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História Apenas um sonho - Estou te deixando


Escrita por: Maallow

Notas do Autor


Aos fãs de Chalice, peço desculpas ahushua

</3

Capítulo 58 - Estou te deixando


Eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com ele.

Dizem que os loucos são as pessoas mais sensíveis de Wonderland.

Acho que estava meio louca naquele momento, afinal, nunca... Jamais me vi chorando daquela forma. O gritava com força, esperando conseguir a atenção dos seus olhos, ao menos por poucos segundos, talvez segundos o suficiente para fazê-lo desistir.

Os meus pés atolavam na lama do caminho que eu trilhava. Deixei tudo e todos para ir atrás dele, somente dele.

No fundo da minha mente, eu só desejava que Tarrant percebesse a minha atitude e voltasse para a sua sanidade. - N-NÃO ME DEIXE! - Tinha certeza que o meu grito ecoou em meio ao bosque escuro.

O suor do meu corpo estragavam o meu penteado. Enquanto corria, me desfiz do véu que cobria o meu rosto e atrapalhava a minha visão. Eu tinha a sensação de que os seus passos se tornaram mais rápidos.

Apoiei minhas mãos frias sobre o joelho, minhas pernas tremiam de nervoso e a minha respiração era ofegante e descontrolada. Cerrei os meus olhos ao ter a visão de sua silhueta sumindo entre as árvores. - Tarrant! - O seu nome saia dos meus lábios mais uma vez, embora não com a mesma força e intensidade de antes.

''Alice!'' - Me virei para trás quando me chamaram. Stayne vinha em minha direção, completamente aborrecido. '' Você perdeu o juízo?!'' - Bradava o mesmo, fechando os seus punhos numa fúria sem fim.

Eu não tinha tempo, definitivamente não tinha tempo para a indignação de meu marido.

Aproveitando que ele não havia me alcançado, retomei o meu fôlego e voltei a correr atrás de quem realmente importava naquele momento.

Como na carta que fez, eu sabia exatamente para aonde era o destino final de Hightopp e simplesmente não poderia permitir.

Olhei para os lados, procurando uma saída mais fácil de encontrá-lo. Para minha sorte, esse bosque era o mais conhecido do Mundo Subterrâneo, era o caminho que eu trilhava todas as tardes para a festa do chá. Festa essa que nunca mais seria a mesma se Tarrant cometer a loucura que prometeu.

Peguei uma passagem estreita, cercada por árvores, cogumelos e rosas que ousaram em rasgar a saia de meu vestido branco. - N-não faça isso. - Pedi sem fôlego.

O Ruivo se mantinha parado, poucos passos do penhasco mais alto de Wonderland. Abaixo dele, só havia um lago frio com muitas pedras pontudas. - Eu sei que está me ouvindo. - Arfei, alisando a minha testa para me livrar do maldito suor.

Eu estava preparada para qualquer palavra sua, pessoalmente, esperava que ele me jogasse na cara sobre o meu casamento. - Serei tão infeliz, Alice. - Seus lábios estremeceram e Tarrant abaixou o seu rosto, virando pouco, mas o suficiente para que eu notasse as lágrimas que pingaram no chão.

Talvez eu não estivesse preparada para tudo. O que devia dizer, afinal?

-Eu prometo que não. - Tentei sorrir, ou mostrar um pouco de confiança em minhas palavras.

-... - Seu olhar ainda era para o chão.

-Não vou deixar que Stayne te maltrate ou te humilhe. - Pausei. - Vou te proteger.

Ele sorriu. - Não é o bastante. - Se virou, seus olhos melancólicos expressavam a sua falta de esperanças. - Vou ficar triste. - Piscava, molhando os seus cílios brancos. - Em vê-la com ele.

-Não fique, por favor. - Me aproximei, devagar. - Infelizmente, essa foi uma escolha minha. Faço isso não por que o amo, mas por que preciso que ele me entregue a lágrima. E-eu nunca o amei, Tarrant.

Na minha mente, aquelas palavras poderiam servir de consolo. - M-mas também... - Retirou a sua cartola, visivelmente abalado. - T-també-m nun-ca me am-mou, n-não é Alic-e?

Abaixei os ombros. - Não vamos falar sobre isso. - Ele torceu os lábios com minha resposta. Aproveitei o seu momento de reflexão para me aproximar um pouco mais. - V-vamos, nós podemos tomar chá juntos. Mais tarde.

