História Apenas um pequeno sociopata - Terceira consulta '3'

Acordei com a música alta do celular no meu ouvido. 

Rapidamente me levantei em um susto, mas quando percebi que era apenas o despertador, senti uma vergonha interna mim mesmo, e já pulei da beliche, ficando de pé no chão, desativado o despertador e aproveitando para ver se o horário estava correto... 

- MAS QUE MERDA, DESPERTADOR INÚTIL! - Falei com uma certa irritação, quase tacando o celular na parede.

O certo era acordar as 4:00.

Mas parece que começou a tocar meia hora depois disso. O que significa? significa que eu tomei no cu. 

Não tive tempo pra me arrumar, apenas troquei de calça e coloquei um tênis, e por fim um moletom, e usando sua touca para esconder o cabelo despenteado. Sem perder mais tempo, corri pra fora de casa.

- Meia hora depooois -

Havia chegado faz alguns minutos no escritório do Ford, por ironia, ele que estava atrasado. 

Que coisa.

Eu devo te-lo decepcionado na última vez que estive aqui.

Sei lá, talvez hoje seja diferente.

Saio dos meus pensamentos no momento em que ouço a voz do mais velho ecoando a sala.

- Oh... - Ele parecia sem palavras; provavelmente por que eu havia chegado mais cedo que ele. - Bom dia, Bill. 

- Bom dia... - Respondi com uma certa hesitação, me levantando e apertando sua mão, rapidamente, voltando ao pequeno sofá que eu estava antes.

- Não acredito que cheguei mais atrasado do que meu próprio paciente. - Ele disse com um leve tom brincalhão, indo para seu lugar, e pegando o bloco de folhas que havia. 

- Pois é. - Eu respondi.

- Bem, como andam as coisas na sua casa, Bill? - Ford pergunta; eu não sabia responder essa pergunta, nada havia mudado.

- Nada mudou, na verdade. - respondi, dando de ombros.

- Isso é bom ou ruim? - Ele pergunta com o longo sorriso gentil de sempre.

- ... Bom, talvez. - respondi dando um pequeno sorriso sem graça, sendo retribuido. - Parece... timido hoje. - Ford diz, com um leve tom debochado. Provavelmente pensando que eu não iria notar. Mas ele errou, eu notei.

- Timido nada, eu sou o mesmo de antes.

- Bill, por favor... - ele suspira ainda com um leve sorriso - Sabe que não somos os unicos envolvidos, esqueceu que sua familia sempre me avisa como você age fora daqui? - ele me pergunta, desfazendo o sorriso no mesmo instante em que bufo. - Bill, eu sou seu psicologo. - ele disse, atraindo minha atenção. - Meu trabalho é ser seu amigo, te aconcelhar. Não deve ficar bravo por talvez estar mudando. Isso é bom. Um avanço, não esconda isso. Até por que você veio aqui pra isso; para melhorar. 

- Foi como você disse. - Eu começei, olhando pro lado, e cruzando os braços - É o seu trabalho.

- ... - ele parece estar decepcionado, e da um longo suspiro. - Mas não é só pelo trabalho, Bill. - Eu o encaro de lado - todo psicólogo quer o bem do paciente. Sua melhora não afeta no meu pagamento, e sim no meu bem estar. 

Deixei um pequeno sorriso escapar.

O Senhor Ford é legal, quando quer.

As vezes.

Não me entenda mal

eu não gosto dele

ele apenas é legal

ok?

- ... Tá. - respondi rapidamente desfazendo o sorriso, e virando meu rosto novamente pra ele. -

- Que ótimo que vai coperar. - Ele sorri animado, preparando a mão que segurava a caneta. - Por que não começa falando como foi seu dia ontem? 

- Tá... - respondo, demorando alguns segundos pra falar - Ahn... bem... Não aconteceu nada de mais. Eu apenas fui no parque de diversões com o Dipper.

- Ow, parque de diversões? Isso parece ser interessante. Como foi?

- Foi legal... - Respondi, revirando os olhos. - Eu apenas fui por que o Dipper queria sair por aí. E então acabou querendo ir lá, e é eu fui na onda dele. 

- Entendo. - Ele para pra escrever um pouco, e depois me encara sorrindo. - Se divertiu? 

- Meh. Tanto faz pra mim. - resmunguei.

- Tudo bem senhor resmungão, - ele responde num deboche - Pelo menos percebeu se ele estava se divertindo? 

- Claro. Ele parecia uma criança e não parava de me arrastar prós brinquedos bizarros que tinha lá. - respondi pensando, e relembrando aquilo.

- Hehehehe. Isso parece divertido. Me conte exatamente como se sentiu ontem. 

- Como eu me senti? ... ahn... eu sei la.

- Confuso sobre esses sentimentos huh? - ele pergunta 

- Não. Aaaargh, por que estamos falando do Dipper? não era pra falarmos sobre mim?!

- Estamos falando de você. - Ele disse sem mudar o tom. - Você que está concentrado nele.

