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História Apenas um amor de verão - Quarta Temporada - Surtos


Escrita por: hgfreire

Capítulo 77 - Quarta Temporada - Surtos


Eu estava em silêncio. Não tenho falado muito ultimamente. Monica muito menos.


_Como está Pether agora?... - ela perguntou durante um longo período de trabalho silencioso. Tentei permanecer com a cabeça na matéria de capa que ela e eu produzíamos.


_Está bem agora... não precisa mais da minha ajuda. Acho que logo suas costelas estarão boas, então vou voltar para a casa de... - engoli em seco. - de Clifford hoje.


E lá vamos nós de novo. Minha cabeça viajou novamente com seu nome. Duas semanas depois de voltar com Christopher e eu já estou enlouquecendo.

_Que bom... e você? Como está? - ela perguntou cuidadosa. Sua voz estava fraca. Fiquei em silêncio.

_E você, Monica? Você está bem? - eu perguntei com a intenção de dar a ela a resposta que nós duas sabíamos.

_Entendi.

E mais um looooongo período de silêncio. Eu não sei que fantasmas ela ainda estava enfrentando depois de um mês desde meu aniversário, mas agora... eu infelizmente sabia dos meus.

"_Essa cama é tão macia...
Posso ficar aqui para sempre?


_Você pode ficar aqui quanto tempo você quiser. Mas tenho a pequena impressão de que você está se referindo a apenas minha cama, e não a mim.


_Se eu pudesse eu ficava aqui...


_E por que você não fica? "

Ah, aqueles olhos...

"Ah, e estou no quarto do seu irmão porque ele é o homem da minha vida. "

"_Um dia eu ainda vou te tirar do sério. Você vai ver.

_Mas você já me tira do sério. Toda vez que eu vejo esse sutiã que você só usa quando está comigo."

Aquele sorrisinho maldito.

"_Não é nesse sentido. Idiota. Eu quis dizer que vou te deixar irritado.

_ Não sei porque você iria fazer isso, mas boa sorte. Outras tentaram antes de você e não tiveram sucesso. Se você conseguir, provavelmente será a mulher da minha vida."

"_Você é o garoto desgraçado que roubou meu coração e meu primeiro beijo e nunca me disse seu nome! EU NÃO ACREDITO NISSO!

_Eu não tinha dito meu nome porque queria ter uma desculpa para te encontrar outra vez."

Ah, meu Deus...

"_Você me deixou extremamente preocupado, Allison! Você tem noção disso? Você é impossível, garota. Toda vez que eu penso que vou ter um momento de paz com você, você consegue arrumar um problema maior que o outro.

_Já te disse que você é muito lindo quando está preocupado?"

Eu tenho que parar de pensar nele.

"_Você me faz muito feliz, Charleston."

Até hoje...

"_ Você nunca vai me beijar como beijava a ele, não é?


_Nem de longe. Mas estou tentando meu melhor. Para lhe dar um pouco de crédito.


_Então se esse é o máximo que você consegue chegar comigo, eu não quero nem imaginar como você era com ele. Ele é um homem de muita sorte.


_Eu é que sou. Não o mereço."


Sua idiota. Devia ter feito de tudo para merecer.


"_O meu coração, Pether, é do Clifford.


_Sempre será o Clifford, não é?"


Sem a menor sombra de dúvida.


"_Que impacto, Allison? Ter um filho com a mulher que eu mais amava, mesmo que um pouco cedo, você pode ter certeza que não estragaria minha vida.
Tudo teria sido tão diferente, Allison. Eu teria estado lá para você. Se você tivesse me contado que estava grávida... eu ficaria surpreso, com certeza levaria alguns segundos para absorver, mas pode ter certeza que eu te carregaria no colo e... céus, eu teria beijado cada centímetro do seu corpo, principalmente aonde minha filha estava crescendo. Eu agradeceria aos céus por ter colocado você na minha vida. Porque eu queria uma família com você, Allison! Eu até mesmo teria te perdoado, pela parte do contrato. E te ajudaria a resolver. Porque eu prometi que estaria lá para você, quando lhe faltassem forças."

De repente, eu perdi o ar. Ao me lembrar dessas palavras.

"_Então eu pensei que me afastar de todos seria o melhor, porque eu nunca me achei boa o suficiente, Clifford.

_Você era, Allison. Para mim. Você era perfeita para mim, Allison. Isso você não consegue entender, não é?"

