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História Apenas um sonho - No acaso de Marmoreal


Escrita por: Maallow

Notas do Autor


...

Capítulo 79 - No acaso de Marmoreal


O meu sono tranquilo se foi com a primeira claridade que transparecia minhas cortinas. Sorri, mas não desejava abrir os olhos e descobrir que tudo era um sonho.   

Preferia fantasiar uma realidade.   

Me ajeitei, ainda abaixo de minhas cobertas.  

Sentia algo roçando as meias coloridas que batiam até a metade da minha perna. ''Acorde...'' - Sua voz vinha de forma fraca, num sussurro delicado.   

Logo, senti os seus dedos: Chegavam no meu rosto, parando nos meus cachos, com certeza amassados pelo travesseiro. ''Acorde...'' - Outra vez... Sorri mais.   

Assim, tratei de obedecer. Lançando lhe o verde vivo dos meus olhos.   

Puxava mais a coberta para mim.   

Acho que ambos relembravam o que havíamos feito.   

Alice me abraçou, encaixando com perfeição o seu rosto em meu ombro, escondendo as lindas bochechas avermelhadas com os seus cabelos, talvez mais embaraçados que os meus. Me despreguicei, agarrando sua cintura em seguida.   

As horas...  

Foi então que me dei conta das horas.   

Me sentei. Observava a claridade daquele céu.   

Era dia em Marmoreal. - A-Alice... - A chamei num tom de repreensão. - Nós... Apagamos!  

-Acordei no meio da noite. - Me abraçou pelas costas. Eu olhava para todos os cantos, atordoado. - Pensei em despertá-lo, mas estava exausto.   

-Alice... - Balancei a cabeça, preocupado. - Deveria estar em seu quarto!   

-Hum... - O reflexo do meu espelho me mostrou que ela sorria, esfregando suas bochechas em minhas costas. Retribui o seu abraço, então, entrelaçando nossos dedos. - Daremos um jeito. - Assegurou por fim.   

Me levantei, virando-me para o colchão.   

Não conseguimos evitar nossos sorrisos após nos encararmos. Ela escondia o seu corpo com minhas cobertas. - Está chateado? - Questionava o fato de nos pôr em risco por sua presença.   

Balancei a cabeça, em negativa.   

-Venha aqui... - Pediu, dando mais espaço em meu colchão estreito.  

Eu não sabia quando Alice insistiria em me ter por perto outra vez. Não perdi o meu tempo e tornei a me deitar, era apenas o inicio da manhã, afinal.  

Se ajeitou, aconchegando-se em meu tórax machado.  

Foi então que os seus olhos se fecharam por um instante.   

Levou a mão a sua barriga, quase deixando que o lençol deslizasse por seu corpo. - O primeiro chute do dia. - Disse Kingsley, após se recuperar. - Esse... Foi forte. - Sorria.  

Pedi permissão com a cabeça para tocar sua barriga, ela guiou minha mão até lá.   

Sorrimos outra vez com o segundo chute do dia. - Parece que não dormirei mais. - Brincou minha Alice.   

Acarinhei seu ventre com o meu polegar.   

Ela virou o seu pulso para alcançar o meu pescoço.   

Eu sabia o que viria a seguir: Me encantava com o brilho dos seus olhos, e logo em seguida, encararia de forma sutil os meus lábios reprimidos. Posicionei o meu rosto... E vi sua pálpebra se fechando devagar, ao mesmo instante em que enrolava meus cabelos alaranjados.  

Mas no lugar do seu beijo.  

Escutei um gemido leve. Abri os olhos e Alice expressava uma careta.  

Entendia o que significava, afinal, também havia sentido o novo chute. - A danadinha tem ciúmes do papai! - Exclamei, sorrateiramente.   

-De forma alguma! - Alice também entrou na disputa. - Ela tem ciúmes é de mim, é das mães que os filhos gostam mais!   

-Só se for em seu mundo, queridinha! - Levantei o meu dedo, dobrando meus joelhos sobre o colchão.  Aproximei meu rosto de seu ventre. - Alguém aqui quer receber o primeiro beijo do dia!  

A Rainha afastou-se, abraçando sua barriga. - De jeito nenhum! Não vai beijá-la!   

