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História Anything But Ordinary (Wantasha) - Humanidade


Escrita por: AuroraMaximoff

Notas do Autor


Um pouco atrasada mas cheguei kkkk, queria deixar informado que provavelmente após esse cap, os próximos podem demorar um pouco pois vou precisar fazer algumas pesquisas e bastante tempo para elaborar e ficar como realmente imaginei e quero

Capítulo 16 - Humanidade


“Some people got the real problems

Some people out of luck

Some people think I can solve them

Lord, heavens above

I'm only human after all”


 

A ruiva estava de joelhos no que deveria ser considerado o seu quarto, mas não era esse o real sentimento que ela tinha do lugar, os braços envolviam o seu próprio corpo tentando de alguma maneira parar os espasmos de seu corpo, ela estava com medo mas não ousaria em admitir isso.

O quarto semi iluminado pela claridade da janela parecia silencioso demais a um ponto perturbador, como se pressiona-se a sua cabeça até que a mesma explodisse, mas esse silêncio não perdurou por muito tempo,  passos ecoaram pelo quarto o quebrando e ela nem ao menos precisava se virar para saber quem estava ali, o riso baixo e frio denunciava a presença do homem perfeitamente, como uma assombração atrás de sua próxima vítima.

Seu corpo por um instinto se encolheu o que deu um pouco de prazer na visão do homem que se deliciou com o medo aparente da mulher, ele sabia que Natasha era dura o suficiente para tentar camuflar o que sentia o que lhe dava mais prazer ainda em saber que essa barreira estava baixa naquele momento.

- Me pergunto o que seu pai deve achar sobre você correr nessas pistas

Natasha virou sua cabeça o suficiente para o ver sentar na beirada da cama, ela tinha certeza que ele tinha algo em mãos mas seu campo de visão não a permitiu definir o que era

- Como se não bastasse Ivan me dar a filha defeituosa ainda ficou manca

- Não sou um objeto para ser definido como defeituoso - Raiva era presente na voz da mulher

- Eu lhe dei permissão para falar?

Sua mandíbula se cerrou com força, ela queria se levantar e socar a cara do homem que agora parou a sua frente, ela levantou o olhar e mesmo na baixa claridade ela ainda via os pontos roxos no rosto do  homem causados por ela mesma, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios quando passou pela sua mente que o rapaz ainda deveria sentir dor na sua coxa direita, dor causada por uma mordida da mulher em uma tentativa dele a sufocar, que além de lhe custar uma cena constrangedora no hospital ainda ganhou alguns pontos como lembrança

- To cansado da sua desobediência

Agora ela tinha maior clareza do que o homem carregava em mãos, uma faca não tão grande mas aparentemente afiada brilhava em sua mão, ele observou a lâmina por um tempo e satisfação cresceu em sua face quando viu que a mulher tinha notado o objeto

- Ivan acha que sou burro o suficiente pra não saber dos planos dele, aposto que o velho já ta insistindo nos netos, não? - Natasha deu de ombros como se aquilo não importasse a ela - Se ele fosse no mínimo esperto teria me dado a mão de Yelena e não a sua, teria traçado aquela garota antes mesmo de ela se lembrar de seu nome

- Não fale da minha irmã - Disse entre dentes cerrados

Mas tudo o que Natasha sentiu após isso foi um soco em cheio no seu rosto que a fez cair, ela sentiu seu rosto sendo pressionado contra o chão

- O que eu disse sobre falar quando permitido? - Bucky estava dando o último nó

A ruiva se moveu de forma desconfortável pela força que o homem a segurava, presa contra o chão sem qualquer chance de reação, talvez ter voltado fosse sua sentença de morte, mas ela não desistiria

- Eu deveria te matar aqui e agora mas isso seria suspeito demais, eu ainda teria que me livrar da otaria da sua irmã pra conseguir algo do seu pai

- Você não tem ideia da onde ta se enfiando

- Ah eu tenho sim, e posso garantir que sei bem mais do que você imagina, inclusive sei o que aconteceu com a vagabunda da sua mãe

os olhos da ruiva se arregalaram e ela sentiu seu corpo ficar mais tenso com as palavras do homem

- Ganhei sua atenção com isso não é?

- O que aconteceu com ela?

