1. Spirit Fanfics >
  2. Apenas um dia, uma noite. >
  3. Algo errado

História Apenas um dia, uma noite. - Algo errado


Escrita por: ArmyTiaDosGatos

Capítulo 76 - Algo errado


Ella

— Mamãe? Já é dia de ver o papai? — Aelin pergunta mais uma vez essa semana. 

— Não, querida. Ah, tive uma ideia! Imprimo o mês em que estamos no calendário e a coloco sentada em meu colo. — Está vendo esse dia? Nós vamos visitar o papai no dia do quadrado verde. — Pego um marcador vermelho. — Você vai marcar todo dia de manhã até chegar o dia de irmos? 

— Sim! — Ela sai correndo com o papel.

Faz três semanas que Yoongi partiu. Eu me iludi por muito tempo dizendo que não seria difícil. "Vai ser como uma turnê maior", eu dizia. Não tem nada parecido com uma turnê. Em turnês, Yoongi parece cansado, mas sempre sorri porque recebeu amor do Army e está satisfeito porque está fazendo o que ama. Sempre que Yoongi liga, ele está quase dormindo em pé. Cansado, irritado e um pouco distante. Tem dias que ele não liga, porque o cansaço o derrubou. Pelo menos o Exército forneceu um cuidado psicológico, espero que dê tudo certo.

Desisto de trabalhar por enquanto. Minha cabeça passa boa parte do tempo criando situações que só me deixam mais preocupada com Yoongi. Apesar do inverno, me sento na área externa tentando acalmar minha mente barulhenta. No meio dessa história, ainda tenho meus próprios problemas com o trabalho. Aelin vai com a babá para o balé e eu uso esse tempo para refletir, pelo menos até a porta ser aberta. Tenho que trocar a senha da fechadura. 

— Isso é um cigarro eletrônico na sua mão? — Amy pergunta cheia de julgamentos. 

— Não. É uma pipa. Olha. — Aponto para o céu e movimento a mão. 

 — Engraçadinha. O que está fazendo com essa merda? 

— Senhor Ming que entrega morangos para mim gosta de fumar, resolvi sugerir que ele substitua o cigarro comum por esse eletrônico. 

— Não sei se acredito. — Ela estreita os olhos em minha direção. 

 — Não ligo se você acredita. 

— Grossa. 

— Amy, sério mesmo. O que veio fazer aqui? 

— Vim convidar você para sair um pouco. 

 — Estou ocupada. Tem algo acontecendo, mas ninguém sabe ao certo o que é. O estúdio está pedindo nossas linhas de códigos, esboços, desenhos, tudo. Enfim, algo não vai bem. Estou aproveitando que Aelin foi para o balé para tentar juntar tudo. 

— Ninguém disse nada sobre? Talvez estejam só guardando arquivos. 

— Não. É algo pior. Já vi isso acontecer antes. Quando... Jess passou por isso. É alguma acusação de plágio ou algo assim. 

— Você não fez nada de errado, então não tem motivos para ficar preocupada. 

— Amy, as primeiras cabeças a rolar se for algo grande, são a dos chefes. Por acaso, nesse projeto em específico, eu fui a ilustradora chefe. Mesmo que eu não tenha feito nada, por não ver o erro de um subordinado, sou tão errada quanto. Isso vai ser a merda de um escândalo. — Aperto minhas têmporas tentando me livrar do início de uma dor de cabeça. 

— Melhor avisar Song-ni sobre isso. — Minha irmã me encara preocupada. 

— Já fiz isso. Song-ni, a empresa, os advogados, todos já sabem. 

— E Yoongi? 

— Não. Ele já tem muito o que lidar lá dentro. Os minutos que temos são os melhores do dia. Já não são muitos, não vou despejar essa merda sobre ele. 

 — Tem sido difícil, não é? — Ela pergunta colocando a mão sobre a minha.