Cerrei os olhos, mostrando uma careta. - Ciumenta?! - Acusei.  

Suspirou. - Eu sei que parece, m-mas não é bem isso! - Esperei que me explicasse. - Eu só n-não quero que ela fique mimada, q-que qualquer chutinho seja motivo para ganhar beijos! - Teimava em proteger sua barriga. - Pare de sorrir assim! - Esbravejou. - Estou dizendo a verdade!  

-T-tudo bem! - Ri. - E-e-eu... Acredito! - Tornei a me aproximar. - Agora deixe... - Esquivava sua barriga. - É só um beijinho, m-meu bem! N-não fará mal!   

-Eu vou educá-la para não ser teimosa como o seu pai. - Dizia, olhando para o ventre. - Hum... - Fechou seus olhos. Com certeza era um novo chute.  

-Alice, a bebê gosta mais de mim! - Gesticulei com as mãos. - Vem bebê, saia dai e fique com o papai!   

-Não diga isso! - Alice gritou mais alto dessa vez. - Eles escutam os pais... - Teve o cuidado de sussurrar.   

-Mesmo?   

Se encolheu, assentindo. - E-e-então... S-sem querer... E-ela deve ter escutado alguns barulhinhos  noite passada! - Forcei o sorriso.  

Coramos juntos.  

- Eu já vou! - Levantava, trazendo o lençol consigo até encontrar seu vestido, jogado ao chão.   

O relógio de parede marcava seis da manhã. - E-espere! - Eu a segui, segurando sua mão.  

Ela evitava me olhar. - Você me deixou constrangida... - Avisou.  

-Ora, a senhorita não parecia envergonhada há umas horas atrás.   

Relembramos.   

-Tarrant... - Jogava uma mecha para trás. - Pare.  

-O que tem de errado nisso? Uhn? - Ergui o seu rosto. - Somos dois adultos expressando o amor que sentimos.  

Eu queria tanto que ela entrasse nesse assunto.   

E me desse a certeza que havia me dito um ''eu te amo.'' - Não vamos falar disso... - Se afastou outra vez, permiti. - Eu tenho que voltar para o meu quarto. Stayne estava dormindo tão profundamente ontem a noite, creio que ainda não acordou. - Se vestia.  

Quando foi interrompida com um outro chute, ela se apoiou na escrivaninha. Tinha sido o mais forte. Segurei sua cintura, alisando sua barriga. Sorri com a ligeira impressão de sentir um pequeno serzinho causando um rebuliço dentro de si. - Se não me deixa beijar o seu ventre a cada chute... - Consegui sua atenção com aquela conversa de louco, ela virou seu rosto por cima do ombro e então, juntei nossos lábios para um selinho molhado e ligeiro. - Eu beijo os seus lábios.  

Conquistei um sorriso tímido. - A ideia... - Retribuiu. - É boa.   

-Vamos, bebê! C-chute de novo! - Pedi eufórico.  

Alice riu. - Minhas amarras... - Arfei. - Ande logo, Tarrant Hightopp.  

Puxei as cordas finas de seu vestido, não muito. Para que não lhe apertasse.  

Assim, nos despedimos naquela manhã. 

[...] 

Estava no jardim, o dia não se encontrava completamente ensolarado. Ainda assim, os pássaros coloridos cantavam com satisfação.  

Perto das Rosas Brancas, Mallynkum começara seu dia retirando as pétalas murchas que ofuscavam sua beleza. McTwisp monitorava os soldados que faziam a escolta no portão do Castelo.  

E eu... Desfrutava de um bom chá de menta, estava feliz como nunca estive em dias.  

Pensava na noite que tive com Alice, a forma como nos amamos... Era a primeira vez que sentia meus sentimentos sendo retribuídos com sinceridade.  

Bebia do chá.  

Quando afastei a xícara ao ver uma singela criaturinha sorridente. Ela vinha correndo, saltitando por nossa grama verde e vasta. Seu vestido simples de tecidos leves insistia em voar pela brisa. “Professor Hightopp!” – Ela acenava. Cerrei os olhos, sorrindo e retribui o aceno.  

Continuou a correr, chegando em minha direção.  

-Posso? – Ofegou por um instante. Tocando a cadeira vaga.  

