História Apaixonados. - Capítulo único - Luv.

Mais uma vez lá estavam os amigos de Lee Dongmin, conhecido como Cha Eunwoo, o cara dos brinquedos legais, dizendo-lhe outra vez o que precisa fazer com Yoon SanHa.

– Você pega ele assim, beija e dep... – Um dos Park, o Minhyuk, ditava fazendo movimentos pélvicos estranhos à cada palavra dita.

– Aigoo! Você só precisa beijar ele, hyung. – Bin corrigiu sério – Mas se quiser fazer aquilo que a gente viu no filme, não tem problema.

Eunwoo revirou os olhos.

– Vocês são uns nojentos. – Disse fechando com força a pobre porta do seu armário escolar.

Na verdade, o motivo de achar todos os seus amigos uns débeis é que eles não sabem de nada. São uns ignorantes.

– Vocês não sabem quantas doenças eu posso contrair beijando aquela coisa. – Continuou dizendo aos que o seguiam rumo à fora do colégio.

Eles mal sabem sobre doenças, diferente do Lee. Na verdade, Eun pode ser bem esquisito em relação à isso. Sempre pesquisando sobre mazelas e coisas do tipo, sempre acha que pode contrair ou que já contraiu alguma doença.

Acha que tem hipocondria. Pode isso?

– Quando você vai crescer, Cha Eunwoo? – Minhyuk, o vulgo Rocky, perguntou em ar superior – A gente já tem doze anos, garoto. Já está na hora de você beijar alguém, né?

– E já que você não gosta de estar perto de garotas, por que não o Sanha? – Moonbin perguntou em ar sugestivo.

Eunwoo revirou os olhos outra vez, dessa vez se deparando com o ardor do sol em seus olhos.

Franziu o cenho em irritação.

Por que é amigo desses idiotas?

Eles sequer sabem algo sobre “orientação sexual” para começo de conversa.

Se é estranho ou não um garoto de doze anos de idade saber sobre isso, realmente não se importa. Só odeia ser ignorante como seus amigos, mesmo que nunca tenha sido. Sempre mais inteligente que todos, procura só saber mais e mais, por mais que não vá sair falando para certas pessoas sobre o que é Orientação Sexual, Crise Econômica, Ecologia ou Células, porque, mesmo que para si isso seja o básico do básico, nem todos sabem e só achariam estranho uma criança sair por aí falando isso.

Tem muito senso no final.

Paga de inocente mesmo que saiba muito mais coisas que muitos adultos por aí.

– Yoon Sanha? – Eunwoo perguntou olhando com uma sobrancelha arqueada para o ruivinho que estava, no mínimo, dez passos de si, encostado na grade do portão da escola enquanto gritava de forma berrante junto aos baixinhos do nono ano, Myungjun e Jinwoo, como sempre – Eca. – Murmurou.

– Yo. – O citado berrou mais alto ao ver os três que lhe observavam – Let’s go! I want ice cream. – Comunicou.

– E você tem dinheiro? – Cha Eunwoo perguntou ao parar na frente do garoto.

– O que você acha? – Sanha perguntou em fala imatura – JinJin hyung vai comprar pra mim. – Forçou aegyo ao mudar o olhar rapidamente para o que acabara de citar.

JinJin é Park Jinwoo. Ele é amigo de todos. De todos mesmo, pelo menos ao que diz.

Mas alguns (talvez não Jinwoo) já perceberam que ele tem interesse no novo mais novo do grupo.

– Você vai comprar sorvete para ele? – Myungjun perguntou – Credo, Jinwoo-ah. Ele é um aproveitador. – Disse em tom de falso desanimo – Você vai comprar pra mim também, né? – Mudou rapidamente o próprio semblante.

Os seis já tinham saído do alcance da escola e agora andavam um ao lado do outro. Era como uma escadinha.

– Esqueceram que vamos para a sorveteria do nosso melhor amigo? – Jinwoo perguntou e gargalhou em seguida. Quase todos olharam para o amigo referente.

– Vocês acham que a minha mãe vai alimentar cinco alienados como vocês? – Eun perguntou e só se deu conta de que seus amigos não sabiam o significado de “alienados” quando todos (ou nem todos) perguntaram em uníssono o que significava isso. Respirou fundo.

Nem isso?!

