Num banco velho de madeira, na antiga praça daquela cidade alemã, eu lhe encontrava todas as tardes daquele inverno.
Não sabia teu nome.
Só podia me encantar com tua suave voz melodiosa tagarelando nos meus ouvidos.
Você tinha 18 anos, eu tinha 18 anos também.
Você gostava de café, eu preferia chá.
Moreno, alto, um par de jades verdes como olhos.
Ah extremamente bonito, eu poderia dizer.
Em todas as tardes de inverno você estava lá, naquele mesmo banco, naquela mesma praça.
"Levi, acompanhar-te-ei até que a última neve se derreta."
Você me repetia isso todas as vezes.
Cada vez mais pálido, fraco, apagando-se aos poucos.
Em uma tarde daquelas lembro de ver você passando mal.
Desespero.
Eu não sabia o que fazer.
Te ajudei como podia.
Você me agradeceu.
Mas eu me senti impotente.
Não sabia o que te acontecia.
Você não me dizia.
Sabia que tu não estavas bem.
Na última tarde de inverno, nós observamos como a neve aos poucos derretia.
A primavera batia à porta.
A luz batia a sua porta também, meu querido.
Isso me doía.
Eu sabia, sabia, mas não queria admitir.
Não queria acreditar, que ao último derreter da neve você sumiria.
Na primeira tarde de primavera você não estava mais lá.
Na segunda tarde de primavera você não estava mais lá.
Na terceira também não.
Nem nas que se seguiram.
Eu ainda não sei seu nome.
Só sei que tu eras moreno, alto, com um par de jades verdes como olhos e que morreste jovem por conta de alguma doença.
Eu tinha 18 anos, você tinha 18 anos.
Agora eu tenho 23 anos, e você tinha 18 quando morreu.
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