1. Spirit Fanfics >
  2. Ao acaso >
  3. Vá.

História Ao acaso - Vá.


Escrita por: SadnessDaLana

Notas do Autor


Gente o dia tá tão corrido que eu esqueci que iria postar hoje, MAS lembrei de novo kkk então boa leitura ;)

Capítulo 14 - Vá.


-Vai querer alguma coisa?

Lillian Luthor perguntou quando Kara sentou-se à sua frente. Kara estava nervosa, seu coração estava acelerado, não era todo dia que aquilo acontecia e ainda se sentia uma vilã não contando nada a respeito daquilo para Lena.

-Não. Eu estou bem. Eu espero que seja breve.

Ela havia dito à mãe que iria ao shopping comprar alguns álbuns que há muito queria, mas estava sempre adiando ir comprá-los. Sentia-se mal tendo de mentir para todo mundo afinal de contas.

-Certo... Então sem rodeios, já que você precisa que seja breve.

-Sim.

-Bem. Nós nos importamos muito com a Lena, não é?

Lillian perguntou com um pequeno sorriso, para Kara um sorriso mal, mas para qualquer podia parecer educado.

-Eu não sei. Nós nos importamos?

Kara perguntou audaciosa, ela não sabia exatamente de onde havia saído àquela postura confrontadora, afinal ela estava se sentindo mal de estar ali e não gostava da companhia pela forma como a figura de Lillian parecia ser na vida de Lena. Mas era justamente aquilo, ela achou hipócrita a mulher dizer se importar com a filha quando pelo que Lena falava não parecia dar a mínima. Foi desse ponto de vista que saíra sua audácia.

-Eu me importo. Você não?

Lillian desviou, fazendo Kara estreitar minimamente seus olhos e perceber quão calculista a mulher à sua frente podia ser.

-Eu sei que sim. Lena é especial, é complicada, às vezes temperamental. Mas é doce e fiel aos que ama.

-Ela é muito mais do que poderia ser posto em palavras, mas eu não vejo aonde quer chegar, senhora Luthor.

-Lena sofreu muito nessa vida. É um fato que ignorei por muito tempo, mas não posso mais. Tudo o que minha filha precisa agora é ser feliz. E eu estou pronta para aceitar a felicidade dela, mesmo que seja ao lado de outra mulher. O problema... Minha querida, é que... Nós duas sabemos que você tem complicações.

Naquele exato momento Kara sentira os tropeços de seu coração. Que tipo de jogo sujo viria por ali? Ela se perguntou sentindo que devia se preparar para ser forte, embora estivesse sentindo o medo percorrer por todo o seu corpo.

-Do que você está falando?

-Eu presumo que você saiba do que estou falando...

-Eu quero ter certeza.

Kara disse tentando não vacilar com sua voz e erguendo sua cabeça.

-Kara... Você tem uma doença complicada, incurável... Lena merece muito mais do que isso, muito mais do que uma parceira com uma complicação desse nível.

A loira sorrira. Um sorriso triste, porque magoou e foi seu mecanismo de lidar com aquele comentário.

-Senhora Luthor. Primeiro, eu não tenho nada contagioso e posso conviver com Parkinson, e sua filha também e deixou isso muito claro em vários momentos. Segundo, isso é preconceito. Terceiro, eu já tentei afastar Lena por pensar da sua forma errada e pequena antes, mas eu descobri que não posso decidir nada por ela.

Kara disse firme com toda a indignação que estava sentindo crescer em si no lugar do medo, e ainda assim a mulher continuava com a mesma postura e expressão como se a loira tivesse lhe contando qualquer coisa.

-É um discurso lindo, senhorita Danvers. Mas se ama mesmo minha filha...

-Não ouse tentar colocar o que eu sinto por Lena a prova.

Kara lhe cortou.

-Contenha seus ânimos querida, eu apenas deixarei que faça uma escolha e digo sem temer nada que faço isso pela felicidade de Lena a qual você devia estar se atentando mais.

Antes que pudesse haver resposta Lillian sacou um celular que devia ser seu e mostrou uma foto para Kara, tratava-se da própria Lillian conversando com um homem. Kara sentira o seu corpo tencionar e sua respiração suspender-se automaticamente lhe trazendo sensações mistas.

-Sim. Eu estive com Jeremiah Danvers.

Apenas em ouvir aquele nome Kara sentira um rebuliço na alma.

-Eu...

