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História Apenas um dia, uma noite. - Vou lutar


Escrita por: ArmyTiaDosGatos

Capítulo 79 - Vou lutar


Yoongi

Solteira?  

Ella May foi vista na companhia da filha Aelin e do rapper Eminem em um jogo de hockey no Canadá. Na ocasião, a criança pode ser vista com abafadores e pareceu aproveitar o jogo tanto quanto sua mãe. Pessoas em lugares próximos afirmaram ouvir a garotinha se referir ao rapper como Tio Marshall.

Desde a última primavera, Min Yoongi, mais conhecido como Suga, integrante da mundialmente famosa banda BTS, está cumprindo seu tempo de serviço militar obrigatório bem como os demais integrantes do sexteto. Desde então, sua esposa e filha têm vivido em Los Angeles. Resta saber se Ella está trocando um rapper por outro.


Minha vontade é jogar o telefone na parede, mas se eu fizer isso não vou poder ligar para Aelin. Observo as fotos da reportagem, Ella parece magra e um pouco sombria com a volta dos cabelos pretos. Aelin ainda mais perfeita. Marshall apenas presta atenção no jogo. Será que eles estão juntos? Envio uma mensagem para meu pai pedindo que adiante as coisas. Preciso saber exatamente o que está acontecendo com Ella naquela cidade.

No final de semana, meu pai aparece com uma pasta grossa cheia de fotos e papéis. Nos sentamos longe dos demais. Encaro por alguns minutos sem coragem para abrir.

— O senhor leu? — Pergunto tentando criar coragem.

— Cada palavra. Do que tem medo? — Ele coloca a mão sobre meu ombro dando um pequeno afago.

— A lista é extensa. — Solto um riso soprado sem humor.

— Vá em frente, eu tenho todo tempo do mundo.

— Tenho medo de que ela esteja melhor sem mim, que não me ame mais. Que tenha seguido em frente com outra pessoa. Ou simplesmente que eu a tenha quebrado com minhas atitudes imbecis a ponto de não ter mais solução. — Cada palavra me dói mais ainda.

— Você a fez sofrer. Ninguém entende o porquê, acho que nem mesmo você entende o motivo de ter beijado aquela mulher, se afastado de Ella, sido um idiota completo. — O encaro ofendido por ser chamado de idiota. — O que? Você sabe que foi um idiota, não vou passar a mão na sua cabeça. Enfim, vou te contar o que está dentro dessa pasta. Ella trabalha todos os dias em horário normal, ela troca de assistente constantemente e o setor dirigido por ela lhe deu o apelido de Dama de Ferro. — Ele estende uma foto dela sentada atrás de uma mesa ao longe — Não há muitas fotos dela sorrindo, apenas quando está com Aelin. — Uma foto das duas andando pela praia é colocada à minha frente. — As duas fazem quase tudo juntas, mas duas vezes por semana Ella sai do trabalho, volta para casa e sai novamente. Chegando bem tarde. — A vejo saindo do carro e uma clínica ao fundo. — O detetive subornou uma das antigas assistentes, uma tal Clary, e conseguiu algumas informações sobre, a clínica possui sigilo absoluto, mas a garota disse que o compromisso é marcado na agenda pessoal dela com dois nomes, médicos. Um é especialista em terapia voltada para perda e luto. — Vejo uma foto dos médicos juntos. — O outro é classificado como especialista em terapias experimentais. Ele já trabalhou com o governo americano, aparentemente com os militares. Desconfio que Ella esteja lidando com a perda do bebê e sua traição naquele lugar, mas também com o veneno.

Levo um tempo para assimilar tudo o que me foi dito. Observo as fotos com calma.

— Sobre relacionamentos? Algo para me contar? — Pergunto ao reunir toda minha coragem.

