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História Apenas colegas. - vhope - Palhaçada.


Escrita por: saltedfish98

Capítulo 24 - Palhaçada.


Era sábado e Hoseok estava aliviado, aquela maldita semana finalmente estava acabando. Se olhava no espelho do banheiro enquanto se arrumava naquela manhã. Sua semana havia sido tão longa que já até havia se acostumado àquilo. À se reconhecer naquele reflexo feminino e admitia que sentiria falta quando tudo acabasse, até mesmo da roupas íntimas incômodas. Chamaram lá fora e Hoseok foi rápido atender a porta.

–A senhora Jisoo está solicitando sua companhia na sala de visitas. – O mordomo avisou e Hoseok franziu o cenho ao ouvir o nome coreano, suspirou e seguiu o empregado. 

Logo das escadas, Hoseok reconheceu Lucy sentada no sofá, contraiu os lábios ao ver a garota, ainda não tinha esquecido de suas palavras e do tapa que ela dera em seu rosto. Aquilo ainda teria um troco. Ao lado dela estava uma senhora bem mais velha, que carregava feições muito similares às de Lucy, porém visivelmente deformadas por cirurgias plásticas. Sentou-se frente à elas. A senhora carregava uma expressão um tanto simpática e a moça tinha um sorriso desconfortavelmente cínico nos lábios.

–Então essa é a famosa senhorita Jung?– A mulher mais velha falou e Hoseok só pode entender que seu nome havia sido citado. –Eu sou Jisoo Adam. Acredito que você já tenha conhecido meus filhos, George e Lucy...– A mulher continuou, dessa vez em um coreano que tinha um sotaque tão esquisito quanto o da filha. Hoseok curvou os lábios num sorriso falso. Infelizmente ele realmente tinha tido o desprazer de conhecer aqueles seres humanos desagradáveis. –Eu estava passando uma temporada em Los Angeles quando eu ouvi que o Taehyungie havia voltado e eu fiz questão de vir pra cá. Eu ainda me lembro bem, quando a Soo Mi se foi ele era só um bebê. O tio Kim levou ele para Coréia para que ele se esquecesse da mãe. Acho que ele tinha medo de que ele acabasse ficando como a Soo Mie. Ela entrou em depressão quando a mãe dela morreu, coitadinha. Bem, mas isso não importa! Eu vim aqui pra saber de você! Como você e Taehyungie se conheceram?

–B-bem...– Hoseok pigarrou, estava nervoso em lidar com aquelas pessoas. Até ali tudo que precisou foi apenas sorrir e acenar. E se ele cometesse algum deslize? –Nós nos conhecemos na escola, ele se apaixonou por mim e me perseguiu por anos!– Hoseok falou com bom humor e um pouco de arrogância e lançou um olhar de esguelha pra Lucy. A mais velha das mulheres gargalhou e a mais nova não esboçou reação, apenas lhe sustentou o olhar. Hoseok não gostou daquilo. O que aquela desgraçada estava vendo de tão bom assim em si?

–Oh céus! Que persistente! Não é a toa, por uma moça bonita como você, qualquer homem teria feito o mesmo...– Jisoo elogiou e Hoseok sorriu cortês, outra vez incomodado com Lucy, que disfarçou uma risada debochada após a fala da mãe. –Bem, mas nós temos que ir na cidade agora! O baile de hoje a noite exige que nós mulheres nos preparemos bem!– Hoseok levantou quando as mulheres se puseram também de pé, aliviado por elas já estarem de saída.

–Aaah... Ainda está tão cedo! Foi um prazer conhecer a senhora!– Hoseok falou com educação.

–O quê? Por que você está se dispedindo?– Jisoo falou com bom humor e Hoseok franziu o cenho. O quê? Elas não estavam indo embora? –O tio Kim deixou bem claro que eu devia levar você também!

–Ah, foi?– Respondeu se desanimando. A última coisa que queria era passar o dia com aquelas pessoas desconfortáveis.

–Ele deve gostar muito de você! Ele foi muito amável ao relatar que não gostava que você ficasse sozinha, trancada em casa o dia todo.– a mulher disse por fim e Hoseok quase riu na cara dela. Não sabia se o que o Senhor Kim havia dito tinha sido uma ironia ou se fazia parte do seu teatro, mas uma coisa era certa. Kim Hyunshin gostar de si era algo completamente impossível.

