4 - Vida de Princesa é sem Glamour


Fanfic / Fanfiction Antes e Depois de Você - Vida de Princesa é sem Glamour

Mansão Pendragon – Merlin POV’S ON

27 semanas passaram e eu me sinto cada vez mais parecida com a Lua. Era uma manhã de final de inverno, Gales estava esquentando de pouco em pouco, mas não era o suficiente para nos fazer largar os casacos e as meias grossas de lã de carneiro.

Eu acordei sentindo um certo peso no corpo, como eu estava acordando entre oito e onze horas, já sabia que não se tratava do meu marido, afinal, como Príncipe Regente, ele não pode ficar dormindo até a hora que quer.

Eu trabalho muito no Laboratório de Ciências Químicas, mas por causa da gravidez, fui proibida de pisar lá. Produtos como formol, amônia, bicarbonato de silício, enxofre e alguns mais, podem fazer mal tanto pro bebê quanto para mim, por tal motivo, sou obrigada a ficar em casa, ajudando o Arthur em coisas mais simples, como a agenda maluca dele.

Olhei o despertador no criado mudo ao meu lado, benditas dez da manhã, bocejei e cocei os olhos com uma preguiça imensa...

— Ah, eu não quero sair daqui... -tentei puxar as cobertas mais para cima, só que não deu certo, olhei pra baixo e fiquei surpresa- Cath? O que faz aí?

Cath (nome hiper criativo que o Arthur deu – lê-se com muita ironia aqui) é o gato do meu marido, assim como eu estava no momento, Cath também é gordinho (mentira, é uma rolha de poço, praticamente), cheio de manchas azuladas em sua pelagem branca.

É um gato muito doce e preguiçoso, apesar de detestar colo.

Exatamente por isso achei estranho ele estar em cima da minha barriga... — Então tá, o que foi que te deu hoje?

— Nyan~

— É uma ótima resposta... -ri de canto em ironia- Eu quero ir ao banheiro, você vai me deixar levantar?

— ...

— Pela sua cara, eu acho que não.

. . .

Entrei no sétimo mês de gestação e admito: tá complicado sair pra algum lugar sem visitar o banheiro, primeiro. Desde que a fase do enjoo passou, a comida que entra, fica. Agora estou parecendo um planeta e o Cath já pode fazer papel de satélite natural.

Isso tem acontecido algumas vezes, ultimamente; não sei o que faz um gato pensar que barrigas são confortáveis para deitarem, mas garanto que estou sentindo o peso dele (e mais o do bebê), e está incomodando um pouco.

Contra o gosto do felino, eu levantei e fui ao banheiro, quando voltei, ele ainda me encarava da cama, com um ar meio mau humorado...

Voltei pra cama e me cobri até a altura dos seios, no instante seguinte, Cath estava em cima de mim outra vez. — Você não é assim, Cath...

Ao menos, ele gosta de carinho.


*

*

*


— Alteza... -Delleah, a criada nova da mansão, trouxe uma bandeja repleta de coisas uma hora depois d’eu acordar- Bom-dia!

— Bom-dia, Delleah. -sorri- Café da manhã?

— Sim Senhora, o Príncipe Arthur pediu para trazer.

— Típico dele... -suspirei-

— Bom, tem leite, torradas e o Mestre Gowther lhe enviou isto. -ela me mostrou uma lata vermelha muito bem decorada, achei interessante.

— O que é isto?

— Biscoitos amanteigados, Senhora.

— Entendo, apesar do meu irmão não ter esse tipo de preocupação comi-

— Nyan~

. . .

Olhei a bola de pelos miando preguiçosamente no meu colo e esticando as patas (com as garras para fora). Invés de me arranhar, como eu achava que seria, Cath ficou “amassando pãozinho” em mim (expressão dada pelo Arthur, mas não é nada mais que o processo de afofar algo – ou alguém – antes ou depois do gato se acomodar para deitar).