-Bem, eis aqui a sua escolha. Ou você larga Lena pela felicidade dela, ou... Jeremiah Danvers que devo dizer é corrompido facilmente... Expulsa você e a sua mãe da casa onde moram que em verdade, está no nome dele.

Não. Não. Não. Não. Kara se repetia seguidas vezes mentalmente sentindo os olhos marejarem rapidamente, que mulher suja! Como alguém podia ser capaz de fazer algo daquele tipo? Como podia faltar-lhe tanto caráter.

-Você é um monstro...

A loira soltou num fio de voz ainda desejando que estivesse num pesadelo. Ela olhou para Lillian novamente, queria não ter pânico em seu rosto, mas ela não era fria como a figura sentada à sua frente.

-Não querida, você poderá escolher. Você pode ficar com Lena.

-Ah claro, com certeza, e ser despejada com a minha mãe pelo idiota que nos abandonou sem deixar notícias quando ela disse estar grávida de mim!

Lillian Luthor soltou um suspiro e melhorou sua postura.

-Mande-me até amanhã a noite que acabou tudo com ela, caso contrário... Terá de arranjar uma nova casa onde morar com sua querida mãe. Tenha um bom dia, senhorita Danvers.

Lillian Luthor disse levantando-se, com um pequeno curvar de lábios que não mostrava seus dentes, mas seu olhar seguro, durante toda aquela conversa. Ela afastou-se para pagar a conta e coube Kara apenas observar. Estava se sentindo mal, estava se sentindo tonta.

Assistira à senhora Luthor passar por ela novamente deixando o rastro de seu perfume e até aquilo dera enjoo em Kara que serrou seus olhos sentindo-se finalmente livre para deixar que suas lágrimas rolassem. Não havia chance alguma de que aquilo tudo fosse blefe.

Lena sempre deixou claro que a família Luthor não tem limites para conseguir o que quer, e ela vira a foto. Ela o vira! O canalha do seu pai! Sim, ele se fora antes que ela pudesse nascer, mas já havia visto fotos dele antes, fotos que Eliza fizera questão de jogar fora.

Se ele fugira da família para escapar das despesas da família que iriam aumentar bem quando ele acabou ficando desempregado, não seria difícil de imaginá-lo querendo despejá-las de casa por algum dinheiro que Lillian Luthor teria soltado para ele.

Kara Danvers não sabia se definir, sentia muitos sentimentos ao mesmo tempo e nenhum deles era bom. Memórias foram jogadas em sua mente, indo e vindo tão desgovernadas. Memórias de momentos em que sua mãe dizia que as três eram uma família completa e que se bastavam, e memórias mais frescas, mas não menos importantes como os momentos com Lena.

Não. Aquilo não era justo. Mas pelo visto a vida não quer saber de justiça, não é mesmo? Kara Danvers deixou de sonhar com alguém como Lena Luthor há muito tempo, mas então ela apareceu-lhe com aquele seu jeito único e tão simpático, seu largo sorriso lindo e aqueles olhos encantadores.

E ainda assim Kara teve de temer se seria aceita ou não mesmo tendo mal de Parkinson, e ela fora. E agora aquilo com Lillian Luthor, então outra vez ela chegou à conclusão de que mais uma vez aquela maldita doença estava novamente pondo-se entre ela e Lena. Pondo-se em seu caminho de qualquer forma como uma grande rocha travando uma passagem necessária.

“Moça... Você quer um copo com água?” a garçonete do local perguntou com certo tom preocupado, aproximando-se ao ver Kara completamente presa num silencioso, mas notável choro compulsivo. “Eu... Eu irei aceitar”. Kara respondeu com um quase inexistente sorriso triste.

Ao sair dali caminhou por aí, porque não podia voltar daquela forma. Então se lembrou do que disse para a mãe que faria antes de sair de casa e tivera de passar no shopping para comprar algumas coisas.

-Querida! Eu estava preocupada com você!

Eliza Danvers disse levantando-se do sofá e Kara vira o seu coração afundando-se lentamente ao perceber que Lena estava no sofá à direita com uma expressão de preocupada assim como sua mãe. Pois já era comecinho de noite e Kara não havia levado o seu celular.

-Desculpem... Eu apenas fui... Espairecer e comprar meus álbuns.

Respondera, mas parecia cansada e tinha um olhar distante, Eliza e Lena se olharam de soslaio e a morena dera um pequeno aceno de cabeça como quem diz para que a mais velha deixasse aquilo com ela. Assim Eliza se retirou dizendo que tinha de viajar suas panelas.