- Nada do que você já não imagina

- Isso é mentira ela ta viva eu sei que ela está

- Pare de se enganar…

Antes que terminasse sua frase Natasha virou se corpo de maneira que suas pernas conseguissem acertar o corpo de Bucky, ele cambaleou deixando a faca cair o que deu tempo suficiente para a ruiva rolar seu corpo e a pegar a faca no chão antes do homem.

Ela se levantou o mais rápido que pôde quando percebeu a reação do seu companheiro, a faca frente ao seu corpo em um claro sinal de proteção para que ele não se aproximasse.

- Me deixa em paz por favor

- Eu não vou te dar um dia de paz

Ele correu em direção a Natasha que sentiu a faca escorregar de seus dedos passando para a mão de bucky, arrependimento era tudo que brotava em seu peito, “corra, corra” ecoava em sua mente num claro sinal de alerta porem o que sua mente dizia o corpo não correspondia, suas pernas pareciam moles demais para respeitar a ordem.

Os cabelos de Natasha ficaram presos de forma agressiva entre os dedos de Bucky que puxou os fios o suficiente para expor todo o pescoço da mulher, ela via agora de tão perto o quanto havia despertado a fúria dele.

- É melhor não brincar com o perigo Natasha, não me provoque ou o seu fim vai ser o mesmo da Anastacia

- Você não me conhece

Ela sentiu uma dor do lado esquerdo de seu quadril mas a ignorou mesmo quando sentiu o local úmido, ela se debateu ate sair das mãos de Bucky, ela juntou suas forças para correr e não soube como conseguiu com a dor que sentia em seu quadril, mas a adrenalina em seu corpo não permitiu que ela parasse ate que ficasse cara a cara com Maria em um dos corredores.

- Natasha?

O olhar de Maria era de espanto e estava preso no quadril da mulher, quando a ruiva finalmente decidiu olhar uma grande mancha vermelha que se estendia pelo tecido vermelho, ele tinha a esfaqueado e Natasha nem ao menos percebeu.

- Você esta... - Ela deu alguns passos a frente mas parou

- NATASHA - A voz carregada de ódio ecoou no corredor

- Foi ele?

A ruiva apenas meneou com a cabeça antes de sentir a mulher lhe puxando para um dos quartos, as passadas fundas e ruidosas do homem aumentaram quando ele se aproximou mas não passou muito até que sumissem pelo corredor.

Natasha mordia o próprio lábio em uma tentativa falha de não gritar com a dor que aumentava agora que a adrenalina diminuia em seu corpo

- Você tá muito pálida, precisa de uma ambulância

- Não, eles vão fazer perguntas

- Mas não posso te deixar aqui sangrando - Ela puxou um pano de seu bolso e colocou sobre a ferida a pressionando, Natasha se contorceu com a dor 

- Por que está aqui?

- Wanda me ligou preocupada

- Enxerida

- Ela só tá tentando ajudar - Natasha ignorou mas desviou o olhar quando viu o pano encharcado com seu sangue nas mãos de Maria - Acha que consegue andar alguns metros?

- Vai desovar meu corpo em algum matagal?

- Eu odeio seu senso de humor

Maria passou os braços de Natasha sobre seu ombro e a apoiou para que saíssem dali com cautela, a voz de Bucky não era audível, mas a vibração que o nervosismo causava em seus ouvidos a deixavam atenta com qualquer som possível.

- Por que voltou?

- Eu não tenho escolha

- Sim, você tem

- Não começa com essa também, não tenho, ele iria atras de mim de qualquer forma - Natasha se mexeu de maneira desconfortável no banco - Aonde vamos?

- Não é óbvio? Precisa de um médico

- Tá começando a ficar um pouco abusada pra minha secretária

- Acho que você não está em condições de muita coisa

Natasha lançou um olhar raivoso para Maria que a ignorou e continuou seu caminho ate o hospital, Natasha por outro lado se sentia cansada demais para manter a pose durona encostando então sua testa no vidro do carro e fechando os olhos sendo embalada pela dor.

 

(...)