Minha blusa verde-água tinha mais linha desfiada que qualquer coisa (e você pensando que vida de Princesa é cheia de requinte, tsc, pessoa iludida), bufei e sorri de canto. — Cath, te deram alguma planta pra mastigar hoje?

— Poxa vida, é a primeira vez que o vejo agir assim, Alteza. -Delleah suspirou impressionada- Devo retirá-lo?

— Não, está tudo bem, só não sei por que diabos ele resolveu fazer isso agora.

— Bem, irei deixar a bandeja do outro lado da cama, assim não será necessário movê-lo de onde está. -ela deu a volta pela cama e fizera tudo no maior cuidado possível- Sir. Arthur está em reunião no escritório, mas já está voltando pra cá.

— Eu tenho que levantar da cama hoje? -indaguei ainda menos interessada-

— Bom, a Rainha Lúcia fará visita na cidade, hoje, então sim, Minha Alteza.

— Ah, eu queria ser o Cath, agora...


*

*

*

*


Duas da tarde, eu estava almoçando com Arthur e a minha sogra. Parei de comer como um ser humano normal já tinha um tempo, enquanto o bebê estiver no meu corpo, vou acabar comendo metade da mesa.

— Mamãe, por que veio até Caerleon? -Arthur perguntou sem rodeio, ele detesta receber visitas da família sem ser avisado com antecedência.

— Porque estou assistindo aos eventos rurais da cidade, parece que a produção de vinho está a todo vapor desde que o acordo com Liones foi assinado. -ela respondeu sábia e fato que não era mentira-

— Mas você não veio só pelos eventos, não é?

— Claro que não, preciso de motivo pra ver meu filho?

— Tsc, se quisesse me ver, teria ido ao Gabinete de manhã cedo.

— Arthur, não seja grosseiro com sua mãe! -ela resmungou- Estou aqui porque tenho o que fazer e mesmo que não tivesse, não lhe devo explicações!

— Mas está na minha casa sem aviso prévio! Então sim, me deve uma explicação!

— Arthur, não teste a minha paciência!

— Você quem começou! -ele retrucou mais irritado- Mas que saco, mãe! Por que não avisa as coisas pra mim?! Era só ter dito que vinha, eu não me importo que venha pra cá, mas precisa me avisar! Eu não gosto de receber as pessoas na minha casa sem saber que elas estão aqui!

— Já disse e repito: não lhe devo explicação alguma!

. . .

Vai começar.

Eu ouvi cerca de trinta segundos de discussão e por fim, joguei os talheres na mesa, revirando os olhos.

Os dois pararam e me encararam mudos.

— Vocês estão me deixando estressada, agora o bebê não para de chutar o meu estômago e eu não consigo mais comer.

— Merlin... -o loiro ao meu lado fez uma careta aflita, eu empurrei minha cadeira para trás e levantei-

— Já perdi a fome, continuem discutindo.

. . .

Mentira.

Enquanto eu andava para fora da sala de jantar, escutava meu marido suspirar bravo; lógico que a discussão continuou por uns dez segundos, mas aí, silêncio.

Voltei pro quarto porque ainda estava fingindo ter ficado brava com os dois (no fundo, eles podem se matar em xingamentos que eu não vou ligar) e por outro lado, foi porque eu comecei a sentir um pouco de sono.

Deitei novamente e fiquei lendo as mensagens idiotas que o Meliodas tem mania de enviar, mas isso me faz rir bastante.

O vestido que eu usava era bem largo (ter uma melância antes do corpo é difícil de cobrir) e desta vez não precisou ser longo, já que o Rei não está presente e não é uma visita formal.

Senti o peso de novo, Cath se esparramou na minha barriga e lá ficou, provavelmente se assustou algumas vezes quando o bebê se mexeu abruptamente ou só me chutava com toda força possível.

Escutei o barulho da porta sendo aberta.

— Merlin você está bem? -Arthur fica uma graça quando está preocupado-

— Eu prefiro não te responder.

— Sinto muito por te irritar, eu não queria que isso acontecesse e você sabe! -ele fechou a porta e veio na minha direção- Eu odeio quando meus pais fazem as coisas sem me falar, é chato e eu não tenho paciênc-

— Brincadeirinha. -sorri de canto.