-Claro! – Exclamei, ambos ainda sorriam. 

Sentou-se do meu lado. – Como o senhor está? – Indagou com um tom preocupado. – O soco... Não lhe dói?  

Relembrei o golpe que recebi naquela noite.  

Foi esquecido depois do que Alice eu fizemos.  

Acabei por sorrir, mais largamente. – Estou bem! – Avistei suas mãos, muito bem juntas e encolhidas a mesa.  

As manchas se agravavam, certamente já chegavam aos seus braços.  

Ela era inocente por não entender o que se passava por seu corpo. – E... Você? – Hesitei um pouco.  

-Na v-verdade. – Me olhou, a alegria contagiante se foi. – Fui acordada pelo Coelho Branco... Que vive por aqui. – Deu de ombros, eu a ouvia. – Ele me disse que o Rei tinha um assunto a tratar comigo.  

Me calei, tinha o mesmo temor que Kênia. Temia que o seu pai lhe causasse algum mal.  

-Não sei o que pensar. – Foi então, que encaixou sua mão entre a minha.  

Nossas manchas se combinavam com perfeição, suas unhas tinham um verde tão intenso quanto os meus. – Eu o procurei por todos os lugares.  

-Pois então! Não procurou direito! – Sorri, me levantando. Ela me assistia tomar apressadamente o último gole de chá. – O que está esperando?! V-vamos procurá-lo! 

-Eu não sei... Professor... E se ele disser que não gosta de mim, ou que eu deveria ir embora?  

-Não vou deixar que seu pai faça essa maldade com você. – Toquei delicadamente o seu queixo.  

Ela sorriu como nunca imaginei. – Verdade? – Se levantou. – Está me dizendo que... O senhor vai me proteger? – Havia uma grande expectativa em seus olhos.  

O que eu deveria retrucar?  

Aquela pequena jovenzinha precisava ser acolhida. 

-Cla—Recebi seu abraço antes mesmo de concluir. Seu rosto batia um pouco acima de minha barriga, mas não chegava ao meu tórax. Retribui, descansando meus braços ao envolve-los no seu ombro. Deitei meu rosto em seus cabelos. Lembrei do belo significado do seu nome. – Pequena Rainha. – Ela levantou o seu rosto. – Bom, é melhor irmos andando! – Eu a soltei, disparando pelo jardim, ela vinha logo atrás de mim.  

Atravessamos o gramado, chegando ao castelo. Era oito da manhã, o horário mais certo do café da manhã da realeza. – A sala de jantar! – Exclamei.  

Chegamos juntos a mesa farta. No entanto, deixei de apreciar os aperitivos para admirar a bela Rainha, sentada a mesa.  

Alice saboreava uma torrada com geleia, talvez não lhe causasse enjoos.  

Estava sozinha.  

Nos aproximamos, ela nos olhava. E sei que Kênia era tímida demais para perguntar.  

-Meu amor... – A forma carinhosa escapou de meus lábios. – Estamos procurando o Rei. – Fiz uma careta.  

-Eu não o vi. – Estava séria para que minha aprendiz não desconfiasse ainda mais de nossa relação. – Chapeleiro. – Pausou, abandonando a torrada. Sua curiosidade nunca a abandonava. – Ele quer tratar algum assunto com vocês?  

-C-com ela! – Puxei Kênia. – Mas diz ela que... O procurou em todos os lugares.  

-Estranho... – Sussurrou, dando de ombros. – Bom, se eu o encontrar peço para chamarem. Enquanto isso, é melhor procurar outra vez.  

-Obrigada... Majestade.  

Nos virávamos para sair. “Chapeleiro?” – Tornei a olhar para minha Rainha.  

Ela me lançou um sorriso, nem parecia a Soberana séria que se mostrava há pouco. – Meu bebê chutou mais duas vezes. – Tocou a barriga.  

“Professor!” – Kênia gritava no outro cômodo.  

Alice esperava minha resposta.  

Lhe joguei dois beijos de longe. – Te amo. - Sussurrei apressadamente e sai.  

[...] 

-Professor... – Me chamou, cansada.  

Era o nono corredor que atravessávamos. Mantive minha atenção nas portas entre abertas do quarto.  