-Creio que passará o resto do seu dia com o seu marido, Majestade. - Me cortou, tornando a observar a vista privilegiada.

Ainda não havia me acostumado com suas mudanças de humor tão repentinas. Suspirei. - Se... Você não fizer essa loucura, e-eu o perdoo. - Hightopp encarou-me intrigado. - E-eu te perdoo por ter se deitado com a meretriz e por ter mentido sobre a lágrima.

-Eu não menti! - Bradou nervoso.

Balancei as mãos. - Acalme-se. - Pedi trêmula, temia que perdesse a cabeça. Apesar de estar na razão, precisava voltar atrás. - N-não tive a intenção de...

-V-você abdicou do meu amor por uma lágrima!

-Estou tentando salvar a todos, Chapeleiro! - Gritei, ele me olhava. - Até mesmo a sua Rainha morta!

-Não fale de Mirana! - Apontou-me o dedo, como uma ameaça.

Me calei por alguns segundos, os meus olhos ardiam com o acumulo de lágrimas. - Eu esperava que o seu amor fosse puro e verdadeiro! - Acusei. - M-mas era só a sua loucura, s-sempre foi! Você acredita me amar, mas nunca amou de verdade! E eu descobri isso da maneira mais humilhante possível! V-você não sabe como me senti!

Nossa discussão se interrompeu quando ouvimos palmas, vindo de trás de mim. Eu deveria desconfiar que havia alguém nos ouvindo, afinal, desde o momento em que começamos a falar da lágrima, os olhos de Tarrant se fixaram ao longe.

-Muito bom... - Dizia Stayne ao se aproximar. O meu coração ganhou batidas mais fortes. - Ora, onde estão as reverências ao seu novo Rei? - Indagou o homem para o Chapeleiro.

O Ruivo se forçou a curvar-se.

-Alice, minha esposa... - Tocou-me ao segurar minha mão. Me afastei. - O que faz aqui com ele?

-Por favor Valete, nos dê licença. - Pedi secamente, sem encará-lo.

Stayne sorriu. - Eu sei que estavam discutindo. - Tornou a dizer. - Mas como rei misericordioso, deixo que minha esposa o abrace. - Gesticulava com suas mãos para que eu me aproximasse.

Tarrant e eu passamos a encará-lo. - Vamos, Alice... Abrace o louco.

-Stayne... E-eu não sei o que pretende. - Murmurei confusa.

-Além disso. - Levantou seu indicador, sorrindo. - Permito que dê a ele um último beijo.

Engoli em seco. - Está nos constrangendo. - Avisei, corada.

-Bom! - Meu marido se divertia com tal... Humilhação. - Não é uma ordem, faça se quiser!

Não saia palavra alguma dos pequenos lábios de Tarrant, e apesar da proposta, não existia nenhum interesse do insano. Ele voltou a se virar para o penhasco, ganhava a concentração que havia perdido.

Stayne apertou o meu punho sem muita força. - Vamos dá-lo um pouco de privacidade, querida. - A naturalidade como expressou as palavras me trouxe um enjoo.

E aquele seu sorriso me fez questionar que tipo de ser humano sentir prazer com a morte do outro.

Me soltei. - T-Tarrant... - Aproximava-me mais uma vez, mesmo sem perceber que isso poderia incomodar o Rei. - Não passa por sua cabeça que pode me deixar infeliz com tal escolha?

-Não me culpe por isso também, Majestade.

Olhei para o Valete.

O seu sorriso permanecia, e se eu percebesse bem, era possível notar que os seus lábios se esticaram mais. Fechei os olhos só para ter um pouco de tempo pra pensar. Faltava poucos passos para me aproximar por fim, e decidi que deveria fazê-lo.

Com cuidado, toquei em seu ombro. - Eu não o amo. - Sussurrei esperando que o Ruivo se sentisse melhor.

-... - Seus olhos fixavam-se nas pedras.

Eu o abracei, mesmo de costas o abracei. E sorri ao sentir que suas mãos cobriram as minhas.

''Ótimo, vamos Alice! '' - Ouvimos o que parecia ser uma ordem do Rei.

Ele acariciava cuidadosamente os meus dedos, eu sentia as batidas do seu coração, batidas intensas. Aos poucos, eu fui o soltando.

O meu marido me esperava e agora eu era submissa à ele. Tarrant entrelaçou os nossos dedos poucos segundos antes de nos apartarmos.