— O quê?!

— Só fiz aquilo pra vocês pararem de discutir e fazer ela ir embora mais rápido. -larguei o celular na cama- Funcionou?

— ...

— ...

— Você é terrível, Merlin! -reclamou- E eu adorei!

— Na verdade eu tô com fome pra caramba, mas como deu pra comer um pouco, acho que tô bem.

— Sabe que não pode ficar sem comer, vou te trazer o almoço, ok?

— Ok... -senti um beijo na minha testa-

— Mas... Que diabo é isso aí?! -ele finalmente reparou no meu colo, olhei para baixo e Cath havia se jogado na minha barriga, como se estivesse esfregando as costas num tapete felpudo- Cath, o que você pensa que está fazendo?!

— Ele tá assim desde manhã. -falei dando de ombros- Seu gato é esquisito.

— Tsc, é um folgado, isso sim!

— Ele amassou pãozinho em mim, hoje.

— O Cath te arranhou?!

— Não, mas ele resmungou quando eu levantei pra ir no banheiro.

— Tsc, espera só, gordo folgado!

. . .

É impressão minha ou meu marido está com ciúmes de um gato?


*

*

*

*

 

O dia passou sem mais problemas, aparentemente...

Bom, aparentemente mesmo...

Cheguei na cozinha para beber água e quando deixei o copo na pia, notei que havia água voltando do ralo, olhei com atenção por uns breves segundos e logo, Madelyn se aproximou de mim.

— Algo errado, Milady?

— A água da pia está voltando.

— Ah sim, recebemos uma carta de aviso da Estação de esgoto de Caerleon, disseram que um dos encanamentos principais da avenida do Distrito, quebrou, então muitas casas da região poderão ficar sem água e outras terão problemas como o nosso.

— Entendo. -suspirei de canto.

Para você que acha que vida de Princesa é um luxo, tá aí o luxo que você imagina.

Larguei o copo em cima da pia e senti algo roçando minhas pernas, tentei olhar para baixo, mas agora tem uma melância na minha frente.

— Oh, Cath! -Madelyn o pegara com cuidado, sabemos bem o quanto ele não gosta de colo- O que faz aqui na cozinha? Nunca o vemos por aqui.

— Nyan~  -o resmungo dele após ser solto em cima do banco alto da ilha central foi de puro interesse em mim, lhe encarei de volta-

— O que foi, Cath?

— Nyan~ -ele esticou as patas dianteiras para cima, como se me esperasse pegá-lo. Não entendi, mas o fiz justamente por não entender.

E o inesperado aconteceu: ele estava se esfregando no meu rosto com toda fofura que pode esbanjar e deitou metade do corpo em meus ombros, não querendo sair.

— EH?! -Madelyn estava mais chocada que eu (com muito motivo).

— Que diabos te deu hoje, Cath? Pensei que só gostasse de fazer isso no Arthur.

— É a primeira vez que o vejo sendo tão doce. -a governanta concordou comigo.

— Esse gato está começando a me assustar um pouco.

Ouvimos um barulho estranho na cozinha. O cano da pia estourou por dentro, fazendo a água que descia até a caixa de gordura, voltar e espirrar para todos os lados. Madelyn acabou gritando pelo susto, eu apenas me afastei o suficiente para evitar preocupar o Arthur, mas obviamente, isso é impossível de acontecer.

— O QUE ACONTECEU?!

— A-Alteza... -Madelyn fez mesura e eu suspirei, andando até o outro lado da cozinha com Cath no meu colo.

— Merlin, você tá bem?!

— Sim, estou bem.

— Mas que droga esse gato tá fazendo aí?! -apontou pra bola de pelos mais fofa do mundo (pra mim, ele é).

— Ele resolveu subir no meu colo.

— Cath, você tá abusadinho, hein?!

— Tá com ciúme de um gato, Meu Rei? -ri de canto-

— Não dá corda, Merlin!

— Olha, primeiro a pia, depois o Cath, ok?