-Desculpe, eu sei. Eu sei que hoje nós tivemos trabalho demais, os clientes se empolgaram e você tinha de ver amor, o último ensaio foi de um coelhinho fofo!

Lena disse aproximando-se de Kara que apenas entrelaçou a cintura da morena com seus braços e pôs seu queixo por sobre o ombro direito dela fechando seus olhos sentindo novamente o nó em sua garganta. Ah o abraço dela era tão bom, era como estar em casa. Era como um descanso após muito esforço.

Como? Como ela iria viver sem aquilo? Será que ela ainda sabia fazê-lo? Ela apertou mais a morena contra si e aquele silêncio e a postura estavam começando assustar Lena. Por que Kara iria precisar espairecer? E chegar daquela forma... Ainda deixara o celular em casa não retornando assim as suas ligações e mensagens.

-Kara... Está tudo bem?

Lena sussurrou em pergunta.

-Dorme comigo hoje? Fique comigo...

Kara pedira com sua voz abafada por conta do abraço. Definitivamente alguma coisa estava errada, Lena estava sentindo, mas Kara parecia fragilizada demais. Então procuraria saber o motivo quando ela estivesse visivelmente mais tranquila.

-Eu durmo sim.

A morena respondeu por fim quebrando o abraço e olhando-a nos olhos com um pequeno sorriso nos lábios e beijou-lhe a testa em seguida. Ela apenas queria dizer com tais gestos que elas dariam um jeito de tudo ficar bem outra vez, seja lá o que estivesse acontecendo.

-Sua irmã apareceu.

Eliza disse para Alex após ligá-la, a mais nova suspirou aliviada do outro lado da linha enquanto caminhava por um dos corredores do hospital.

-Mas está estranha, aconteceu algo. Algo que ela não irá querer contar, mas Lena está aqui. Passará a noite com ela.

As últimas informações deixaram Alex menos preocupada. Embora ela soubesse que Lena havia ido para a casa de sua mãe após sair do hospital, porque sim, Lena esteve ali, no hospital, para falar com ela. Algo que Alex não esperava.

Mas a Luthor não tinha postura ameaçadora alguma, segundo a própria só queria dizer que sabia que ela e Samantha eram adultas que faziam as suas próprias escolhas. “Eu vejo que você realmente gosta dela, mas se não irá levá-la a sério, como é um direito seu... Apenas não dê esperanças. Certo? Ela é como uma irmã para mim.”

E as palavras ficaram circulando a mente de Alex mais do que ela esperava, embora ela se concentrasse noutras coisas e as fizesse bem. Bastava um segundo de distração e lá estava tudo lhe vindo à mente novamente, sua irmã falando sobre Sam, e depois Lena e em seguida o pior, Sam lhe falando aquelas coisas na festa de casamento.

A doutora Danvers sentira vontade de ligar para a senhorita Arias, e falar o quê? Ela não sabia, mas podia simplesmente fluir quando ela atendesse. Mas não... Segurou-se, talvez fosse melhor tratar daquilo pessoalmente, se ela ainda estivesse sentindo a coragem que sentia naquele exato momento.

-Oh... Isso é ótimo para ela, eu terei de desligar mãe. Nós nos falamos depois.

Alex avisou mandando um beijo para a mãe que a mandou outro de volta. Naquela noite Kara praticamente não conseguira dormir, toda a conversa com a senhora Luthor vinha a sua mente. Pela felicidade dela... A senhora Luthor disse, mas Kara sabia que ela não se importava realmente com isso.

Mas do que importava se ela se importava ou não? Do que importava se ela estava sendo hipócrita? Do que importava se ela estava sendo preconceituosa procurando meios eficazes de afastá-la de sua filha simplesmente por causa da sua doença?

De nada importava. Porque Lillian Luthor tinha a faca e o queijo na mão. E não parecia uma mulher que sabia o que era sentir real compaixão ou remoço, ela não iria sentir pena de Kara ou de sua mãe. Ela não parecia se importar em passar por cima das pessoas para conseguir o que desejava e quanto mais Kara pensava nisso, mais sentia nojo.

Ela olhou para Lena dormindo tão calma com rosto de frente para o seu, a morena tinha sua mão direita por sobre a barriga de Kara e sua perna direita também estavam por sobre suas pernas de maneira fogosa, a loira sorriu tristemente. Desde o encontro com Lillian Luthor seu coração sabia apenas contorcer-se em dor.

