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História Apenas um dia, uma noite. - Onde ela foi?


Escrita por: ArmyTiaDosGatos

Capítulo 82 - Onde ela foi?


Yoongi

É minha última semana antes de voltar à Seul. Aelin retornou às aulas o que me dá muito tempo sozinho. Esse tempo me dá a oportunidade de compor e trabalhar em algumas coisas. Sinto falta de Holly. Hoje conheci o jardineiro e também algumas escoteiras do condomínio vendendo biscoitos com a supervisão de uma mãe. Achava que isso só acontecia em filmes. Ella está negociando com Sully sobre o aluguel da casa no condomínio mais seguro. Elas devem se mudar na metade do mês.

Ouço Aelin entrar em casa conversando com Ella. Pouco depois ouço a campainha tocar, Aelin dizer que vai atender e logo em seguida o som de um carro dando partida. Desço as escadas procurando por elas, encontro Aelin e uma jovem na casa dos 20 anos conversando animadamente.

— Papai! — Aelin corre até mim e me dá um abraço. A seguro no colo enquanto conversamos.

— Oi minha princesinha. Como foi o dia de aula?

— Foi legal! Hoje fizemos pinturas! Eu fiz um quadro, mas só vamos trazer para casa no festival da primavera. — Aelin faz um biquinho fofo.

— E o que você desenhou?

— Holly, mamãe, você, eu.

Ouço a jovem tossir e só então me lembro que não estamos sozinhos. Aelin também parece se lembrar. Ela balança os pezinhos, um sinal de que quer descer do meu colo e continuar com suas brincadeiras.

— E você é? — Pergunto à garota.

— Eu sou Luna, babá da Aelin. Não todos os dias, apenas quando Ella precisa sair à noite.

Ella sair à noite? O que? Aelin parece ter bastante intimidade com a tal Luna. Isso quer dizer que elas se vêem muito. Para onde Ella foi? Eu devo estar parado com cara de idiota, já que tanto Aelin quanto Luna me observam com um sorriso divertido no rosto.

— Certo, é um prazer conhecer você. — Digo finalmente.

— Igualmente. Aelin, vamos guardar suas coisas e tomar banho, depois brincamos.

Eu continuo parado no meio da sala com cara de paisagem tentando assimilar o que está acontecendo aqui. Ella saiu. Tem uma garota de babá, Luna, que nem piscou quando me viu aqui. E Aelin sendo adorável como sempre pintando nossa família. Ouço as risadas de Aelin no andar superior, tenho certeza de que Ella confia em Luna, então farei o mesmo.

— Onde você se meteu? — Dou voz ao meu pensamento sobre Ella.

Será que ela tem um encontro? Não! Ela disse que vive para Aelin e o trabalho, e o detetive que contratei confirmou isso. De qualquer forma, preciso saber onde minha querida foi. Decido arrancar essa informação de uma das duas garotas no andar superior. Talvez seja melhor esperar por elas aqui.

Passados alguns minutos vejo Aelin descer as escadas seguida por Luna e então o som da campainha. Aelin corre em direção à porta com Luna em seu encalço.

— Tio Guido! — Aelin grita assim que a porta é aberta, em seguida abraça o tal Guido.

Observo que ele está vestido com um uniforme conhecido, Restaurante da Nonna. Também vejo as bochechas da babá corarem enquanto ela recebe as sacolas com comida. Eles trocam breves palavras e então a porta é fechada. Curiosamente ele só deixa as sacolas mas não pega nenhum dinheiro. As duas caminham animadamente até a cozinha e começam a abrir as sacolas. Me junto à elas na intenção de começar minhas investigações.

— Você vem muitas vezes na semana, Luna? — Pergunto tentando manter a naturalidade.

— Três vezes no máximo. — Ela responde e volta a servir comida em um prato para Aelin.

— De onde você conhece o Tio Guido, Aelin?