— O que houve com a pia?! -ele finalmente se deu o trabalho de olhar a situação da cozinha, que já estava ficando encharcada pela água engordurada que voltava do cano estourado (talvez se deva a pressão da água do cano da avenida, que estavam consertando).

— Alguma coisa com o cano. -suspirei- Vou voltar pro quarto, se precisarem de mim, estarei fingindo que o Cath me ama.

— ESSE GATO NÃO VAI DORMIR COM A GENTE!

— Arthur, pare de pirraça, é só um gato! -Madelyn lhe deu bronca e eu ignorei por completo, caminhando tranquilamente para fora da cozinha.

. . .

E você achando que cozinhas de mansões de Príncipes são perfeitas, tsc, quanta ingenuidade!

Quando cheguei no corredor principal, senti algo escorrer entre as minhas pernas, achei estranho e olhei pro chão, uma única gota de sangue havia caído na madeira, mas fiquei olhando aquilo com um pouco de preocupação. Naquele momento, Delleah passou por mim e me encarou confusa.

— Alteza?

— Delleah, pode olhar embaixo da minha roupa?

— EH?! -corou imensamente- M-MAS-

— Olha só -apontei pro ponto vermelho ainda fresco no chão- Acho que estou sangrando, mas não tenho certeza, pode verificar por mim?

— EH?! Mas isso não é ruim?! -ela rapidamente o fez e eu esperei com paciência- Ahn, Alteza, está descendo sangue pelas suas pernas.

— Uh, então isso é ruim mesmo... -respondi pensativa- Eu não tenho que ir pro hospital?

— DE IMEDIATO!

— ...

— SIR. ARTHUR! -é claro que ela gritaria. Olhei o Cath enquanto a confusão começava.


*

*

*

*


Hospital Marquesa Clover Gabrune Camelot

Eu estava descansando num quarto do hospital depois de ter feito alguns exames, os médicos me proibiram de ficar andando, já que estou com um sangramento de causa ainda desconhecida.

Arthur estava ao meu lado, morrendo de preocupação e eu apenas lia um livro enquanto o senti me encarar.

— Por que está tão calma?!

— Porque ficar desesperada não vai fazer as coisas se resolverem.

— Mas isso pode estar fazendo o bebê correr risco de vida! Devia levar mais a sério, Merlin!

— Ah, me dê sua mão -suspirei, deixando o livro de lado por um momento. Assim que nossas mãos se juntaram, ele simplesmente ficou calado e me encarou com muita surpresa.

— Merlin...

— Não pense que não estou preocupada, só que eu não posso demonstrar isso de forma eufórica, Arthur. Desde criança me ensinaram a ter repulsa do medo, mas estou sentindo isso agora. Não diga que não me preocupo se não está no meu lugar para sentir tudo o que eu tenho sentido nos últimos sete meses.

— ...

— Independente do que disserem sobre aqueles exames, não muda o fato de que esse bebê vai ficar bem.

— E como sabe disso?

— Eu sei porque sou a mãe dele.

. . .

— Eu tenho estressado você ultimamente, não é? -sua voz baixou de tom, assim como sua cabeça baixou de nível-

— Estressar não seria a palavra correta, mas digamos que você tem me cobrado coisas que são um pouco impossíveis de cumprir agora.

— Sinto muito. Não tenho sido bom marido, bom amigo e menos ainda, boa pessoa com você. Eu sei que não estou te ajudando muito, mas... É que antes de te conhecer, eu não precisava me preocupar com ninguém. Agora que tenho alguém, me sinto péssimo quando não sou capaz de proteger você como disse que faria. Eu me sinto ainda pior quando percebo que não confia em mim.

. . .

Nunca parei para prestar atenção nesse lado dele. É assim que o Arthur se sente em relação a mim? Acha que não confio nele?

— Arthur, que é isso?! Eu não me casaria com alguém em quem eu não confio! -suspirei um pouco chateada-

— Eu sei, só que toda vez que acontece alguma coisa, você nunca me fala. Mesmo que diga que é para não me deixar preocupado, no fim das contas você continua me escondendo tudo, é o mesmo que não confiar em mim e é dessa forma que eu tenho me sentido desde o casamento.