E ter Lena com ela fora uma trégua para aquela dor, fora amenizador e reconfortante. Mas olhá-la naquele exato momento e imaginar-se acabando o seu relacionamento com a morena fora um golpe mais baixo do que ela poderia de fato prever. Lentamente ela levou sua mão até o rosto da namorada e o acariciou tirando alguns fios de cabelo de sua bochecha. Mas a observou por tanto tempo que não resistiu a beijá-la levemente para não acordá-la, demorado, mas não passava de um contato singelo.

Kara nem mesmo sabia como conseguiu dormir aquela noite, simplesmente apagou. Quando acordara no dia seguinte, Lena havia saído de seu banheiro não havia muito tempo e estava frente ao seu espelho arrumando o seu cabelo. Não teve como não pensar na conversa com Lillian e no prazo curto e tudo o que envolvia aquilo.

A Danvers sentou-se na cama e ficou observando Lena completamente leiga ao seu despertar. “Eu não posso fazer isso” disse o subconsciente de Kara e antes que ela pudesse dar um jeito de se responder descera da cama de fininho e entrara no banheiro. Lena franziu o cenho ao ver o reflexo da namorada passar por detrás dela e em seguida ouvir o barulho da porta.

Então Kara continuava estranha, ela não quis falar nada noite passada. Era perceptível, e Lena nem queria forçá-la. Pensou que depois de uma noite bem dormida ela poderia acordar melhor para conversarem, Lena não sabia muito bem o que fazer e mordera levemente o seu dedo polegar pensando a respeito da situação.

Resolveu que esperaria Kara sair do banho e sentou-se em sua cama, um pouco aflita começou balançar sua perna direita enquanto esperava. Ela estava com uma expressão de quem não dormira muito bem, fora a primeira coisa que Lena pensara quando Kara finalmente saíra do banheiro.

-Oh... Você está... Esperando-me?

Kara perguntou baixando o seu olhar apenas preocupando mais Lena, por que ela estava desviando o olhar como se estivesse prestes a falar alguma coisa desagradável ou estivesse sentindo algo desagradável que não queria contá-la?

-Sim, eu estou. Por que... Nós precisamos conversar.

Kara tentou engolir o maldito nó que novamente entalou-se em sua garganta.

-É... Nós precisamos.

Respondeu tentando buscar forças para olhar Lena nos olhos. A morena então se levantou se pondo frente a ela com um olhar sério.

-Kara... Você pode contar comigo para tudo, você sabe. Não sabe?

“Oh não. Não. Não comece com isso amor.” Kara pensou sentindo o seu coração começar a ruir lentamente.

-O que aconteceu? O que está acontecendo? Seja lá o que for... Nós podemos passar por isso, juntas.

-Não. Nós não podemos.

Kara respondeu com sua voz embargada e Lena assustou-se internamente com a resposta e pegou no queixo da namorada fazendo-a fitá-la e então viu, ela estava chorando.

-Babe o que está acontecendo? Por favor... Conte-me eu não posso ajudar se...

-Acabou, Lena.

Kara disse num fôlego só. E Lena a olhou com confusão dando um passo para trás sentindo o coração subir-lhe a garganta com o que ouvira. Ela ouvira o que ouvira?

-Acabou... O quê?

Perguntou com temor sentindo o corpo tencionar e o estômago embrulhar-se.

-Nós... Nós não podemos continuar juntas.

Disse limpando suas próprias lágrimas depressa como se estivesse com vergonha delas, Lena dera um pequeno sorriso incrédulo enquanto já sentia sua visão embaçada, o verde de seus olhos estava marejado.

-Como assim nós não podemos continuar juntas? Kara! Ontem estava tudo bem entre nós! Eu... Eu jantei na sua casa, nós dormimos aqui, nós trocamos beijos e ficamos conversando besteiras e não besteiras, nós...

A voz da Luthor falhou impedindo-a de continuar sua sentença, ela negou com a cabeça respirando fundo para conseguir continuar e novamente Kara desviou o seu olhar. Aquilo era demais para ela, vê-la daquela forma e ela mesma se sentir daquela forma! Com tudo por dentro doendo.

-Por quê?

Exigiu.

-Me diga por quê. Convença-me.

Pediu.

-E olhe nos meus olhos.

Kara sabia que não podia continuar fugindo do contato visual, embora soubesse que estava fazendo-o para adiar o alastramento de toda aquela dor que ela sabia, por mais que estivesse torturando-a, podia engrandecer-se.

-Não dá mais. Entendeu? Você... Você...