— Muito mais do que eu sequer pude imaginar.

A campainha toca. É o senhor Ming com os morangos de Aelin. Aproveito para entregar o cigarro, Amy parece entender que eu falava a verdade. Conversamos enquanto cuidava das frutas entregues. Porém recusei seu convite para sair. Estou cansada. Dormir sozinha não é o mesmo que dormir com Yoongi. Acabo pedindo comida para Aelin no jantar, não sinto fome alguma. Na hora de dormir, tentamos ligar para Yoongi, mas me lembro que hoje é quinta-feira, ele tem atendimento com o pessoal da psicologia.

Holly também sente falta dele. Meu cunhado apareceu no início da semana e raptou nosso bebê, dizendo que sentia falta de sua alegria canina, mas até ele reparou que Holly também sente falta de Yoongi. Aelin pergunta várias vezes ao dia sobre o pai. Quando podemos ir vê-lo? Quando ele volta? É complicado. E nem passamos o primeiro mês. Me arrumo para mais uma noite de sono picado e paranoia.

Acordo no meio da noite com meu telefone tocando. Meu medo é que seja algo errado com Yoongi. Felizmente, ou não, é Song-ni. 

A bomba estourou. — Ela diz como quem comenta sobre o dia. — Plágio. E adivinha qual o nome mais citado? 

— O meu. 

 — Vou esperar até às nove e publicar o comunicado oficial. Especificando que você está fornecendo todos os dados e trabalhando com a empresa e as autoridades para sanar todas as dúvidas. Pode ser? 

— Sim, Song-ni. Confio em você. 

 — Ok. Isso me dá liberdade para trabalhar. Vá dormir.

— Vou mesmo. Te envio uma cesta pela manhã.

Na manhã seguinte, meu telefone já estava desligado. O de emergência sobre a mesa para continuar resolvendo as coisas. Expliquei a situação à babá e cancelei a ida ao parque programada para Aelin. Felizmente, Lily é uma babá criativa e sempre consegue criar uma brincadeira divertida com a pequena.

— Mamãe! — Aelin vem correndo com o calendário que imprimi em mãos. — É dia de visitar o papai! Olha!

Aelin riscou vários dias além do necessário. Acabo rindo um pouco da situação. Me sento com ela no colo e explico que ainda faltam três dias. O que a deixa mais feliz. Porém, como tudo parece estar dando errado ultimamente, recebo uma ligação do meu advogado.

Precisamos que esteja aqui o mais rápido possível.

— Consigo algo para daqui quatro dias. — Digo pensando na visita à Yoongi.

Tem que ser antes. A situação não é nada boa.

— Me adiante a situação.

Um grande estúdio tem esboços semelhantes ao de vocês de uma personagem feminina. Não foi desenhado por você, mas estava sob sua supervisão. Como você é conhecida, o caso tomou proporção. O pessoal da defesa do estúdio quer te ver e checar o depoimento de todos. Principalmente o seu.

— Tem certeza que não posso fazer isso online? Estou com um compromisso pessoal muito importante marcado.

Você pode acabar sendo prejudicada com essa demora. Podem querer jogar toda a culpa em você.k

— Droga! Tudo bem, eu vou.

À noite, chega a hora de contar a Yoongi o que está acontecendo. Espero que ele entenda. Quando o vejo, sinto um frio na barriga. Sorrio, mas não recebo um sorriso de volta. Aelin conversa com ele por alguns minutos. Então chega minha vez.

— Estou sendo acusada de plágio. — Conto tudo o que houve. — Vou precisar ir até Los Angeles para esclarecer tudo. Eles me querem lá o mais rápido possível.

Eu soube. — Ele diz seriamente. — Foi um pouco estranho saber sobre essa história por terceiros. Por que não me contou?

— Você já tem muito com o que se preocupar por aí. Não parecia certo te preocupar ainda mais.

