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História Apenas um sonho - Respostas


Escrita por: Maallow

Notas do Autor


Agradeço pelos comentários! Estou recebendo um bom número de exibições :)
Dessa vez o capítulo não terá uma imagem de capa...

Capítulo 3 - Respostas


 Pela primeira vez, o mesmo sonho que eu tinha desde os seis anos estava diferente... As coisas aqui pareciam ser mais obscuras do que antes, na minha última viagem para cá. O Chapeleiro era o que de longe, mais havia mudado. Ele me lançava um olhar que jamais pensei que me lançaria. Era como se eu fosse uma completa estranha no qual ele não confiava. 

No meu peito nascia uma angustia grande ao assimilar suas palavras.  

''Sou a Alice errada, então. '' - Pensei e antes de conseguir imaginar em uma resposta, algumas lágrimas teimavam em descer pelo meu olho. Ainda assustada com tudo, observei que o céu se tornou vermelho, com algumas grandes nuvens roxas. Pude ouvir também um grande ruído, como um trovão, porém, mil vezes mais forte, abaixei meus ombros, assustada com todo aquele barulho.  

O Chapeleiro mudou seu semblante. De tristeza, passou para uma leve ternura ao tocar meu rosto com as mãos. - Não chore. - Ele sussurrou, estava temendo alguma coisa.  

Contornou seus dedos pelas minhas bochechas, limpando minhas lágrimas quentes. - Só lhe peço que não chore. - Encarou o céu. 

Em meus pensamentos insanos, pude concluir que havia algo ligado as minhas emoções. Desde minha última viagem para o Mundo Subterrâneo, descobri que nada aqui era impossível.  

Imaginei que meu pranto de tristeza pudesse causar algum estrago por aqui e decidi me manter calma.  

-Diga-me o que está acontecendo, Chapeleiro?  

O ruivo suspirou com a minha pergunta e lançou um breve olhar para a Margarida com as Pétalas arrancadas. - Me chame de Tarrant, não sou mais um chapeleiro. - Pediu suspirando novamente. - De nada adianta eu lhe contar, se não tomará as devidas previdências.  

Seguiu caminhando pelo Jardim de Lamas. - Pisca pisca, Morceguinho... Onde estás nem adivinho... - Cantarolava tristemente.  

Observei o céu mudar para a sua cor de antes, o verde e azul celeste iluminavam aquele estranho Mundo. Tudo aquilo estava curioso demais para mim.  

-Eu sei que estou aqui por algum motivo! - Gritei ao longe e o Chapeleiro parou, ainda de costas.  

Corri em sua direção. - Me conte tudo o que sabe. - Disse parando na sua frente.    

Seus olhos verdes me enfeitiçavam, ele me olhava como se tivesse algo de extrema importância para me falar. Algo que o enlouquecia. 

O Chapeleiro pegou minhas mãos, depositando-as em seu peito. Fiquei em silêncio ao ouvir as batidas de seu coração.  

Era estranho poder tocá-lo e ainda mais estranho sentir que estava vivo. Todo esse sonho, e a fantasia de meus pensamentos, às vezes me assustavam ao parecer tão real. - Queria lhe contar... - Ele iniciou, ainda me olhando profundamente. 

Afastei minhas mãos a medida em que sentia seu coração bater cada vez mais, parecia ansioso.

Seus olhos fixaram na minha aliança, foi quando Tarrant parou para reparar meu vestido branco. Seus olhos passeavam por todo o meu corpo, não me envergonhei com toda aquela análise, ao contrário, havia um brilho puro e triste em seu par de olhos que me atraia totalmente. - Você não é a Alice certa. - Me surgiu aquela vontade de chorar de novo. - A Alice certa mataria o Jaguadarte. E... - Pegou minha mão, escondendo meu anel de compromisso entre seus dedos. - F-ficaria c-comigo. - Torceu os lábios, um pouco nervoso. - Hunf... Com todos.  

- Já disse que eu não mato! - Me justifiquei assim que o Chapeleiro me soltou. Voltou a caminhar, sem ao menos pedir que eu lhe acompanhasse. - Tarrant... - O chamei chorosa, mas o mesmo não me deu ouvidos.  

''Está na hora do Chá, Alice... '' - Apenas escutei o louco dizer, enquanto sumia entre as árvores. 