— O detetive e sua equipe tinham quatro suspeitos, nenhum se confirmou. Marshall que deve ser sua maior preocupação, tem seu próprio relacionamento, estável e feliz. O tal doutor Ethan, que você deu aquele ataque de ciúmes ridículo quando Ella se machucou, também tem um relacionamento estável, a esposa dele liga para a sua esporadicamente. Um funcionário do restaurante e um da vinícola também descartados. O do restaurante, Guido, é tratado como um irmão mais novo e o da vinícola, que parece se chamar Josh, estava sendo ajudado por ela, algo sobre uma bolsa de estudos para uma escola chique sobre fabricação de vinhos.

— O que eu vou fazer quando sair daqui? — Pergunto ao meu pai, totalmente sem rumo.

— Você tem duas opções, deixar que ela viva a própria vida sozinha ou conversar, se explicar e torcer para que ela volte a confiar em você. Vocês ainda se amam, isso é óbvio. Porém amor não é tudo em um casamento, respeito e confiança são imprescindíveis. Ainda é outubro, você tem um tempo para pensar.

— Eu quero tentar.

— Era o que eu queria ouvir. Para tentar, você vai ter que explicar para ela o que houve naquela noite horrível. Não pense que vai ser fácil, porque não vai mesmo. Vocês têm uma filha juntos, então pelo menos a amizade tem que ser mantida.

— Cada ligação para casa é uma facada em meu peito. Apesar de Aelin parecer comigo fisicamente, o modo como ela se senta, a postura, os olhos afiados, em muitos momentos eu vejo os traços de Ella, a personalidade, a bondade.

— Aelin é um misto dos dois. Você vê as características de Ella na minha neta. Ella vê características suas na pequena. A verdade é que Aelin é uma mistura de ambos. Filho, você precisa conversar com a sua mãe. — Reviro os olhos para o pedido.

— Não tenho nada para falar com ela. Eu pedi que não interferisse na minha vida e em meu casamento com Ella, mas minha mãe parece não entender isso.

— Tudo bem, mas saiba que seu irmão deve acabar trazendo ela quando você sair.

Reviro os olhos em puro desgosto. Minha mãe fez as coisas mais absurdas nos últimos meses. A noção dela é zero. Tudo começou na semana que Ella foi embora.

YunHee desapareceu por toda a semana. Isso não me impediu de registrar a queixa contra ela. Fui dispensado das consultas imediatamente até tudo ser resolvido. Na sexta-feira ela me procurou.

— Você é louco? — Ela estava nervosa.

— Você é. Olha a merda que você fez com a minha vida. Desgraçada! Espero que você você morra sozinha e que nunca encontre a felicidade.

— Não. Você me ama. Até me deu esse anel. — Ela estendeu a mão.

— Nunca vi essa merda antes. — Observei atentamente. — Onde você conseguiu esse anel? — Perguntei irritado.

— Você mandou entregar na minha casa essa semana.

— Não mandei porra nenhuma!

— Sua mãe foi até minha casa e disse que você havia me enviado esse presente.

— Aquela lá é outra louca. Se afaste de mim!

— Você me denunciou. Não devia ter feito isso. Corro o risco de perder meu emprego.

— Que perca! Espero que assim você aprenda a não se aproveitar das pessoas. E fique longe de mim, caso contrário vou processá-la.

Àquela altura já tinha acesso ilimitado à Internet, mas já não tinha com quem conversar. Porém, assim que tive tempo liguei para minha mãe.

— Yoongi. Que bom que ligou! Precisava mesmo falar com você. Achei um bom advogado, ele pode cuidar do divórcio para você. Ele disse que consegue até mesmo a guarda da menina. Não preciso dizer que estou surpresa por aquela esquisita ter te abandonado, mas não se preocupe, YunHee é muito mais adequada para você.

— Liguei para te perguntar quem te deu autorização para entrar na minha casa e roubar um dos anéis da minha esposa, mas você é tão sem noção que deve ter pensado nisso sozinha. Vou proibir sua entrada no condomínio. Eu não vou me divorciar de Ella e mesmo se fizesse, Aelin ficaria com a mãe. Eu errei e devo pagar por isso. Pode criar quantos planos quiser, com qualquer mulher, não vai adiantar. A única que amo é Ella, se não for ela não é mais ninguém. Principalmente uma mulher aprovada por você.