– “Alienados: Que está alheado/fora da realidade ”. – A voz do que não perguntou foi ouvida – Não é, Dongmin? – Perguntou em tom incerto uma vez que sabia estar correto.

“Dongmin”. Eunwoo sempre batia em quem o chamava pelo seu verdadeiro nome, mas por algum motivo Sanha adora o chamar assim e ser agredido.

Ele adorava chamar esse hyung de “Lee Dongmin”, mesmo que nunca tenha dito o motivo.

Sempre tão indiferente.

– Tipo isso. – Dongmin assentiu.

Os outros garotos zombaram, como sempre, da frieza e estranha convivência desses dois.

Achavam Sanha e Eunwoo dois apáticos, mesmo que não soubessem o significado dessa palavra.

Veja bem: eles não são burros, só são como a maioria dos estudantes, desinteressados.

E discutindo a indiferença dos dois colegas, chegaram até a sorveteria da mãe de Cha Eunwoo.

– Tia, o Eunwoo pode ir dormir na minha casa hoje? – MoonBin perguntou – A gente vai dormir na casa da arvore que o meu pai construiu. – Disse.

Dongmin começou a rezar. Rezar para sua mãe não deixar.

– Não sei, Bin. Você quer ir, Dongmin? – Ela perguntou acariciando a cabeça do que lhe metralhava mentalmente.

“Por que a minha mãe não podia ser normal como as mães que não deixam os filhos saírem? ” – O filho desnaturado pensava.

– Ele quer sim. Ele falou durante a aula toda que queria ir. – Rocky mentia convincente.

– Verdade? – Ela perguntou. Questionou mentalmente se o seu filho havia começado a virar gente normal. Sempre quis um filho que pedisse para brincar com os amigos ou que não passasse as tardes trancado no quarto, estudando ou se tornando um geek – Ele pode ir, sim. – Ela deixou feliz.

Os meninos comemoraram. Todos, menos Yoon Sanha, o garoto novo do grupo, mas que passa as tardes na sorveteria comendo besteira.

– Sanha-ah, você também vai? – A mãe de Dongmin perguntou.

– Provavelmente, não. – Respondeu – Meus pais são chatos. – Ele comentou insatisfeito.

Eunwoo queria os pais de Yoon Sanha. Eles eram perfeitos. Regrados, rígidos e que queriam que o filho fosse para uma boa faculdade no exterior.

– Não fique triste. Olhe o que eu trouxe para você. – Ela continuou depois de trazer um grande pote de sorvete para o garoto. Tinha basicamente todos os sabores lá dentro.

O garoto abriu um grande sorriso mostrando seu recém colocado aparelho dentário.

A mãe de Eunwoo amava o sorriso de Sanha. Achava o garoto encantador.

Queria Sanha como filho, mas sem precisar se livrar do que colocou no mundo.

– Já sei! – JinJin gritou assim que a mãe do outro saiu – O Eunwoo pode pedir para o SanHa ir também.

– Por que eu? – Eunwoo perguntou com ar de indiferença – Eu não. – Disse sério.

– Eunwoo, os pais do Sanha gostam de você porque você é assim, estranho. – MyungJun disse – Vai, Eunwoo. Não vê como o pobre Sanhazinho está tristinho por não poder ir? – Perguntou forçando expressão triste.

Eunwoo olhou para Sanha e a única coisa que pôde ver foi o garoto quase se afogar dentro do pote de sorvete como se não houvesse um amanhã.

“Tão nojento...” – Dongmin pensava.

– Tia, o seu filho não quer ir pedir para o Sanha ir com a gente. Faz alguma coisa. – Bin gritou dentro da sorveteria.

– Vai, Eunwoo. Agora. – Ela mandou.

Cha Eunwoo revirou os olhos pela terceira vez no dia.

Queria outra mãe, e pra já.

E então saíram da sorveteria e andaram até a outra calçada, no outro lado da rua, onde Sanha mora.

Foi tiro certo.

Os pais de Sanha amam – repito: AMAM – Lee Dongmin. Ele é esforçado, bonito e tem um lindo futuro pela frente. Como queriam que seu filho, o Sanha, que só quer saber de assistir desenho, brincar e comer, fosse assim e usasse um pouco da tão abençoada inteligência que tem.

E como amam o Sanha andando com ele. Pensam que talvez o garoto vá levar seu filho para um bom caminho. Mas a verdade é que esses dois são como água e energia.