— Da Nonna. Ele sempre está lá.

— Ele é sobrinho em segundo grau da Nonna. — Luna responde.

— E é namorado da Luna! — Aelin entrega.

— Aelin! — Luna finge repreender a pequena que já tem a boca suja de molho.

— É verdade! — Aelin diz se defendendo.

— Onde a mamãe foi, Aelin? — Pergunto aproveitando a distração das duas. Mais fácil conseguir informações assim.

— Não sei. — Aelin diz dando de ombros com um biquinho nos lábios. Encaro Luna e ela me lança uma careta.

— Não olhe para mim, eu sou apenas a babá.

Aelin me oferece uma almôndega de seu prato. Ela é tão altruísta, Ella fez um bom trabalho. Resolvo mandar uma mensagem e ver se descubro onde ela foi.


Tem uma garota estranha na cozinha dizendo ser babá da Aelin. Onde você está?


A resposta demora alguns minutos para chegar. Quase desisto. 


Ela se chama Luna, é totalmente confiável. Aelin está segura

Não dê em cima da babá, ela tem namorado.


Não consigo deixar de rir. Ella acha mesmo que eu tentaria algo com essa garota?


Aparentemente ela namora o tal Guido que apareceu aqui com pacotes de comida para um batalhão.


Bom saber que ele já entregou.

Tenho que ir


Ir? Para onde?

Ella?


Depois de mais ou menos três horas o carro de Ella estaciona na porta. Ela tira uma bolsa do porta malas e segue para dentro de casa, não que eu estivesse vigiando sua volta pela janela. Apenas coincidiu que eu estivesse próximo à janela quando ela chegou. Quem estou tentando enganar? Eu estava totalmente vigiando.

— Aelin? — Ouço Ella chamar ainda na porta de entrada. Do topo da escada consigo ver Aelin abraçar Ella que esboça uma pequena careta. Ela está com dor?

— Mamãe!

— Oi meu amor. Você se divertiu com a Luna hoje? — Aelin acena afirmando. — Tudo bem. Está quase na hora de dormir, suba escove os dentes e escolha um pijama e o livro, já estou indo.

Aelin passa por mim, me dá um sorriso e segue para seu quarto. Desço as escadas fingindo ir até a cozinha apenas para ouvir a conversa das duas mulheres.

Aqui. — Ouço Ella dizer e Luna suspirar.

Ella, já falamos sobre isso. Você não pode me pagar tanto assim.

A garota está negando dinheiro? O que?

Posso e vou. Pegue o dinheiro Luna, você sabe bem que merece cada centavo. — Mais um suspiro.

Aelin não dá trabalho nenhum, você ainda me alimenta e me dá três vezes mais do que uma babá de luxo ganha por hora.

Luna, é sério. Não vamos ter essa conversa outra vez. Boa noite, bom descanso, até quinta-feira.

Ouço a porta bater e em seguida o barulho de um carro. Os passos de Ella vindo em direção à cozinha me colocam em alerta. Tomo um pouco da água em meu copo, e observo enquanto ela serve um prato para si. A quantidade me assusta, ela está de dieta ou algo do tipo? Até Aelin come mais que isso.

— Vai ficar parado aí feito um espantalho ou um psicopata? Isso é constrangedor e levemente assustador.

— Desculpe. Você vai comer só isso?

— Vou. Porque?

— É pouco, tem certeza de que não quer comer nem mais um pouquinho?

— Tenho, Yoongi. E agradeço se parar de me tratar feito uma criança. Quer saber, vou colocar Aelin para dormir primeiro. — Ela deixa o prato intocado e sobe as escadas.