Eu... eu consigo entender agora...

"Eu sou sua, em todas as formas, contextos, tempos, circunstâncias, planetas, o que for; eu só pertenço a você"

Eu consigo entender!!!

Nunca deixamos de pertencer um ao outro.

Eu pertenço a ele.

Só a ele.

Sempre será ele.

Será que ele não percebe?!

O que eu vou fazer?!!!

Monica percebeu que eu não estava nem um pouco concentrada.

_Allison, que diabos você está pensando? Você precisa me entregar isso hoje! - ela disse nervosa.

_Eu sei, Monica. Eu sei. Eu não consigo. Minha cabeça está na Lua. - eu segurei meu cabelo e o alisei. Monica suspirou.

_Arranje um jeito de se concentrar porque você ainda precisa pagar aquelas duas semanas que não veio. - ela se levantou nervosa e foi até sua porta. Fiquei com medo de acabar perdendo o estágio, mas relevei porque Monica não estava exatamente em uma época boa.

Antes que o silêncio fosse longo, ela perguntou:

_Como você conseguiu perdoar Christopher? - ela disse segurando a porta aberta. Franzi a testa.

_Eu... não sei. - girei minha cadeira. Ela se virou para mim.

_Não consegui falar com ele. Eu estou cansada, Allison. Meu irmão já disse muitas vezes que iria controlar os nervos, e ele nunca para. Eu estou cansada! - ela revelou o motivo de tanto mau humor ultimamente. - Allison, eu tenho medo de ele voltar a...

_Ele não vai voltar. - me levantei imediatamente. - Contanto que você não volte. Vocês já tiveram trabalho demais saindo dessa fase. - eu disse firme. Ela suspirou insegura.

_Fiquei com medo de que ele acabasse matando Pether. Eu tenho medo de qualquer dia ele acabar matando alguém e indo para a cadeia. - seus olhos marejaram. O assunto ficou pesado.

_Monica... eu acho que vamos ter que colocá-lo em uma clínica ou sei lá... - suei frio com a ideia. Nunca tinha levado tão a sério o problema dele. E eu ainda não sei porque eu voltei com ele. DROGA.

_Ele está disposto a aceitar isso??? - ela perguntou sarcástica.

_Ele disse que está! - eu retruquei. Monica ficou parada uns instantes antes de ir para o telefone.

_Pois então ele vai. Nem que seja à força, aquele homem vai fazer terapia. - Monica disse convicta e a deixei com seus pensamentos.

De repente, uma chuva de ideias para a matéria me atingiu e eu me sentei, terminando tudo em apenas 10 minutos, enquanto ela ligava aos psiquiatras que ela conhecia.

_Vamos consertar isso, Mon. - eu sorri para ela verdadeiramente. - Chega de ficarmos presas por nosso passado. - eu disse firme, dando um significado àquela frase além de Christopher.

Eu não sabia o que ia fazer, mas sabia que antes daquele casamento acontecer, EU IRIA COMPROVAR SE CLIFFORD AINDA ME AMA. Ah, se iria. Me aguardem.

O fim do meu expediente estava para chegar. Clifford iria me buscar lá. Eu estava tão ansiosa. Tão ansiosa a ponto de querer vomitar. Mas aquele fim de tarde prometia mais surpresas do que eu imaginava.

Ao juntar minhas coisas, pela parede de vidro, Monica viu dois carros chegarem. Um de Clifford e o outro... de seu irmão.

Eu desci com o coração na boca. Prestes a chutar Christopher dali. Eu não acredito que ele veio JUSTO HOJE. Monica desceu comigo para falar com seu irmão, mas então... percebeu quem era o dono do outro carro. Algo no olhar surpreso dela me fez desconfiar.

O que era aquela faísca de alegria que ela teve? O que...

_Clifford, que bom que veio! - ela até endireitou seus passos elegantes e andou na minha frente. Clifford sorriu e a abraçou.

O mundo parou naquele momento. Eu não acreditei no que estava vendo.

Monica conversava com ele sorridente, sobre o tal artigo que ela escreveria sobre ele, o qual ela me disse a dois meses atrás, e eu percebi no olhar dela o que eu não tinha visto antes por estar com Christopher.

A Monica gosta do Clifford! Eu não acredito nisso. Eu não acredito que ela pôde fazer isso comigo. E aí eu percebi que eu não tinha o direito de ficar zangada. E isso me deixou ainda mais zangada.

