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História Apenas um sonho III - Herdeiro do trono - Rainhas


Escrita por: Maallow

Notas do Autor


Narração incomum da Mirana hahahha
Desculpem se eu demorei, to sem inspiração esses dias...
Tentei escrever e aqui vai o capítulo

Capítulo 22 - Rainhas


Wonderland, Castelo de Marmoreal.

Dezembro, 1823

O choro alto e agudo do bebê que saia de dentro de minha mãe após nove horas de um parto difícil parecia como música aos ouvidos da exausta Rainha de Wonderland.

Minha irmã mais velha, Iracebeth, e eu, assistíamos a tudo. – É uma menina! – A parteira exclamou sorrindo com satisfação e cansaço, embrulhando a bebê num manto de tecido nobre.  

Minha mãe sorria com lágrimas nos olhos, eu jamais entenderia sua alegria.

Aquele bebê era o marco da decadência da família real, todos sabiam disso: O Rei exiliaria a criança e o pai dela, para o Mundo que deveriam pertencê-los.

E minha mãe seria morta como punição por sua traição ao Rei.

Mesmo assim, a Rainha sorria.

“Se chamará Alice.” – Foram suas últimas palavras antes de adormecer.

- Quero vê-la! Adoro coisas miúdas! – Iracebeth soltou meu braço e seguiu as parteiras até o toalete, onde dariam o primeiro banho na vida recém chegada.

Me aproximei da Rainha e tudo o que fiz foi acariciar seu rosto quente e cobrir seu corpo ensanguentado com lençóis limpos.

Não conseguiria ficar ali. O meu triste humor não era a melhor boas vindas para um bebê.

Saí do quarto.

Caminhava solitária pelos corredores.

– Sei que em breve minha vida mudará para sempre. – Pensava alto.

“Não só sua vida, minha Majestade.” – A voz de alguém pairou um pouco atrás.

Me virei.

Era um dos soldados do Rei, com certeza o mais alto deles.

– Não sou sua Majestade.

Ele sorriu. – É mesmo uma honra ouvir sua voz. – Se aproximou. – Desde que vim servir o Rei, essa é a primeira vez que a vejo de tão perto. É muito mais bela do que as pinturas que passo horas a admirar.

Eu não estava familiarizada com cortejos.

Havia completado quatorze anos mês passado.

 – Hum. – Sorri. – Como se chama?

Ele mensurou. – Ilosovic Stayne, futura rainha.

- Ilosovic Stayne. – Repeti, algo me dizia que este era um nome que já estava guardado na memória.

Sim... Estava.

– Minha irmã fala muito de você. Ela... – O olhei, dos pés a cabeça, apesar da armadura não me permitir ver muito. – O acha charmoso.

Eu o fiz perder seu sorriso, por alguma razão. Além de esconder os dentes, o soldado expressou certo desgosto. – Iracebeth não me encanta como você.

- Mas ela sim será a futura rainha. Ela é minha irmã mais velha, eu serei apenas uma princesa, é a ela quem deve cortejar e bajular. Com licença. – Tornei a caminhar.

Seus passos seguiram os meus. – Se me permite, princesa Mirana, eu acho que você seria uma Rainha muito melhor do que sua irmã.

Parei no mesmo instante. Aquele simples soldado parecia compreender meus desejos mais profundos. – Você acha? – Questionei com fraqueza, como um sopro.

O senti mais perto. Ilosovic Stayne pegou minha mão, deslizando seus dedos pelos meus. – Eu tenho certeza. – Ele ergueu meu queixo com a firmeza dos seus dedos. – Beleza e supremacia Vossa Majestade tem de sobra.

“Vossa Majestade. “ – A junção daquelas duas palavras nunca antes ecoaram tão profundamente em meus ouvidos.

Eu queria corrigi-lo outra vez.

Dizer que jamais serei uma Rainha.

Mas por um instante me deixei ser levada por aquela fantasia oculta.

Soltei minha mão.

– Minha irmã sempre faz questão de dizer que é a mais velha e mais especial... e que... – Eu o olhei. – Herdará o trono quando nosso pai falecer.

- Diga a ela que em uma guerra, nunca devemos contar vitória antes do tempo.

O canto dos seus lábios se esticaram devagar.

- O que quer dizer? – O olhei com asco. – Acha que farei algum mal a minha irmã para tomar posse da coroa?!

