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História Apenas um sonho - Livro dos Sonhos - 2 (Capítulo CORRIGIDO)


Escrita por: Maallow

Notas do Autor


Eu postei esse capitulo hoje de manhã, mas deu um problema e eu só fui ver agora!
Tive que apagar, e estou postando de novo.

Capítulo 10 - Livro dos Sonhos - 2 (Capítulo CORRIGIDO)


Chegamos em um jardim de cogumelos. Eles eram pequenos e rosados, batiam na metade de nossas pernas. Tarrant sentou-se, ajeitando-se em um deles.  

Me sentei ao seu lado, olhava para o livro. Ansiosa.  

Suas mãos passearam pelas páginas ao abrir. Ele suspirou, como se a história que contasse a seguir fosse uma completa tragédia.  

O livro continha um vasto conteúdo de histórias. Mas a que me chamava a atenção tinha por título '' Entre a vida e a morte ''  

Ele retirou o marcador de cetim vermelho da página, e leu um trecho. 

'' Os melhores livros são aqueles que nos transportam para dentro de suas histórias '' 

 Tarrant deixou o livro no chão após se agachar, a grama verde de Wonderland cresceu um pouco, imitando o formato de duas mãos, os dedos feitos de gramas balançavam, segurando o livro na página em que foi aberta. - Mas... Por que o deixou no chão? 

Minha pergunta logo foi respondida e as coisas pareciam mais fantasiosas. Uma luz forte e dourada se criou, abrindo um portal para outra época, ou até mesmo, outro lugar de Wonderland.  

Engoli em seco. Meu corpo estremeceu, eu não tinha mais certeza se era o certo a fazer, seria tão mais simples se a história fosse contada ao invés de ser lida.  

O Chapeleiro me viu hesitante e esticou sua mão. - Você vem? - Pergunta, dando um sorriso alucinado.  

-E-eu... Não sei... - Pausei, confusa. Seu estado insano me fez temer a tal história. - Estou com medo.  

-Nós vamos juntos. - Sua mão permanecia esticada.  

Eu a peguei depois que juntei um pouco de coragem.  

E entramos no portal.  

~*~ 

Abri meus olhos.  

Estava sozinha.  

'' Há muito tempo atrás, em um paraíso mágico onde tudo era possível, a Vida executava suas tarefas. Ela era responsável pelos seres e pelas pessoas que ali viviam, ela os traziam quando era a hora de seu nascimento, e participava dos momentos importantes da existência de cada um. '' - Uma voz narrava, a voz era uma mistura masculina e feminina, ambos em completa sintonia.  

Aquela narração me arrepiou, eu me encontrava em um bosque, observava algumas lagartas azuis em seus casulos. Usava um vestido leve e branco, assim como a cor da minha pele, havia também uma espécie de coroa de rosas brancas e vermelhas enfeitando minha cabeça. 

Eu não me sentia eu mesma, apesar de ter meus próprios pensamentos.   

Analisei os casulos presos a pequenos galhos de árvores, eles se mexiam ansiosamente, prontos para sair. Toquei em um deles, e a linda lagarta azul se transformou em uma borboleta com o toque de minhas mãos. Me assustei, me perguntando como consegui tal poder.   

Foi quando me dei conta: Eu não apenas entrei na história do livro, como também participava dela.  

A voz que narrava continuou depois de uma pequena pausa.  

'' A Vida era um ser místico e apesar de querer sempre o bem de todos, ela não era vista por ninguém de Wonderland, muitos dos animais e humanos habitantes não acreditavam na Vida, por ela não ser encontrada no sagrado Oráculo do Mundo Subterrâneo. Ela se sentia triste por não ter o devido reconhecimento. Ninguém nunca dizia o quanto a Vida é bela, ou que deveria aproveitá-la, mas todos que ganhavam a dádiva da Vida desfrutavam de seu trabalho sem agradecê-la. '' 

Eu me sentia triste, como assim foi narrado. Porém, levantei meus braços e transformei todas as lagartas daquele bosque em borboletas.  

Haviam centenas delas, eram azuis com um tom arroxeado. Elas voavam livremente, e ao vê-las felizes, me surgiu um leve sorriso.  

Tudo parecia bem quando notei que as borboletas esconderam-se nas folhas esverdeadas das árvores, seus pares de olhos pretos e brilhantes refletiam o medo que sentiam.  

'' Havia também um outro ser místico, temido por todos os habitantes do Mundo Subterrâneo. A Morte era o único ser que enxergava a Vida. '' - Virei-me para trás após o fim da narração.  