Nem vi Christopher chegar e me abraçar. Eu só conseguia ver aquilo. O que eu iria fazer com a Monica???

Eu não posso causar mal a ela. Ela é minha amiga e não manda no coração. E convenhamos, ela tem bom gosto. Mas... mas... e se ela for melhor do que eu? E se ela chegar primeiro do que eu na fila "roubar Clifford da Gina"?

Foi aí que de repente minha energia se dissipou. Perdi o ânimo para tudo naquele momento. Eu não sei o que acabou com minhas esperanças. Talvez o fato de eu ainda não ser capaz de afastar Christopher logo de uma vez. Porque estou com medo de perder e ficar sozinha. Talvez o fato de Monica nunca ter magoado o coração de Cliff como eu o fiz. Talvez o fato de ele até agora não ter sido capaz de acabar seu noivado com Gina. Talvez ele nem percebesse que aquilo nunca chegaria ao ponto de ser melhor do que a gente foi. Eu percebi, por que ele não???

_Ei, Allison! Venha aqui! - Monica fazia mil sinais que apenas enxerguei agora. Christopher teve receio em chegar perto da irmã.

_Oi. - eu sorri sem graça para os dois.

_É que eu preciso conversar com meu irmão agora... pode ir com ele. - Monica disse baixo em meu ouvido e se despediu de Clifford e deu um sorriso de volta acenando.

Os olhos dele se puseram em mim. Minhas pernas amoleceram. Eu já não sabia o que fazer perto dele. Desde que percebi que ainda o amava, eu o estava evitando. Evitando olhar em seus olhos especialmente quando eu era obrigada a encontrá-lo.

_Vamos? - ele chamou abrindo a porta do carro para mim. Ai. Ai. Coração, SHHHHHHHHH!

Eu andei lentamente e abaixei a cabeça quando percebi a proximidade que eu teria dele assim que eu passasse pela porta que ele segurava.

_Eu acho que minha cabeça dói. - eu murmurei usando aquilo como desculpa à minha esquivância.

_Não se preocupe, eu pego o remédio, milady. - ele fechou a porta e logo apareceu do lado do motorista.

Quando ele se inclinou para abrir o porta-luvas, eu jurei que perderia a cabeça. Meu ar faltou. Minhas mãos se fecharam tentando não tocar sua pele. Eu. Estou. Enlouquecendo.

Ele estendeu a mão com a cartela. Eu não quis pegar. Eu não queria sentir a eletricidade da minha mão na dele. Ele franziu a testa e sorriu deixando o objeto em meu colo.

_Allison, você está estranha. - ele riu e ligou a chave no carro.

_É? - tentei me fingir de boba, mas e a dificuldade de respirar atrapalhando?

_Com certeza. - ele afirmou.

_Estou me sentindo estranha mesmo... - eu concordei tentando rir, mas me pareceu uma risada medrosa. Ai, meu Deus, seja mulher, Allison, você tem 20 anos!!!

Fechei os olhos e tomei o remédio tentando me distrair. A minha distração foi muito incovenientemente se virando para a época que Clifford era meu namorado. Logo meu imaginário podia sentir a mão dele sobre a minha coxa, e ia subindo... e subindo... e...

_AI, MEU DEUS, PARE O CARRO!!!! - eu gritei sem querer e Clifford pisou no freio completamente assustado. Estávamos na rua do condomínio dele, portanto era mais calmo. Isso evitou que batêssemos em alguém.

Seus olhos arregalados procuravam o que tinha me feito gritar.

_ALLISON! O que deu em você??!!! - ele gritou de volta exasperado.

Meus olhos desesperados repousaram-se sobre ele.

_Eu acho que preciso de terapia. - eu disse baixo e receosa. Sua testa se franziu ainda incrédulo.

_Você precisa mesmo. Puta que pariu. - ele bateu no volante respirando para se recompor. O carro voltou a andar mas eu fiquei imóvel por um longo tempo. - Allison, seja lá o que esteja acontecendo com você, você pode falar comigo, sabia? - ele disse sério e preocupado.

Nãããão, não posso, não, meu bem. Acredite, eu definitivamente não posso.

Fui salva pelo gongo. Meu telefone tocou, e minha mão voou até minha bolsa.

_Alô?? - eu perguntei com urgência. Por favor, seja alguém que vá conversar comigo pelo menos meia hora.

_¡Hola, mi niña! - ouvi uma voz familiar e eu sorri.