– Vamos brincar? – Rocky perguntou depois de deitar rapidamente de bruços e colocar a mão no próprio queixo.

Já eram nove da noite. Os garotos estavam, como o planejado, na casa da arvore do Moonbin.

– De que? – Sanha perguntou ficando na mesma posição que o amigo.

– Ei, Bin. – Chamou o amigo – Explica pro Sanha aquela brincadeira.

– A do beijo? – Bin perguntou.

As bochechas de Sanha coraram.

– B-beijo? – O mais novo perguntou esperando que algum dos quatro que fizeram uma pequena rodinha e começaram a cochichar lhe respondesse, mas eles não fizeram isso – Vocês estão me assustando. – Sanha comentou.

– Não me metam nessa, entenderam? – A voz de Dongmin foi ouvida e estragou a feição divertida dos garotos.

– Mas vocês dois são os únicos que nunca beijaram. – Rocky argumentou. Menino foguete esse Rocky.

– E como eu posso ter certeza de que vocês já beijaram? – SanHa perguntou – Que besteira, sério. E eu já beijei sim, ok?

Por que as crianças são assim?

– Você? – Cha perguntou em tom mesquinho depois de se martirizar por alguns segundos pensando em quem poderia ter beijado Yoon sanHa, até que chegou à justificativa de que era mentira do garoto.

Tinha que ser.

Odiava a ideia de alguém ter beijado Sanha. Odiava a ideia de ter alguém muito próximo de Yoon Sanha, mesmo que não soubesse o motivo desse ódio. Às vezes imaginava o que Jinwoo e Sanha faziam juntos, uma vez que nunca descolavam.

Só não gostava.

– Sim, eu já beijei. Por quê? – Sanha perguntou em ar irritado. Não queria ser pego na mentira.

– E quem te beijaria? – Cha Eunwoo perguntou – Credo, mentiroso.

– Não é mentira. – SanHa continuou mentindo.

Por alguma razão a atenção e tensão foi voltada para os dois que falavam.

– Quem teria coragem de te beijar? Que nojo. – Eunwoo foi baixo. Estava odiando a insistência de Yoon em mentir sobre isso – E correr o risco de ter os lábios feridos nesse teu aparelho? Quem seria a louca?

Sanha respirou fundo.

Odiava quem zoava seu aparelho.

– Pelo menos eu já beijei. Com ou sem aparelho, eu já beijei. Diferente de você, seu esquizofrênico. – Sanha retrucou.

– Continua sendo um nojento. – Dongmin continuou – Nojento, guloso e estranho.

Sanha estava com repugna da cara de Dongmin.

Ele sempre chama Sanha de nojento. Sanha já chegou até a se perguntar o porquê daquilo. Se tinha bafo ou se fedia, alguma coisa tinha que ter para Dongmin sempre o chamar assim.

E com a fúria no coração, Eunwoo nem notou quando Bin e Rocky agarraram as mãos nas suas costas e cabeça, e muito menos Sanha, quando JinJin e Myungjun fizeram o mesmo, empurrando os dois para estar mais próximos um do outro.

Tudo passou em câmera lenta para os dois. O primeiro beijo deles passou em câmera lenta.

Xxx

 Cinco anos mais tarde, o grupinho que agora só tem quatro dos garotos como integrantes repetem basicamente os mesmos passos.

– Ice cream, ice cream, ice cream! – Sanha gritava no meio da rua. Queria porque queria sorvete, e agora, por conta da idade e de Jinwoo não estudar mais, é difícil convencer os garotos à comprar.

– Você não vai ter sorvete, Sanha idiota. – Eunwoo repetia. Ainda adorava acabar com a alegria desse pequeno grande garoto.

– Para de ser mal, Eunwoo. Quanto é um sorvete que você não pode comprar um para o coitado? – Bin perguntava incrédulo e não obtendo resposta.

Poucos passos à diante e eles estavam na porta da velha sorveteria. Sorveteria essa que Jinwoo trabalha hoje em dia.

– Eu vou falar com o Jinwoo hyung. – Sanha avisou em uma mudança repentina de humor.

– Você vai o q... – Eunwoo falava, mas quando se deu conta Sanha já tinha entrado no estabelecimento.

