História Apenas colegas. - vhope - Infernal.

Taehyung beijou o pescoço de Hoseok lhe desabotando a blusa devagar. A música que tocava era um daqueles temas clássicos dos filmes românticos de "mil novecentos e inventaram o cinema", Hoseok achava brega, mas respeitava o gosto do namorado.

Taehyung riu um pouco ao se afastar e admirar as costas do mais velho adornadas com aquela peça incomum. O sutiã tinha alças finas e era coberto por um véu bordado, a langerie era sensual e o tom escuro combinava com a pele clara das costas alheias. Tentou se desfazer da peça, mas a falta de prática em lidar com aquilo lhe atrapalhava.

–Mas que droga é essa?!– Se desimpacientou e Hoseok riu e revirou os olhos.

–Deixa isso pra lá!– O mais velho virou de frente para o namorado e o empurrou para deitar na cama. Sentou sobre seu colo e Taehyung sorriu, Hoseok estava estranhamente sexy daquela forma, sedutor. De frente, o sutiã preto que lhe cobria o peito davá-lhe um volume engraçado ao busto, os cabelos alongados davam outra moldura para o seu rosto e a maquiagem feminina era um adorno a mais para sua beleza. Taehyung não tinha nenhum fetiche sobre aquilo. Taehyung não sabia dizer se gostava mais de homens ou de mulheres. Taehyung gostava de Hoseok, e só.

E não importava o que ele vestisse ou como parecesse, ele ainda seria o seu Hoseok. Por baixo daquela saia, onde suas mãos já subiam afim de lhe apalpar as carnes macias das coxas, estava a pessoa por quem era apaixonado há vinte anos. A pessoa que amou desde quando essa palavra ainda não tinha sentido algum para si. 

Os olhos. Aqueles olhos eram os mesmos de sempre e eles eram o que lhe atiçavam. O resto era apenas detalhes.

(…)

Hoseok se esticou para tentar alcançar o zíper daquela droga de vestido. Gente estranha aquela. Onde já se viu um jantar formal em plena terça-feira?! 

Quando finalmente pode ajustar a roupa se olhou no espelho e se sentiu mais estranho do que no dia anterior. O vestido longo era solto e havia uma uma faixa marcando a cintura. A gola alta era sufocante e aquela cor morta era desagradável, mas não tão desagradável quanto seu dia naquela mansão.

Havia acordado já ao meio dia, a noite com Taehyung havia sido bastante cansativa, porém deliciosa. As empregadas logo trouxeram-lhe mais roupas femininas e deixaram que se virasse sozinho. E era melhor assim, não gostava da forma desdenhosa que as mulheres lhe olhavam e de como elas riam e cochichavam entre si coisas que ele não era capaz de entender.

Desceu para o almoço e  só encontrou o Kim mais velho. Sentou-se mais afastado do homem e não ousou perguntar por Taehyung, apenas desejou que aquele momento passasse mais rápido o possível. 

–Você ficou mais aceitável do que eu achei que ficaria, mas não pense que você é um orgulho para essa casa.– O velho Kim fez o comentário desnecessário com acidez e Hoseok bufou baixo e revirou os olhos pro próprio prato.

–Eu já terminei.– apenas avisou educado e levantou rápido. Não iria brigar com aquele velho dentro da casa dele. Na verdade, Hoseok nunca brigava com ninguém. Pra ele, a frieza era sempre a melhor resposta, era o que tinha aprendido com a vida.

E como se não bastasse a irritação que era estar naquele lugar, com aquelas pessoas e sem Taehyung, foi obrigado a aguentar George por uma tarde inteira, lhe enchendo o saco com um inglês mal falado e algumas frases em coreano completamente sem nexo, que ele provavelmente aprendera com o google tradutor.

Hoseok suspirou virando de um lado para o outro, analisando a própria silhueta pelo reflexo. O vestido era horrível, pensou. A cabeça estava grossa de dor e o mau humor lhe fazia querer quebrar, à socos, aquele espelho.