_¡Abuelito! - eu exclamei. Clifford virou seu rosto curioso assim que percebeu que eu estava falando espanhol.

Meu avô! É meu avô!

Durante a ligação, eu perguntei em espanhol como estava nossa família da Espanha, e ele disse que ele viria ficar com minha mãe, minha irmã e eu por 7 dias. Fiquei muito feliz com a notícia. Haviam dois anos que eu não via meu avô. Nem meus primos.

Chegamos na casa de Clifford antes que eu pudesse terminar a ligação. Descemos do carro e eu continuava falando enquanto ele destrancava a porta.

Ele continuava com aquela expressão super pensativa olhando meu rosto. Quando a ligação terminou, nós dois acabamos falando ao mesmo tempo.

_Era seu avô no telefone? - ele perguntou.

_Por que está me olhando assim? - eu perguntei.

Eu ri e ele sorriu suspirando.

_Pode perguntar primeiro. - ele colocou as mãos na cintura.

_Sim, era meu avô, como você sabia? Não sabia que você falava espanhol. - eu franzi a testa.

_Eu não sei espanhol. Você é a garota dos idiomas aqui. - ele brincou. - Eu apenas dei um chute de sorte. - ele deu de ombros.

_E por que estava me olhando daquele jeito? - eu perguntei confusa. Ele demorou uns segundos para voltar a me olhar.

_Porque eu tenho quase certeza que sonhei com esse seu avô, e eu não fazia ideia que ele existia. - ele disse franzindo a testa.

Eu levantei as sobrancelhas surpresa.

De repente, nós dois estávamos nos perguntando como aquilo poderia ter acontecido, e ficamos em silêncio enquanto isso.

_Você vai me explicar porque você está estranha? - ele se virou para mim. Eu arregalei os olhos e me virei andando para qualquer lado.

_Aonde está a Melanie?? - eu mudei de assunto rapidamente e andei em direção à escada. Ele permaneceu desconfiado atrás de mim e logo me seguiu.

Fingi estar concentrada na tarefa de encontrar minha filha e subi, sem olhar para atrás. Ele vinha atrás de mim e os meus nervos ficaram à flor da pele, implorando lamentavelmente que ele me tocasse.

Me lembrando de nosso namoro quando eu subia as escadas de sua cobertura, sempre com suas mãos ao redor de mim, ou tentando me fazer cócegas, eu tentei miseravelmente tirar esse desejo de mim e falhei.

No final da escada, ele se pôs atrás de mim. Apenas sentindo um pouco do calor dele me fez saltar e quase correr até algum quarto.

Eu estava paranóica. Louca da vida. Eu preciso de terapia, e agora eu falo sério.

***************************

_PORQUE EU ACHO ISSO UMA INJUSTIÇA! - ela gritava na minha cabeça.

_EU JÁ ENTENDI, PLATINADA. Eu não sou surdo, porra. - eu reclamei.

_Mas Lyon, você não está entendendo. Eles resolvem DO NADA que ela ia morar com ele, e me deixa aqui. Abandonada pela própria melhor amiga. - ela lamentava por horas. - E eu não sou pessoa que fica fazendo drama, mas isso é uma pura injustiça. Porque ela nem perguntou o que eu achava disso, ela acordou um dia e me disse "Vou levar minhas coisas para a casa do Clifford" e foi embora! - ela cruzou os braços emburrada.

Revirei os olhos e sorri olhando para ela. Ela finalmente me olhou.

_Eu sei que já tem três semanas. Mas ela estava com o Pether então não achei que era uma boa hora para brigar. - ela se explicou. - Para de me olhar com essa cara! Eu estou verdadeiramente chateada! - ela bateu os braços na cama e eu ri me levantando.

Me sentei ao lado dela e a puxei para meu corpo.

_E você tem que falar na minha cabeça essa cacetada de coisa que você devia estar falando é pra ela??? - eu respondi alisando o cabelo dela. Sky às vezes é tão boba.

_Mas Lyonel!

_Nada de mas! Você vai falar isso para ela. Até porque eu não posso mais ficar para te escutar, meu bem. - eu me levantei e ela puxou meu braço.

_LYON! - ela suplicou.

_Sky, eu tenho um puto de um trabalho gigante, preciso voltar para meu dormitório. Passar bem. - beijei a cabeça dela e saí praticamente correndo antes que ela pulasse em cima de mim.