— Min Yoongi! Como ousa...

— Como você ousa achar que pode tomar qualquer decisão sobre minha vida?

— Eu sou sua mãe. Sei o que é melhor para você.

— Sabe quando você também disse isso? Quando me expulsou de casa por não querer largar a música. Então, dispenso esse seu discurso.

Foi a última vez que conversei com minha mãe. Mais dois meses e vou poder sair.

Nos últimos meses minha amizade com Jin e Hobi se tornaram meu ponto de apoio mais importante. Não conseguiria lidar com tudo isso sem eles. Chanyeol e Baekhyun se juntam a nós às vezes, mas o maior sempre me encara como se quisesse dizer algo. Só não sei o que pode ser.

Hoje é a última vez que dormirei nessa cama desconfortável. O ano passou arrastando. Meu plano desde o dia que entrei nesse lugar permanece o mesmo. Sair, resolver tudo o que tiver da empresa e então cuidar de Ella e Aelin. Ao amanhecer, me levanto tão disposto quanto possível. Pego minhas malas e sigo para o setor administrativo. Ao sair encontro meus pai e meu irmão, com Holly a tiracolo, me esperando sorridentes. E infelizmente, minha mãe. Abraço meu pai e meu irmão, brinco com Holly e só então um aperto de mão à minha mãe, ainda não a perdoei por certas atitudes sobre Ella, YunHee e divulgar sobre minha vida pessoal.

— É assim que eu sou tratada agora? Pelo meu próprio filho. — Minha mãe parece indignada, não ligo.

— Você fez por merecer, aguente as consequências. — Meu pai rebate. — Vai passar uns dias de folga?

— Não. Eu tenho uma reunião amanhã na empresa. Para que me atualizem sobre o que for necessário. Quero cumprir o que foi combinado para voltar a tempo para o Natal. — Respondo prontamente.

— Certo. Vamos te acompanhar até sua casa, pelo menos isso. — Meu irmão diz colocando a mão em meu ombro.

O caminho é preenchido sobre conversas sobre meus dias em serviço, novidades familiares e Holly exigindo carinho da minha parte.

Eles não ficam muito tempo. Me sinto tão cansado que ainda não saí do sofá. À tarde a porta da entrada se abre. Ella estava certa, trocar a senha a cada três meses sempre vai ser uma boa ideia. Jimin aparece alguns minutos depois com seu sorriso habitual.

— Como você está aqui?

— Fomos todos liberados em hoje. — Ele justifica. — Aparentemente, não nos ter circulando pelo país reduziu o turismo e todo o resto.

— Parece justo. Como foi seu tempo de serviço?

— Interessante. Um pouco cansativo também. E o seu?

— Uma merda. Minha cabeça sempre voltava para Ella e Aelin.

— É estranho, não é? — Jimin comenta me entregando uma cerveja.

Agora entendi porque ele foi até a cozinha antes de entrar. Deixar as cervejas que deve ter trazido.

— O que?

— Parece que a qualquer momento Ella vai passar pela porta de entrada segurando sacolas em uma mão enquanto carrega Aelin adormecida babando em seu ombro. — Ele aponta para a porta usando a garrafa. — A casa não mudou nada fisicamente.

— Sinto falta dos morangos. — Comento saudosista.

— Morangos? Achei que fosse fã de tangerinas.

— Aelin é apaixonada por morangos, sempre que abria a geladeira, haviam muitas frutas. Algumas até cortadas, esperando por ela. Agora não deve ter nada. Ella manteve o contrato com a empresa de limpeza. Alguém vem uma vez por semana e limpa tudo, por isso parece que nada mudou. — Explico.

— Isso é tão estranho. — O encaro confuso. — Mesmo tão distante, ela cuida de você, de todos nós na verdade.

— Como assim?

— O dormitório estava limpo quando voltei. Jin hyung disse o mesmo sobre seu apartamento. Aqui nem se fala. O curioso foram os bolos. — Ele diz, mas continuo confuso. — Havia bolo na geladeira, do meu sabor favorito. Pequeno, fofo, com um cartão com a letra dela. "Bem vindo de volta". Nosso hyung também recebeu.