Logo ouço Aelin me chamar para colocar ela na cama. Desde que cheguei, ela tem me chamado todas as noites. Apesar de ainda gostar que Ella conte a história. Quem não gostaria de ouvir a história com alguém que cria uma voz diferente para cada personagem? Ella é fantástica como mãe, como mulher, como esposa, eu fui tão imbecil. Observando as duas vejo o quanto perdi por ser um babaca, egoísta, ingênuo. Ella vai baixando o tom de voz até que Aelin caia no sono. Ela cobre nossa pequena, dá um beijo em sua testa, confere janelas, banheiro, organiza o que está fora do lugar, acende a luz do abajur de bichinhos e só então fecha a porta.

Ella desce as escadas e aquece seu jantar, posso ouvir tudo o que ela faz na cozinha. O estranho é que eu ainda não sei onde ela foi e isso está me matando por dentro. Penso em pergunta para Marshall, eles são amigos, certo? Ele deve saber. Mas justamente por serem amigos, mesmo que ele saiba não me contaria. Resolvo ser corajoso, vou até a cozinha.

— Luna disse que está vindo ficar com Aelin três vezes na semana. Se você quiser, eu posso cuidar da Aelin enquanto você vai... — Dou a deixa para que ela complete a frase, mas ela não morde a isca.

— Luna precisa do dinheiro, Yoongi. Eu não vou dispensar os serviços dela tão cedo. Aelin gosta dela e isso é o mais importante.

— Ok. Onde você foi?

— Na esquina da "Não é da sua conta" com a "Não somos mais casados". Duas ruas muito famosas por aqui.

— Tecnicamente nós ainda somos casados. Eu nunca assinei os papéis.

Ella apenas revira os olhos e sobe as escadas. Mas eu sei que vai voltar, ela não consegue deixar louça suja na pia. Três minutos depois ela volta e coloca tudo em seu devido lugar. Certas coisas nunca mudam. Ouço a porta do seu quarto se fechar então resolvo ir dormir também. Adormeço rapidamente, mas acordo com um barulho, ouço gritos, saio do meu quarto e ouço os barulhos vindo do quarto de Ella. Abro a porta desesperado. Ela está dormindo, provavelmente tendo algum tipo de pesadelo.

Foi para manter minha família segura! — Ella grita desesperada.

Merda, ela ainda tem pesadelos sobre Leon, o sequestro e tudo mais. Tento acordá-la, mas ela não reage. Sem pensar muito eu a abraço e espero que ela se acalme. Depois de alguns minutos, ela se acalma e abre os olhos, mas tenho a impressão de que ela ainda está dormindo.

— Shh, está tudo bem. Eu estou aqui com você. — Dou um beijo em sua testa.

— Sinto muito, Yoonie. — Ela diz e volta a dormir.

Apesar de saber que posso me arrepender quando ela acordar e me chutar para fora do quarto, me deito ao seu lado e a observo dormir. Só então reparo que ela tem hematomas nos braços, dou uma olhada pelo restante do corpo, há mais deles por toda parte. Preciso saber o que está acontecendo com ela, decido visitar Nonna assim que der.

Acordo e me levanto antes que Ella perceba que dormi aqui. Tanto Aelin quanto ela parecem ter uma rotina fixa, quase cronometrada. Ella parece confiar em mim para cuidar de Aelin enquanto ela trabalha, já que nossa menina se recusou ir à aula hoje e me deixar sozinho. Assim que ouço Ella sair, chamo um carro para nos levar até o restaurante da Nonna. Ao chegar nos fundos do restaurante me surpreendo com Aelin fazendo a batida secreta. O tal Guido aparece e me encara confuso até olhar para baixo e ver Aelin. Eles se cumprimentam e conversam animadamente.

— Entrem. — O rapaz abre mais a porta, assim que passamos ela é trancada.

— Viemos ver a Nonna. — Comunico.

— Claro. Me sigam.

Assim que Aelin vê a mais velha, sai correndo e abraça suas pernas. Nonna a pega no colo e conversa com a pequena dando atenção a tudo o que ela diz. Até então eu passei despercebido para a italiana.