Assim que abri a porta eu dei de cara com o punho do namorado dela prestes a bater na porta.

_Ah, o palhaço de novo. - Thomás desfez a cara surpresa entediado.

_Ah-ha-ha. Fala aí, idiota. - eu cumprimentei revirando os olhos.

_Ele está me abandonando! - Sky logo me acusou se levantando. Thomás olhou para ela e sorriu para mim.

_Eu já te falei, não é, meu docinho? Eu sou muito melhor ouvinte que ele. - ele foi com a cara de pau dele andando até Sky e a abraçando e ainda me mostrou a língua.

_Pelo menos eu sou mais maduro que você. - eu ri e fechei a porta mandando um beijo para Sky emburrada. - Ai, ai. Depois ela reclama que a Allison de TPM é chata. - eu murmurei balançando a cabeça.

Quase tive a porra de um infarto quando vi um par de olhos e um sorriso maníaco no fim do corredor. Minhas sobrancelhas se levantaram ao verem Rosie vir correndo até mim com um livro e parou a dois metros de mim.

Ela continuou sorrindo abraçada ao livro gigante e eu esperei imóvel que ela dissesse o que queria. O silêncio me deixou inquieto e eu olhei ao redor franzindo a testa.

_Rosie... - eu a mirei questionativo - o que você quer, meu Deus? - finalmente soltei a mão da maçaneta da porta fechada.

Ela riu e olhou para baixo.

_É que eu queria ler um livro. - ela deu de ombros e se aproximou.

_Então leia. - eu franzi a testa e dei a volta nela indo embora. Ela me seguiu.

_Eu queria ler com o senhor mal humorado. - ela me cutucou com cara travessa.

A confusão me tomou a mente.

_É o que, maluquinha? - eu perguntei já rindo de uma merda dessas.

_Eeeeu gosto de estar dentro da história, - ela disse com a mão no peito estufado. - e o protagonista é esse sujeito coberto de amarguras e angústias lhe corroendo a alma, mas eu ainda não consigo entender a mentalidade dele, e isso me deixa furiosa. - ela enfatizou tanto que seu ranger de dentes me assustou um pouco. Com as mãos no bolso, a mirei de canto com a sobrancelha arqueada - Então imaginei que você era a pessoa perfeita para me ajudar.

Ela voltou ao sorriso que sempre me parece dizer "vou assassinar sua família enquanto você dorme".

Eu pensei que era apenas uma piada. Ela não podia estar falando sério.

_Na moral, Rô, você não existe. - eu balancei a cabeça caminhando na frente. Ela entrou na minha frente.

_Eu falo sério, Lyonel Silchester. Não me subestime. - ela disse séria e firmemente olhando em meus olhos. Meu pé recuou um pouco. Ela desmanchou a pose rindo. - Olhe a sua cara. - ela disse risonha - Você sabe que me chamou de Rô, não é? Aaaaah, que bonitinho!

Ela apertou minha bochechas e pegou minha mão me arrastando para não-sei-aonde.

_Vamos! Vamos! Vamos! - ela repetia com a voz estridente e eu sentia a vontade insaciável de derrubá-la no chão e mandá-la sair da porra do meu pé. Puta que pariu.

Fomos parar na praça da universidade e ela cismou que queria um café, então me "entregou" (derrubou em cima de mim) aquele maldito livro pesado e me mandou sentar e esperá-la. Ela atravessava a rua quando eu pensei em deixar aquele livro ali e ir embora. Jesus, como se ela precisasse de mais energia.

_Ah, mas que merda. - eu resmungava incomodado. Agora estou tendo que aturar essa garota, cheio de coisas para fazer. Acredito que eu ainda tenho que treinar e passar no dormitório da minha... namorada.

Eu ainda não acredito que eu voltei a namorar. Mas eu surpreendentemente... não me importo. É a Chloe. Entende? Com ela eu não me preocupo.

_VOOOLTEI! - ouvi a voz da maluca e me surpreendi com sua velocidade em comprar seu café. - Acredita que eu encontrei um pequeno espelho no caminho de volta?! - ela disse completamente espantada e se ajoelhou na grama olhando diretamente para mim e me mostrando o objeto. Ela continuou:

_Agora eu não posso me livrar dele. Um presente da natureza, não se devolve. Mas espelhos nos levam a outras dimensões, o que eu faço? - ela parecia realmente perturbada.

_Rosie, qual o seu problema com um simples espelho? - eu disse sem entender.