— Eu não recebi nada... — Digo cabisbaixo.

— Como não? Você acha que as suas cervejas favoritas apareceram na geladeira por mágica? As tangerinas? Tem sabonete líquido e toalhas limpas no lavabo. A não ser que você me diga que fez tudo isso...

Por um segundo, não sei do que ele está falando. Porém, eu não saí da sala desde que cheguei. Achei que a cerveja tivesse vindo com Jimin.

— Ella...

— Vamos checar tudo! — Jimin fica de pé e passa a observar tudo.

Encontramos carnes porcionadas no congelador, mantimentos básicos nos armários datados do começo da semana, produtos de higiene e limpeza prontos para uso. A roupa de cama limpa no quarto que usávamos. Resolvi por fim checar o estúdio. É o único lugar intocado, exceto... Caio de joelhos sobre a porta. Há desenhos de Aelin, como ela sempre fazia. É impossível não chorar.

— Ei. Calma. — Jimin abraça meus ombros. — Não chora assim. O que houve?

Ergo os desenhos para que ele veja. Só então reparo em um deles. Totalmente estranho.

— O que você acha que pode ser isso? — Entrego o desenho para Jimin.

— Ella ficou muito mal pouco depois que você foi para o exército. Ela sentia tonturas, tremores e passou a ter desmaios. Nessa ocasião em específico, — ele aponta para o desenho — Aelin encontrou a mãe caída na escada. Felizmente, sua filha é um gênio e usou o tablet para ligar para Joel. Ela achou estranho que Ella estivesse "dormindo" na escada e resolveu contar para o avô.

— Não posso acreditar...

— Joel ligou para Amy, que ligou para mim, porque ela estava viajando. Encontrei Ella caída na escada. A babá de Aelin chegou e ficou com ela enquanto Tae e eu fomos para o hospital seguindo a ambulância. Descobri a gravidez dela naquele dia. Ela tinha olhos assustados e parecia mais preocupada do que feliz. Disse que ia te contar depois do casamento de Namjoon hyung.

— Droga.

Volto a observar os desenhos. Aelin os fazia como uma forma de contar como foi o dia dela.

— Aelin colocava os desenhos debaixo da porta para que eu os visse quando chegasse em casa.

— Isso não é aqui. — Ele mostra um desenho. — Ella te enviou os desenhos. Pode ser a vinícola, mas não tenho certeza.

— Olhe esse. — Lhe mostro um outro papel. — Parece um churrasco.

— Oh! Os churrascos dela são incríveis. Jungkook e Amy me convidaram para jantar com eles, você vai?

— Amy ainda não quer ver minha cara. Aparentemente, Ella não voltou desde que foi embora e quase não liga. Pelo menos foi o que meu pai conseguiu descobrir.

— Nesse caso, Amy e Emma não devem querer ver você tão cedo.

— Achei que você também estivesse bravo comigo.

— Ella conversou conosco na época e eu entendi. Independente do que houve, toda essa história só diz respeito aos dois. Nós somos treze, mas nosso número inicial é sempre o mesmo, sete. É triste ver ambos assim, mas só vocês podem resolver isso. Continuarei amando os dois.

— Obrigado, Jimin.

— Não por isso. — Ele sorri. — Amanhã vamos nos encontrar na reunião. Quer carona até a empresa?

— Não. Vou passar em um lugar antes.

— Certo.

Voltamos para a sala e logo a campainha toca. Jimin faz a gentileza de abrir. Hobi aparece com um bolo.

— Achei que estivesse sozinho, então vim dividir um bolo com você. — Ele diz com o sorriso habitual.

— Ella também te enviou um bolo? — Pergunto descrente.

— Não. — O encaro. — Sim. — Ele se corrige. — Tudo bem?

— Sim. Eu recebi desenhos de Aelin. — Tento sorrir.

— Mal posso esperar para vê-la. Ela deve ter crescido tanto. — Hobi diz com um sorriso amplo.

— Realmente. — Jimin concorda.