— ...

— Merlin, eu prefiro que você me conte as coisas e dependa de mim algumas vezes do que evite conversa comigo e tente fazer tudo sozinha.

— Arthur, não é algo que dá pra mudar tão fácil em mim.

— Olha, eu só estou dizendo que... -ele pareceu pensar muito no que falar, mas desistiu de tomar cuidado com as palavras- Não me trate como você trata os Pecados Capitais, eu não sou forte como eles, mas também não sou despreocupado.

— Hey...

— Não quero discutir com você, já basta estar num hospital por causa desse sangramento, não quero te estressar mais do que eu já consigo num dia.

— Arthur, não faz assim...

— Eu já me sinto culpado o suficiente pelas coisas que tem acontecido nos últimos meses, então, pelo menos por agora, pode não insistir no assunto?

. . .

Ele está bravo. Eu sei que ele não faz de propósito (e eu nunca me importei antes), então não entendo o que está acontecendo agora.

Ultimamente, as discussões têm acontecido quase todos os dias e isso não é nada normal para nós. Tive que deixar isso de lado quando o médico chegou no quarto, nos sorriu de forma branda.

— Príncipe Arthur, Princesa Merlin... -fez mesura- Indo direto ao assunto, a notícia pode ser um tanto desagradável.

— O bebê está bem? -Arthur perguntou com a cara mais séria que já vi.

— Sim, mas Milady, você está com uma infecção no colo do útero.

— Infecção? -estou surpresa, de verdade.

— Sim, é muito comum as pessoas ficarem assustadas quando falamos de infecção, mas na verdade, são inflamações que causam um desconforto muito visível no nosso organismo. No caso da infecção uterina, ela acontece após uma inflamação em seus tecidos e fica insuportavelmente incômoda. Ela pode ser causada por alguns microorganismos, como a cândida, que é muito comum nas mulheres. Mas no seu caso, ela foi causada por dois fatores: a senhora está com alteração no PH e foi detectada uma alergia no seu teste. A alergia no caso é a um óleo usado na fabricação de sabonetes, provavelmente, o sabonete que tem usado durante o banho é o que está causando essa inflamação, e consequentemente, o sangramento.

— Mas isso afeta o bebê diretamente?

— Não, na verdade é algo muito simples de resolver, claramente, precisa parar de usar esse sabonete, trocando por um que seja para uso dermatológico e vai precisar de uma pomada anti-inflamatória. Não é muito recomendável gestantes usarem remédios orais porque pode prejudicar o canal umbilical enquanto ele estiver levando nutrientes pro bebê, apenas em casos mais extremos, fazemos um tratamento mais rígido.

— Entendo.

— Bom, como é uma inflamação muito pequena, não vai prejudicar em nada, após trocar o sabonete que está causando essa alergia, observe com atenção se o sangramento diminuiu ou se está tendo algum tipo de corrimento ou secreção amarelada, ela é muito comum em inflamações uterinas.

— Certo.

— Ah, outra coisa muito importante, agora que está quase no oitavo mês de gestação, precisa passar mais tempo descansando, seu corpo está começando a se preparar pro bebê sair, então sua bacia e suas costas começarão a doer muito. Vai precisar tomar cuidado com alimentos ácidos porque as gestantes são mais propensas a desenvolverem infecção urinária já perto do parto, é normal devido a quantidade de urina produzida no fim da gestação. A partir deste mês, irá começar a sentir algumas contrações e cólicas, pode acordar enjoada e com dores de cabeça também, então, descanse o máximo possível.

— Obrigada. -sorri delicada, agradecendo e vendo-o retribuir, retirando-se em seguida.

. . .

Mas lá estava novamente o clima chato com o Arthur, clima esse que eu sempre detestei quando discutimos.

