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História Anything But Ordinary (Wantasha) - Irmãzinha


Escrita por: AuroraMaximoff

Capítulo 4 - Irmãzinha


“Sometimes I drive so fast, Just to feel the danger

...I wanna scream, It makes me feel alive…”

**

“No stop signs, speed limit

Nobody's gonna slow me down

Like a wheel, gonna spin it

Nobody's gonna mess me 'round”


 

A dor em suas costas já era mais do que familiar para a mulher, deitada de bruços ela sentia o sangue já seco em suas costas enquanto se espreguiçava sentindo os músculos do corpo tensionando para depois relaxar por completo.

Ela deslizou até debaixo do chuveiro sentido a queimação nas costas, Ivan sempre a castigou quando não tolerava seus atrasos em reuniões e até mesmo quando perdia a paciência com as atitudes da menina, as costas cheias de marcas tinham histórias de toda uma vida carregada de dor e amargura.

Algumas batidas na porta fez a ruiva despertar de seus devaneios despertando um suspiro frustrado da garota, ela fechou o chuveiro e saiu do banho parando apenas alguns minutos em frente ao espelho para observar as marcas rosadas nas suas costas, ela tensiona os músculos das costas vendo as marcas se alargarem mais a vergonha estampada em seu rosto vendo marcas tão fundas em sua pele pálida.

Saindo do banheiro uma de suas empregadas aguardava enquanto ajeitava na cama a sua roupa

- Algo importante hoje que eu não saiba?

- Não senhora, seu pai apenas me pediu que trouxesse sua roupa para não ter atrasos

- Sem atrasos, claro

Ela observou até que a empregada se retirasse do quarto e então tratou logo de se arrumar, uma mensagem de Clint em seu celular a chamava para uma tarde na pista de corrida, naquele dia iria ter uma competição entre a galera local e por mais que quisesse participar tinha receio de não conseguir escapar já que Ivan estaria esperto com a mulher

Já em sua mesa no escritório decidiu revisar os gastos da empresa fez comparativos e anotações e estranhou quando os dados simplesmente não bateram em momento algum, ela revisou mais algumas vezes as anotações e percebeu dados faltando chamou Maria até o seu escritório, a mulher parou em frente a sua mesa com nervosismo nos olhos mas se manteve firme sustentando o olhar da ruiva a sua frente

- Esses relatórios estão errados, quem os fez?

- O próprio Ivan os revisou e pediu que te entregasse

- Deixa eu te fazer uma pergunta - Natasha se recostou na cadeira enquanto apoiava uma das pernas em cima da mesa, seu pai sempre a repreendeu por essa péssima postura - Tenho cara de otária?

Natasha viu a morena arregalar os olhos com a pergunta da mulher, a sua boca abriu algumas vezes mas nenhuma palavra foi proferida.

- Tem algo acontecendo aqui, eu sei que tem e quero que seja o mais sincera possível comigo, você sabe de algo?

- Eu não sei de nada

A ruiva permaneceu encarando a mulher que demonstrou sinceridade em seu olhar ao dizer as últimas palavras, Natasha suspirou coçando a testa tentando pensar em algo que pudesse justificar os furos além de gastos desnecessários e injustificados, Ivan não deixaria aquilo passar a limpo daquela forma sem uma boa explicação.

- A quanto tempo trabalha pra essa empresa comigo? Dez anos?

- Já são doze anos senhora

- Doze anos - Disse passando os dedos pelos lábios pensativa - E acha que tenho sua lealdade?

- Com certeza

- Otimo, pois quero que seja meus olhos e ouvidos neste lugar

- Farei isso

Natasha meneou com a cabeça para a menina, apesar de nem sempre ser uma boa chefe para seus empregados ela sabia que Maria era alguém que poderia contar em todos aqueles anos a mulher fora a única que a suportaram nos seus piores dias de humor.