Bebemos algumas cervejas e preparamos um jantar rápido. Por volta das onze, os dois vão dormir e eu fico mais uma vez sozinho no apartamento.

A ideia de estar na mesma sala que os demais me deixa nervoso. Por isso, me programo para ser o último a chegar. Quando abro a porta, já estão todos lá, além de Kang Song-ni e alguns outros membros da equipe. Me sento em silêncio.

— Bem na hora. — Kang diz.

— Existe uma questão pessoal entre vocês e temos que resolver isso antes de continuar. — Byun diz encarando todos. — Para dar o pontapé inicial vou perguntar. Existe alguém que se recusa a trabalhar com outro dessa sala?

Felizmente ninguém se manifesta. Seria mais difícil se tivéssemos que partir desse ponto.

— Chegou um pouco atrasado nessa, Byun. — Namjoon afirma. — Ella ligou para cada um em um momento desse ano e explicou toda a situação. Está tudo bem entre todos nós. Certo, pessoal? — Ele encara todos.

— Certo. — A resposta é unânime.

— O que eu realmente quero saber é se podemos ter uma pausa pelo menos até o ano novo. — Namjoon afirma.

— Vai depender unicamente de vocês. — Kang afirma. — Podemos deixar apresentações gravadas para as festas de fim de ano. Com essa opção vocês estariam liberados no dia 23.

— Preciso que seja dia 22. — É a primeira vez que digo algo. — Tenho um voo para pegar na noite do dia 22.

— Ok. Podemos dar um jeito de enviar você para um voo direto para o Canadá no dia 22. — Song-ni afirma.

Eu planejava ir para Los Angeles, mas percebo a dica de Song-ni. Isso é ótimo.

— Certo. Alguém tem composições novas? — Byun pergunta.

Surpreendentemente todos erguem a mão. Tenho composições para o grupo e também solo.

— Isso é ótimo! Vamos dar uma olhada. Tiramos essas semanas para resolver o esboço do novo álbum. Faremos as gravações do especial no dia 22, sem coreografias. Um tipo de versão acústica mais tranquila. Alguma objeção? — Ninguém se manifesta. — Ótimo.

Durante duas semanas e meia devo ter dormido duas horas por noite. Exausto, porém adiantei todo meu trabalho. Seja lá o que Ella conversou com os caras, resolveu boa parte do problema. No dia 20 já conseguimos sentar e conversar de forma civilizada, sem farpas ou indiretas (vindas de Taehyung e Jungkook).

— O único com cabelo decente por aqui é Namjoon. — Jin comenta.

Ele apenas ri. Namjoon pegou uma versão flexibilizada por conta do quadro clínico de Nina, somado à gravidez e ausência de parentes próximos já que eles se recusam ceder um visto para Nonna. Quando Autumn nasceu, eles o dispensaram de vez e permitiram que Nonna viesse por mais três meses. Felizmente, a família de Namjoon também foi de grande ajuda para ela nessa época.

— Vão nos fazer usar perucas ou chapéus? — Hobi pergunta.

— O que nós escolhermos. — Jin afirma. — Os figurinistas que resolvam.

— Quero ter certeza de que o Army saiba que estou bem, então não vou usar nada. — Tae afirma.

No final das contas optamos por gravar sem perucas e chapéus. Foi divertido e reconfortante estar com eles. As gravações correram bem e eu fui direto para o aeroporto, Song-ni me conseguiu um jato com outras pessoas que precisavam ir para o Canadá. Só vou conseguir chegar lá na madrugada do dia 24, porque tivemos problemas com o pessoal da emissora. Pedi segredo à todos, quero fazer isso do meu jeito.

Ao chegar no Canadá, consigo passar despercebido pelo aeroporto. As roupas de inverno favorecem o anonimato. Encontro o motorista que contratei para me levar até minha família. Passa das duas da manhã quando o carro estaciona em frente ao chalé. Observo pela janela, Ella tirando um cochilo, ainda de óculos. Definitivamente não é o melhor momento para chegar. Volto para o carro e dou outro endereço para o motorista.