- Eu não preciso de você! - Berrei o mais alto que pude, ecoando por todo aquele macabro lugar. Eu tinha certeza de que ele havia escutado. - Eu vou achar as respostas sozinha! - Fiz questão de gritar, ainda mais alto. - Sem a sua ajuda!       

O som das folhas secas sendo pisadas tinham cessado. Ao que parece, a hora do chá era realmente preciosa para Tarrant. 

Permaneci ali e decidi me sentar num cogumelo. Precisava refletir e entender tudo o que estava acontecendo. - Por que o meu pai estaria nesse lugar? - Me perguntava, rodeada por respostas loucas e sem sentido. - Ele está morto...  

Respirei fundo e fechei meus olhos. 

Tudo isso era um sonho. É por isso que o meu pai está vivo aqui, por que é apenas um sonho.  

E eu só devo acordar quando encontrá-lo. Afinal, é assim na maioria dos sonhos, acordamos sempre quando alcançamos nossos objetivos, ou então acordamos na parte mais interessante de toda essa fantasia.  

Enquanto eu refletia, uma grande fera corria entre as árvores, derrubando algumas pelo caminho. Me levantei para escapar, mas foi em vão. Capturandam abocanhou meu braço esquerdo, me fazendo soltar um grande gemido de dor. Ele ''brincava'' com o meu braço, o balançando para os lados com a cabeça.  

Foi quando ele me lançou longe, a alguns metros de distância. Pensei que essa seria minha chance de escapar e corri, sentindo que ao cair dei um jeito na minha perna esquerda. O monstro me pegou outra vez e voltou a brincar comigo, agora arrancando os babados do meu vestido. Gritei por ajuda mas ao ver a expressão das flores e árvores que assistiam a tudo, pude concluir que na verdade, ninguém dava a mínima.  

A fera rosnava rente ao meu rosto, me molhando com sua baba quente e fedida. A essa altura eu torcia para que Dormidongue surgisse e arrancasse seu outro olho. E em poucos -longos- segundos, minhas preces tinham sido ouvidas. Ainda de olhos fechados, escutei algo que me soava como um grito de guerra.  

Abri meus olhos e me deparei com o Stayne. - Deixe-a em paz! - Gritou para a fera que se encolheu, aceitando a ordem do Valete.  

Capturandam se foi.

Respirei fundo ao ver que tudo havia acabado. Stayne esticou sua mão para me levantar, o encarei um tanto desconfiada. - Eu me levanto sozinha. - O homem sorriu ao ouvir minha resposta. 

Senti um certo medo, era um sorriso malicioso, na verdade.  

Agradeci e mancando, decidi seguir meu caminho. - Espere. - Stayne segurou meu braço ao ver que o mesmo sangrava. - Eu posso cuidar disso. 

- Obrigada. - Respondi me afastando. - Mas não pedi sua ajuda. 

- Não faz assim... Alice. - Aproximou nossos corpos, me obrigando a dar três passos para trás. Me recostei no tronco de uma árvore, o Valete retirava um pano preto de seu bolso. - Me deixe enfaixar. - Pediu calmamente. 

Torci meus lábios, não era certo aceitar a ajuda de um homem mau. Mas admito que estava com muita dor no braço e não via a hora daquela dor passar. Estiquei-o e Stayne passou o pano em volta, enfaixando-o e apertando com uma certa força.  

- Então... - O moreno sorriu, alisando o meu braço. - Você quer respostas...  ?

Juntei minhas sobrancelhas com a conclusão que tive em suas palavras. - Estava me espiando o tempo todo?! 

- Não se chateie, Alice. Não pude deixar de ouvir sua conversa com aquele lunático.  

Me soltei. - Não o chame assim! - Fiz uma pausa. - Como pôde estar observando tudo e ainda me deixar ser o brinquedinho do Capturandam? 

- Era a única maneira de te fazer confiar em mim. - Sorriu. - Você precisava ficar em perigo para eu te salvar. - Tocou em meu rosto. 

- Eu não confio em você. - Rosnei. - Adeus! 

Revirei meus olhos ao sentir seu braço envolvendo meu ombro. - Te levarei a um lugar seguro. - Seu tom de voz malicioso me causava arrepios. Continuei a negar qualquer ajuda dele. - Te darei as respostas que precisa, e... ainda posso te levar para o Castelo da Rainha Branca, estará... Segura lá.  