 

"Tá tudo bem?” a pergunta ficou no ar quando Robbie havia passado os últimos minutos falando sobre como havia adotado a sua nova cachorra Lassie, mas Wanda estava dispersa em meio aos seus pensamentos, a mente vagueando pelos ocorridos da noite passada, Yelena ainda não havia retornado as suas ligações e muito menos visualizado as mensagens o que a fazia questionar se a menina realmente estava bem

- Perdão, Lassie parece encantadora

- E ela é, acho que foi sorte ter encontrado ela logo agora

- Ou talvez ela tenha tido a sorte

Robbie sorriu mas desviou o olhar quando ainda encontrou os olhos perdidos de Wanda para sua comida intocada, ele a chamou mais cedo para almoçarem juntos em uma tentativa de no mínimo resgatar a amizade que tinham em outros tempos mas parecia que a cada minuto a menina dificultava mais ainda sua aproximação

- Aconteceu algo?

Wanda arregalou levemente os olhos como se somente se desse conta da presença do homem naquele momento, ela abriu a boca e a fechou algumas vezes em uma tentativa falha de articular alguma palavra, porém apenas respirou fundo e se curvou sobre a mesa para mais perto do colega.

- Você vai no casamento?

- Se estiver tudo bem para você, do contrário posso não ir

Robbie era um amigo muito próximo de Steve, ela sabia que por mais que tudo tivesse acontecido ambos ainda mantinham contato, e ela não condenava o amigo por ainda o manter, eles cresceram juntos e tinham uma ligação forte entre eles

- Você é o melhor amigo do Steve, não tenho poder de te expulsar de lá

- Ainda assim como eu disse, acaso não se sinta bem com minha presença posso respeitar seu espaço

Wanda sorriu para o homem à sua frente e então decidiu por comer um pouco da sua comida já fria no prato, ela mastigou de forma paciente como sempre fazia tentando saborear cada pedaço

- Vejo que a mania em comer devagar ainda ta ai

- A comida foi feita pra ser saboreada corretamente

- Não é a toa que voce sempre se acostumou em comer a comida fria

- Decidiu implicar com a minha comida agora?

- Sua comida não importa, queria era saber o que se passa nessa sua cabecinha

Wanda pegou mais um pouco da comida tentando ganhar tempo, seu olhar passou pelo celular em cima da mesa em uma falsa esperança de que Yelena a respondesse entretanto a tela estava sem nenhuma notificação, ela havia mandado uma mensagem também para Tony que apenas informou que iria tentar falar com Clinton para saber como Natasha estava

- Acho que é só o cansaço do trabalho

- Mesmo? Não acho que seja somente isso

- Sim, é só isso, você deveria um dia desses levar a Lessie pra sair com a gente

- Não é uma má ideia.

Novamente olhando para a tela do celular, ela suspirou à espera de uma resposta, mas ela não chegou da maneira que gostaria, uma mensagem de Maria piscou em sua tela e antes mesmo de pensar em qualquer coisa a abriu sentindo uma agitação em seu peito

 

Ela esta bem, ou quase, trouxe para o hospital nessa madrugada, desculpa a demora para avisar mas Natasha não queria que eu te contasse

 

- Tenho que ir - Disse se levantando rapidamente

- O que? Mas nem terminou seu almoço

- É uma longa história - Ela parou e girou nos calcanhares para fitar o homem

- Bom, tenho todo o tempo do mundo pra escutar, quem sabe não posso ajudar?

- O problema é que não tenho esse tempo

- Em algum momento vai me contar o que esta acontecendo?

Wanda não respondeu mas sorriu para o homem no qual ela voltou e depositou um beijo casto em sua bochecha, o viu corar levemente mas suas pernas responderam antes mesmo que tivesse chance de falar algo mais, ela já estava na porta

Robbie observou o prato quase cheio de Wanda e sua cadeira agora vazia, juntou as mãos apoiando o queixo e sorriu de forma boba, sabia da garota de ouro que Wanda era e se exigia toda a atenção dela com certeza alguém precisava dela naquele momento, o que ele se perguntava era se essa pessoa poderia ser alguém novo na vida da garota ou até mesmo um amigo.

Apenas a ideia de Wanda nos braços de outra pessoa fez seu peito se agitar, mas ele sabia que tinha quebrado a confiança de Wanda e muito provavelmente nunca a recuperaria por completo, ele estava ali pra mostrar a ela que a garota não estava sozinha, mesmo que a felicidade dela não fosse ao seu lado.