(…)

O dia corrido não havia sido de todo o mal. Jisoo não era maldosa como a filha, era o que parecia e mesmo que aquela simpatia fosse apenas falsidade, ainda assim era mais suportável do que Lucy. Aquela garota não lhe entrava. 

Passar o dia com ela foi horrivelmente enjoativo. Vez ou outra, quando seus olhares se encontravam, ela sustentava o contato, a cara de deboche era terrivelmente irritante. O que ela estava tramando?

Hoseok se olhou no espelho enquanto Taehyung lhe ajudava a ajustar o vestido. O vermelho do tecido era chamativo. As costas eram nuas e os braços estavam expostos. O decote não era grande. A saia era longa e solta e tinha uma abertura dos lados que mostrava suas pernas quando andava. O cinto, que lhe marcava a cintura, era encrustrado de jóias. O que lhe escondia o pescoço daquela vez era uma gargantilha grossa e prateada, também trabalhada em pedras preciosas. 

Hoseok estava nervoso. O salto médio o deixava levemente mais alto que Taehyung e lhe incomodava os pés. Aquela roupa expunha demais seu corpo e ele se sentia mais masculino do que nunca. 

–O que foi, amor? Você está com medo?– Taehyung virou o namorado para si e lhe beijou de leve os lábios pintados.

–Hoje vai ter mais gente do que nunca... Eu não quero estragar as coisas pra você...– Hoseok se curvou para deitar a cabeça no peito do namorado e este lhe beijou o topo da cabeça.

–Ei, não importa o quê, eu já lhe disse isso, você nunca vai ser uma vergonha pra mim.– Taehyung disse por fim e desceram. A solenidade seria num salão de festas famoso perto dali. Hoseok sentou na mesma mesa do senhor Philips. Com ele estava a filha, a senhora Jisoo, o genro, um daqueles barrigudos que Hoseok havia visto nos jantares e os netos, Lucy e George. Este último, Hoseok podia sentir, não tirava os olhos de si, mas não ousou lhe dirigir nenhuma palavra. Lucy também, vez ou outra, lhe lançava aquele mesmo olhar desconfortável que sentiu dela o dia inteiro.

A solenidade demorou um século para acabar, foi o que Hoseok achou. Depois do jantar servido, deu-se início ao baile. Aquilo era tão brega! Hoseok pensou consigo mesmo. Era só um monte de gente velha bebendo e fingindo ser o que não é, escutando músicas do tempo das cavernas enquanto conversavam coisas completamente desinteressantes. 

Hoseok tinha um champanhe numa mão e na outra tinha o braço de Taehyung seguro. O namorado conversava com outros homens coisas que ele não entendia, e nem fazia questão de entender. Os pés doiam e tudo que queria era ir pra casa. Pra sua linda casa na Coréia. 

E, de repente, as luzes se apagaram. Uma exclamação geral se fez presente. O que estava acontecendo? E o projetor que antes exibia a logo da empresa reacendeu, trazendo alguma luz para o ambiente e a cena que veio a seguir foi chocante. Era um filme pornô aquilo? Sim, um pornô caseiro, onde um homem oriental excepcionalmente bonito se expunha para a câmera que lhe filmava. 

Hoseok empalideceu e emudeceu. O que a droga daquele vídeo estava fazendo ali? As luzes reacenderam. Lucy apareceu sobre o palco e pausou a mídia.

–Senhoras e senhores, vocês devem estar se perguntando qual o significado disso, não é? Eu devo explicar? Eu acho que sim. Como vocês devem ter percebido a pessoa nesse filme é um rapaz. E eu acredito que muitos de vocês já devem tê-lo conhecido antes. O rosto marcante dele é bem difícil de esquecer, vocês não acham? Hoseok, Jung Hoseok! A "linda namorada" do nosso querido presidente é na verdade um homem!– a moça revelou sensacionalista. O tom carregado de escárnio e deboche. Os cochichos se alastraram e todos voltaram a atenção pra moça de vestido vermelho junto a Taehyung.