Virou-se delicadamente para mim, os seus olhos vazios buscavam o brilho perdido nos meus. Pressionei os meus lábios, não queria chorar, embora isso tenha se tornado uma das coisas impossíveis. - Está certo do que quer? - Interroguei num sussurro quase impercebível, temendo sua resposta.

-S-sim.

Levei minha mão aos lábios e me soltei dos seus dedos trêmulos, tomando distancia. Ele voltou a encarar a altura na qual estava disposto a se atirar. - Venha. - Stayne pressionou o meu ombro, caminhamos um pouco e olhei para trás uma última vez antes de ouvir do Valete: - Não quer ficar aqui para ver isso, não é mesmo? - Riu.

Soltei-me dos seus braços. - Tarrant! - Eu o gritei, mesmo com alguns metros de distância.

Achei que ele não se viraria mais uma vez, no entanto, estava enganada.

Corri até o louco e me atirei em seus braços com desespero, quase o derrubando no pouco espaço que tínhamos. Ele me abraçou com força dessa vez e não tardei em juntar os nossos lábios. - Fique bem, Alice. - Alisou o meu rosto quando terminou o beijo.

Beijo que não demorou tanto quanto gostaríamos. Beijo esse que nem ao menos deveria existir.

Assenti em silêncio. - Agora vamos. - Senti o meu braço sendo pressionado com mais força dessa vez.

Olhei para o meu marido e derrotada, obedeci.

-Eu não esperava que fugisse dessa maneira. - Pegávamos o caminho da volta, Stayne ainda pressionava o músculo do meu ombro. - Mas eu não me importo se não nos beijamos na cerimônia, tudo o que eu precisava era do seu ''sim''. - O olhei em silêncio. - Sem um louco em nosso caminho, as coisas ficarão mais fáceis. - Sorriu.

-... E-eu gostaria de uma carruagem. - Revidei. - Não estou disposta a caminhar até Marmoreal.

-É claro, minha esposa. - Alisava os meus cabelos, lancei uma careta. - Mas na verdade, não vamos para Marmoreal. Passaremos nossa primeira noite em meu castelo.

Não o respondi, para mim tudo isso se tornava indiferente.

[...]

Ajeitei o meu vestido ao me sentar, estava em silêncio desde que chegamos a carruagem. Os soldados faziam a nossa segurança enquanto o meu marido terminava de se ajeitar no banco de couro ao meu lado. - Velocidade máxima, por favor. - Pediu ao cocheiro. - Quero chegar o quanto antes a Salazem. - Me olhou.

Forcei um sorriso. - Sei que está nervosa com a nossa primeira noite, Alice. - Murmurou ao tocar o meu rosto, me afastei com certa brutalidade.

Ele se calou, fechando os seus punhos disfarçadamente. - Escute bem. - Sussurrava, num tom ríspido. - Eu quero que me responda quando eu lhe dirigir a palavra.

-...

Prosseguiu: - Terá que ser uma boa esposa para o seu Rei, só assim ganhará a sua lágrima.

Eu o olhei. - S-sim, querido Rei.

A viagem seguiu em silêncio, mas Stayne não aceitaria isso por muito tempo. - O que está pensando? - Pegou minha mão, acariciando a mesma.

Seu carinho não era nada comparado ao de Tarrant.

Afastei-me. - Nada, Stayne.

-Está pensando no Chapeleiro Maluco. - Acusou. Rindo em seguida. - Ele poderia tentar ao menos dar continuação ao seu clã, quem sabe... - Balançava os seus ombros. - Uma família com qualquer outra mulher de Wonderland que não fossa a minha Alice... - Dizia.

-Não me faça lembrar o que fez conosco, Valete. - Engoli em seco, quase em prantos. Deitei o meu rosto para o outro lado. - Por favor, me deixe descansar um pouco. Essa noite mal dormi.

-Como quiser. - Aceitou.

[...]

Uma garoa fina me distraia no inicio de tarde, enquanto me via presa aquela carruagem me esforçava para não pensar no louco. Stayne estava ao meu lado e era possível ouvir o som pesado de sua respiração.

Toda a vez que eu lhe fazia contato visual era a mesma reação distante: um olhar sério e frio. Eu me perguntava o por quê.

Aceitei ser uma boa esposa por sua lágrima a partir de hoje. E lhe dei todo o poder que necessitava.

Arfei impaciente.

As rodas da carruagem espalhavam lama pelo matagal do caminho.

Se esticasse o meu pescoço poderia ver o Castelo da Rainha Vermelha ao longe.