Recolhendo os papéis na mesa Natasha foi até a sala de Ivan o salto batendo contra o piso foi o que despertou o homem do seu computador, o olhar frio e severo se prendendo na menina que se sentou à sua frente.

- Temos uma reunião daqui a meia hora, está tudo pronto?

Natasha não respondeu mas jogou os papeis na mesa desviando a atenção do mesmo, ele pegou os relatórios e os observou com cautela levantando uma das sobrancelhas em dúvida para menina

- Você chegou a revisar esses relatórios de gastos?

- Sim, Maria me trouxe pra revisão

- E você não notou os erros?

O homem juntou as mãos largando os papéis e então encarou a mulher de forma séria, um sorriso formou em seus lábios e a ruiva não soube distinguir o que ele estava pensando naquele momento

- Você é muito sagaz e perspicaz Natasha

- Acho que pela primeira vez tenho que agradecer a você por ter me ensinado isso

- Não se preocupe com isso se precisar lance alguns dados falsos 

- Não vou mentir nos relatórios

- Você apenas vai ocultar informações, não mentir

- Não vejo diferença entre ocultar informações e mentir

- Sabe que não gosto de insubordinação

- O que está escondendo de mim?

O homem bateu na mesa, o que fez Natasha pular com o soco inesperado, percebendo então que ainda tinha muita informação oculta da menina, ela recolheu a papelada sentindo o olhar de Ivan queimando e se retirou da sala.

Ao retornar a sua sala finalizou os últimos relatórios se dirigindo então até a sala de reuniões, em todo momento Ivan manteve sua atenção presa a mulher que como sempre seguiu tudo à risca da forma como sempre a ensinou a se portar.

Como sempre suas mãos tremiam após as reuniões, o copo com o líquido quente nas mãos estava ali mais por uma distração uma forma de tentar acalmar, desde cedo Natasha foi submetida às reuniões da empresa e em todas elas uma sensação de desespero tomava conta de seu corpo além de tremores e medo, talvez por conta de muitos assédios que já sofrera depois de cada reunião ou talvez pelo medo de Ivan a repreender por qualquer palavra errada que pudesse ser dita por ela.

"última chance” a mensagem de Tony apareceu na tela, ela sabia que o amigo queria mais que tudo a sua presença naquela corrida mas Natasha não poderia se arriscar mesmo que sua mente gritasse que ela deveria ir, desligando a tela do celular o devolveu ao bolso.

Ela bebericou do café já frio o amargo parecia mais intenso mas foi ele quem a devolveu para a realidade

- Tava te procurando

Natasha se virou quando escutou a voz grave do homem, Bucky estava parado a porta de sua sala, braços cruzados enquanto seu rosto como sempre permanecia frio, o homem caminhou tranquilamente parando ao lado de Natasha que estava sentada agora de frente para a mesa, ele encostou na mesa observando toda a vista da sala da mulher

- Lembra quando éramos pequenos e você sempre achou que era mais forte?

- E eu era

- Sempre se gabou quando me venceu nas lutas

Natasha juntou as mãos no colo e girou sua cadeira para que ficasse de frente ao homem, o copo com o café frio sendo abandonado em cima da mesa, ela tentava entender em que ponto o companheiro queria chegar com aquela história

- E agora, olha só pra você - Ele desviou a sua atenção para a mulher - Indefesa e sem escolha nenhuma 

Apesar do tom de voz de Bucky, a ruiva não deixou que aquilo a afetasse, ela sustentou o olhar dele, ele se aproximou dela deixando seus rostos próximos demais, ela sentia a respiração dele em seu rosto enquanto apoiava as mão nos braços da cadeira a deixando completamente presa em um pequeno espaço

- Não me importaria de repetir aquelas lutas, ainda mais na minha cama

A ruiva desviou o rosto quando o homem tentou beijar seus lábios, mas ele o segurou fazendo com que se voltasse para ele um beijo forçado foi retirado dela.