Choque. Era o que perpaçava pelas feições dos mais próximos. Taehyung não podia acreditar naquilo. O senhor Philips estava também perplexo e Jisoo não tinha cor. George quase derrubou os globos oculares de tanto que arregalou os olhos e Taehyung avançou com fúria pra ele, por que se não tinha sido ele à ceder aquela mídia para irmã, quem mais teria sido? Agarrou-lhe os colarinhos e o pobre garoto nem reagiu. Mentiria se dissesse que não era um suspeito em potencial. Ele realmente tinha salvado o vídeo no próprio aparelho celular, mas não havia mostrado aquilo à ninguém, muito menos a irmã. Ele jamais exporia Hoseok.

–Vocês estão tão chocados quanto eu? Este homem nos enganou com suas feições bonitas, mas ele não passa de uma prostituta! É esse tipo de pessoa que vocês querem como a primeira dama da nossa respeitada empresa?– A mulher retomou a fala e os burburinhos se intensificaram. –Eu disse que você ía se arrepender por se meter entre eu e o meu futuro!– Lucy dirigiu o olhar para Hoseok e pronunciou em coreano pra que ele entendesse bem, a vitória palpável na voz.

Hoseok jogou o copo que tinha na mão com fúria no chão. Não estava envergonhado por todo mundo ter descoberto sobre si ou por ter sua intimidade ter sido exposta naquele telão. Hoseok não se importava tanto com o que as pessoas pensavam sobre si e não tinha falsos pudores. Mas se tinha uma coisa que odiava era ser enfrentado daquele jeito. Ele não sairia dali correndo como uma menininha. Ah... Isso ele não faria mesmo! Não antes de arrancar todos os fios oxigenados daquela vagabunda.

E avançou na direção do palco. Os olhos acesos, mas antes que ele chegasse lá o senhor Kim o detou. Colocou apenas o braço na sua frente e o olhou como se pedisse um tempo e Hoseok estranhamente obedeceu. Ele calma e vagarosamente subiu os degraus e se pôs frente à Lucy. Esta lhe sorriu, crente de que o homem estava ali para apoiá-la. Todo mundo fez silêncio e prestou atenção nos dois em cima do palco. O homem retribuiu o sorriso à garota. 

E PÁ!

O tapa estalado que Lucy levou no rosto a fez ir ao chão. Voltou os olhos para o tio-avô e viu apenas um enorme desprezo no olhar repressor. Hyunshin pegou o controle do prejetor e desligou-o. Olhou ao redor, para o rosto de todos os presentes, pegou um microfone por ali e pigarrou.

–Eu sinto muito pela cena que vocês acabaram de testemunhar. É contra meus princípios bater em mulheres. Era também contra meus princípios que meu neto estivesse se relacionando com outro homem e era também contra meus princípios que alguém de alta classe se envolvesse com a ralé. Mas isso são apenas rótulos. As pessoas são pessoas antes de tudo. Antes de tudo elas são só pessoas. E foi apenas nessa semana que eu pude perceber isso... E quem me dera ter descoberto essa verdade há vinte e cinco anos atrás quando eu matei a minha única e querida filha.– ele fez uma pausa e a onda de cochichos voltou. –Eu a reprimi até que ela muchasse e perdesse seu brilho, tudo para manter os rótulos que hoje não me servem de nada. O amor do meu neto e deste amável rapaz aqui, amoleceram meu coração velho.– ele apontou o casal que o assistia ali perto e os demais voltaram os olhos pra eles. –E é por isso que eu digo a vocês, não olhem para os outros como se eles fossem produtos em uma prateleira. Nós não somos objetos atribuídos de valor. Todos nós somos valiosos pelo que constituí nossa essência. Lucy, minha querida Lucy, você trabalhou duro uma vida inteira pra se casar com alguém que não lhe ama e viver uma vida de amargura? Você realmente acha que isso vale à pena?– o velho Kim se calou lançando um olhar de pena a sobrinha. Descansou o microfone sobre a mesa encerrando seu discurso. Logo uma salva de palmas fortes inundou o ambiente. O velho desceu do palco e parou frente ao neto que abraçava Hoseok e pela primeira vez, em uma vida inteira, lhe sorriu ternuroso, dando um tapinha amigável em seu ombro antes de, por fim, deixar o local.

Ele definitivamente era um velho de coração mole.



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