Me encolhi, tendo a certeza que não conseguiria pegar no sono outra vez sem pensar no homem que dominava meus pensamentos.

-Por favor, abra a porta para a Rainha. - pediu o Rei ao jovem cocheiro que não poderia deixar de obedecê-lo.

Lhe dei a mão como pedia a etiqueta e assim abandonei o conforto da carruagem. O cocheiro dos olhos escuros segurava um guarda chuva para me proteger da garoa insignificante enquanto eu me perguntava o que duas mulheres faziam no jardim… -Venha,Alice. - Stayne me pegou pelo braço e as duas moças entraram no castelo. Não precisei perguntar sobre elas: - imagino que não saiba da tradição… - murmurou, eu o olhei quando paramos na sala do trono. - Será banhada por duas mulheres que tiveram o privilégio de deitar-se com o Rei. - gabou-se Ilosovic, as moças e eu nos entreolhamos. - estarei a sua espera em meu quarto.- Ele me deixou.

Tudo que pude fazer foi lançar um sorriso constrangido para ambas que curvaram-se diante de mim.

A mais velha pegou minha mão. - Majestade, vamos arrumá-la. - subimos as escadas e entramos na terceira porta a esquerda.

Era um grande banheiro com uma banheira de ouro; dentro dela havia pétalas de margaridas misturadas com água. Ao lado havia um balde de madeira e uma esponja. A mais tímida hesitou em retirar minhas vestimentas. Meu silêncio trazia mais constrangimento para todas.

- Por que devem fazer isso? - Minhas perguntas não seriam ignoradas.

- é tradição. - murmurou a mais velha.

- e devemos contar para vossa majestade como ele gosta que se porte. - Susssurrou a outra moça, talvez um pouco mais velha que eu.

Corei e derrotada, pus meus pés descalços dentro da água que estava mais fria do que imaginei. relaxava meus músculos na banheira enquanto ambas lavavam o meu braço com delicadeza.

- É sempre quieta assim? - indagou uma delas. Não tive tempo de responder, a outra moça revidou.

- É bom que seja, o Rei não gosta de conversa durante a relação.

-…- as olhava.

-Parece tensa… - observou, alisando o meu braço.

Sorri. - Não seria ruim uma massagem.

As mulheres se entreolharam. - Não espere isso do Stayne. - Murmurou, revirando os olhos. - Ele só busca o próprio prazer.

-Judite… - chamou-a num tom negativo. Passei a me preocupar com os gostos de meu marido.

Forcei um sorriso. - Então ele não me faria uma massagem? - Elas se viam obrigadas a responder com sinceridade.

- Nem beijaria seu corpo. - torceu os lábios. - Muito menos apalparia seus cabelos… - comentou alisando as pontas de meus cachos úmidos. -Majestade, ele só espera que lhe chegue ao quarto nua, de resto ele dá conta. - Fora ríspida a segunda mulher que me banhava.

Eu as olhei, um tanto decepcionada.

Com Tarrant era tudo diferente. Ele me fazia sentir-me especial.

- Eu tinha a ilusão de ter um homem mais carinhoso ao meu lado.

Ambas pareciam chateadas como eu.

-Majestade, é muito difícil encontrar alguém assim. Não é deste Mundo mas deve saber que Wonderland é muito tradicional. Alguns homens nos tratam como brinquedos, pensam que mulher não deseja ter prazer.

-Ou acreditam que não temos sentimentos.

Encolhi o meu corpo debaixo d'água. Não sabia se deveria contar…

- E-eu… Acho que os loucos são as melhores pessoas deste mundo.

Se encararam confusas.

- Do que está falando, Majestade? - Questionou uma delas, relutante. - Deitou-se com outro?

Hesitei, até o ponto de corar. - Sim.

Elas pararam de me limpar, ajeitaram-se no chão frio e sorriram em sintonia.

-Conte-nos. - Pedia a mais timida e sonhadora. - Ele era romântico? - Se aproximou, alargando o sorriso. - o Rei sabe?

-Judite... não se deve fazer esse tipo de pergunta. - recriminou sua amiga. - Bom… - olhou-me. - era… romântico?