E lá estava a Morte, como narrado. Usava uma roupa preta, junto com um capuz, que sombreava o seu rosto. Vinha se aproximando e pude notar o semblante triste.  

- O que faz aqui? - Pergunto involuntariamente. - Acabo de dar vida as borboletas, e você não vai levá-las.  

 Observava bem o seu rosto.  

A Morte disse. - Não vim para atrapalhar o seu trabalho. - Garantia e enquanto jogava sua ceifa no gramado do bosque pude notar os seus olhos... 

Aqueles grandes olhos verdes incandescentes, eu os reconheceria em qualquer lugar.   

Tudo começava a fazer mais sentido, Tarrant e eu entramos dentro do livro e consequentemente, representávamos os personagens daquela história, nossas falas, nossas atitudes... Tudo (exceto nossos pensamentos) vinham da história. 

Eu era a Vida e ele era a Morte.  

Minha tentativa de gritar após esse estranha conclusão era totalmente falha. Dentro do livro, eu não era dona de mim mesma e isso não me permitia gritar. 

-Eu acredito em você. - Tarrant, ou melhor... A Morte, se abaixou, apoiando-se em um dos joelhos. - Aliás, o que seria da Vida sem a Morte... - Pegou minha mão esquerda. - Ou, da Morte sem a Vida? 

-Nosso amor é impossível. - Respondo, afastando-me.  

Observava as borboletas amedrontadas mais uma vez, elas ainda sentiam a presença da Morte ali. - Por que eles acreditam em você? - Me virei. - Você é tão mais temido e respeitado. É cruel e ainda sim recebe o devido valor! - Gritei, com uma certa indignação. 

-Eu não me orgulho do que faço. - Balançou a cabeça em negativa. - Por favor, peço para não brigarmos mais.  

Senti seu corpo junto ao meu após o pedido, Morte me abraçava por trás, enquanto suas mãos geladas alisavam minha barriga. Me afastei e nos olhamos ao me virar. A Alice dentro de mim estava tão assustada quanto a Vida. - Nós não devemos... Um amor proibido entre a Vida e a Morte pode acarretar em um grande problema no futuro. 

-Ninguém vai nos ver. - Manipulou a Morte.  

Meu corpo se distanciou ainda mais. Pus a mão sobre o rosto antes de correr em sua direção. Meu coração saltava de alegria. 

- Eu te amo. - Disse ao me atirar em seus braços.  

Tudo era confuso para mim, meus pensamentos e emoções jamais estiveram tão embaralhados como agora.  

Pousei minha mão em seu peito, alisando sobre o tecido de sua roupa escura. Nossos olhos se cruzaram. - Você também me ama? - Perguntou a Vida, esperançosa de receber uma resposta positiva.  

Um sorriso se formou nos lábios finos da Morte, eu evitava encarar seus olhos verdes ao pensar no forte desejo que a Vida tinha naquele momento.  

Meu coração acelerava e as borboletas que estavam no bosque pareciam ter viajado direto para as profundezas do meu estômago.  

-Eu te amo. - Disse a Morte, com convicção. O sotaque escocês que possuía fez minhas pernas perderem as forças.  

Ele me agarrou mais, aproximando nossos corpos. Suas mãos apertavam a minha cintura enquanto fitávamos os lábios um dos outros, a Vida desejava a Morte... E eu conseguia sentir o mesmo desejo vindo da Morte, talvez com um pouco mais de intensidade.  

Meu corpo tremia a medida em que nossos lábios se aproximavam. Tudo fazia parte da história, porém, eu não sabia bem o que pensar.  

Deixei meus pensamentos confusos de lado quando finalmente me dei conta: Eu agarrava seu pescoço por dentro do capuz, enquanto nossos lábios se juntaram. 

Foi um beijo simples e logo nossos rostos se afastaram. - Você me ama. - Sussurrei sorrindo.  

Suas mãos tocaram o meu rosto e o ergueu levemente. Nos fitamos mais uma vez, aquele desejo de continuar o que terminamos dominava todos os meus sentidos. Notei a cor vermelha da íris da Morte e recomeçamos, com tímidos selinhos. Ele manteve seus olhos fechados durante todo o tempo, nossas respirações compartilhavam do mesmo ritmo, ambas pesadas. Seus dedos tocavam no meu pescoço, causando um forte arrepio.  