Mesmo que eu esteja longe, estamos nessa juntos até o fim. Está tudo bem você não vir dessa vez. Vá à Los Angeles, se defenda e volte para casa. Estarei te esperando. Sei que é inocente, então tudo vai acabar bem.

— Obrigada Yoonie. Conversei com seu pai mais cedo, ele disse que leva Aelin para te ver. Amy vai cuidar dela enquanto eu resolvo as coisas. Sempre que viajamos ela fica doente, então acho melhor que fique.

Isso seria ótimo. Sinto falta de vocês. Esses primeiros meses, em que as visitas são limitadas são terríveis. Mal posso esperar para flexibilizarem isso e o tempo de Internet.

— Alguma previsão?

Abril. Depois do casamento de Namjoon.

— Isso vai ser ótimo. Aelin pergunta por você várias vezes ao dia. Te ver aos finais de semana vai tornar mais fácil. Você está bem?

Sim. Está tudo bem. Nós vamos começar a fazer treinamentos com armas em breve. Joel me deu dicas, acho que vou me sair bem.

— Com certeza vai. Qualquer dúvida, ligue para ele. Tenho certeza de que ele te ajudará. Jin e Hobi também estão bem?

Sim. Jin já conseguiu algumas amizades e Hobi ainda está na fase inicial, então está um pouco sofrido. Jin descobriu um novo talento, então está bem feliz. Hobi não quis dizer nada, mas acho que Emma e ele brigaram. Ela não ligou nenhuma vez.

— Imagino o motivo, mas dessa vez não posso interferir. Emma tem que aprender a cuidar de si e do relacionamento que está construindo.

Entendo. — Ele suspira. — Preciso ir. Boa noite.

— Boa noite.

Te amo.

— Também te amo.

Ele desliga e eu continuo encarando a tela por alguns segundos. Aelin dormiu na cama de Holly. Acabo rindo um pouco com a cena, Holly não deixa que eu me aproxime de Aelin para levá-la para cama. Tive que apelar para o suborno com petisco para conseguir.

Expliquei toda a situação para Amy por telefone, que se ofereceu prontamente para cuidar de Aelin enquanto eu estiver fora. Arrumei minha mala com o básico. No momento, caminho pelo aeroporto de Incheon torcendo para não encontrar nenhum repórter. As roupas de inverno favorecem meu anonimato. Embarco no voo para Los Angeles com o coração apertado. Minha família nunca esteve tão separada. Yoongi no Exército, Aelin com Amy e eu do outro lado do mundo. Espero ter tudo sob controle em breve. Felizmente, o cansaço me atinge e consigo dormir por boa parte do tempo de voo. O aeroporto em Los Angeles está vazio. Pelo menos em partes. Sigo direto para o carro. Observando as ruas e o movimento dos primeiros raios solares. Nonna pediu para me ver antes de tudo, então estou a caminho do restaurante. Faço a batida secreta quando chego lá.

— Minha menina. — Ela me abraça. — Como está?

— Na verdade, bem. Sei que não sou culpada, então vou fazer o que tiver que ser feito e voltar para casa. Nina tem mil e um preparativos do casamento, tenho que voltar e ajudar minha amiga.

— Ela me liga dez vezes ao dia para pedir opiniões. — Ela sorri. — Nina é a mistura de seus pais em cada detalhe. Eu sinto falta dela, mas acredito que estaremos juntas quando for a hora. Enfim, pedi que viesse para lhe dar um abraço, dizer que vai ficar tudo bem. Agora vá, acabe com eles e volte para casa.

Nonna me abraça, me dá um doce e então se despede. Ela está voltando para a vinícola — mais uma vez — para ter certeza de que está tudo bem por lá.

Chego à empresa bem cedo, então não há um batalhão de repórteres famintos por fotos e entrevistas. Meu advogado chega logo depois. A sala de reuniões está cheia, todo o pessoal envolvido no processo foi chamado. E na cadeira da ponta, lá está o diretor geral.