Nesse momento a porta de sua sala se abriu e Maria Hill entrou tentando fazer o maior alarde possível para que fosse notada, ela sabia bem a índole de Bucky já que fora uma de suas vítimas.

- Senhora Natasha, me chamou?

Bucky se afastou de Natasha tentando disfarçar a raiva repentina que surgiu em seus olhos, mas sem dizer uma só palavra ele apenas lançou um sorriso para ambas mulheres e se retirou da sala.

Natasha apenas respirou aliviada quando o homem bateu a porta, ela limpou sua boca com nojo e agradeceu por Maria a salvar naquele momento

- Vim também pois chegou algo para você - Ela estendeu um pequeno objeto embrulhado em papel pardo - Não tem remetente mas achei que seria melhor te entregar em mãos antes que Ivan perceba

Apesar de curiosa ela não abriu o pacote, o observou por fora e imaginou que pudesse ser algum livro ou agenda, com receio observou apenas a letra A escrita de forma delicada onde deveria ter o nome do remetente, sem endereço e muito menos qualquer outra informação que pudesse indicar quem enviou, apenas o seu nome como destinatário em destaque no papel áspero.

O celular de Natasha vibrou em sua mesa e então observou a tela piscar com o nome de Clint, Maria vendo que essa era sua deixa se retirou da sala

- Fala

- Acha que consegue vir pra cá? Precisamos de um competidor

- Sem chance Clint, sabe como tá a situação

- Vai ser só por algumas horas, não vai te tomar tanto tempo assim.

- Preciso só de mais alguns minutos

Natasha recolheu suas coisas e então de forma sorrateira se encaminhou até a saída da empresa torcendo para que Ivan não a encontrasse no caminho mas antes que pudesse contar com a vitória uma voz ecoou atrás dela

- Posso saber aonde vai?

Natasha se virou para encarar o homem corpulento a sua frente enquanto sua irmã estava ao lado distraída em alguma conversa no celular perdida entre algumas risadinhas.

- Não comi nada ainda, achei que seria uma boa ideia comer em algum lugar

- Ótimo, sua irmã também não comeu nada desde o café da manhã, leve ela junto e depois a deixe no clube para festa

- Virei babá de pirralha agora?

- Hey, são só dois anos de diferença - Disse Yelena desviando finalmente a sua atenção do celular

- Mas age como uma pré adolescente

- NATASHA - Todos se viraram para Ivan

- As suas ordens

Ela se virou e seguiu com uma Yelena emburrada logo atrás, ela seguia batendo os pés e resmungando em como a moto bagunçava seu cabelo recém arrumado no salão, mas Natasha não se importou lhe entregou um capacete enquanto colocava o seu e subiu na moto esperando que a menina subisse, depois de muita insistência a garota subiu se agarrando a cintura da irmã.

Chegando ao local da corrida já estava lotado, ela aguardou ate que Yelena descesse da moto e então ignorando os protestos da irmã foi até o encontro de seus amigos, que aguardavam próximo da pista, muitos já estavam posicionados ou então dando a ultima olhada em suas motos antes que a corrida começasse.

- Vou contar pro papai que você me trouxe até aqui

- Cala a boca ou te arranco a língua

A menina cruzou os braços brava enquanto se sentava em uma das cadeiras próximas da pista

- Resolveu trazer a princesinha? - Clint perguntou enquanto olhava uma das motos junto de Tony

- Não tive opção, inclusive ela ta com fome se puder arrumar algo pra ela depois,

- Vou ver o que temos ali, acho que ela não se importa de comer um pouco de cachorro quente

- Desde que fique de boca calada depois tá ótimo - Ela deu uma olhada na moto - É essa?

- Sim, acha que tá tranquilo?

- Relaxa cara, Natasha corre quase todo dia por essa pista ela conhece de cor isso aqui - Tony disse se levantando depois de constatar que estava tudo certo.