— Você? — Nonna me encara. — O que faz aqui?! — Encaro Aelin significativamente, a mais velha parece entender. — Porque você não pede para o tio Guido te dar sorvete?

Aelin fica toda animada com a ideia, mas olha para mim como se perguntasse se pode tomar o sorvete. Apenas aceno com a cabeça e ela sai correndo toda sorridente.

— Bom te ver Nonna. — Digo finalmente.

— Eu diria igualmente, mas o padre disse na última missa que devemos abandonar as mentiras. Sente-se. O que te trouxe aqui?

— Ella tem manchas roxas por todo o corpo. Estou preocupado. Preciso saber o que está acontecendo.

— Se não for mais alguma loucura daquele tratamento maluco dela, eu não sei o que pode ser.

— Tratamento? — Todos falam desse tratamento, mas não faço ideia de como é. Primeiro o detetive, então Levi, agora nonna.

— Para tirar o veneno do corpo. Ella está fazendo um tratamento integrado pelo que me contou. Para que não especulem sobre divórcio. A cada trinta dias ela vai à clínica de fertilização fazer o tratamento, fora o tratamento para tirar o veneno do organismo não sei quantas vezes na semana. Pobrezinha, sentiu tantas dores durante a etapa inicial. Passei dias cuidando de Aelin enquanto ela ficou no hospital.

— Hospital? Eu não sabia. — Suspiro cabisbaixo. — Isso não explica os hematomas, parecem ser de agressões ou algo do tipo.

— Isso eu já não sei, mas sei que Ella é capaz de derrubar um homem grande se quiser. Foi assim que ela conheceu minha Nina. — A mais velha sorri como se lembrasse de algo.

— A senhora realmente acha que ela consegue se defender? Será que alguém a agrediu e ela não quis contar?

— Garoto, vou te contar uma história. Preste muita atenção. Ella conheceu minha neta em uma festa de faculdade no primeiro ano das duas. Alguns malditos embebedaram Nina e tentavam tirar suas roupas em um dos quartos. Por providência divina Ella ouviu os gritos. Pelo que Nina se lembra sua garota a perguntou se estava tudo bem quando notou o que estava acontecendo, um dos trogloditas partiu para cima dela. Ambos apanharam e Ella levou Nina para o apartamento dela. Isso me faz acreditar que Ella sabe se defender sozinha. Mas agora você me deixou preocupada, então vou perguntar sobre quando ela vier jantar.

— Obrigado Nonna.

— Aproveitem que estão aqui e fiquem para o almoço. Desde que Nina se mudou tem sido solitário.

— Não quer se mudar para Seul também?

— Não querem me dar o visto. Só consigo fazer visitas. É muito triste ficar longe dela e principalmente do meu bisneto. — Ela responde cabisbaixa.

— Vou conversar com algumas pessoas. Namjoon é bonzinho de mais para cobrar favores.

— Ele é um garoto de ouro. Bem, não posso ficar aqui parada. Tenho que checar como está tudo antes de ir para Napa Valley.

— Como vai a vinícola? — Pergunto mesmo sabendo que ela foi uma das causadoras das primeiras brigas com Ella. E porque estou curioso sobre a tal área perdida.

— Vai bem. Quando compramos, ela apenas se pagava. Fizemos alguns investimentos, no início do ano fechamos o trimestre com uma boa margem de lucro. Nina cuida mais dessa parte, Ella cuida da parte operacional, já que abrimos o lugar para visitação, hospedagem, casamentos, eu faço o controle de qualidade do produto e também garanto a sugestão de vinho para cada prato da casa aqui no restaurante. Minha Cabelo de fogo fez fotos tão bonitas do lugar, que logo seremos referência em vinho, hospedagem e talvez alguns queijos. Emma foi até a Itália com aquele namorado das mãos bonitas, o sorridente estava ocupado, então eles convenceram um fabricante de queijos a nos fornecer seus produtos. Aquela menina leva qualquer um na conversa. E você, garoto? O que tem feito?