Abaixei seu capuz e apertei seus cachos cor de fogo depois que tudo se tornou mais intenso, nossos lábios se tocavam, umedecendo-os com o beijo. Eu sentia sua língua entrando em contato com a minha, ambas dançavam lentamente ao se juntarem. Desci uma das mãos até seu peito, o coração da Morte batia com força, como se retornasse a vida. Fechei meus olhos, as borboletas no meu estômago festejavam dentro de mim. E as mãos de Tarrant passeavam pela lateral do meu corpo até pararem um pouco abaixo da cintura. Os estalos de nossos beijos causavam espanto nas árvores e animais que passavam no bosque, eles certamente não entendiam de onde surgia o som, segurei seu queixo juntando nossos corpos em seguida, pressionamos nossos peitos, seus dedos chegaram a um zíper escondido abaixo dos meus braços, me assustei com isso mas nem em meus pensamentos existiam a possibilidade de terminar aquele beijo. Ao que parece, tanto Tarrant quanto a Morte entendiam bem sobre vestidos, pude sentir seus dedos tocando na minha pele quente ao descer o zíper até a metade. Suspirei rente aos seus lábios e abri meus olhos e os fitei, ambos sorriram juntos. 

Nos afastamos, com certa dificuldade. - Eu preciso ir. - Murmurei, apesar de estar indecisa se deveria ir ou não. - E-eu... Tenho trabalho a fazer. - Respondo, me lembrando da ninhada de pássaros Dodôs, prestes a nascer.   

A Morte pegou sua ceifa, sem antes beijar minha mão.  

-Poderíamos nos encontrar aqui novamente? - Perguntei, apreensiva.  

-Como desejar. - Sorriu.   

'' A vida temia por sua atitude, pois ela era muito importante para todo o equilíbrio da natureza de Wonderland, porém, ela tinha plena certeza de que estava completamente apaixonada. E todos os dias, no mesmo lugar, a Vida e a Morte se encontravam e faziam juras de amor.''   

Tudo se tornou escuro depois da narração, olhei para os lados, eu queria poder gritar para que Tarrant me tirasse dali.  

Eu sentia algo diferente em meu coração, os sentimentos da Vida para a Morte era tão forte que de certa maneira me contagiava, eu estava feliz e apaixonada.  

Os dias se passaram naquele estranho e mágico livro, e tudo que era narrado, de fato acontecia. A Vida e a Morte se encontravam sempre no mesmo lugar. 

Meu coração pulou de alegria ao ver a Morte sentada sobre uma pedra, ele segurava sua preciosa ceifa, mas a deixou de lado e abaixou seu capuz ao me ver. Corri em sua direção, me sentando em seu colo. - Te amarei, por toda a eternidade. - Aquelas palavras me enchiam de alegria.  

-Você jura? - Perguntei tocando sutilmente em seu rosto. 

-Eu juro, minha Vida. 

'' Naquele momento, a Vida e a Morte decidiram ir contra os seus princípios e obrigações, eles se amavam e fariam qualquer coisa para lutarem juntos por esse novo sentimento. '' 

Uma forte luz branca no horizonte nos interrompeu após a narração, nos abraçamos antes de nos separarmos pelo livro.  

Tudo se tornou escuro, eu estava sozinha. 

'' Às vezes, algumas dúvidas dominavam as emoções da Vida, deixando uma grande agonia morar em seu peito. Mesmo acreditando que a Morte, de fato, a amava, ela se perguntava como era possível um ser que foi feito para tornar-se seu inimigo, possuir tal sentimento por ela. '' 

As coisas foram se iluminando novamente, eu me encontrava sentada em um banco de madeira, havia muitas pessoas ali e animais reunidos ali, uma linda melodia ao som de harpas e violinos chamaram minha atenção. 

Virei-me para trás e sorri, a Morte estava há alguns metros de distância... Ele retribuía o sorriso. Minha vontade era de me jogar em seus braços, mas a cerimônia (de casamento) me chamou a atenção. Um coelho branco, usando um elegante terno preto e azul, começou um lindo discurso sobre o amor. Eu sorria enquanto levava a mão ao peito, notei que o noivo usava uma coroa de príncipe e a noiva, uma coroa de princesa.  

Olhei para os lados, observando que todos os convidados usavam pequenos lencinhos de pano, as mulheres (principalmente) faziam bom uso de seus lenços, limpando as lágrimas que escorriam sobre a bochecha. - Príncipe Manoel, aceita a Princesa Rosália, herdeira de Wonderland, como sua legítima esposa... - Perguntava o coelho, virando-se para o noivo que segurava a mão de sua amada. - Até que a Morte os separe? 

Uma forte dor dominou o meu peito. Encarei os olhos azuis do príncipe, marejados por lágrimas que lhe caíram dos olhos após dizer ''Aceito''. 

Me levantei, eu não podia mais ficar ali. Não tive coragem de encarar a Morte, há poucos metros de distância.  