Não me lembro quando foi a última vez que chorei por alguma coisa (deve ter sido quando experimentei a comida do Meliodas pela primeira vez e achei que morreria), porém, é a primeira vez na vida que que sinto esse tanto de coisas tão fortemente e ao mesmo tempo.

São muitas coisas para se pensar em tão pouco tempo, e parar piorar, as discussões com o Arthur não cessaram uma única vez, é o que mais me abala, já que nunca ficamos desse jeito desde que nos conhecemos.

Eu sabia que num casamento, existem momentos de aversão entre o casal por motivos diversos, mas aversão ao comportamento é diferente de aversão a personalidade. Sei que o amo, mas não consigo e nem quero mais ter cabeça pra discutir com ele.

Sem perceber eu já estava chorando, na visão do Arthur, isso é extremamente anormal.

Odeio não poder conversar com ele direito...

— Hey, não faça isso... -lhe escutei falar com certa calma, suas mãos tocaram meu rosto e seus dedos tentavam mantê-lo seco- Não chora, Merlin, vai me fazer chorar também...

— Eu não sei porque me sinto tão frustrada, eu só sei que me irrita a ideia de você se sentir assim comigo. -droga, minhas mãos estão tremendo muito- Será que a gente não pode simplesmente parar de discordar desse jeito? Eu estou cansada demais para ficar o tempo todo falando coisas ruins.

— Merlin...

— Se você não gosta de algo que fiz ou falei, precisa me contar.

— Certo. -sua cara ficou séria- Não gosto quando você não me conta o que tá acontecendo, não gosto quando finge que tá tudo bem, odeio profundamente quando você se afasta de mim invés de resolver o problema comigo e faz tudo sozinha no final.

— ...

— Entendeu o que quis dizer? -sua testa colou na minha- Merlin, você não tem mais que agir assim porque não está mais sozinha. Se você confia em mim de verdade, então me deixa cuidar de você sem me esconder as coisas. Eu sei que é difícil, mas antes de tudo, eu sou seu amigo e minha função é me preocupar com você.

— Eu juro que estou cansada de discutir...

— Eu também estou, mas escuta... -um beijo caridoso foi deixado na minha testa- Nesse momento eu só quero que você pare de chorar, eu não aguento te ver assim. É por eu te amar tanto que falo isso, então não fique se martirizando em culpa pelas coisas que estão dando errado, me conte e fale que precisa de mim, sabe que largo até uma papelada de Tratado por você...

. . .

Nunca havia prestado atenção em como o Arthur pode ser doce e minucioso aos detalhes.

E de fato, só agora que consegui entender o que ele quis dizer.


*

*

*

*


Mansão Pendragon

Quando chegamos em casa, Madelyn e todos os outros empregados ficaram nos encarando extremamente preocupados.

Sorri.

— L-Lady Merlin, está tudo bem com você, não é?

— Sim, é só uma inflamação. -respondi bastante cansada, já tive muita surpresa em um dia-

— Ah, que bom que não é nada sério!

— Sim. -senti minhas pernas saírem do chão, meu marido me carregou até o quarto sem dizer absolutamente nada.

Fiquei um pouco pensativa perante sua atitude, mas relevei assim que minhas costas se encontraram com o travesseiro.

Ele deitou ao meu lado e recostou a cabeça no meu colo, espalhei meus dedos em seus fios loiros e senti o quão macios estavam... — O que foi, Arthur?

— Só me senti um pouco cansado.

— Hey...

— Sim?

— Nós não vamos mais discutir desse jeito, não é?

— Vamos evitar o máximo possível... -seu corpo se remexeu na cama, ficando um pouco mais encostado no meu, sua mão esquerda parou no alto da minha barriga e do nada, um peso extra surgiu.

Olhamos pra baixo e lá estava o Cath. — O que essa porra de gato faz aqui de novo?

— Arthur, não precisa ficar com ciúme dele.

— Hunf... -é incrível como o humor dele muda num instante-

— Eu amo mais o gato que casou comigo.

— ...

— Que foi?

— N-não foi nada... -seu rosto explodiu em vergonha.

 

 

 

 



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