Sem hora marcada, sem atendimento. — Abby diz pelo interfone.

— Diga ao Levi que sou o esposo de Ella May. — Respondo prontamente.

Ah, cara! Por que não disse antes?

A porta se abre com um click. A figura esguia e mais tatuada da garota aparece em seguida. Os pôsteres parecem ter sido trocados, mas a música ainda é a mesma.

— Levi tem esse cara marcado e depois está livre. Aceita alguma coisa enquanto espera?

Abby é gentil, diferente da última vez, o que reforça o que Levi disse sobre ela estar em um mau momento na última vez em que viemos. Apenas nego a oferta e me sento em uma das poltronas.

— Se Ella tivesse pedido, eu teria encaixado os horários e vocês poderiam vir juntos. — A garota comenta enquanto mexe em alguns papéis no balcão.

— Na verdade Ella não sabe que voltei ainda. Cheguei não faz muito tempo, não quis acordá-la, então resolvi passar por aqui.

— Ah, certo. Veio fazer uma surpresa, isso é muito legal da sua parte. O voo deve ter sido cansativo, então se quiser, pode se deitar naquela sala ali. Quando Levi estiver quase terminando, eu te acordo.

— Obrigado Abby, você é muito gentil. — Me curvo em agradecimento e entro na sala.

A cama é estreita, mas muito confortável. Adormeço rapidamente diante do cansaço da viagem e dos últimos dias em Seul. Abby me acorda tranquila, dizendo que Levi já está quase terminando. Aproveito esses últimos minutos para lavar o rosto e me preparar, tenho certeza que Ella deve ter comentado com o tatuador o que houve nos últimos tempos.

— Yoongi, quanto tempo. — Levi me recepciona amigavelmente. — Vem, vamos conversar no estúdio. — Diz me guiando para a sala.

— Obrigado por me receber assim, em cima da hora, sem horário marcado nem nada.

— A julgar pelo dragão enfurecido que passa por aqui para conversar às vezes, você já está muito encrencado. A pequena Blue estava bem chateada na última vez, apesar de não ter sido agressiva de fato, o fogo da ira está lá, queimando e matando minha amiga aos poucos. Ela esteve aqui algumas vezes nos últimos tempos, a mais recente foi hoje pela manhã. Quando perguntei por você, ela disse que ainda estava no exército, mas o fogo em seus olhos...

— Eu cometi uma sequência interminável de erros, então ela tem toda razão em estar furiosa.

— Minha filha Abby, e aquela Abby ali fora são totalmente diferentes em personalidade, aparência, enfim, mas aprendi algo com as duas. Existe o tempo de deixar que uma mulher esfrie a cabeça, de deixar que grite e reduza a raiva e então chega o tempo de conversar. Ella já teve muito tempo para o primeiro passo, deixe que ela desconte a raiva. Durante um ano, ela enfrentou tudo sozinha, cuidou de tudo sem ninguém para apoiá-la. Nesse meio tempo ela não se permitiu fraquejar nem por um segundo. Se transformou em uma máquina no trabalho, mas ainda assim, Aelin está fantástica. A que preço? Ainda tem aquele maldito tratamento que quase a matou. Imagine passar por tudo sozinho, ela fez, mas isso tem um custo. Esteja lá por ela, mesmo que ela diga que não quer, não desista.

— Não vou desistir dela, Levi. Ella é a mulher da minha vida.

— Bom saber, garoto. Agora vamos colocar um pouco de cor nessa pele?

— Pode apostar.

No meio do procedimento, me lembro do que Abby disse. Ella esteve aqui.

— O que Ella tatuou dessa vez? Ela esteve aqui hoje, não? — Pergunto como quem não quer nada.

— "Live and let die". — Ele recita.

Traduzo mentalmente. Viva e deixe morrer. Isso tem muitos significados.

— Ela comentou algo sobre o motivo?

— Um lembrete. Foi tudo que ela me disse.

Seria sobre mim? Sobre o que vivemos? Talvez ela queira viver e deixar que o amor que temos morra.