- Você diz sozinha, ela nunca participou de uma competição - Clint também se levantou com ar preocupado

- Não sei se lembram mas eu estou bem aqui, acham que não tenho capacidade?

Clint encarou a mulher que estava séria, ele sabia que ela tinha tomado aquilo como um desafio e quando Natasha queria muito algo, alguma coisa poderia dar errado pois a ruiva faria o que fosse para conseguir aquilo e por um momento Clint sentiu uma sensação gélida subir a sua espinha.

- Sabe que eu acredito em você, garota.

Tony jogou o uniforme para que a menina vestisse e quando retornou com ele Yelena novamente reclamou sobre o que estava acontecendo ali, Natasha quase desejou ter largado a menina no meio do caminho para não ter que aguentar o choro da garota

- Você tá doida, Nat? E se acontecer alguma coisa?

- Não vai acontecer nada Lena, só se você abrir essa boca pro Ivan

- Por mais que eu queria contar sabe que não vou fazer isso

- Ótimo, então temos um acordo

Apesar do silêncio, Natasha viu um certo medo no olhar de Yelena que apenas se encolheu em seus braços quando viu Natasha subir na moto para se posicionar em seu local.

Antes que fosse dada a largada era possível ouvir o ronco das motos sendo acelerados se preparando para arrancarem.

Natasha finalmente sentiu o vento bater contra seu corpo que deslizou mais para baixo ganhando mais velocidade, de início ela não ganhou tanta velocidade o que a fez ficar um pouco mais para trás, não tardando muito para que chegasse em uma posição boa

Um pouco mais afastados Yelena, Clint e Tony gritavam por Natasha enquanto davam pulos a cada ultrapassagem da garota, apesar de Yelena ter vista a irmã tantas vezes sair com a moto nunca imaginou que ela pudesse ser boa em uma pista de corrida e teria que admitir que ela tinha nascido para aquilo, mesmo com medo de que por conta da velocidade ela pudesse se machucar continuou torcendo para que a irmã levasse a melhor.

Natasha agora se encontrava em quarto lugar e viu a dificuldade crescer com os três primeiros classificados, apesar de muitas vezes ameaçar ultrapassar teve problemas quando foi fechada em todas as tentativas mas não iria demorar até que uma brecha fosse aberta, quando ela finalmente viu a oportunidade não perdeu tempo e passou os dois próximos competidores, os gritos para ela aumentaram e ela sabia que estavam vindo de três pessoas na arquibancada.

Clint sabia que Natasha tinha habilidade o suficiente para passar o primeiro competidor mas temeu por saber o quão agressivo ele era nas pistas, em seu histórico já colecionava alguns acidentes dos mais leves aos mais graves, ele foi mais a frente nervoso com olhos presos em Natasha que estava tão próximo do rival que poderia jurar que as motos estavam quase coladas, faltavam poucas voltas para que fosse decidido o vencedor o que só fez o nervosismo crescer, Yelena estava ao seu lado empolgada em ver a irmã se dando bem na pista, os olhos brilhavam enquanto ela vibrava de alegria.

Natasha novamente só precisava de um pouco mais de confiança, sentiu o coração disparar quando por um momento o rapaz que estava na primeira colocação quase bateu em sua moto mas ela se manteve firme e na sua cola não se deixaria por vencida aquela altura, faltava apenas duas voltas para que o vencedor fosse definido e Natasha deixou com que o competidor à sua frente ganhasse confiança achando que ela tinha cansado de tentar o ultrapassar, quando ele menos esperou na sua empolgação em achar que seria o primeiro Natasha atravessou a faixa à sua frente na última volta.

Parando sua moto mais a frente Natasha sentiu o bombardeio de abraços dos três, ela permaneceu imovel sentindo a alegria e vibração que vinha da sua irmã e seus amigos e então se permitiu rir da situação, eles pararam para a encarar 

- O que foi?

- Vocês viram isso?