- Não fique tão revoltada, Minha Majestade. – Ilosovic levantou as mãos em rendição. Mas seu sorriso sagaz ainda permanecia.

Por mais que eu gostasse de seu tratamento, precisava corrigi-lo. – Não sou sua majestade e nem serei. – Me intrigava como ele possuía segurança o suficiente para tal. – Saia daqui, saia agora da minha frente ou mandarei que seja punido.

Ele sorriu. – É assim mesmo que uma Rainha deve ser. – O soldado se curvou, virei o meu rosto, não queria encará-lo.

Nunca mais.

[...]

- Ela é linda, você não acha, Mirana? – Iracebeth e eu admirávamos a bebê adormecida no berço de ouro.

Assenti. – O que há, minha irmãzinha? você parece um tanto dispersa. – Observou.

-Princesas. – Uma das parteiras chegou ao quarto.

Me afastei do berço.

Precisava saber sobre a Rainha. – Como está minha mãe?

O rosto da parteira se entristeceu. – Lisete está indo para a forca.

Aquela era uma condenação dura para nós.

Iracebeth me abraçou. – Mirana, é a lei. Infelizmente precisamos aceitar. Pelo menos até que a lei mude.

- Espero que haja mudanças um dia, princesas. – Suspirou a parteira, com amargura.

Ela passou por nós, parando diante do berço.

Olhava a recém nascida a cada hora.

Mas dessa vez, carregava um pequeno frasco de vidro. – O que é isso? – Minha irmã perguntou assim que ela abriu o frasco.

A poção tinha um cheiro forte de rosas e lavanda.

E era administrada num conta gotas. – A Rainha acredita que um bebê recém nascido é frágil demais para ser exiliado para um mundo desconhecido. – Dizia, puxando algumas gotas do conteúdo do vidro. – Ela ordenou que eu pingasse algumas gotas dessa poção para que a pequena Alice fosse protegida.

A parteira pingou na testa de Alice. A bebê por sua vez estava tão tranquila e serena que nem mesmo sentiu.

A poção oleosa descia vagarosamente pelo rosto miúdo da menina.

– Se chama poção da vida. – Concluiu.

- Eu sempre tive uma grande curiosidade a respeito da magia branca. Isso... funciona?

- Sua mãe acredita que sim, Princesa Mirana. – Parou as mãos no berço após ter certeza que guardou muito bem o pequeno frasco de vidro entre o corpete apertado nos seios. – Alice será uma menina forte, assim como a Rainha.

~*~

- Majestade. – Sentia algo puxar o tecido de minhas vestes.

Demorei até abrir os olhos, antes queria me livrar daquelas memórias perdidas do meu passado. Memórias que por muito tempo eu esqueci.

- Majestade. – Lentamente abri os olhos.

McTwisp puxava fracamente a saia do meu vestido.

- Eu me lembro de ter dito que não queria ser incomodada, ao menos que fosse algo importante.

Ele abaixou suas orelhas pontudas. – Sim, Vossa Majestade.

Sorri discretamente.

Vossa Majestade ainda eram minhas palavras preferidas. – Devo mandar então que o chapeleiro da corte venha em um outro momento.

- Chapeleiro? – Ergui uma das sobrancelhas. – Tarrant ou Zanik?

McTwisp permanecia sempre neutro. – Tarrant, Majestade.

Ergui mais o meu rosto e ajeitei a postura, sentada ao trono. – Mande que entre.

Eu assisti as saltitadas do coelho branco pela extensa sala do trono até a porta, onde os soldados liberaram a sua saída.

Pude ver pela silhueta de sombras que Nivens conversava com Tarrant.

Logo em seguida, ele entrou.

Não costumava tirar sua cartola quando entrava na sala do trono, mas dessa vez, Tarrant a tirou. Caminhava hesitante, mal olhava para mim, e pelo o que pude perceber, seus olhos vagavam tristes e perdidos por toda a sala do trono até chegarem aos meus.

O chapeleiro parou no centro da sala do trono e mensurou. Eu amava suas mensuras, elas eram exageradas, diferentes de todas as outras. – Minha Majestade.

Embora eu amasse ser chamada assim...

Odiava o modo como Tarrant dizia.

Sempre parecia soar distante.

 – Já disse que deve me chamar de Mirana. – Sorri, descendo os degraus do trono.

Eu o vi engolir, recolocando sua cartola. – Me perdoe, Majestade, sei que somos grandes amigos mas não consigo deixar de tratá-la como a grande rainha que é.