_Ora, Ly, ele pode me engolir durante a noite e posso acordar no dia seguinte deitada em uma cama de facas. Não se sabe o que encontrar em outra dimensão. - ela disse como se fosse óbvio. Ela se assustou com a própria imagem. - OH! OH! OH! Eu tenho olhos misturados! Jesus, isso é verde ou castanho?? - ela pulava desesperada.

_Você... você... ah, puta merda, você realmente não sabia a cor dos seus olhos?! - eu perguntei encabulado.

Falando sério, qualquer pessoa normal sairia correndo dessa garota. Será que eu sou maluco também?

_Não. Atirava todos os meus espelhos na sarjeta perto da minha casa. - ela deu de ombros e me entregou o espelho. - Olhe para si mesmo. Cuidado, não fique muito perto. Agora olha.

Ela falava sério e eu revirei os olhos fazendo o que ela disse, sem saber realmente o motivo de eu ainda conversar com ela.

_Segure aqui. - ela pegou minha mão e colocou no pequeno cabo do objeto. - Agora respire fundo.

Olhei para ela entediado e ela me lançou um olhar reprovador. Revirei os olhos e respirei fundo olhando minha figura incomodada pelo espelho.

_Mais uma vez. - sua voz foi ficando suave e silenciosa.

Ela ficou em silêncio esperando que eu continuasse com o exercício. Não sei se aquilo era para me deixar relaxado, porque se era, está fazendo totalmente o contrário.

_Você vê o reflexo de sua alma? - ela perguntou sorrindo. Eu franzi a testa, me perguntando até onde ela iria com aquela maluquice. Provavelmente ainda longe pra cacete. - Ei, preste atenção! - ela estalou os dedos em meus olhos. Voltei a me olhar no espelho, ainda rezando para que ela se cansasse logo. Alguém me tire daqui.

Rosie ficou em silêncio me observando sem que eu entendesse porquê. Eu apenas fiquei ouvindo o barulho dos carros e murmúrios de conversa ao nosso redor, me distraindo. Ela colocou os dedos em meu rosto me chamando a atenção.

_Lyonel. - ela murmurou meu nome se arrastando até mim. De joelhos, Rosie repousou-se atrás de mim e colocou as mãos em meus ouvidos abafando o som do campus.

Ah, puta que pariu, que que ela vai fazer agora?

Ouvi-a fazer um som perto do meu ouvido, mesmo com a mão delicada por cima.

_Shhhhh... - ela dizia suavemente. Meus olhos pousavam na grama ao sentir meu corpo de alguma maneira se relaxarem.

Quando eu pensei que não podia piorar, Rosie começou a descer as mãos por minha nuca, e seus dedos pressionavam levemente meus ombros, e eu que sentia uma agitação tomar conta de mim, levei minhas mãos à dela bruscamente.

_O que pensa que está fazendo?! - minha voz saiu um pouco desesperada.

_Ah. - vi seu sorriso pelo espelho que eu ainda segurava - Sei que você se sente exposto, mas eu apenas estou tentando fazer você se conectar com seu corpo. Desliga esse seu campo de força e se deixe ficar vulnerável um segundo, seu idiota. - ela levantou a sobrancelha levemente ainda sorrindo.

_Ah, chega. Porra, já chega. Você não tem essa intimidade comigo. - eu logo me forcei para levantar. Ela me deixou, mas se levantou junto, pegando o livro.

_Caras como você e o protagonista desse livro não encontram paz, não é? - ela olhou em meus olhos segurando meu braço para que eu não fugisse - Diga, tudo por medo de estar exposto à feridas? Sempre na defensiva e para quê, hãm? Isso te ajuda a não sentir dor?

Ela é uma filha da puta. Eu já sei o que ela está fazendo. Caralho, ela quer entrar na minha mente com esses... malditos olhos penetrantes. Puta que pariu, o que ela está fazendo?
Ela não vai me desarmar com esses joguinhos de mente. Não mesmo.

Minha mente parou um momento.

Minha respiração estava pesada, sem poder desviar o olhar. Porque ela tinha tanto interesse na minha vida?!

Aproximei meu rosto do dela, e nossas respirações sincronizaram. Prendi a mandíbula e lhe lancei um olhar duro.