 

(***)

 

Yelena se espreguiçou ouvindo Sharon murmurar algo do outro lado da sala, seus braços esticaram em busca do seu celular mas não encontrou nada além do vazio na mesinha de centro, ela se levantou sem se importar com o cabelo bagunçado e uma lembrança rondou sua mente, Sharon tinha a beijado em um momento bobo entre as duas enquanto assistiam a alguns filmes de faroeste, os preferidos de Yelena desde pequena.

Natasha também os amava mas nunca tinha tempo de os acompanhar com a irmã, mas ainda assim ela fugia de madrugada para o quarto da irmã onde madrugavam em meio aos filmes de bang bang.

Elas não tinham comentado mais sobre o beijo depois que ele aconteceu, tudo o que as duas mulheres fizeram foram rir como duas adolescentes descobrindo o mundo de forma boba, Yelena não tinha dúvidas sobre a sua sexualidade ainda mais quando todas as suas relações até ali tinham sido resumido a somente garotas.

Yelena soltou um barulhinho preguiçoso enquanto se alongava novamente e tentava de alguma forma obter seu cabelo em ordem, talvez devesse ter seguido a ideia de Sharon em o manter numa trança para facilitar no dia seguinte.

- Olha só se não temos uma bela adormecida aqui

Sharon estava parada à sua frente as longas pernas quase desnudas cobertas parcialmente por um shorts jeans, uma regata mostrava o quão confortável a mulher se sentia e os cabelos molhados denunciavam o por que ela exalava um cheiro doce que invadia as narinas de Yelena lhe dando mais conforto ainda.

Yelena enterrou a cara no travesseiro ainda de forma preguiçosa despertando uma risada de Sharon

- Vamos lá garota, fiz panquecas e… geleia de morango

Yelena levantou o olhar como se a última palavra a despertasse de um sonho, Sharon sorriu de lado se divertindo com a empolgação repentina da menina sobre os morangos, sabia que ela os amava pois os haviam citado na noite anterior.

Ela viu a menina de cabelos loiros e longos se levantar e quase saltitar até a cozinha, por um momento Sharon quase se esqueceu que a mulher a sua frente tinha sua mesma idade.

- Poderíamos repetir isso mais vezes

- Isso? - Yelena desviou sua atenção das panquecas

- É, uma noite tranquila assim com filmes - Yelena deu mais uma mordida da sua panqueca - Claro, se quiser

- Eu quero, tambem acho, meus amigos ultimamente andam ocupados demais pra mim e… Não ando me sentindo confortável com eles

- Quer falar sobre isso?

Yelena observou a geleia em sua panqueca e voltou a encarar os olhos marrons de Sharon que permanecia com um pequena sorriso acolhedor

- Acho que a mentalidade deles não bate com a minha

- E com isso você quer dizer que?

- São um bando de mimados que a única diversão é afrontar os próprios pais

- Você não faria isso?

- Isso o que?

- Afrontar seu pai?

Yelena mastigou o último pedaço da sua torta desejando por mais, um ultimo pedaço estava na mesa e até aquele momento tinha visto Sharon pegar somente uma, mas a mulher a sua frente meneou com a cabeça para que ela pegasse o restante.

- Ivan é um bom pai, ele só não sabe demonstrar da maneira correta

- Certo, e isso foi o que te fez cair nessa dependência?

Yelena levantou a sobrancelha incrédula com a pergunta mas decidiu não levar para o pessoal

- Acho que não é o tipo de pergunta que deveria ta fazendo

Sharon se curvou no balcão ficando mais próxima da menina que fez o mesmo, elas estavam próximas

- Mas me diz você, problemas com o papai foi o que causou o seu vício?

Algo no olhar de Sharon fez com que Yelena soubesse que tinha acertado em uma ferida escondida, mas tudo o que fez foi sorrir de forma gentil tentando mostrar que estava tudo bem, Sharon fez o mesmo voltando com seu ar intimidador.

O celular de Yelena fez um barulho alto quando vibrou em cima da bancada, ela se lembrava de o ter escutado tocar durante a noite mas estava ocupada demais para se preocupar com o que quer que fosse naquele momento, ela o tinha colocado no silencioso mas não se lembrava de o ter tirado, ainda assim ela não tinha certeza.