–Hoseok-ah! Uau! Mas que gata você está hoje!!– Taehyung comentou ao entrar no quarto, feliz ao rever seu amante, mas este nada lhe respondeu. –O que é isso, amor? Por que você está tão sério, hum?– Taehyung enlaçou a cintura alheia e encarou seu rosto pelo reflexo do espelho. Hoseok o ignorou, colocando ainda o restante das jóias que lhe mandaram junto com o vestido. Taehyung riu e o beijou o ombro, conhecia-o e sabia que ele estava irritado, em parte, por ter passado o dia sozinho. –O dia foi entediante, não foi?! Eu sinto muito ter te deixado sozinho...

Hoseok pensou em continuar ignorando o mais novo, mas respirou fundo e fechou os olhos. Taehyung não merecia que sua raiva fosse descontada nele.

–Tudo bem... Você estava trabalhando afinal... E de qualquer forma o seu primo me fez companhia a tarde inteira.– o mais velho falou a última parte com uma enorme parcela de cinismo.

–O quê? O George? Ele não tentou nada estranho com você, tentou?– Hoseok revirou os olhos pra preocupação exagerada do namorado. Odiava quando ele lhe tratava daquela forma, como se fosse frágil e indefeso.

–Relaxa! Eu posso quebrar um braço dele antes que ele pisque os olhos... Coitadinho, ele está se esforçando pra conseguir trocar mais de duas palavras comigo.– riu e Taehyung riu também.

–Esse é o meu Hoseokie! Mas é melhor que você não dê tanta confiança à ele!– insistiu na sua superproteção e Hoseok suspirou, aquilo era algo que não podia mudar no namorado. 

–O rapaz veio aqui pra me ver, o que você queria que fizesse? Uma dama não pode ser mal educada assim!– Hoseok brincou, se voltando para o namorado. –Aguentar ele foi pior do que aquela calcinha fio dental que me deram ontem!

Taehyung riu da comparação. Hoseok era sempre tão bem humorado e Taehyung amava aquilo. Como ele sempre colocava um sorriso e transformava qualquer situação. Aquele, certamente, era mais um dos muitos motivos para amá-lo. 

(…)

A mesa grande da sala de jantar estava lotada. Havia um monte de velhos barrigudos e carecas. Todos pareciam pinguins engravatados naqueles ternos sufocantes. Uma dezena deles estavam acompanhados de mulheres absurdamente mais jovens e outras deformadas por uma vida de cirurgias plásticas. Engraçado é que aquilo também não era motivo de escândalos. Hoseok balançou a cabeça em negação, nunca entenderia aquela gente.

Tomou uma golada de champanhe. George não tirava os olhos de si e Hoseok já estava ficando de saco cheio com ele. Mas daquela vez não parecia ser apenas o primo do namorado quem lhe olhava. Vez ou outra podia sentir os olhares pesados dos presentes ali em si. Por que ele estava chamando tanta atenção? Ajeitou os cabelos e ajustou os seios falsos. Havia algo fora do lugar?

–Você está nervoso?– Taehyung se inclinou para si e lhe sussurrou no ouvido, apertando sua mão por baixo da mesa.

–Não! Imagina!– falou irônico.  –Como você queria que eu não estivesse? Todo mundo parece estar olhando pra mim! Eles vão acabar percebendo!– Hoseok usou um tom um tanto desesperado e Taehyung riu.

–Você está lindo, meu amor! Nenhuma dessas mulheres feitas de silicone aqui chega ao seus pés!– Ele selou carinhosamente os lábios do namorado.

Algumas pessoas na mesa pararam para admirar o casal. Eles eram tão bonitos juntos! E algumas das moças até soltaram suspiros, invejosas da sorte de Hoseok. George fechou a cara, irritado. E o velho Kim contraiu os lábios e desviou os olhos da cena. Por mais que Hoseok parecesse uma garota naquele momento, ele achava que era uma afronta do neto fazer aquele gesto na frente de todo mundo, na sua frente.

Aquele garoto petulante não tinha limites.