Nenhum sinal do Rei. – Deixe pra lá. – Kênia pediu, cansada. – Não vamos achá-lo. Aliás, daqui a pouco teremos uma nova aula! – Sorriu então, a encarei. – Estou com abstinência de fazer chapéus. – Brincou.  

Pois eu sabia muito bem como era essa sensação.  

A ligação do mercúrio para o seu corpo tornava-se forte demais.  

Paramos numa porta larga. A última porta do corredor.  

O letreiro feito a mão, e banhado a ouro me trouxeram a orientação que eu precisava. – Biblioteca de Marmoreal. – Reli.  

- Com certeza o Rei não está ai dentro! – Avisava a aprendiz, farta de procurar o seu pai. 

-Vamos entrar para ter certeza! – Exclamei, virando a maçaneta redonda.  

Nunca imaginei que um lugar que guardava livros poderia ser tão grande. Entramos juntos, contemplando o tamanho das prateleiras.  

Eu deduziria que tinha uns quatro metros de altura. Sem contar com a quantidade de corredores que se criavam entre elas.  

- Esse lugar é enorme! – Exclamou a menina. – Professor, veja só! – Me virei.  

Ela me mostrava um avental, pendurado na maçaneta. – Uhn, estranho... Bom, alguém esqueceu. Deixe ai. – Sussurrei. – Este é lugar mais entediante de Marmoreal. – Expliquei. – Devemos nos comportar... E fazer silêncio.  

Kênia assentiu.  

Olhávamos para os diversos corredores, de muitas prateleiras, todas elas abarrotadas de livros.  

Caminhamos em silêncio e devagar.  

Estranhei alguns livros caídos no chão. Como súdito, deveria ajudar a manter a ordem. – Me ajude aqui... – Pedi, Kênia e eu juntávamos os livros de volta.  

Quando ouvimos um barulho.  

Parecia uma conversa baixa, entre suspiros. – O que foi isso? – Ela questionou num tom baixo.  

-Não sei dizer... Vamos andando... – Puxei o seu braço, nos guiando pelo som que nos dava certeza que não éramos os únicos ali.  

Entramos em um novo corredor de livros.  

A biblioteca era grande, facilmente nos perdíamos.  

- É por aqui. – Minha aluna sussurrou, entrando numa outra brecha entre as prateleiras.  

-Espere... – Pedi, não poderia perdê-la de minhas vistas. Segui seu trajeto, mas só tive tempo de avistar o seu vulto, passando avoada para outra parte. – Kênia... Sua danadinha! – Retornei a sua procura, atravessando os vastos corredores da biblioteca.  

A vi no fim de um novo corredor. Estava parada, de costas para mim. Corri em sua direção antes que sumisse de minhas vistas e segurei o seu braço. Seu rosto estava paralisado, os olhos arregalados e sua boca entre aberta.  

Outra vez escutamos os suspiros, tão pertos e altos.  

Olhei para frente.  

Uma criada apoiava seu corpo em uma das mesas da biblioteca, seu traseiro se empinava enquanto o Rei segurava sua cintura.  

E lhe estocava com violência, a mesa bambeava. Ambos gemiam juntos.  

Tampei os olhos de sua filha. – C-céus... V-venha, n-não faça barulho. – Sussurrei nervoso.  

Seus chiados ainda eram ouvidos por ambos. Eu a virei, libertando sua visão assim que lhe afastei daquela cena pavorosa.  

Eles mais pareciam dois animais selvagens.  

Stayne deu uma risada rouca e sem força. “Ãhn, Celine... E-estou chegando lá. “  

Apressei mais os passos. – Para onde ele está indo? – Perguntou Kênia, ainda surpresa e atordoada.  

-Os ouvidos! – Gesticulei. – Tampe os ouvidinhos meu bem! Vamos sair daqui!  

“Ouviu isso?” – Perguntou sua companheira.  

Paramos por um momento naquele corredor.  

Eu estava aflito, olhava para todos os lados, na certeza de que não encontraria a saída tão rápido.  

Puxei a garota, que tampava os ouvidos como pedi. “Tem alguém ai?! “ – Perguntou o Rei.  