— Como sabem, temos problemas com plágio em dois campos diferentes. — O diretor começa. — Trilha sonora e personagens. Pedimos que enviassem seus esboços e arquivos para investigar de onde veio e quem sabia dos erros dos colegas. Nossa investigação interna determinou que os senhores Garden e Paulson trabalharam juntos na mixagem, a linha que nos acusam de plágio é comum em várias músicas, portanto, temos maior chance de ganhar.

Parte do pessoal comemora, o que significa que o restante pertence à minha equipe. Me sinto tensa. 

— Quanto aos personagens. — O diretor retoma. — A senhora May liderou o projeto, pelo que foi averiguado na documentação que enviou, com mão de ferro. Porém, também auxiliou todos que lhe pediram ajuda. Senhora May, não estranhou que o senhor Clapton não tenha pedido ajuda ou extensão de prazo nenhuma vez?

— Não. No meu período trabalhando aqui, nunca pedi extensão. Então não me pareceu estranho. Quanto à pedir ajuda, não era uma tarefa difícil. Criar dois personagens terciários. A riqueza de detalhes era mínima, a complexidade também, cada um da equipe recebeu dois desses. Ninguém apresentou dificuldades mesmo quando questionei.

— Acredita que o senhor Clapton não a tenha procurado por vergonha? — O diretor pergunta.

— Não havia motivos para isso. Eu nunca exponho a dificuldade de alguém da equipe, muito menos as ridicularizo. Os e-mails são a prova disso.

— Senhor Clapton. Se teve dificuldades com o desenvolvimento, por que não procurou ajuda? — O diretor se dirige à um garoto de cabelos escuros sentado no canto.

— Eu não queria ser conhecido como o idiota que não sabe criar personagens. — O rapaz se pronuncia.

— Não deu muito certo, pelo que podemos ver. — Um rapaz da mixagem responde.

— Por que não procurou a ajuda da sua chefe? — O diretor insiste.

— Ela é uma lenda. A perfeita Ella May. — Clapton diz me encarando. — Todos sabem que ela foi a melhor estagiária. Chefiou um departamento. Se casou com um músico famoso. Achei que ela ia me achar um idiota também.

— Clapton, você tem duas opções. — O diretor afirma. — Culpar Ella May em um tribunal e torcer para gostarem de você ou assumir seu erro e torcer que te perdoem por roubar a ideia da concorrência. Logo da concorrência! Céus, se fosse pelo menos do nosso estúdio.

— Se eu culpá-la, ainda serei demitido? — O garoto pergunta.

— Não, mas ela será. — O diretor afirma.

— Certo. É tudo culpa de Ella May. Me senti intimidado por ela e não procurei ajuda por medo de ser ridicularizado ou hostilizado. — Clapton afirma.

— Senhor Davis Clapton, está demitido. — O diretor anuncia. — O senhor deve aprender a ser leal à sua equipe. No momento em que Ella soube do problema, prontamente se responsabilizou por qualquer erro de toda a equipe e pediu que apenas ela sofresse qualquer punição, visto que era quem chefiava a produção. Mesmo não sendo culpada, ela ia assumir seu erro, senhor Clapton. Se não tem a decência de fazer o mesmo por um colega, não está pronto para trabalhar conosco. Pode pegar suas coisas e ir embora.

Todos encaram o diretor. Já vi isso acontecer, então imaginava que fosse ser usado outra vez. Ainda mais comigo. Só fiz o que achei certo. Os demais são dispensados, restando apenas os funcionários que chefiaram o projeto. Somos orientados por advogados da empresa sobre o que dizer ou não no depoimento. Isso leva toda a tarde. Quando chego ao hotel, estou exausta. Mesmo assim ligo para Aelin, para checar como estão as coisas. Quase adormeço no meio da ligação.