Ambos sabíamos que este não era bem o motivo.

Desde que deixei escapar minha admiração e meus sentimentos, Tarrant mudou. – Você me parece aflito. – Toquei o seu rosto. – Em que posso ajudar?

Ele afastou o meu pulso. – Eu só vim lhe comunicar, Majestade, que não serei mais o seu chapeleiro.

- C-como?

Tarrant me deu as costas. – Estou indo embora de Marmoreal.

Eu sempre soube que Tarrant e Zanik não tinham uma relação muito afetuosa. – É o seu pai?

Ele parou no meio do corredor. O vi retirar sua cartola, carinhosamente, ainda de costas para mim. – Posso ajudá-lo. – Sorri, tocando seu ombro.

O vi engolir. – Na verdade, sou eu, Mirana. – Nos olhávamos. – Percebi que não faz sentido continuar.

- Do que está falando? – Sussurrei, mantendo minha voz doce e compreensiva. – Servir a Rainha sempre foi o seu sonho.

- E já o realizei. – Ele pegou minhas mãos. – Agora tenho um sonho maior. P-preciso cuidar dos meus filhos e da minha esposa.

Me soltei, irritada. – Primeiramente você deve servir a mim!

Qualquer um ali estranharia a severidade em minha voz. – Majestade  - E Tarrant não foi diferente. – Não se aborreça comigo.

- Este é o seu trabalho. – Cruzei os braços. – Não deixará Marmoreal.

Ele perdia seu brilho. – Mirana, por favor.

“O que está acontecendo aqui?” – Alice parou no corredor.

Era notável como meu chapeleiro se enchia de felicidade ao lado dela. – Querida. – Ele sorriu radiantemente. – Estou deixando o meu trabalho de chapeleiro, apenas vim comunicar a Rainha.

- Essa é uma notícia maravilhosa! – Ela correu para abraçá-lo, ele a ergueu enquanto sorriam um para o outro. – Esperei tanto por isso!

Virei o meu rosto.

“Ah querida, você e nossos filhos são mais importantes do que tudo para mim! “ – O ouvi declarar.

Alice resplandecia felicidade.

- Você é meu súdito. – Os interrompi. – Não deve haver nada mais importante do que me servir. – Eles me olharam. – Não permiti que abandonasse seu trabalho, Tarrant.

- Vossa Majestade não estará desamparada, meu pai é muito competen—

- Eu quero o melhor. – O interrompi. – E você é o melhor. – Caminhei. – Fui a primeira a lhe dá uma chance. – Sorri. – Você está sendo tão ingrato, Tarrant.

- Trabalhei para a Rainha por anos. – Ele segurava a mão de Alice. – Minha esposa está grávida e eu quero ficar com ela e com nossos filhos. – Sorriam um para o outro.

Eu a olhei. – Parabéns, Alice.

Diferente de seu marido, Alice não era tão ingênua em não perceber a pitada de raiva em minha voz. – Ficaremos muito mais felizes e agradecidos se você permitir que Tarrant renuncie.

- Não, ele é meu súdito.

Eles se entreolharam. – São apenas vestidos e chapéus, Mirana! Uma rainha não pode ser tão fútil a este ponto!

- Do que me chamou, Alice?

- D-de nada! – Tarrant se meteu, rindo. – Alice só está brincando, Majestade! – Ele a encarou com rigidez mas isso não a intimidou.

- Você não vai embora do castelo sem minha permissão, Chapeleiro. – Decepcionado, ele assentiu. – No mais, estarei na sala do trono.

Dei as costas, os soldados abriram a porta para mim. – Wonderland merece uma Rainha melhor! – Gritou Alice, enchendo seus pulmões.

“Alice, fique quieta. “ – Mandou Tarrant.

Pisquei os meus olhos interruptamente, enquanto suas palavras grosseiras e insensíveis pairavam em meus ouvidos. Só demorou alguns poucos instantes para que eu reagisse.

E sempre reagia sorrindo.

Me virei. – Não há uma rainha melhor e mais bondosa do que eu.


Notas Finais


Foi como eu pensei: a narração da Mirana é meio difícil para mim kkkmm esse capítulo foi um desafio, então me digam o que acharam.
Mirana é boa ou só finge ser?
Gostaram do nascimento da Alice? Auhsuah
E não vamos esquecer do Stayne, na época era só um soldado mas já plantava a discórdia

Wonderland merece ou não merece uma Rainha melhor?


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