Os novos passos além dos nossos me deu a certeza que Stayne estava a procura do culpado por invadir sua “privacidade”.  

Continuei a guiá-la pelos corredores. -Hightopp?! – A voz firme me congelou.  

Virei devagar. Kênia também.  

Ele estava semi-nu.  

Protegi a criança para que não visse tal cena. Engoli em seco. – Eu posso saber... – Se aproximou. – O QUE VEIO FAZER AQUI?!  

Nos encolhemos juntos. – E-e-eu vi-m... E-eu s-só est-ava... Vi-emos procurá-lo.  

Ele continuava sério, seu rosto vermelho e quente, a ponto de explodir. – Me responda... – Deu mais um passo. Kênia me abraçou. – Viu alguma coisa?  

-S-Soberano...  

-VOCÊ VIU?!  

-V-vi! E-eu vi s-sim! – Estremeci, ao ponto de quase chorar. – E-eu nã-o queria interromp-per o s-seu... – Não sabia como chamar. – D-divertiment-o... Mas... 

-Mas interrompeu. – Me calou, sagazmente.  

-S-se eu pudesse, tiraria os meus olhos para lavar!  

-Eu também. – Kênia retrucou.  

-CALE-SE SUA BASTARDA! – Abaixou a cabeça, respirando fundo. – Saiam daqui. – Apertava as têmporas. – Saiam... Antes que eu mude de ideia!  

A empurrei pelo ombro, a guiando pelos últimos corredores daquela imensa biblioteca, ela levantou seu dedo manchado, pronta para protestar sobre o que viu quando sussurrei com prontidão: - Vamos indo, pequena... Depois você conversa com o Rei. – Assim se calou, assentindo.  

-Hightopp? – Quando escuto meu nome sendo chamado outra vez.  

Congelei por dentro, admito que a cena que presenciei continuava penetrante em meus pensamentos. – Deixe-a ir. Temos um assunto pendente. – Ordenou o Rei. Libertei seus ombros finos e Kênia olhou para o seu pai antes de partir.  

O mesmo, deu mais alguns passos em minha direção, com certeza notava minha expressão de medo.  

Eu sentia uma gota de transpiração, atravessando devagar a minha testa e caminhando até o meu pescoço. – Espero que não pense em contar o que viu para minha esposa, na triste ilusão de que isso poderá influenciá-la para que... Volte para você.  

-N-n-não pensei n-nisso.  

Ele me olhava.  

-Está muito nervoso.  

Gargalhei. – E-eu... P-preciso de um pouco de chá!  

-Sabe... – Puxou um livro qualquer, folheando despreocupado suas páginas. – Eu estava pensando em uma boa punição pelo o que fez, ontem à noite. – Pausou. – Não digo apenas por... Ter se declarado abertamente a Rainha, mas o fato de... Me chantagear com o meu passado oculto. Eu percebi então que não poderia aceitar. – Sorriu. – Eu lhe daria uma punição por ontem... Tinha um bom castigo planejado especialmente para você.  

-...- Engoli em seco.  

-Mas agora... – Deu de ombros. – Fique ciente de que pensarei em uma nova penalidade que no mínimo, deixe sequelas em sua vida miserável.  

Segurei meu choro.  

-Saia. – Abanou a mão.  

-Sim, Soberano. – Me curvei.  

[...] 

Equilibrava a caixa de madeira muito bem fechada entre meu braço e meu joelho.  

Dei três batidas na porta.  

Esperava uma resposta.  

“Entre!” 

Girei a maçaneta, entrando para o quarto da Rainha que, estava sentada confortavelmente sobre o colchão. Ela virou seu rosto para o lado, notando minha presença ali. -Tem mesmo muitas páginas, e por sorte... – Terminava de falar com sua criada e amiga pessoal. – Está muito bem conservado. – Se levantou. - Olá, Tarrant.  

Seu sorriso me deu o pouco de ânimo que eu precisava. – Olá... E-eu... Trouxe...  

-Oh sim! Meredith, fique no corredor. – Se virava. – Avise se encontrar o meu esposo.  

-Claro, Soberana. – Se curvou, passando pelo seu quarto.  