— Garoto. Não fique tão perturbado. Pode ser o lema de família. O velho Ollie tinha uma dessas. Desconfio que seu sogro também tenha. Amy definitivamente tem.

— Você conheceu o avô delas? Como ele era?

— Era o velho mais durão que já conheci. Veterano de guerra, ele tinha várias tatuagens, tão antigas que eu mal pude acreditar quando vi. Bem old school, uma verdadeira obra de arte. Ele homenageou os colegas mortos em combate, haviam várias sobre eles. Quando o conheci, ele veio com Ella, eles pararam uma caminhonete em frente ao meu antigo estúdio. Até achei que eles só queriam informações. Ele entrou, me entregou um papel e disse: "Garoto, quero duas dessas. Pode fazer?" Ele foi primeiro. Fez no mesmo local que Ella. Os dois cantavam as músicas que tocavam e ela o chamava de vovô. Ele se tornou um amigo. Me ligava às vezes. Um homem excepcional.

— Imagino que sim. Ella sempre falou dele com muito carinho.

Enquanto conversamos, Levi acrescentou um número a mais em minha sequência já tatuada e uma tatuagem que prometi fazer quando saísse do exército, os trigramas da bandeira coreana. Lutei dia após dia naquele lugar, minha batalha agora é na minha vida pessoal e eu definitivamente não pretendo desistir. Ligo para Joel logo que o dia amanhece. Sinto que talvez ele não me atenda. Preciso entender mais sobre essa tatuagem. 

Yoongi? O que houve, garoto?

— Bom dia Joel. Está tudo sob controle. Eu estou no Canadá, Levi me contou algo, gostaria de tirar uma dúvida.

Diga.

Live and let die.

Ella fez. Achei que nunca precisaria ver outra filha minha passar por isso.

— Isso?

Meu pai foi o primeiro. Viva e deixe morrer, o que ele precisava deixar morrer era a culpa por ter sobrevivido à guerra, mesmo que a maioria do seu pelotão não tenha tido a mesma sorte. Minha mãe sentia culpa por ter abandonado os pais, mesmo que tenha sido em nome do amor. Para mim também foi culpa, mas por não ter sido um pai presente nos primeiros anos de vida das minhas filhas. Amy fez para lembrar de deixar a raiva morrer. Houve um tempo em que Ella e Amy brigavam muito. Amy sentia que Ella se achava melhor que ela, algo assim, não sei bem. Algo muito grave aconteceu e elas ficaram um bom tempo afastadas, Ella ficou morando com a Nonna por um tempo. Enfim, elas se acertaram e ela fez essa tatuagem.

— Ella te disse algo? O motivo pelo qual ela fez a tatuagem agora?

Disse. — O ouço suspirar. — Meu coração de pai se quebrou um pouco. Ella tem demônios para lidar, sobre a morte de Leon. Os pesadelos tem aparecido com frequência, então é um lembrete para tentar não lembrar. Ela fez o necessário por aqueles que ama, o preço é alto mas ela tem pago com juros.

— Eu... Não fazia ideia. — Digo frustrado.

Garoto, esteja pronto para sua maior batalha se pretende se redimir com a minha filha. Ella já não é a mesma.

Sua fala me faz ter um frio na barriga. O medo do que encontrarei quando ficar frente a frente com Ella percorre minhas veias como água gelada.

— Farei o meu melhor.

Tenha em mente que nem isso pode ser o suficiente. Os pesadelos começaram logo que ela voltou. Ela tem se isolado muito, então não vai ser fácil, garoto.

— Obrigado Joel.

Não faço por você, mas por ela. 

Ele desliga antes que eu diga mais alguma coisa.


Notas Finais


Agora sabemos que Namjoon e Nina tiveram um garotinho, Autumn. Também acompanhamos a mãe do Yoon sendo desprezível como sempre. E esse anel para YunHee? Isso ainda vai dar o que falar.
Me conta nos comentários o que achou.
*Os capítulos estão saindo mais rápido porque já tenho algumas coisas escritas para cada um.
Obrigada por ler! 💜


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