Ela o tomou para ver algumas ligações perdidas de Wanda, imaginou que a menina ou estava com problemas em alguma discussão grosseira com Natasha ou a irmã estaria reclamando da companhia de Wanda.

Mas o que a deixou em alerta não era apenas isso, naquele momento recebeu uma mensagem de Maria, a secretaria da sua irmã, seu coração parou por alguns minutos e sentiu seu sangue gelar, Sharon percebendo o estado da menina perguntou o que estava acontecendo mas Yelena permaneceu atônito, tudo que fez a seguir foi juntar sua bolsa e casaco e sair, largando apenas uma despedida rápida na porta.

 

(...)

 

Quando Wanda chegou ao hospital Maria ainda estava lá em uma das cadeiras, as pernas se agitando de forma nervosa, ela se levantou com olhar alarmado e Wanda pode ver que ainda restava um pouco de sangue na mão da mulher

- Maria? que isso? Ela tá bem? Que pergunta idiota obvio que não

- Ela só levou alguns pontos mas não teve nada grave, o médico disse que vai se recuperar bem rápido

- Juro que se eu correr mais uma vez pro hospital porque aquele imbecil machucou ela eu surto

- Ela só está perdida, tem que entender ela

- Eu sei, mas fica difícil quando ela nao me escuta também, eu já ofereci ajuda e ela ainda assim não aceita

- Ela nunca teve isso antes, alguém que se importasse tanto com ela além da Yelena, que é o único amor que ela conhece

Maria estava agarrada ao celular e o olhava de forma nervosa

- Algo mais que tenha acontecido?

Maria olhou de soslaio para Wanda os lábios se contorcendo em dúvida se deveria falar ou não, mas ela corrigiu a postura limpou a garganta e respirou fundo

- Ivan tem me ligado pra perguntar da Natasha, ele disse que ela deveria ter voltado hoje a empresa mas não sei o que dizer pra ele

- Não diga nada

- Mas…

- Não por agora, vamos focar na Natasha

- Eu tentei falar com ela mas não responde a nada, ela só fica muda

- Posso tentar?

Maria indicou o quarto onde a mulher estava e então foi buscar um café para ela mesma.

Wanda sabia que muito provavelmente aquela altura Natasha teria levantado sua barreira novamente, mas ela precisava dessa tentativa.

A ruiva estava encarando o teto e parecia decidida em o encarar até que o mesmo se desfizesse perante o seu olhar

- Você está bem?

Natasha não desviou o olhar e muito menos ousou em dizer qualquer palavra, ela apenas suspirou fazendo uma pequena contração com seu lado esquerdo do corpo, provavelmente sentindo dor onde levará os pontos

- Nenhuma resposta rude ou sarcástica? Você realmente não está bem.

Wanda não teve tempo de desviar quando um travesseiro voou em sua direção, o olhar de fúria de Natasha a fez tremer mas permaneceu firme na decisão de falar com a mulher

- A força pelo menos continua - Disse pegando o travesseiro do chão - Sei que ta frustrada mas conversar talvez ajude

- Vocês não vão mesmo me deixar em paz?

- Não quando tem algo te destruindo

- Não tem nada me destruindo

- Mesmo?

Natasha relaxou o corpo e suspirou, a feição mudou por completo daquilo que estava quando a morena entrou na sala, mas ainda era perceptível a raiva dentro dela

- Eu só preciso de um tempo

- Talvez tempo não seja o que você tem agora

Mas ela sabia perfeitamente que tempo era a última coisa que possuía, mas como expor o medo e o pânico que cresciam dentro dela? Medo de a qualquer minuto Ivan ou até mesmo Bucky a encontrassem e fizessem algo bem pior que uns dois pontos em sua pele? Ela sabia que eles o encontrariam e não ficariam em paz ate que a tivessem de volta sobre os seus domínios.

Fugir talvez fosse uma das poucas ideias aceitáveis naquele momento, não envolvia morte e muito menos problemas com a justiça, apenas uma estrada inteira pela frente regada de música e paz

- Eles falaram se vou pra casa?

