História Apenas um sonho! - Garota Misteriosa

          Depois do dia com a família Sparks, umas sete da noite eu já estava em casa. Liguei para Alexy a fim de chamá-lo para conversarmos, como estávamos fazendo muito ultimamente. Quando estava pedindo para Alexy vir pra minha casa, alguém com certeza pegou o celular dele, e ele ficou uns cinco minutos reclamando com a pessoa que pegou.

      Eu sabia quem era... Claro que sabia. Aquela voz era reconhecível a quilômetros para mim. Era o Armin. Com certeza devo tê-lo preocupado, por não falar com ele há dois dias. Eu gostava dele, claro que gostava. Mas, ele não deveria agir como se fôssemos namorados mesmo. Éramos QUASE namorados. Ou algo do tipo. Eu acho que só acontecia de sermos mais que amigos e menos que namorados. Se é que isso existe. Eu estava com um peso enorme nas minhas costas agora, porque teria de mentir sobre o que fiz hoje.

       Novamente uma pontada de medo me atingiu exatamente no peito. Não queria fazer aquilo... Mas precisava, era pro próprio bem dele.

— “Alô? Anny?” — a voz do moreno ficou séria ao telefone.

— Sim, sou eu. — respondi quase que de imediato.

— “O quê você fez hoje, o dia inteiro?”

— Oh, eu fiz uma viajem até um Resort com meus pais. Eles tiraram folga para passar o dia comigo, já que eles não ficam muito em casa.

— “Sei... É que eu ia te chamar pra darmos um passeio pela praça hoje à tarde. Tem um estandarte e uma loja nova de jogos que inaugurou. Pensei que talvez você quisesse vir.” — respondeu decepcionado.

— Sério? Espera, a loja fica aberta a noite? — me alarmei de repente.

— “Sim. Por quê?”

— Podemos ir agora então. O que acha? — propus.

— “Claro! Eu vou me arrumar e depois só vou fazer umas coisinhas e...” — ele começou a se empolgar.

— Eu sei, eu sei. Você vem me buscar. Vou estar te esperando. — ri.

— “C-certo. Eu prometo não demorar.”

— Tudo bem.

Foi engraçado isso. Não deveria ser eu a dizer que prometo não demorar? Eu acabei deixando um sorriso bobo se formar em meus lábios. Era uma idéia arriscada. E se meus pais chegassem em casa e não me encontrassem? Mas eu tinha o deixado tão feliz... Acho que desta vez valeria a pena o risco. Pelo menos compensaria a mentira que eu inventei sobre meus pais e eu em um Resort. Nem que depois de tudo eu passasse um mês tendo que evitá-lo, eu tinha que fazer pelo menos aquilo por ele. Após uma rápida olhada em algumas roupas, eu escolhi um traje simples. Calça jeans azul rasgada nas pernas na frente, um tênis all star vermelho, uma camiseta regata preta e uma jaqueta preta com botões brancos.

      Não demorou muito e a campainha tocou. Desci as escadas só com o celular no bolso e gritei para Rute que estaria fora por uns quarenta minutos mais ou menos e tentaria chegar antes dos meus pais. 

      Abri a porta e lá estavam aqueles belos pares de olhos azuis, encantadoramente perfeitos. Eu o abracei e me desculpei por não ter falado muito com ele e não ter dado noticias. Ele disse que não ligava, pois agora estava feliz com o passeio que iríamos fazer pela praça e na loja de jogos. Eu disse um “Ok!” E agora estávamos na loja nova de jogos que ficava de a praça principal da cidade.

        Estávamos jogando Guittar Hero 3 enquanto eu desafiadoramente comia batatas fritas, eu já havia ganhado todas as músicas de Armin. Agora estávamos competindo com as minhas preferidas. Eu estava ganhando a terceira quando alguém me reconheceu. Mas não como a filha do casal mais famoso do país, e sim como a campeã de Mundial de Guittar Hero.   

      Aquilo ia dar confusão na certa. Eu olhei para Armin preocupada e ele fez um gesto com a mão para sairmos dali. Enquanto vários “fãs” meus vinham até mim, eu terminei de comer as batatas fritas em um piscar de olhos e naquele exato momento estava me esgueirando com Armin para sairmos do local. Quando conseguimos escapar de todas aquelas pessoas andávamos na calçada um do lado do outro conversando só apenas como bons amigos. Nada de mãos dadas ou beijos.

        Foi então que ele me parou e entramos em um beco e logo em seguida ele me prensou contra a parede. Seus olhos encaram os meus e minha respiração começou a ficar descompassada. Parecia que faltava ar e eu havia esquecido como esperar. Eu conhecia essa sensação muito bem. Eu a vivi muitas vezes com Dakota há um atrás.

— Já estava ficando com saudades disso.

Ele sussurrou ao meu ouvido o que me fez arrepiar da cabeça aos pés.

— Armin, aqui não é o lugar e nem a hora certa... Por favor.

— Então prefere que continuemos o que começamos da última vez na sua casa?

— Eu não prefiro em lugar nenhum. Eu... Não posso. Não agora.

Ele dirigiu seus lábios aos meus e trocamos um beijo intenso e demorado.

— Da próxima vez vou te fazer implorar por isso. — ele sorriu maliciosamente logo me soltando.

Saímos do beco e em um minuto eu esbarrei em alguém. Era uma garota de cabelos brancos e olhos alaranjados acompanhados de uma boa maquiagem. Sua roupa era um vestido preto com detalhes arroxeados e um jeito sombrio e em seu pescoço uma gargantilha. Ela não havia caído e me olhava de um jeito estranho. Logo ela passou por mim me encarando e sussurrou algo como “A hora está chegando.” e eu assustada não soube como reagir, apena olhei para trás e notei que ela havia feito o mesmo. Encaramos-nos por alguns segundos enquanto ela continuava andando rumo ao beco de onde eu e Armin havíamos acabado de sair e quando fui ver ela simplesmente havia sumido. Armin olhou-me estranhando o que acabara de acontecer e me perguntou se estava tudo bem. Eu havia o deixado preocupado. Pude ver isso em seu olhar.

— Eu estou bem. — respondi sorrindo.

— Ok. É melhor eu te levar logo pra casa. Vem. — ele puxou-me pelo pulso e fomos até sua moto estacionada a poucos metros de nós.

Ao chegar em casa eu mandei um tchau pra Armin e entrei. Fui direto até a sala de jantar, talvez meus pais já estivessem a minha espera. Ao chegar lá apenas Rute de ser vivo estava a minha frente arrumando o jantar para mim.

— Eles ainda não chegaram? — perguntei só para confirmar mesmo que não havia rastro deles ali.

      Rute mexeu a cabeça negativamente e eu suspirei aliviada. Eram plenas nove horas da noite e eu havia acabado de jantar. Subi para o meu quarto entrei na minha suíte e tomei um banho na minha bela banheira que eu tanto amo. Finalmente consegui um tempo só para mim sem mais ninguém. Ao terminar o banho me vesti no meu closet com uma camisola um tanto curta, mas confortável. Deitei-me na cama e coloquei minha cabeça entre os travesseiros e também me cobrindo com o edredom.

       As luzes do meu quarto estavam apagadas. Eu estava dormindo tranquilamente e do nada ouvi um barulho em umas das janelas que se abriu bruscamente. Soltei um grito ao perceber o que estava ali caído no chão do meu quarto.

Era uma... Fada!

(...)