-Coloque ai. – Apontou para o colchão. Joguei a caixa um tanto pesada. Alice estava afobada, andava para um lado e para o outro. – Tenho novidades! – Esperava um retorno vindo de mim, mas continuei em silêncio. – Pedi que Chesheri encontrasse o diário de Margareth. É este aqui. – Olhei para o livro em suas mãos. – Ele foi muito habilidoso em ir sozinho ao meu Mundo. Ele o pegou e... – Admirou a capa conservada. – Sinto que encontrarei algumas pistas que preciso, até mesmo sobre o meu pai.  

Sorri, mas meu sorriso tornou a se ofuscar.  

Pensava na ameaça do Rei.  

-Amor, eu trouxe seu vestido. – Abri a caixa, Alice deixou o diário de sua irmã.  

-Obrigada! – Pegou a nova vestimenta. – Os outros vestidos voltaram a me apertar. Minha barriga não para de crescer. – Observou. – É bonito. Vou colocá-lo agora mesmo. – Acarinhou os detalhes da cintura. – Me ajude com isso... – Virou-se. – As amarras...  

Eu as puxei. Depois do vestido, só se via a nudez de suas costas. Ela não usava mais espartilhos.  

Puxava devagar, com cuidado para não embolar as cordas finas e delicadas.  

Mas a Rainha estava agitada naquele dia. – Sobre nosso acordo! – Escapou de mim, caminhando até a escrivaninha. – Anotei a quantidade de chutes. – Balançava um pequeno papel. – Sua filha é tão agitada que já imagino a bagunça que causará nesse castelo. Foram... – Cerrou seus olhos ao ler. – Doze chutes.  

Ela levou sua mão ao ventre, torcendo seu corpo. – Treze. – Pausou. Se aproximando. – Vamos deixar que chegue até os vinte... – Se distraia com minha faixa de carretéis. – Ou não deseja esperar para que me beijes... – Sua mão deu a volta por minha nuca, um sorriso se pregava em seus lábios enquanto meus pensamentos estavam longe. – Está bem. – Cruzou os braços. – Até agora só me disse duas frases. Aconteceu alguma coisa? 

Balancei a cabeça, afastando os pensamentos. – O que perguntou?  

-Está tão distraído, Tarrant. – Notava. Me fazendo sentar em seu colchão.  

Ela sentara ao meu lado, entrelaçando os dedos de nossas mãos. – Me diga... – Sua curiosidade se aguçava, e o meu suspiro só a tornou mais forte. – Tem algo a ver com aquela Bruxa? – Neguei, cabisbaixo. Alice então, tocou meu rosto. – Stayne?  

-Eu... – A encarei. Ela aguardava. – Não é nada.   

-Está me escondendo. – Acusou, com razão.  

-Meu amor, é para o seu bem e... 

-Então está me escondendo mesmo?! - A Rainha puxou o vestido em meus ombros. Estava séria. - Pensei que fossemos confidentes. - Cortou o olhar, sem me dar chances de rebater. - Parece que eu estava enganada. - Se virou  para o espelho, media o vestido, colocando-o na frente de seu corpo. - Pode sair. É uma ordem.  

Me curvei, apesar de não ter a atenção de minha Rainha. Girei a maçaneta de sua porta. Meredith percebeu minha expressão de arrefecimento mas não se limitou a perguntar, logo sua amiga contaria de nossa pequena e tola discussão.  

Caminhava devagar pelos corredores, meus pensamentos eram no Rei e na ameaça explícita que me fez. Eu não poderia contar, não queria que minha Alice se preocupasse com o que poderia acontecer comigo.  

Ela estava grávida.  

Treze chutes... 

Parei, quase chegando as escadas. 

Me virei em direção ao seu quarto e apressei os meus passos a correr. 

Meredith repensava se deveria ou não girar a maçaneta daquela porta, no entanto, eu não pensei duas vezes.  

Entrei em seu quarto antes de sua criada. Alice mantinha sua atenção distraidamente no espelho enquanto seus dedos perseguiam as amarras, ainda firmes no vestido que a apertava.  

Por um impulso, aproximei meu corpo do seu  e agarrei sua cintura, a girando no mesmo instante.  