Na manhã seguinte, espero que Yoongi ligue, mas isso não acontece. Sigo para os depoimentos. Quase consigo ver Jess nesses momentos. O que ela passou sendo acusada injustamente. Ao contrário de Clapton, ela era inocente e ainda assim, passou por toda aquela situação. Dois advogados de acusação e dois de defesa, uma manhã inteira de questionamentos. À tarde, já estava saturada. Cansada de toda essa confusão, só queria uma cama, mas o que ganhei foi enjoos. Passei o dia enjoada, provavelmente porque estou muito nervosa com tudo o que está havendo no momento.

Ainda me mantiveram na cidade por mais dois dias. Sinto falta de Aelin. Nesse meio tempo, visitei a vinícola, jantei com alguns amigos e continuei enjoada. Será gastrite?

As empresas entraram em acordo. Não haverá julgamento. — Meu advogado diz por telefone.

— Posso voltar para casa?

Sim. Está tudo sob controle agora.

Eu já estava no próximo voo para Seul. Dormindo, para variar. Tentando domar o jet leg antes mesmo de chegar em casa. Fui direto para casa de Amy. Minha filha consegue ser fofa até usando conchinhas no cabelo. Aparentemente, eu interrompi uma sessão de fotos da nova modelo da Dragonfly.

— Como foi? — Amy pergunta.

— Uma grande perda de tempo. Demitiram o garoto, eu me livrei e o contrato permanece. Faltam dois jogos.

— Um jogo. Logo você vai terminar o que está produzindo e faltará só um. Para onde vai depois que se livrar dessa situação?

— Acho que lugar nenhum. — Suspiro. — Com a volta de Yoongi e a ida para a escola de Aelin, e talvez nós tenhamos outro bebê... Acho que quando meu contrato encerrar, vou ter outras prioridades. A vinícola vai bem, o Nonna's também, meus investimentos estão ok. Talvez eu dê alguma consultoria, mas vou tirar um tempo para cuidar dos meus amores. — Digo fazendo um carinho nos cabelos de uma Aelin adormecida.

— Parece um bom plano. Quem diria que minha irmã largaria o trabalho para cuidar da família.

— Isso nunca tinha passado pela minha cabeça antes, mas depois do que houve nas férias de inverno. Deitada naquela neve, tudo pareceu claro. Minhas prioridades já não são as mesmas daquela Ella que se mudou para Londres.

— Isso é bom. Espero que dê tudo certo. Quer dormir aqui? Está tarde para ir.

— Tudo bem. E Jungkook?

— Está visitando os pais. Eles o chamaram para um tipo de reunião. Ele estava otimista, esperando que eles pudessem voltar atrás e aceitar as decisões que ele toma.

— Vai dar tudo certo. Jungkook já sabe o que quer e vai saber te defender dessa vez.

— Para o bem dele, é melhor que sim.

Yoongi não ligou. Nem para Aelin ou para mim. Algo parece errado, mas não sei dizer se é coisa da minha cabeça ou não. Os enjoos estão ficando frequentes, então resolvi marcar uma consulta.

O tempo pode passar muito devagar ou extremamente rápido. Nos últimos dias, trabalhei bastante para finalizar o penúltimo jogo do meu contrato. Yoongi ligou duas vezes nesses dias. Ele parece cansado. Disse que começarão os treinamentos com armas em breve. Jin e ele estão lidando bem com o treinamento como um todo. Hobi foi após seu aniversário, ele pediu para trocar com Jimin e Tae. O que foi um pouco estranho, mas ninguém disse mais nada.

É aniversário de Yoongi, o primeiro que passamos separados depois de estarmos juntos. Preferi não contar à Aelin até estar quase na hora de fazermos a chamada de vídeo. Nem sempre ele consegue atender, alguns dias nesse treinamento inicial tem sido muito difíceis para ele. Espero que esteja se cuidando direito, pelo menos ele segue tendo tratamento psicológico lá dentro. Garanti que o Doutor Oh trabalhasse em equipe com o psicólogo do Exército. Já que apesar da grande melhora, ainda há alguns pontos para acertar.