Sorri. - Sim. Ele me dizia que… - Notei o quanto estavam inclinadas, ambas possuíam o mesmo brilho no olhar. Rimos juntas. - Me amava. - pausei. - Ele gostava de tocar em meu corpo, e apreciava o som do meu suspiro. Ele me beijava muitas vezes. - Sorrimos mais. - e em muitas partes… - mordi os lábios ao relembrar, acabei por rir. - suas mãos faziam a melhor massagem de Wonderland. - elas mantinham a atenção a cada palavra minha. - e quando terminávamos, tinha o costume de descansar… assim… entre meus seios. - gesticulei. - era sempre o primeiro a pegar no sono. - Sorri. - Ele era louco, talvez seja por isso. Loucos gostam de formas diferentes de expressar carinhos.

-Era uma mulher de sorte, Majestade. - comentou a mais velha, levantando-se em seguida para pegar a toalha.

Judite ainda me encarava com admiração. - Se ele te amava tanto, por que o deixou?

Essa pergunta eu também não iria responder.

Puxaram-me com delicadeza da banheira, arrepiei-me com o frio que senti, no entanto fui coberta com uma toalha de algodão grosso, as mulheres ajudavam-me com o meu corpo molhado quando avistei pendurado na porta o que era uma espécie de camisola de seda, as costas eram nuas e tinham detalhes de rendas nas bordas da saia, que certamente batiam um pouco acima da metade de minhas coxas. O meu suspiro saiu um pouco profundo demais, admito.

As moças notaram o meu olhar pesado para a peça, mas resolveram não comentar o que viria seguir.

Nunca imaginei que um casamento poderia ser tão difícil para mim.

Lembro-me da primeira noite que tive com um homem, esse homem era o Hamish, num casamento completamente armado pois eu tinha a responsabilidade de livrar a minha família da falência total.

A diferença de minha noite com Hamish era unicamente que não havia peso algum em meu peito, muito diferente deste momento.

O meu coração batia com rapidez quando toquei na seda deslizante da camisola. Era branca, e admito que havia ficado perfeito em meu corpo, embora o reflexo no espelho não me trouxesse mais segurança.

Quando me dei conta, me peguei sozinha no banheiro.

Não havia ninguém para me ajudar, talvez me levar de volta para alguns meses atrás. Ou até mesmo que me ajudasse a fugir pela janela.

Respirei fundo após fechar os meus olhos e pensar comigo mesma: ''Essa foi a minha escolha''.

Saí do banheiro em seguida, meus pés descalços tocaram no chão frio de Salazem. Era estranho imaginar que não tinha mais ninguém ali além da Rainha e seu esposo.

Toquei a maçaneta do seu quarto, mas minhas lembranças não me permitiram girá-la.

~*~

Eu o olhei em silêncio. Ele se preocupava de verdade, mesmo com suas loucuras.

- Talvez seu mal estar passe se... - Espremia seus pequenos lábios. - Se eu cantar para a sementinha!

-Isso não faz sentido. - Sussurrei.

-S-só não quero que se sinta mal. - Dizia. - Ou que se arrependa de estar... - Suspirou. - Estar carregando uma danadinha que não te deixa comer. - Remexia os dedos. - P-pensando bem, f-faz tempo que você não come direito. - Passou a chorar. - N-n-não é?

~*~

-Oh, Tarrant... - Espremi os olhos ao senti-los arder em lágrimas.

Com a pouca força que me restava, girei a maçaneta do quarto.

Cruzei os braços em seguida, a primeira coisa que reparei foi a janela: Completamente aberta, o vento que entrava sacudia a cortina cor de vinho. - Alice. - Meu nome foi chamado seguido de um suspiro.

Não era nem de longe um suspiro apaixonado, para mim todo o tom de sua voz era completa luxúria.

E lá estava o homem no qual prometi ''até que a Morte nos separe''.

Deitava-se no meio da cama redonda de casal, estava coberto por lençóis pretos de seda, mas não tardou a se levantar e vir em minha direção. - Está assustada? - Perguntou brincando o mesmo. Guiava-me até o colchão e me fez sentar.

Suspirei profundo.

E Ilosovic sentou-se do meu lado.

Eu tinha certeza que ele esperava que eu fizesse alguma coisa, quem sabe tirar minhas vestimentas.

O olhei assim que pegou a minha mão novamente. E sorrindo, introduziu-a dentro de sua calça, eu podia sentir o seu membro pulsante quando me afastei bruscamente. - O que há?! - Sua impaciência era tão óbvia.

Passei a perambular pelo quarto, que se tornou pequeno demais para o tamanho dos meus pensamentos. - Eu não posso! - Soltei as palavras de uma vez, completamente transtornada. Sentia que ele me escutava, sem desejar ouvir mais nada. - Não devíamos nos casar! E-e-eu... Você não me ama!