_Ajuda a manter a dor aqui dentro. Porque uma vez exposta, ela só aumenta. As outras pessoas nunca sabem como lidar ou entender, então apenas julgam e desprezam. - eu respondi tirando meu braço do dela e me virei. Caminhei para longe dela, mas ainda sem sentir nenhum alívio de ter saído dali. Ainda parecia que ela penetrava minha alma de alguma forma.

CARALHO, PARE COM ISSO!

Eu queria gritar. Andei mais rápido. Punhos cerrando-se.

Psicopata. Ela devia ser internada.

Meu telefone tocou enquanto eu andava nunca parecendo chegar a nenhum lugar. Atendi sem olhar quem era. Não disse nada.

Fale logo o que quer, porra.

_Amor! Como foi a tarde com Rosalie? - ouvi Chloe se animar do outro lado. Eu estava atravessando a rua. Eu parei no meio dela.

O carro buzinou. Passei a língua no céu da boca e fechei os olhos procurando não perder a calma. Estava muito difícil.

_VÁ SE FODER! - eu gritei com força ao carro e terminei de chegar do outro lado.

_Lyon? - ela procurou saber se eu estava falando com ela.

_Você também, Chloe! Eu sei que você armou isso. Como você pôde jogar aquela maluca para cima de mim? Desde quando são amigas?!! - eu praguejava andando na rua, pretendendo chegar aos dormitórios e pessoalmente jogar Chloe de uma janela.

_Ai, meu Deus. - ela começou a rir, me deixando ainda mais nervoso. - Lyonel, é que eu precisava que alguém te mantivesse ocupado hoje para que eu preparasse algo para você... então pedi a ela, já que sei que ela é sua amiga. Não pude pedir à Sky a tempo, não a achava em lugar alg...

_ELA NÃO É MINHA AMIGA, CHLOE! - a interrompi.

VÊ SE PODE UMA MERDA DESSAS?

_Tudo bem. Tudo bem. Venha até meu quarto. Vamos dar um jeito nessa sua raiva. - ela desligou na minha cara e parei de andar para olhar a tela do celular.

_Ah, desgraçada. - pus a mão na cintura indignado e balancei a cabeça olhando ao redor. Eu tinha que recuperar minha calma. Tentei respirar por um tempo.

Volta, calma, porra, aonde você foi, filha da puta?

Por que eu fiquei tão nervoso, na real? Caralho, o que está havendo comigo?

Voltei a caminhar até o quarto de Chloe, esperando que até lá eu já não estivesse nervoso. Odiaria brigar com ela hoje.

Bati na porta finalmente alguns minutos depois e eu sentia meu corpo muito quente e agitado com a caminhada rápida. Seis horas da tarde. Com certeza não foi o sol que me deixou com tanto calor.

Uma hora com a maluca e eu estou queimando de raiva.

A porta se abriu sozinha. O quarto dela estava com as cortinas fechadas, porém o ambiente estava levemente. iluminado por velas.

_Ah, Chloe, o que você aprontou... - eu murmurei baixo. Adentrei o quarto lentamente procurando minha namorada. De repente, um pensamento me fez surgir um sorrisinho no rosto. - Chloe, Chloe, se é assim que você quer dar um jeito na minha raiva, eu já vou te avisando...

Dei uma pausa ao ver a porta se fechando. Me virei e sorri ao ver minha namorada bem ali. A loira mais linda que eu já vi, apenas de lingerie vermelha. Como um anjo vestido de demônio.

_Que você acertou em cheio. - eu sorri malicioso. Ela tirou a mecha de cabelo do rosto colocando atrás da orelha, logo assumindo a expressão travessa.

_Desculpe todo o transtorno, estamos trabalhando para o seu conforto. - ela brincou se aproximando. Esperei que ela viesse e então ela depositou as mãos suaves sobre meu peito.

Eu estava de regata. Ela sentiu minha pele pegar fogo.

_Tente ser um pouco mais gentil com a pobre garota. Rosie é maluca, mas me parece ser bondosa. - ela passava os dedos pela minha camiseta, e olhou em meus olhos. Suspirei. - Por favor. Você sabe que eu faço o que você quiser. Principalmente quando você tenta se comportar. - ela sorriu docemente.

Não queria ceder assim tão fácil, mas ela estava me provocando. Aquela perna roçando em mim, e as mãos já repousando na minha calça. Ah, não.

_Concedido, alteza. - apertei sua coxa com força e bruscamente a peguei no colo logo a jogando sob a cama. - Você é uma safada. - sussurrei em seu ouvido ao ouvir seu riso cheio de prazer. Ela me jogou para o lado e subiu em cima da minha área.