Passei parte do dia nas redes sociais vendo as postagens do Army para a data. Cada retweet que dou é um surto por parte de quem fez. Entro na onda e posto um mini vídeo com fotos fofas de Yoongi que guardei ao longo do tempo em que estamos juntos. O dia tem certa melancolia. Ter que esperar a noite chegar para ligar pode ser bem chato às vezes.

Hey! — Yoongi cumprimenta quando abrimos a chamada.

Algo não parece certo. Definitivamente não está tudo bem com ele. Toda sua postura é estranha.

— Papai! Eu fiz um desenho. É seu! De aniversário. — Aelin mostra pela tela.

Ficou muito bonito, filha. Obrigado. E você? Não vai me dizer nada?

— Primeiro os ansiosos. — Digo rindo, Aelin logo sai para brincar com Holly. — Parabéns amor, é uma pena não estarmos juntos esse ano e... — Ele se remexe e eu noto uma mancha circular escura em seu pescoço, tiro vários prints para analisar depois.

E? — Ele pergunta.

— Ano que vem faremos algo bem legal, para compensar. — Completo com a primeira coisa que consigo pensar.

Com certeza. — Noto o desconforto dele, algo está errado. — Meus pais estão ligando, tenho que ir.

— Certo. Feliz aniversário, te amo.

Também te amo. — E lá está o desconforto mais uma vez, tiro mais prints até a chamada desconectar.

Algo está muito errado, muito mesmo. Preciso descobrir o que é, e rápido. Ligo para a única que saberá como me ajudar sem causar estardalhaço.

— Nina, preciso de ajuda. — Peço assim que ela atende.

Estou subindo. — Ela responde e desliga.

Cinco minutos depois, ela está na minha porta. A cumprimento, então Aelin aparece com os olhinhos cansados de sono. Nina me ajuda a colocá-la na cama. Meia hora depois estamos na sala, Nina observa as fotos com cuidado.

— Parece muito um chupão ou um tiro de bala de borracha. Pode ter se ferido em um treinamento. — Ela especula.

— Por que ele esconderia?

— Para não te preocupar. Ella, eu realmente acho que você só está insegura. Yoongi te ama. — Ela segura minha mão.

— Será? — Mostro os últimos prints. — Quando eu disse, te amo, ele fez essa cara. Nina, é bom que ele não esteja se pegando com outra pessoa por lá.

— Para a segurança física dele, é melhor mesmo. — Ela diz, em seguida me abraça.

— E se ele tiver? E se ele não me ama? Talvez o que houve com ele o tenha quebrado para sempre. O que eu faço, Nina? Pergunto diretamente para ele? Ou talvez eu deva investigar melhor...

— Ei, calma. De todos, você sempre foi a estrategista, não vai falhar agora. Respira comigo. — Ela faz exercícios de respiração comigo por um tempo.

— Acho que vou dormir e pensar nisso amanhã. Obrigada, Nina.

— Não por isso, meu bem.

Na manhã seguinte recebo uma ligação um tanto inusitada. O que aumenta mais um pouco minha preocupação.

Bom dia, o doutor Oh solicita sua presença no consultório assim que possível. Podemos agendar um horário? — A secretária é direta.

— Claro.

A senhora tem disponibilidade para hoje às 18:00?

— Estarei lá.

Chego alguns minutos adiantada no consultório. Estava ansiosa pelo que o médico tem a dizer. Logo ele aparece com seu sorriso de sempre.

— Ella, bom te ver. Como você está? — Doutor Oh me guia para o consultório.

— Um pouco enjoada, deve ser algo que comi. Enfim, não é comum que o senhor peça que eu venha. Algo errado?