- É até bizarro - Disse Yelena rindo

Um homem mais velho em que Natasha deduziu ser o seu rival que foi vencido nos últimos minutos se aproximou enquanto tirava o capacete, Natasha fez o mesmo tirando o seu e observou a face furiosa do homem que parou a sua frente

- Próxima vez que cruzar o meu caminho se considere morta

Natasha levantou uma de suas sobrancelhas não se sentindo nada intimidada pelo homem que era alguns centímetros mais baixo que ela, ele passou por ela sumindo então em meio a multidão que se juntava por ali.

- Bruce Banner, fazia um bom tempo que ele não perdia uma corrida, mas ele é só ameaça na pista, fora dela é só mais um achando que tem moral

- Não é bem com isso que tô preocupada

Ela sabia quem Bruce era, ou quase sabia, ele estava sempre no escritório de Ivan recebendo ordens do mesmo, mas Natasha nunca descobriu que tipo de trabalho ele fazia para Ivan e algo a alertava que não era algo bom.

Apesar da insistência dos amigos em ficarem, Natasha chamou Yelena que se juntou a ela na saída.

- Por que a gente não pode ficar só mais um pouquinho?

- Ainda tenho que te levar pro clube, lembra? A festa na piscina com seus amigos?

- E se eu não quiser ir?

- Ai Ivan me mataria por não ter te deixado lá

Ela olhou para o céu vendo que o dia estava chegando ao fim e então esperou que Yelena subisse na moto mas a menina não o fez, ficou apenas parada a encarando com um olhar indeciso

- Yelena, anda logo

- Não

- Para de ser mimada e vamos logo

- Eu disse não, eu não quero ir, papai vive me forçando a ter amizade com esse pessoal e eu não me sinto bem

- O que quer fazer agora então?

- Quero passar um tempo com você

Natasha franziu o cenho observando a menina, ela nunca tinha pedido para passar um tempo com ela e muito menos mostrado interesse em qualquer coisa que ela fizesse o que a fez questionar várias vezes se em algum momento ela tinha sido exemplo ou um espelho para a irmã mais nova.

A ruiva voltou a colocar seu capacete mandando Yelena subir na moto novamente, ela dirigiu até o próximo posto na estrada e então foi até a loja de conveniência comprando algumas bobagens para comer junto com sua irmã, elas se sentaram junto do barranco observando a noite cair com os dedos açucarados.

Ao olhar o rosto da mais nova viu a alegria em seu olhar, a menina parecia bem diferente daquilo que se mostrava na frente de Ivan, era alguém bem mais doce e por um momento até mesmo estranhou o silêncio da menina

- Sempre vi o quanto gostava de motos mas nunca imaginei que se dava tão bem em uma pista de corrida

- Eu nunca corri antes, não com outras pessoas essa foi a minha primeira

- Tá brincando - A sobrancelha da menina se levantou incrédula - E você não corre por que?

Natasha jogou um doce azedo na boca e fez uma careta que despertou risadas da irmã, ela a encarou pensando na melhor resposta a se dar, não queria destruir a imagem de pai que a menina tinha mas também não gostava de mentir para ela, sabia que mesmo a menina vendo que o tratamento entre as duas era bem diferente muita coisa acontecia às escondidas, ela nem mesmo imaginava sobre a existência das cicatrizes nas suas costas

- Acho que Ivan não iria gostar muito

- Talvez se ele te visse correr mudasse de ideia

- Nem pensar garota, isso vai ser um segredo nosso, entendeu?

Yelena se calou e apenas afirmou com a cabeça, ela tentou chegar mais perto da irmã e a abraçou mesmo sem ter resposta só abraço ela se afastou depois de um tempo ainda com um sorriso no rosto e um “obrigada” escapou de seus lábios.

Apesar do silêncio que se seguiu aquilo foi o mais próximo de um momento entre irmãs em que já tiveram e ambas amaram passar esse tempo juntas.

No dia seguinte o café da manhã foi tranquilo, Natasha não tocou muito na comida enquanto Ivan permanecia distraído em algo em seu celular.