Respirou fundo e pensou em esperar que ele voltasse, passando à olhar para frente e se deparando com um Moonbin e um Park Minhyuk sérios.

– Por que você ainda é tão mal com o Sanha? Se eu fosse ele, nem falava mais com você. – Rocky perguntou.

– Ele vai te deixar, hein? – Moonbin avisou.

Eun revirou os olhos.

Sanha voltou chupando um picolé quando Dongmin se deu conta.

– Ei, por que só comprou um picolé? – Bin perguntou vendo Sanha lamber o picolé de forma tosca.

– Eu não comprei, foi o Jinwoo hyung que me deu. – Explicou.

Eunwoo o fitou com os olhos semiabertos.

– Eu não já te disse para não aceitar tudo que o JinWoo te oferece? – Perguntou ao que fingia não lhe escutar – Aish... – Sem dó algum derrubou o picolé de Sanha no chão.

Sanha o encarou por poucos segundos até fitar o chão em seguida.

– Você é um idiota. – Sanha disse e passou a dar pequenos passos em direção à rua.

– Você é um idiota. – Minhyuk repetiu e seguiu o outro.

– Você é um idiota. – Moonbin fez o mesmo.

Dongmin revirou os olhos outra vez.

Xxx

Sanha estava mexendo no seu notebook sentado na cadeira de rodinhas da mesa do seu quarto, ao lado da porta de correr da varanda que não estava coberta pela cortina e quase caiu da cadeira em susto quando viu Eunwoo bater na mesma.

– Abre aqui. – O mais velho mandou apontando para a tranca da porta.

Sanha revirou os olhos.

Antes se perguntava o porquê de Dongmin odiar quando um dos amigos apareciam na sua janela à noite. Agora, que mudou de casa e mora num apartamento que fica embaixo do de Lee Dongmin, sabe bem o porquê do ódio.

Sanha destrancou a porta e andou um tanto rápido para sua cama, se enrolando com suas cobertas. O Lee correu com a porta e entrou no quarto.

Sabia que Sanha estava chateado. Sabe que ninguém pode mexer com a comida dele sem esperar um ou dois meses de mal querência.

– Olhe o que eu trouxe para você. – O mais velho falou, não recebendo uma olhada sequer do mais novo – Sanha? – Chamou depois de colocar as duas sacolas que trouxe em cima da cama – Amor, olha pra mim. – Pediu tentando desenrolar o menor.

– Sai daqui. – SanHa murmurou enquanto era desenrolado a força – Você jogou meu picolé fora, sai! – Falou alto ao ver o sorrisinho no canto da boca do mais velho.

– Você sabe que eu odeio quando o Jinwoo te dá algo e você aceita. – Lee retrucou – Olhe o que eu comprei para você, seu idiota. Pare com essa besteira.

Sanha viu os dois potes de sorvete que tinha dentro de cada sacola e uns três picolés lá dentro.

– Acha que vai me comprar, Dongmin? – SanHa questionou – Trouxe uma colher? – Perguntou.

Enquanto Sanha comia, Dongmin fazia várias feições enojadas da forma como o seu namorado era esfomeado. Principalmente por sorvete.

– Você é um nojo. – Dizia enquanto limpava a bochecha do mais novo.

– E você me dá nojo. – SanHa retrucou e mostrou a língua para o que fez o mesmo.

– Quando vai tirar esse aparelho? – Questionou – Já passou da hora, não acha?

– Aigoo, não enche. – SanHa mandou irritado – Por que você não namora alguém que não use aparelho?

– Também queria saber.

Esses dois são como água e energia.

Hoje em dia Sanha sabe que Dongmin gosta do seu aparelho, e que nunca houve nojinho. Da mesma forma como o outro sabe que Sanha ama o nome “Dongmin ”, por isso sempre o falava.

– Para de comer como uma criança, nojo. – DongMin mandou e firmou o rosto do outro defronte ao seu. Riu sapeca para o outro.

Sanha teve seus lábios tomados pelo mais velho.

Dongmin adorava beijar Sanha depois que o mesmo tomava sorvete, ou seja, sempre. É quase um fetiche. A boca do Sanha depois de tomar sorvete de baunilha é quase um fetiche para Dongmin.

– Quer dormir no meu quarto? – Yoon perguntou sugestivo e o outro rapidamente assentiu – Vamos brincar de algo.