— Receio que sim. Yoongi tem tido as consultas com profissional designado pelo Exército, disponibilizei todo o histórico para que não tivesse que começar o tratamento do zero por lá. Alguns questionamentos me foram enviados, temo não terem fornecido ao seu esposo, um profissional experiente. Veja, — ele me mostra um papel, com um carimbo médico — o número de registro é muito recente.

— Quer dizer que colocaram um recém formado para cuidar do meu esposo? — Pergunto indignada.

— Choi YunHee, formada há pouco mais de dois anos em psicologia. — Ele vira a tela do computador. — Estudou em Princeton, mas não encontrei muitas informações dela à respeito. Questionei o Exército e disseram que ela é competente, imagino que seja para outros casos.

— O que posso fazer à respeito? — Pergunto já sentindo meu estômago mais enjoado ainda.

— Por enquanto, apenas o observe. Yoongi já não tem problemas em tocá-la, ser tocado por você também está mais fácil. Observe as ações dele, demonstrações de afeto, qualquer mudança que notar, me comunique.

— Nesse caso, acho que já tenho o que contar. — Relato o ocorrido em seu aniversário, minhas desconfianças, até mostro os prints.

O doutor pede que eu lhe envie as fotos, ele parece genuinamente preocupado com Yoongi. Bom saber que não sou a única. Ainda tenho outra coisa para fazer, descobrir tudo sobre essa Choi YunHee. Por conta do antigo problema com o governo coreano, vou pedir que outro faça meu trabalho, não posso correr riscos no momento. Saio do consultório direto para casa, ainda preocupada com tudo que ouvi.

— Aelin dormiu cedo, nós estávamos assistindo desenhos e ela simplesmente apagou. — Nina diz assim que me vê.

— Ela tem dias assim. Obrigada por tomar conta dela. — Digo lhe abraçando.

— O que houve no consultório? — Ela segura minha mão.

— Talvez o verdadeiro inferno na Terra comece, mas não para mim. — Conto de maneira resumida o que houve.

— Precisamos de ajuda. Já pensou em alguém? — Nina pergunta enquanto me entrega uma água.

— Song-ni. Ela deve conhecer gente confiável. — Digo já procurando seu nome na agenda.

Ella? Qual o incêndio? — Song-ni já atende alerta.

— Preciso de um detetive que seja capaz de encontrar um alfinete em um caminhão de agulhas, com sigilo absoluto.

Tenho a pessoa certa para o trabalho. Algo que eu precise saber?

Conto os detalhes para que ela tenha ciência de que preciso de sigilo absoluto. Ela me envia não apenas o contato do detetive, como já conversa com ele, intermediando nosso contato.

Nina volta para o dormitório quando Namjoon avisa que chegou. Dou uma última volta pela casa, garantindo que está tudo em ordem. Algo está errado, percebo ao tentar descer as escadas. Me sinto tonta, olhar para os degraus também não parece nada bom. Quando penso em me sentar e esperar que o mal estar passe, tudo fica escuro.

Acordo no hospital. A janela deixa claro que já é manhã. Não faço ideia do que aconteceu e o que estou fazendo aqui. Felizmente, uma enfermeira aparece seguida por um médico. Jimin e Tae aparecem enquanto me examinam.

— A senhora caiu na escada. Tem algumas escoriações, mas nada grave. Seu bebê também está bem. — O médico diz observando seu tablet.

— Be-bebê? — Pergunto confusa.

— A senhora não sabia? Está esperando um bebê. Aproximadamente oito ou nove semanas.

— Ah meu Deus. — Sinto meus olhos lacrimejarem. — Doutor, eu tenho um quadro de envenenamento. O bebê não está seguro, preciso ver o médico que me atendia.

— Vou checar. — O médico sai.

— Ei. — Tae segura minha mão. — É uma boa notícia. Um bebê é sempre uma boa notícia.

— É sim. Não se preocupe. — Jimin afirma sorrindo. — Tenho certeza de que Aelin será uma boa irmã mais velha.