_Não mais que você. - ela aproximou seu rosto e me beijou. - Eu te amo. - ela sussurrou lentamente com os olhos inspirando receio. Isso nos fez ficar quietos um instante.

Eu não acredito no que eu ouvi...

_Ah, Chloe... - meus olhos com certeza brilhavam. - eu pensei que fosse o único. - acariciei o cabelo dela e ela sorriu. Eu simplesmente não consigo ser casca grossa com ela.

Eu conseguia até mesmo com Sky. Eu era um chato com ela de vez em quando. Ela diria sempre, mas foda-se.
Mas quando se trata de Chloe... simplesmente mexe comigo para caralho. É que ela é a garota que nunca teve medo de demonstrar que realmente me ama. Ela realmente faz tudo por mim, mesmo que eu tenha sido um idiota com ela. Sky nunca me amou daquele jeito, ela ainda tinha olhos para o ex dela. Mas Chloe me olha como se eu fosse o Sol dela.

Eu a amo por isso. E pior, eu não tenho medo. Ela apenas quebrou minha barreira com tanta facilidade que eu não penso em fugir nem por um segundo.

Enquanto ela me beijava, eu me sentia esquecer o mundo. Se não fosse pelo meu telefone estragando a porra do meu momento.

_Ah, quem é o filho da puta?! - eu reclamei enquanto Chloe ria.

_Você vai atender? - ela perguntou docemente passando a unha pelo meu peitoral. Voltei a mirá-la.

_Não. - eu a agarrei de volta, e ela finalmente retirou a única peça da lingerie que ainda vestia, a calcinha.

Por obra do Anti-Cristo, a pessoa continuou me ligando e estragando todo o clima. Eu estava tão desesperado para desligar aquela merda que eu derrubei o celular ao tentar apertar o botão.

_Ah, puta que pariu! - eu bufei e ignorei totalmente aquele toque irritante. Mas Chloe não conseguiu continuar o que estávamos prestes a fazer.

_Aaai, não dá, amor. Atende isso. - ela pediu se retirando de baixo de mim.

_Não, vida. Não. Volte aqui. - eu implorei pegando a mão dela, sentada de costas para mim e ofegante como eu, ela se virou e acariciou o meu cabelo.

_Atende. - ela me forçou. - Não consigo com esse barulho, amor. - ela justificou. Soquei a cama mais frustrado que nunca. Comecei a resmungar enquanto pegava o telefone.

_Aposto que se um trem estivesse passando em cima desse teto agora, você ainda conseguiria transar comigo. Mas um simples telefone demoníaco te trava! Tomar no meu cu. - eu balancei a cabeça. Ela começou a rir.

_Não, eu não conseguiria não, Lyonel. - ela se defendeu.

_Ah, me fode. Me fode. - eu xinguei e atendi o celular totalmente desconfortável. Porra, eu estava quase lá, mano. - TINHA QUE SER VOCÊ, NÉ DESGRAÇADO! - eu gritei no ouvido do meu irmão.

_Que fúria é essa, parceiro? - Pether disse despreocupado.

_Ah, cara, quando eu te ver, eu juro que você vai levar muita porrada. O que te fez me ligar igual uma ambulância, filho da puta? - eu reclamei.

_Eu não sabia para quem ligar. Eu vou viajar a trabalho, agora que estou melhor da costela, e Silver veio ter uma conversa muito estranha comigo. - ele dizia um tanto incomodado e nervoso.

Minha impaciência me fez bufar.

_Liga para a Allison, ou para a Sky, não enche a porra do meu saco agora.

Não esperei a resposta dele e desliguei sendo um babaca total, porque meu irmão parecia mesmo estar pedindo ajuda. Mas me desculpe se tenho um amigo muito decepcionado e desesperado aqui em baixo, ok?!

_Ah, Lyonel. - ela me repreendeu e eu joguei o telefone no chão.

_Eu só quero saber de você agora, Chloe. Você vai mesmo fazer isso comigo? - eu disse me aproximando dela.

_Então de volta aonde estávamos, senhor carente. - ela revirou os olhos me beijando.

_Ah, vida, não se atreva a me chamar de carente. - eu disse passando a boca por toda a extensão do corpo dela a excitando novamente.

_Adoro quando você me chama de vida. - ela riu e gemeu um pouco no meu ouvido.

Agora vai, porra. 



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