- Assim que sua medicação acabar - Disse indicando a bolsa que estava pela metade ao lado da cama de Natasha

Ela observou o líquido e deduziu que aquilo poderia durar horas, uma infecção não a derrubaria tão fácil assim se interrompesse naquele momento certo? Antes mesmo que Wanda pudesse agir viu Natasha arrancar o acesso de seu braço e um pequeno filete de sangue escapar onde o mesmo estava, ela se levantou com uma careta de dor mas decidida

- Otimo, acho que já podemos ir então

Ela pisou no chão no exato momento que Wanda a envolveu com os braços para a apoiar, ela queria empurrar a menina mas se distraiu enquanto limpava o sangue de seu braço, notando que ainda vestia sua roupa suja

- Yelena poderia pelo menos ter me trazido uma camisa nova

- Não reclama, a menina já esta chegando 

- Natasha? - Ouviu-se a voz de Yelena no corredor

- Eu não disse?

Wanda estava olhando Natasha e sentiu quando num baque Natasha se soltou de seu apoio, Yelena agora estava agarrada a irmã mais velha murmurando desculpas enquanto a ruiva sem retribuir o abraço permanecia atônita com cara de dor

- Olha isso doi, ser que da pra…

- Desculpa, desculpa, desculpa, não deveria ter ignorado as ligações mas eu me tava…

- Livre?

- O que?

- Não te culpo por se sentir sobrecarregada comigo

- Acho que não é um bom lugar pra discutir isso - Wanda tentou apaziguar

- Você não é um peso pra mim

Natasha deu um fraco sorriso

- To feliz que esteja aqui agora

Ela esticou um dos braços e recebeu a irmã mais nova enquanto acariciava os fios loiros da mulher, o olhar estava direcionado a Wanda que observava toda a cena.

Não foi fácil deixar o hospital com Natasha, ainda mais quando tudo que ela soube fazer era reclamar de tudo, sobre estar com frio, sobre não querer tomar o remédio e principalmente sobre não querer ficar de repouso.

Não demorou muito até que Wanda perdesse o pouco de paciencia que ainda a restava e voltasse para casa, mas sentiu sua paz se esvair quando tudo o que sua tia fez ate o dia seguinte era ficar grudada em seu pé questionando onde a menina estava, o que a levou voltar ate Natasha.

Era um novo dia e o sol brilhava já em seu ponto alto, imaginava encontrar Yelena travando uma briga contra a atitude infantil de Natasha, mas o que viu não era bem isso.

A ruiva estava agachada em sua moto enquanto mexia em algumas peças

- Achei que a recomendação fosse repouso

- Não preciso disso, ficar trancada aqui não vai me ajudar em nada

- E Yelena?

- Dormindo ainda, passou quase a noite toda me vigiando pra não escapar, quando amanheceu não aguentou e dormiu feito uma pedra

- Ela só está preocupada com você

- Não deveria, ela ainda tem uma vida pra se preocupar

- Você também tem mas nao me parece tão preocupada assim

A resposta que recebeu foi um grande silencio, sendo seguido de um riso baixo, porém a morena tentou não deixar que o clima a afetasse

- Você vem tentando me apresentar experiências novas

- Sim?

- Me pergunto se em algum momento da sua vida já pilotou uma moto

- Nem ouso tentar?

- Mesmo?

O olhar de Natasha se assemelhava a de uma criança travessa, quando Wanda notou já estavam fora da cidade.

Natasha ao seu lado tentava explicar o básico para que ela entendesse mas tudo que Wanda entendia parecia se transformar em pó na mente dela sob o calor daquele dia

- Revisando, embreagem, marcha, acelerador, os dois freios…

- Olha, tem certeza que é uma boa ideia?

- E por que não seria?

- Talvez eu não queira voltar pra casa com um osso quebrado

- Confia em mim magrela, você vai se sair bem

Wanda fez careta com o apelido o que despertou a vontade de mostrar que era bem capaz de fazer aquilo, Wanda se ajeitou na moto decidida a arrancar com tudo porém tudo o que conseguiu foi deixar que a moto morresse e o seu peso a derrubasse, Natasha riu e deu a volta levantando a moto

- Tá tudo bem?