— Onde está Aelin? — Pergunto preocupada.

— Com a babá. — Jimin responde. — Aelin acredita que te encontrou dormindo na escada pela e ligou para seu pai para contar. Ele ligou para mim, porque Amy não está na cidade.

— Ah meu Deus.

— Calma, vai dar tudo certo agora. — Tae me conforta. — Tanto que Jimin e eu nem fomos mandados para o Exército em fevereiro. Para estarmos aqui com você nesse momento. Vê? Tudo dá certo quando tem que ser.

— Vocês podem manter segredo até que eu consiga pensar em tudo? Preciso falar com Yoongi primeiro. — Peço.

— Claro. Não vamos contar a ninguém. — Jimin afirma.

— Obrigada. Vou contar à ele durante a semana para o casamento. Eles chegam no domingo.

— Será uma boa notícia. — Jimin afirma sorridente.

O médico que me atendia anteriormente sobre o envenenamento foi chamado. Pediu uma bateria de exames. Tae e Jimin ficaram ao meu lado durante todo o tempo. Quando os exames ficaram prontos, o médico retornou com uma cara nada boa.

— Ella, esse bebê não tem muitas chances. Você sabe que não sou de dar voltas. Minha sugestão é que você volte ao seu país e faça o procedimento. Ele está fadado à morte de qualquer forma. — As palavras do médico são duras.

— Onde você cursou medicina não te ensinaram a ser gente? — Tae pergunta indignado. — Tenha respeito e cuidado. É uma mulher em um estado já difícil. Devíamos prestar queixa do seu comportamento.

— Estou apenas sendo prático. — O médico se defende.

— Ninguém te pediu para ser prático. Você deve ser mais humano. Gentileza não é crime, mas ser um babaca deveria ser. — Jimin afirma.

— Não farei nenhum procedimento. É meu filho e tudo que puder fazer para mantê-lo, farei. — Afirmo. — O senhor pode ir.

O médico sai e logo Jimin e Tae se revezam em me dar apoio. Recebo de bom grado a notícia de que vou receber alta hoje mesmo. O que é ótimo. Quando chego em casa já quase anoitecendo, Aelin me recebe com um sorriso e um desenho. Minha menina é fantástica. Observo a pequena dormir quando a noite cai. Yoongi avisou que está ocupado, então não teremos chamadas hoje. Como ele irá reagir ao saber sobre o bebê? Um pensamento negativo passa por minha cabeça. Será que esse bebê vai sobreviver? O que faço? Resolvo ligar para a única pessoa que entenderia meu dilema.

— Mãe... — Digo assim que ela atende.

O que houve, meu bebê?

Seguro o choro. Tenho que me manter calma até o fim.

— Preciso de um conselho, mas para isso vou ter que te fazer reviver uma parte ruim da sua vida.

Imagino que seja grave, você só recorre a mim em casos sérios. Tudo bem. Porque seja o que for, farei por você.

— Depois que você soube que estava grávida do terceiro filho... Se alguém tivesse te contado como tudo terminaria, você ainda assim levaria a gestação adiante?

Ela fica em silêncio por alguns segundos. A ouço suspirar do outro lado da linha.

Eu viveria cada segundo. Não me arrependo do tempo com meu bebê. Mesmo quando o médico me disse que não havia mais solução, eu esperei por um milagre. Demorou mais de vinte anos, mas Deus me deu três meninos, meus filhos não de sangue, mas de amor.

— Mãe, eu...

Eu sei, querida. Faça o que seu coração mandar, mas lembre-se que se sua vida estiver em risco, pode ser que você tenha que fazer uma escolha. Seja forte e conte comigo sempre.

— Obrigada, mãe.

Não por isso. Te amo. 

— Também te amo.


Notas Finais


Como estamos?
Muitas questões e emoções também. O que acham? O que está por vir?
Obrigada por ler! 💜


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...