Aquela proposta era tentadora, porém, eu não confiava totalmente no Stayne para aceitar.  

Continuei andando, dessa vez, não o respondi.  

O homem parecia tão interessado em me explicar que me deixou confusa. O meu orgulho não me permitia aceitar qualquer ajuda dele... Eu preferia até mesmo descobrir tudo sozinha.  

- Não pense que eu odeio você. - Ele começou e pela primeira vez, sua voz não me parecia falsa ou maliciosa. - Muito pelo contrário... - Me encarou sorrindo, engoli em seco e me soltei bruscamente, o Cavalheiro da Rainha Vermelha se mostrou ofendido com o ato. - Tudo bem, se não precisa da minha ajuda para caminhar. - Murmurou.  

Passamos por uma mata com alguns espinhos. Continuei em silêncio, precisava demonstrar desinteresse em qualquer ajuda dele mas minha curiosidade em saber o por quê tudo estava mudado me atrapalhava demais. - Entenda, todos estão decepcionados com você. Você não cumpriu o Oráculo. O Jaguadarte ainda está vivo. - Retornou ao que dizia.  

- Todos? - Minha voz saiu fraca, suspirei.  

Vi que Stayne sorriu. - Isso mesmo, Alice. Todos estão decepcionados com você, inclusive aquele desequilibrado de cabelo laranja. - Apontou ao longe para o Chapeleiro. 

Com tantos pensamentos, nem tinha percebido que nos aproximávamos da mesa de chá. Pude ver que os olhos grandes e verdes do Louco miraram em nós dois, ele levava a xícara de porcelana aos lábios, ainda nos encarando de longe. Fechei meus punhos, sentindo uma leve fisgada no meu braço ferido. Meus pensamentos mudaram de direção e passei a imaginar como o Chapeleiro me entristeceu. Ele era o único a acreditar de verdade que eu era a Alice certa e agora... Era como todos os outros.  

O céu de Wonderland se tornou preto com nuvens laranjas no mesmo instante em que senti uma pitada de raiva dominar minhas emoções. Apesar de não ser mais bem vinda, e de nem ter a confiança de mais ninguém, eu não queria que nada de mal acontecesse com os seres de Wonderland, mantive a calma então, fechei meus olhos e respirei fundo.  

Continuamos a caminhar, meus passos eram lentos e mancos. O Valete me acompanhava como um bom cavalheiro, o que era totalmente intrigante para mim. - Tem certeza que não precisa da minha ajuda? - Perguntou segurando meu braço.  

- Tenho certeza. - Murmurei sem disfarçar o olhar para a mesa de chá desarrumada, a metros de distância. 

Stayne percebeu que o desprezo de Tarrant me chamava a atenção e principalmente, me afetava.  

- Não se iluda com a ideia de que ele virá ajudá-la. - Pausou. - Quando esse louco passa a odiar alguém, nada lhe tira o ódio. 

- Ele... Me odeia? - Perguntei chorosa. 

- É claro. - O Valete respondeu com um ar superior. - Não vê como as coisas são comigo? Tarrant me odeia e eu não fiz nada.  - O encarei desconfiada. - É verdade, Alice. Tudo que fiz foi seguir ordens da Rainha Vermelha. É o meu trabalho, apenas. 

- Hum. Não posso crer que ele compartilhe tal sentimento por mim. 

- Oh, é melhor acreditar. - Pediu assentindo a cabeça. -Você apenas fez o que era o certo. Você não mata... 

Torci meus lábios e dei uma rápida olhada para o Chapeleiro. Ainda sentado a mesa, estava nos encarando, porém, disfarçou assim que notei. Pude ver que ele cerrava seus olhos para nós dois. Não havia motivos para isso, a não ser que sentisse mesmo ódio de mim. 

O céu se tornou preto e laranja novamente. - Preciso de sua ajuda! - Gritei um tanto enfurecida, Stayne esticou seus braços para me ajudar, peguei seu braço esquerdo e o fiz passar por minha cintura, ainda observando a reação do ruivo insano, levei meu braço direito para o ombro do Valete. - Me segure firme, por favor. - Pedi enquanto caminhávamos. - Passaremos pela mesa de chá, por favor. - Solicitei quando Stayne pegava outro caminho.  

-É claro, senhorita. Seu desejo é uma ordem.   - Seu sorriso maldoso não me incomodou dessa vez.


Notas Finais


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