-Ora, agora decidiu que acredita no amor?!

-... - Limpei as lágrimas. - Não é isso... É o meu destino.

Aproximou-se. - Seu destino é comigo, Alice.

-P-por q-ue e-le precisav-a ser a melhor pesso-a? - Comecei a chorar, sem nem mesmo perceber.

-Já chega, Alice! - Tentou me agarrar.

Porém, me afastei bruscamente. Seus punhos arranharam a minha pele branca quando me soltei de suas garras, eu o olhava, assustada. - E-eu não quero! - Ainda chorando, voltei a pensar em Hightopp. - Onde e-ele está agora? O-onde?!

-ESPERO QUE MORTO!

-N-não diga i-is-so, e-e-ele j-jamais me deix-aria nesse M-Mundo, s-só! - Sorri, encarando a janela. A paisagem apesar de castigada de Salazem, me fez lembrar que eu era a Rainha de Wonderland. - Or-ordeno que comecem as b-buscas, quero que os soldados o procurem!

-Mandará que nosso exercito se preocupe em encontrar um louco?!

Sorri mais. - S-sim... E vão encontrá-lo vivo. - Stayne me apertou quando minha tentativa de atravessar o quarto tornou-se falha. - Solte-me! - Dessa vez toda a minha força não foi o bastante. Ele prendia os meus pulsos com uma mão enquanto apertava a minha cintura com a outra, pressionando-me contra a parede do quarto real. - T-tire as m-mãos de mim! - Passou a me alisar sem ter a devida permissão, a minha vestimenta, uma vez levantada, revelou o meu corpo nu. - PARE COM ISSO! - Não importava a intensidade do meu grito.

Seus lábios abocanharam o meu seio sem demora, mas aquilo não era o suficiente para o seu prazer. Após se desfazer de minha camisola, Ilosovic levantou-me, pressionando minha barriga contra seu ombro. - S-seu br-bruto, solte-me! - Passei a socar as suas costas, embora minha força não lhe fizesse nem cocegas.

Como ordenado, ele me soltou no colchão. Imaginei que teria chances de escapar mas meu marido puxou a minha perna, apertando o meu queixo em seguida e me obrigando a encarar os seus olhos refletidos em ódio. - Espero que me beije da mesma forma como o beijou hoje. - Cuspia as palavras para mim, e agarrando o meu pescoço, me forçou a deitar.

Prensava o seu corpo ainda vestido sobre o meu e ajeitou os meus cabelos sem muito cuidado para passar a marcar o meu pescoço com chupões que me faziam gritar. Ele não se livrou de suas roupas, estava tão sedento que apenas abaixou suas calças.

As minhas lágrimas não eram o suficiente para expressar a minha dor.

Agarrei o lençol de seda quando o senti dentro de mim, num movimento forte e violento.

Era como se eu estivesse ali só para lhe proporcionar minutos de prazer.

Apertou o meu queixo enquanto estocava com mais intensidade. Fechei os meus olhos, espremendo meu gemido de dor. - Beije-me como costumava beijá-lo.

[…]

Agradeci em pensamentos quando ele se apartou de mim, deitando-se no travesseiro macio ao lado.

Aquela fora a terceira vez na noite. - P-pode se vestir... - Ordenou com a voz falha e respiração ofegante.

Disfarcei o meu olhar de nojo, em seguida, encarei o lustre do teto ao qual admirei toda aquela maldita noite. - Então terminou de me usar?

Pude ouvir sua risada repugnante. - Ao menos prestou para isso, minha esposa.

Engoli o meu choro. - E lembre-se. - Me encarou, ajeitando-se entre os lençóis. - Terá que ser uma boa esposa se quiser que eu passe a amá-la.

-Começo a pensar que é impossível. - Revidei. - Boa noite. - Virei-me para o outro lado.


Notas Finais


Alice é oficialmente do Stayne hahaushua mas a questão é: Por quanto tempo?

E o que aconteceu com o Tarrant? Será que a Alice tomará providências?

Tudo isso no próximo capítulo, nesse mesmo site e nessa mesma categoria shuahsu
brincadeiras a parte, peço por gentileza que deixem suas opiniões, minha vida está corrida e preciso atualizar a fic para vocês, me dêem incentivo, opinem sobre o capítulo e me dê novas ideias! Obrigada!


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