Corri dali, segurando a saia longa de meu vestido, minhas lágrimas ensopavam todo o meu rosto. Sentei-me no gramado do bosque, observando as borboletas que voavam livremente pelas árvores, os movimentos cheios de vida que elas possuíam não me alegravam, eu não me importava mais com o sentido da Vida, apenas pensava no amor.  

Meu coração se partia a medida em que eu me lembrava das palavras do Coelho na cerimônia, as mangas de meu vestido já se encontravam totalmente molhadas pois eu as usava como lenço. 

Um vento frio tomou conta do lugar, logo em seguida. Eu sentia a presença de mais um ser ali.  

Abaixei minha cabeça, mirando o gramado úmido. Virei levemente meu rosto e pude ver sua sombra. Meus pensamentos e as emoções da Vida, pela primeira vez, estavam em plena sintonia, eu conseguia entender o que se passava em seu coração e isso só me envolvia mais em sua tristeza. - Como um ser que separa dois corações apaixonados pode de fato, amar? - Perguntei, decepcionada.  

-Eu me faço essa pergunta todos os dias de minha existência. - Responde, enrolando a língua.  

Me virei. Pude ver nos olhos de Tarrant que ele estava tão envolvido quanto eu. Ambos estávamos tristes.  

- Você não me ama! - Gritei ao levantar. - Não é capaz de amar, você... - O olhei de baixo para cima, reparando em sua ceifa. - Destrói o amor. - Conclui, fraca.  

Ele abaixou o capuz, fechando o punho e batendo em seu peito. - O que eu sinto por você é completamente verdadeiro. - Tomou meu rosto ao se aproximar, eu e Tarrant nos olhamos. - Eu te amo. - Balançou a cabeça. - Eu te amo, minha Vida. 

Aproximamos nossos lábios, porém, a Alice dentro de mim desejava muito mais aquele beijo do que a Vida. Pois a Vida se afastou depois de perceber o que ia acontecer em seguida. - Eu quero uma prova. - Respondi, receosa. - Quero uma prova do seu amor.  

A Morte pegou minha mão após se agachar no gramado, como costumava fazer. Puxou uma rosa vermelha de um arbusto, mas ao tocá-la, ela murchou e suas pétalas se tornaram secas, se partindo em seguida.  

-Eu mato tudo que toco. - Se levantou, segurando meu rosto. - Mas você... - Sorriu, eu me mantinha séria. - Com você é diferente... Ao tocá-la, me sinto vivo. - Seu sotaque não atrapalhava meus pensamentos, eu não me enxergava mais como Alice e nem o enxergava como aquele louco fanático por chá.  

Voltei a chorar, bem mais do que antes. - Suas palavras não são o suficiente. - Respondi, ríspida.  

Limpei minhas lágrimas, observando meus dedos molhados. Me virei, ao lembrar das lágrimas de amor que o príncipe derramava para a princesa, em seu casamento. - Quero que chore. - Pedi. - Quero um sinal de luto, por nosso amor.  

A Morte me olhava, seu semblante era triste o suficiente para demonstrar que se importava com o que eu sentia, porém, seus olhos estavam tão secos quanto as pétalas daquela rosa. - Eu não choro. Não existe luto na Morte.  

Suspirei. - Você não pode provar seu amor por mim.  

-Por favor... - Segurou meu rosto, mas me afastei. 

Olhava para as árvores, todas balançavam seus galhos de medo, por sentir a presença da Morte entre elas. - Quero uma lágrima sincera de amor, só assim estarei convencida de que me ama.  

-Uma lágrima... Sincera... - O ouvi repetir minhas palavras, pensativo.  

Fiquei em silêncio ao me sentir sozinha novamente. 

'' E assim, a Vida e a Morte se separaram. Todo o amor da Vida se esfriou ao ter a certeza de que não era e jamais seria amada. O resultado de seu coração partido, tornou a Vida um ser amargo e cruel.'' 

~*~

Minha visão estava totalmente turva depois disso, abri meus olhos, enxergava com certa dificuldade e tudo em minha volta estava completamente embaçado.  

Me levantei lentamente, por fim, estava de volta a Wonderland. Minha curiosidade me alertava sobre aquele estranho e mágico livro. Eu sentia que o final não estava completo. 

O peguei e minhas mãos tocaram nas de Tarrant, que parecia compartilhar do mesmo pensamento. Uma leve pontada espetou o meu peito ao saber que tudo o que se passou dentro do universo do Livro era só encenação. 


Notas Finais


Desculpem pelo problema! beijos!


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