Buscou desesperadamente na mente qualquer desculpa que pudesse ser dada e lembrou-se de algo que lhe atormentou por muito tempo até que pudesse sentir no dia-a-dia que Lena realmente a aceitava como ela era. Seu coração contraiu-se cada vez mais apenas pelo pensamento passar por sua mente, apenas em pensar em usar aquele assunto.

-Eu ouvi a sua conversa com Sam aqui em casa, na cozinha noutro dia.

Lena sentira seu coração gelar com a resposta e fungara umedecendo seus lábios.

-Kara...

-Você espera que haja uma cura para mim, você tem essa esperança falsa, você... Não me aceita exatamente como eu sou.

-Isso não é verdade! Você sabe, ora vamos! Eu amo você!

Lena respondeu como se fosse uma das coisas mais óbvias do mundo dando um passo a frente. O seu desespero saltava aos olhos.

-Você compreendeu tudo errado! Eu estava abalada por que... Eu via como você sofria com isso, mas, as coisas não são assim Kara, por favor!

-Por favor, você. Respeite a minha decisão, eu... Eu estava esquisita porque eu estava pensando nisso e eu não dormi direito, eu acho melhor que você encontre alguém saudável e eu continuarei a minha vida.

A loira disse, embora seus ombros estivessem movendo-se ao balançar dos soluços. Lena pegou em suas mãos, com seus olhos já vermelhos e aquelas lágrimas rolando por seu rosto tão desesperadas, mas ela só conseguia importar-se com quem estava à sua frente.

-Não, Kara. Eu... Você não me ama mais?

Kara serrou os olhos com tal pergunta sentindo que ela fora cravada em seu coração de uma maneira que ela não esperava. Afiada perfurando o frágil e macio tecido de seu coração que estava perturbado com a situação.

-Isso não é o suficiente Lena.

-Mas nós não temos apenas isso, Kara! Nós... Nós temos companheirismo, respeito, confiança, paciência, nós temos todo o resto!

A morena respondeu pegando o rosto de Kara entre suas mãos olhando-a com aqueles seus belos olhos pedintes que naquele momento refletiam dor, incompreensão e desespero.

-Respeite a minha decisão...

Kara sussurrou olhando-a nos olhos e era tarde demais, tudo já havia quebrado dentro de Lena. Tudo o que restara fora escombros de um coração desmontado, aos pedaços, quebrado com suas pontas afiadas ferindo as paredes de seu peito.

De onde veio aquilo? Como a vida pode mudar tão rápido? Encantou-se tão de repente por Kara e tão de repente Kara estava acabando com o relacionamento. Lena não sabia se a dor doía pesadamente, ou se ela doía como uma dormência. Mas sentia que sangrava e sentia que estava confusa demais para processar com exatidão o pesadelo que ainda vivia. Atordoada era a melhor colocação para a situação.

-Kara...

Teve a energia de dizer mais uma vez, embora fraco, rouco, num tom sem esperança, num timbre triste. No silêncio voraz e cruel ela encostou sua testa contra a testa de Kara, não havia nada que não fosse uma grande aura de sofrimento espalhando-se pelo cômodo. E não parecia haver mais nada que ela pudesse dizer para mudar o rumo inesperado das coisas. “Vá...” Kara teve forças para dizê-la uma última vez fechando seus olhos.

Não iria adiantar. Lena percebeu, não iria adiantar convencê-la a mudar de ideia a respeito daquilo o que lhe deixava apenas mais desesperada. Quando Kara sentira Lena se afastar e a presença da ausência do seu cheiro, nem mesmo teve coragem de abrir os olhos.

Não teve coragem de vê-la indo embora, apenas a ouvira bater a porta, após um longo tempo que se afastou. Ela devia estar pensando, devia estar olhando-a, devia estar querendo pedir, por favor, novamente e dizê-la que não havia lógica, que ela outra vez havia compreendido errado. Mas Kara tivera de manter-se firme, pois se Lena continuasse insistindo ela cederia.

Quando a morena saiu de seu quarto ela apenas jogou-se na cama e então desabou no choro que estava prendendo, mas que já começara a transbordar por certo tempo. Sentia uma das piores sensações de sua vida e sentia que seu coração muito provavelmente nunca havia doído de forma tão precisa e cruel. Acabou. Ela não podia acreditar, deixou que fosse a mulher da sua vida, expulsou dela quem amava e só podia sentir dor e o sabor do fracasso.


Notas Finais


Pesado? 👀
Bem... É o que temos 👉👈


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...