— Depois que terminei meu serviço militar, passei alguns dias em Seul. Gravei algumas músicas e pedi um tempo para vir até aqui. Eu preciso tentar mais uma vez.

— Boa sorte com isso, Ella construiu um muro gigantesco à sua volta. Só existe uma pessoa no mundo que passa por todas as barreiras de proteção livremente. — Ela aponta para Aelin que toma seu sorvete alegremente sentada na bancada da cozinha. — São os únicos sorrisos que Ella dá genuinamente. Ela vive em função dessa garotinha, trabalho e o tratamento maluco. Aquele garoto Marshall consegue arrastar as duas para jogos às vezes. Se Ella bebesse um pouco, talvez não estivesse tão ranzinza, mas ela morre de medo de que você peça a guarda de Aelin. Então faz de tudo para ser a mãe perfeita aos olhos da sociedade, porque aos olhos da pequena, já é a melhor mãe do mundo. — Ela sorri olhando para minha menininha. — Garoto, algo dentro da minha Ella se partiu, a única ponta de alegria em sua vida é Aelin, não tire isso dela. Estou pedindo, até imploro se for preciso.

— Eu jamais farei isso, tem minha palavra. — Respondo prontamente.

Mais dois dias se passaram. Ella saiu outra vez. Não disse para onde ia, nem quando volta. Luna está dormindo no quarto de hóspedes. Acabei desistindo de esperar e fui dormir.

Acordo com um barulho de água. O que é no mínimo estranho. O relógio marca 02:18, decido levantar e ver o que está acontecendo. O barulho não vem do quarto de Aelin, virando o corredor vejo roupas de inverno jogadas no piso, o barulho vem do quarto de Ella. Será que ela está com alguém? Não é possível! Ela não seria tão cruel. Gasto um tempo considerável tentando criar coragem para entrar. Todas as portas estão abertas. Quando finalmente o faço, vejo mais roupas espalhadas, além de sapatos. Todas as roupas são femininas, continuo andando até o banheiro. A cena me dói o coração. Ella está deitada no box do banheiro, os lábios roxos de frio, noto que a água está gelada, mas o mais surpreendente é que ela dorme profundamente.

— Ella? — Toco seu braço apenas para ter certeza de que ela está viva.

— Me deixa dormir. — Ela resmunga.

— Deixo quando você for para a cama. Quer morrer por uma hipotermia no banheiro de casa?

— É que está tão calor. Geralmente um sorvete resolve, mas hoje não foi bem assim. — Ela parece não estar nada bem.

— Vou deixar o ar condicionado no mínimo, então você sai desse banheiro e se deita na sua cama. Pode ser?

— Tudo bem.

Sigo para o quarto e programo o aparelho. Volto ao banheiro, desligo o chuveiro e pego Ella no colo a levando até o quarto. Ela se espalha na cama e ainda parece estar com calor, desço até a cozinha e pego uma garrafa com água e um pote de sorvete. Ao voltar, a vejo agoniada sobre a cama.

— Trouxe água e sorvete.

Ella toma todo o conteúdo da garrafa de uma vez, atacando o sorvete em seguida. Me sinto preocupado e ao mesmo tempo curioso sobre o que causou essa reação nela.

— Acho melhor te levar ao hospital. — Digo atraindo sua atenção.

— Não precisa. Às quatro da manhã deve estar tudo bem outra vez.

— O que está acontecendo?

— Isso é efeito colateral do tratamento para remover o veneno do meu organismo. Geralmente não é tão forte, mas hoje não está sendo fácil. Foi provavelmente a última vez que passei por isso. — Ela me entrega o pote de sorvete, então volta se deitar e dorme quase que imediatamente.