- O QUE, MAS FOI VOCÊ QUE COMEÇO A PERGUNTA DELE

- Eu preciso saber das suas amizades, Bill. Eu estou aqui para ajuda-lo, e não para encher seu saco ou te envergonhar. 

- Tsc. - deixei meu corpo escorrer pela cadeira, e cruzei meus braços, encarando qualquer canto daquela sala. 

- Mas, voltando o assunto. - Ele volta a ficar animado - Vocês parecem ser amigos. Eu sabia que esse garoto iria ser importante alguma hora. 

- Ele não é um amigo... Eu apenas não consigo me livrar dele. - Respondi, fazendo biquinho. 

- Ahn, consegue sim, mas não quer. Essa é a realidade, aceite. 

- Como pode saber que eu tô mentindo?! Se eu tô falando que não consigo É PORQUE EU NÃO CONSIGO! 

- Consegue. 

- Aff. 

- Mas agora é sério, você não sentiu nada enquanto passeava com ele? não se divertiu? - Se quase morrer for a definição de diversão eu já teria morrido lá. 

- Então você ficou com medo, entendi. - Ele responde anotando algo.

- É - Espera, que??? Eu não disse isso! 

- Mas foi o que você quis dizer. - Ford responde. 

Cara, o Ford é muito chato!

- Mas entao, qual foi o primeiro brinquedo que vocês foram?

- Aargh.... Montanha russa... - Falei meio hesitante por lembrar dos piores momentos da minha vida naquele brinquedo infernal. 

- Primeira vez indo lá? 

- Sim, foi a primeira vez que eu fui em um parque de diversões. 

- Aposto que você odiou o brinquedo. - Ele disse quase rindo da minha cara. Já estava acostumado com ele tirando sarro de mim então era melhor ignorar. 

- Odiei mesmo, e o Idiota do Dipper ia me deixar ir sozinho!

- Na sua primeira vez?? - Ele parece ficar surpreso - 

- Pois é, eu acho que se isso acontecesse os papéis iriam se inverter, eu que teria que ter medo dele. - Ford começou a rir do que eu disse, e eu acabei rindo também do que eu mesmo disse. 

- Certo, certo, sentiu algo além de medo?

- Não 

- Ahn, vamos, se esforce Bill.

- hum... - pensei um pouco... Ansiedade... E surpresa... E um pouco de alegria. 

- Alegria? isso também é novidade. - ele anota - Por que acha que sentiu alegria?

- Não quero tocar nesse assunto. - Dei de ombros. - O importante é que a todo segundo eu queria sair daquele lugar. 

- Você é bem complicado. 

- É apenas meu jeito.

- Tem algo a mais pra me contar? 

- ... Não. - suspirei - 

- ... O que é essa mancha na sua camiseta? ele me pergunta, encarando uma mancha num leve tom marrom na minhacamiseta.

- O Dipper teve a brilhante ideia de tomar sorvete na montanha russa.

- ... - Ele nao me respondeu. Na verdade, ficou meio pensativo. - Hey, Bill.

- Sim? - O encarei curioso, vendo uma face divertida se formar.

- Por que não traz Dipper aqui, na próxima consulta? - Me engasgo com minha própria saliva e oxigenio no momento em que ele fala isso.

- P-Perdão...? - perguntei o encarando assustado. - Poderia repetir?

Não estou acreditando que ele sugeriu isso

pra que caralhos eu iria trazer o Dipper aqui?

- Próxima consulta, depois de amanhã, venha com seu amigo. - Ele diz, fechando o caderno. Espera, a consulta já acabou? 

- Espera, já acabou? 

- Sim. Como você não quer me contar muita coisa, não há o que fazer. quero conhecer Dipper Pines, e depois irá trazer seu irmão, ok?

- ... 

Trazer o Will?

- Por que eu tenho que trazer o Dipper? - perguntei revirando os olhos, cruzando mais os braços.

- Apenas quero ver algo... Não se preocupe, vai ser apenas um dia. 

- Tsc... Tá, mas se ele não quiser eu não vou ficar insistindo. - me levantei -

- Okay, Okay. Mas uma coisa.

O encarei com curiosidade no olhar, o que pareceu agrada-lo. 

- Fique bem. - ele sorri gentilmente.

- ... Okay. - acenti.

- Então, até depois de amanhã, Cipher. - ele me aperta a mão. - Mal posso esperar pra conhecer o motivo da sua mudança. em quase uma semana. 

- Eu mal posso esperar pra que ele não queira... - sussurrei meio mau - humorado. 

- Não seja assim, garoto. - Ele riu, bagunçando meu cabelo, e abrindo a porta para que eu saísse; que foi o que eu fiz.

Eu realmente vou ter que trazer O Dipper aqui...? Eu acho que preferia ir na montanha russa de novo do que passar por isso. 

droga, por que isso sempre acontece??

Quase nunca tenho paz... Talvez eu falte. 

Sim, preciso arrumar alguma desculpa.

bem

isso se o Dipper não descobrir primeiro

boa sorte para nos dois.

eu realmente quero ver no que vai dar.

essa bondade sem fim, tem que ter um fim huh.