- Só uns ralados mas vou viver

- Tava falando da moto mas que bom que tá viva

- Te odeio

- Sentimento recíproco, o que você acha de tentar de novo? Só não machuca esse meu bebe

Wanda subiu novamente na moto e suspirou

- Domina a embreagem primeiro, depois acelera

Ela colocou a mão em cima da de Wanda e pediu para que ela apenas sentisse como a moto agiria conforme ela soltava a embreagem

- Ve? Acha que consegue

Wanda meneou com a cabeça e deixou que fluísse, a moto reagiu abaixo de si e ganhou velocidade, ela riu diante da sensação de deslizar pela estrada mas sentiu um pequeno medo crescer quando não soube parar

- O freio, lembra do freio

Natasha gritava atrás dela mas tudo o que ela pensava era no seu arrependimento em ter subido naquilo, ela se lembrou do freio e o pressionou até que a velocidade se reduzisse, o pé cambaleou tentando manter a moto e a ela mesma em pé, quando finalmente conseguiu ficou parada fitando a sua frente ate que Natasha aparecesse ofegante ao seu lado, a mão segurando onde os pontos estavam

- Não me mata do coração assim não, como você esta?

- Eu…

- Você?

- EU AMEI, QUERO DE NOVO

Natasha riu da empolgação de Wanda e permitiu que ela desse mais algumas voltas, mesmo nunca tendo subido em uma moto para pilotar mostrou bastante habilidade em um curto período de tempo.

Natasha sentou no gramado onde um pano estava estendido e continuou a observar Wanda.

A ruiva deixou que sua mente fluísse enquanto sente a água fresca em sua boca, a ideia de fugir voltando a sua mente pensou em varias possibilidades de quem pudesse a acompanhar ou ate mesmo na ideia de ir sozinha, mas não sabia se aguentaria a solidão da estrada.

Wanda se sentou ao lado da mulher e lhe deu um pequeno empurrão com o ombro para que despertasse

- No que tá pensando?

Natasha a fitou enquanto pegava uma garrafa de água para ela, na forma como seus olhos se fecharam sentindo o líquido molhar sua garganta seca

- Nada

- Nada não te deixaria assim

- Só...uma ideia maluca

- Compartilha quem sabe eu não possa ajudar?

- Por um momento pensei na possibilidade de fugir - Disse observando o horizonte - Sumir por essas estradas e não voltar até que me sentisse segura para isso

- Não vou te julgar não é uma ideia ruim

- Mesmo? - Disse a ruiva levantando a sobrancelha pra menina - Achei que fosse dizer que é uma ideia imatura

- Seria imatura se fosse sozinha

- Isso eu não pensei direito

- Quais seriam suas apostas pra te acompanhar?

- Não sei se teria alguém, os meninos nunca deixariam o que tem aqui pra fugir comigo

- E Yelena?

- Ela iria achar isso uma loucura, tem os amigos, tem o pai dela… Mas tenho uma última opção

- Qual?

- Você

Wanda engasgou com a água e então recuperou seu fôlego encarando a mulher que permanecia séria na sua frente

- Isso é sério?

- E por que não seria? 

- Por que acha que eu seria uma boa escolha pra ir?

- Já disse que você é como eu, tem dores e cicatrizes enraizadas nessa cidade, são coisas que você só vai conseguir se curar quando partir e se distanciar de tudo isso

- Não sei ao certo se isso ajudaria

- Não gostaria nem ao menos de tentar?

Wanda torceu a garrafa em sua mão de forma nervosa e pensativa, a única coisa que ainda a prendia na cidade era seu irmão, mas ele saberia como lidar caso Wanda partisse em busca de sua cura?

- Eu não sei

- Não precisa dar uma resposta agora, apesar de quem pretendo partir o quanto antes, se você desistir vou sozinha

- Sabe que é loucura partir sozinha

- Eu sei, mas assim como preciso me curar tenho assuntos que quero entender da minha vida, e acho que isso seja de grande ajuda

Natasha se levantou e se afastou ainda observando ate onde sua visão permitia da estrada, ela alisou a lata da moto soltando um breve suspiro.

Wanda permaneceu sentada pensando na proposta, se aquilo realmente valia a pena, ela precisava se curar e sabia que sua dor por menor que fosse ainda assim era valida, mesmo que negasse.

Vendo Natasha parada a sua frente sentiu uma força dentro de si crescer, ela sabia o que queria e já tinha tomado sua decisão.

 


Notas Finais


Como sempre a meta continua em 20 comentarios galera, é bem provavel que tenha momentos bem mais soft das duas. Espero que tenham gostado ate mais....


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