Ela tomara um grande susto quando sentiu os meus lábios tocando os seus. Seu punho se fechou, dava leves batidas em meu tórax para que eu parasse. Minha boca  flexionava na sua, Alice parou de me bater, conhecia aquele beijo.  

E então, ganhei mais confiança quando Kingsley passou a retribuir, ela fechara seus olhos, deixando que sua mão chegasse até meu pescoço. Apertei sua cintura numa força que jamais pensei que usaria num beijo.  

Era um beijo simples e doce, que com o passar dos longos segundos, se tornava molhado e nos fazia ofegar. Não havia mais lugar para preencher com selinhos. 

Nossos narizes se esfregaram quando decidi afastar levemente meus lábios, minha língua se introduzia devagar, com a sua permissão que foi cedida, prontamente.  

A palma de minha mão afagava sua nuca quando tomei posse do seu rosto. Os primeiros estalos de nossas línguas ecoavam naquele silêncio. Alice juntava mais nossos corpos, e eu pude ter a sensação que seu vestido escorria pelo seu corpo.  

Abri meus olhos, deixando que sua língua dançasse dentro de mim.  

Eu estava certo, seu vestido escapava, revelando seu sutiã de rendas brancas. Seus seios eram fartos, quase explodindo naquele aperto. Meu maxilar cansou, nossas línguas se recolheram juntas mas ainda havia um pouco de fôlego para se esgotar. Retornamos aos selinhos. 

Os estalos ainda eram ouvidos quando seus dentes chegaram mordiscando meu lábio inferior. Nos afastamos então.  

Alice me olhava ainda muito surpresa com o que acabara de acontecer. Suas mãos retornaram ao meu tórax, seus punhos estavam fechados e eu, alisei sua cintura vagarosamente. Nossas respirações descontroladas tornavam-se apenas um mero detalhe, queríamos aquele beijo outra vez. 

Seus olhos continuavam a brilhar.  

Eu estava fascinado com a forma como seu orgulho insistia para que escondesse seu sorriso. 

A tomei em seus braços outra vez, a ansiedade de um novo beijo se extinguiu por completo quando ambos avançaram. Devorei os seus lábios. Ela retribuía e nossas línguas se encontravam unidas outra vez.  

Seu suspiro juntou-se ao estalo de nossos beijos, as paredes não foram capaz de abafar o som de nossos corpos.  

''Majestade...'' - Ouvíamos leves batidas em sua porta, Meredith fazia sua segurança no corredor. ''Não façam barulhos.'' - Ignoramos, era impossível. 

Ela envolveu seus braços em meu ombro. A trouxe para mais perto, sem perder a concentração naquele beijo. Meu corpo se excitava, era uma tortura saber que não poderíamos ir além, não no quarto do Rei.  

Roçamos nossos lábios, nossas respirações pediam clemência. Alice ousou em terminar com nosso beijo. Fechei os meus olhos, trazendo seu rosto de volta. - N-não... - Permiti que respirasse quando passei a chupar o seu pescoço, delicadamente para não deixar marcas. Ela suspirou, regulando seu ar perdido. A abracei, também precisava de fôlego. Com nossos corpos agarrados, ela notara então o quanto aquele beijo havia me estimulado. 

Afagou meus cachos, toquei suas bochechas vermelhas de pudor. 

Voltamos aos selinhos. Suas mãozinhas curiosas tocaram-me por momento.  

Me afastei, consideravelmente. Sorri de nervoso. Ela estranhou minha careta. - O que houve? - Insistia em se aproximar, talvez fosse inocente demais para perceber o que acabara de acontecer com o meu corpo. 

-N-n-nada! - Movi meus dedos no ar quando tornei a segurar seu rosto. Ela esperava um novo beijo. - E-escute... - Pausei. - Eu não quero alarmá-la, mas o Rei disse que... Me punirá. Severamente.  

-O quê? - Levou a mão ao peito. 


Notas Finais


Meio deprê com a queda dos comentários...
Vou voltar a minha rotina em poucos dias...
Dependendo da minha animação, posso dar um tempo em postar. =/

Bom... O que acharam? O que Stayne deve fazer?
Como eu disse, haverá mudanças no enredo e preciso de muito ânimo para prosseguir.

Se você leu, perca uns minutinhos e deixem um comentário.

Grata.


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