Toco sua pele notando que está quente, muito quente mesmo. Procuro o termômetro no quarto de Aelin, tomando cuidado para não acordá-la. O corpo dela está quente, muito mesmo mas quando tento lhe dar um remédio, ela recusa dizendo que o tratamento é de fato dessa forma. Ao procurar seu telefone para pegar o número da tal clínica onde ela faz esse tratamento, vejo uma mensagem.


Pela manhã a senhora deve passar na clínica novamente para coleta de sangue para o novo exame.


Observo o relógio, são quase três da manhã. Se Ella estiver certa, falta uma hora para que ela comece a melhorar. Será que ela veio dirigindo? Quantas vezes ela passou por isso sozinha? Dormindo sob água gelada. Resolvo pesquisar sobre esse tratamento enquanto espero que ela melhore, me recordo do nome dos médicos que apareceram no relatório do detetive. Não é um tratamento comum, além de não haver muitas informações à respeito. Encontro finalmente, um artigo que me explica algumas coisas. Um tipo de droga sintética de alta tecnologia é injetada no paciente, ela acelera o metabolismo ao extremo, então outra droga mantém o corpo estável. O principal efeito colateral é a sensação de calor extremo e às vezes febre. Não faço ideia se ela teve febre mesmo ou se era efeito do tratamento. Observo Ella com atenção, não há nada mais a ser feito.

— O que eu fiz? — Me questiono em uma onda de culpa.

Por volta das quatro, sua temperatura começa baixar. Me sinto mais tranquilo. Ella dorme profundamente. Por volta das seis, ela já procura se cobrir. Sua temperatura parece ótima. Às sete, tenho certeza que ela está melhor. Resolvo preparar o café da manhã, fazer o lanche de Aelin e já adiantar seu material para sua ida à escola.

Assumir uma vez as tarefas de Ella me mostrou que não é fácil. Levei a pequena para a aula e na volta arrumei a cozinha. Nesse meio tempo a porta foi aberta e Ella entrou em casa.

— Quando você saiu? — Pergunto confuso.

Acreditei que ela ainda estava dormindo. Trabalhei com cuidado e silêncio para não incomodar.

— Pouco depois de Aelin e você. Tinha que refazer os exames. Vou comer algo e voltar a dormir. Obrigada por cuidar de tudo. — Ela sorri.

ELLA SORRIU PARA MIM! É tão raro que isso aconteça, que me sinto eufórico. A vejo ir em direção à cozinha e a acompanho.

— Você precisa comer algo específico? — Pergunto tentando ajudar.

— Não. Qualquer coisa serve. — Ela responde já abrindo a geladeira.

— Panquecas? — Sugiro. — Eu ainda não tomei café, então... Se quiser posso fazer.

— Tudo bem. — Ella se senta próximo à bancada e começa a cortar algumas frutas, pelo menos até o telefone tocar. — O que foi agora?

Ouço uma voz do outro lado da linha, mas não consigo identificar o que diz. Vejo Ella revirar os olhos. Logo ela apoia o telefone no ombro e volta a cortar.

— Não irei ao escritório até segunda. Me envie o arquivo e eu dou uma olhada. O quanto seu cronograma está atrasado por conta disso? — Ela para de cortar. — Você só pode estar de brincadeira comigo! Garoto, o que eu já cansei de dizer nas reuniões? Se você está travado mais que um dia em uma etapa, peça ajuda. Você perdeu cinco dias com isso. Seu atraso prejudica a equipe inteira. Me envie tudo. Amanhã de manhã, te envio a solução.

Ela desliga ao mesmo tempo em que coloco uma porção de panquecas em sua frente. Ela divide as frutas em duas porções e passa uma parte para mim.

— Obrigada. 

Sorrio para ela. Comemos em silêncio. Dessa vez não tão desconfortável. Termino de limpar tudo ao final.


Notas Finais


É o que temos para hoje. Alguma dúvida? Deixe nos comentários. Respondi assim que possível.
Obrigada por ler! 💜


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