- Como foi a festa ontem?

Natasha olhou Ivan que permanecia com o olhar preso no celular, ela então trocou olhares com a irmã que por um breve momento ficou em pânico, ela sabia perfeitamente que a irmã não gostava de mentir, balançando a cabeça negando para que a irmã não falasse nada quem quebrou o silêncio primeiro foi a própria Yelena

- Foi ótimo

- Que bom que se divertiu

Ambas meninas ainda se encaravam esperando qualquer outra pergunta do homem que apenas desviou sua atenção para dar uma garfada em seu cheesecake, alguns minutos se passaram e então voltaram a atenção para seus pratos sentindo a segurança de que nenhuma outra pergunta seria feita.

- Será que posso ir com a Natasha ver o vestido dela?

- O que? - Natasha levantou a cabeça atenta - O casamento é pra quando? Semana que vem?

- Se tudo sair como nos conformes sim - Ivan olhou a mais velha - Algum problema?

Natasha não respondeu, voltou a olhar sua irmã que apenas deu de ombros, apesar de sentir sua barriga roncar com fome a mulher não conseguiu dar nem uma mordida no seu café da manhã, tudo parecia pesado demais para o seu estômago.

Apesar de ter falado diversas vezes que não precisava da companhia da irmã, Yelena a venceu no cansaço para a ajudar na escolha do vestido, por um momento ela se perguntou como seria se sua mãe estivesse ali, queria ter a companhia dela e a sua opinião sobre o vestido que usaria mas ao mesmo tempo se perguntou se a mãe permitiria ela viver a vida que tinha agora, tudo seria tão diferente.

Carol Danvers a dona da loja de vestidos correu para recepcionar as duas mulheres na loja, Natasha se manteve neutra como sempre com um aceno de cabeça comprimentou a mulher loira a sua frente enquanto Yelena como sempre com sua carisma abriu um grande sorriso a respondendo com entusiasmo

- Fico muito feliz em as receber aqui, alguma ideia em mente de como será o vestido?

Natasha se virou para a irmã sem qualquer ideia do que poderia vestir a menina tomou logo a frente pedindo por algo mais simples, apesar de crescer em meio de modelos na empresa Natasha não imaginou que pudesse ter tantas opções de vestidos de noiva, tudo era da mesma cor branca pálida e sem graça mas ainda assim entregavam ideias bem diferentes uma da outra.

Sua única exigência era que as costas fosse algo fechado ela odiava a ideia de que alguém pudesse ver suas cicatrizes, era algo que tinha tomado como pessoal e dizia coisas que somente ela compreenderia

Todos os vestidos até aquele momento eram extremamentes ridículos e a sua raiva só aumentava a paciência ficando extremamente curta, o que não ajudou muito quando em um dos vestidos Natasha percebeu que precisaria de ajuda para o fechar nas costas, a voz de Carol ecoou de fora do provador perguntando se precisava de alguma ajuda mas Natasha dispensou, porém antes mesmo que pudesse retirar o vestido Yelena entrou no provador.

Natasha se virou para a irmã na mesma hora tentando de toda forma esconder as suas costas, no rosto da garota um grande sorriso se abria ao ver o vestido na mais velha

- Nossa ele ficou lindo, vem cá eu te ajudo a…

- Não 

Sua resposta foi tão repentina que Yelena deu uma passo para trás enquanto piscava os olhos 

- Desculpa, eu não queria...

Mas as palavras morreram quando o olhar da menina se desviou para o espelho logo atrás de Natasha, parte das cicatrizes se projetavam para fora do tecido aberto, algumas rosadas enquanto outras já estavam brancas e brilhavam contra a luz do provador.

Yelena se aproximou da irmã que permaneceu na mesma posição, Yelena tocou as costas da irmã vendo cada marca na pele o que fez Natasha se afastar instintivamente, pensou então em quantas vezes viu a mulher esconder aquela parte do seu corpo, sempre se recusando a usar um biquine ou até mesmo um vestido que fosse mais decotado ou aberto

- O que é isso?

- São coisas minhas

- Coisas suas? Natasha isso…

- É horrível eu sei

- Não, eu não quis dizer isso, mas como nunca vi isso antes?

Natasha levantou o olhar ainda duro para a irmã, mesmo que não fosse algo fácil não era do seu feitio chorar, aquilo não a machucava mais e ela não permitia que voltasse a machucar

- Doi? - Natasha apenas negou com a cabeça - Vai me contar?

Natasha se virou para a irmã que entendeu o recado e então puxou o zíper do vestido, quando ela se virou para o espelho sentiu pela primeira vez que estava bonita em tanto tempo, o vestido não só moldava seu corpo mas destacava uma beleza que Natasha nunca imaginou que tivesse.

- Você ta linda

E ela estava, Natasha quase se sentiu feliz naquele momento mas era impossível ter a felicidade quando a pessoa que estaria a esperando no altar era alguém que ela não amava e sim repudiava.

- Isso é besteira

Natasha se contorceu para tentar puxar o zíper, mas Yelena se adiantou e a ajudou, se recusando então a experimentar qualquer outro vestido da loja.

Antes mesmo de entregar o vestido a Carol, Natasha deu uma última olhada no vestido e então suspirou desejando que essa fosse uma ocasião completamente diferente.

- Tasha? - Ela sentiu Yelena a cutucar o que gerou irritação com o toque da garota - Acho que temos companhia

A fachada da frente da loja possuía repórteres e fotógrafos que se espremiam tentando de alguma forma uma matéria que pudesse gerar público, revirando os olhos Natasha puxou sua irmã até os fundos da longe por onde escaparam de forma sorrateira até um restaurante próximo para que pudessem comer algo em paz

- Papai escolheu um lugar lindo para as fotos hoje

- É irritante quando você fala assim dele, parece que tem 10 anos

- Você é insensível isso sim - Disse tomando um gole de sua água - mas voltando ao assunto o lugar é incrível

- Quando você se casar vai poder tirar fotos lá também

- Não obrigada, não pretendo pensar nisso tão cedo

- Eu pensava exatamente assim

- Você é tola, deveria falar com o papai sobre não querer se casar

- Realmente eu que sou tola.

Olhando as horas no celular, Natasha sentiu um arrepio percorrer seu corpo, em poucos minutos se encontraria com o homem que seria seu futuro marido para as fotos.

O olhar de Natasha se perdeu em meio ao misto de cores daquele lugar, ela passou a mão pelas flores e sentiu algumas borboletas fazerem cócegas em sua pele enquanto posavam pelo seu braço, uma bola de pelos laranja apareceu por entre algumas flores e se sentou observando Natasha, ela se agachou e chamou pelo bichano que miou eriçando as costas e correndo para o lado oposto

- Ótimo, te achei

A ruiva se levantou cruzando os braços, de alguma forma sentiu que esse movimento pudesse afastar o corpo do homem à sua frente que a tomou seu braço e a puxou, por instinto ela puxou o braço se soltando o que a fez receber um olhar nada agradável de seu companheiro, mas ela continuou o seguindo.

Toda a beleza e encanto do lugar se desfez quando o restante da sua tarde foi resumida em passar ao lado de Bucky, por mais que desse sorrisos nas fotos seu coração gritava e implorava para correr dali, ela só queria um minuto de paz, ela só queria uma vez na vida ser feliz.

 


Notas Finais


Como sempre estou amando cada comentário de vocês, e permanecemos com a meta de 20 comentários para que na próxima semana seja liberado mais um capitulo, como eu disse anteriormente o processo será lento ate que as duas finalmente se encontrem para que tenham o gostinho do desenvolvimento de cada uma, novamente, espero que tenham gostado, ate breve.


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