Capítulo XXIX
Emanuele — Londres, Inglaterra
Marcos estava intercalando seu olhar entre mim e Gemma. Em alguns momentos eu estava encarando a minha mãe e Anne, que á essa altura já estão desacordadas amarradas no corrimão da escada. As lágrimas estavam a um fio de escorrer por meus olhos e pelos de Gemma. Respirei fundo e reuni toda a coragem que eu tinha.
— Não entendo onde eu tenho culpa em toda essa história, mas se você quer me matar, me mate logo, mas deixa essas três mulheres saírem. – disse com um fio de voz, sentindo minha garganta fechar. — Mas saiba que se você é realmente meu pai, não está fazendo seu papel! – disse firme, sentindo as lágrimas escorrerem. — Se nunca te procurei é porque não sabia da sua existência, e o fato de você ser meu ‘’pai biológico’’ nunca, nunca nessa vida, vai anular todo o carinho e o amor que eu tenho pelo meu pai Otávio.
Marcos me observou como se estivesse procurando alguma semelhança entre nós, mesmo que fosse algo mínimo. O detalhe mais perceptível são os nossos cabelos avermelhados, nada mais que isso. Longos minutos se passaram até que ele tomou uma iniciativa e se aproximou de Gemma, desamarrando ela e, logo em seguida, a mim. Ele me observou como se me pedisse desculpas, afastei minha cadeira.
— Me desculpe. – um suspiro abandonou seus lábios. Suas mãos passaram de forma violenta por seus fios levemente brancos. — Foi eu quem escolhi seu nome, a princípio sua mãe odiou o nome Emanuele. – Ele tentou se aproximar, mas eu me afastei novamente. — Mas Noemi teve que teimar e te tirar de mim, e logo atirou o meu bem mais precioso nas mãos daquele homem! Como eu o odeio. Passei esses meses te vigiando para saber se Harry era um bom namorado para você, não quero que ele lhe faça nenhuma mal, minha família.
Respirei fundo e logo disse.
— Não sei mais o que fizer.
— Eu gostaria de ganhar um abraço seu, se não fosse pedir muito.
O encarei receosa e virei meu olhar para Gemma, ela concordou me incentivando. Aproximei-me e ele me abraçou apertado, e confesso que era um abraço quentinho. Para ele era um momento muito importante, que ele esperou por anos. Senti-me bem, mas logo me afastei.
— Desculpa, me desculpem vocês duas. O ódio que eu cultivei por anos me subiu a cabeça e tomou proporções que eu não consegui controlar. – ele parecia arrependido. Segurei em suas mãos e as acariciei. — Quero poder participar da sua vida e eu aceito fazer o teste de DNA, assim eu posso provar tudo o que eu te disse.
Estava tentando acreditar nas suas palavras, mas eu irei fazer sim o teste, quero poder saber se ele é ou não meu pai. Soltei suas mãos e olhei para a minha mãe e para Anne, ele entendeu o que eu quis dizer e se aproximou delas, para soltá-las.
— O que aconteceu? – Anne perguntou alguns minutos depois. Ambas já tinham acordado e estavam observando o ambiente. — Gemma, minha filha, está tudo bem com você?
— Sim, mãe. – Gemma aproximou-se da Anne e a ajudou a levantar-se. — Acho que deveríamos sair daqui e dar um espaço para a Noemi, Marcos e Emanuele, ok?
Anne concordou com Gemma. Elas recolheram tudo que estavam em minha casa e antes de sair pela porta dos fundos, Anne me olhou com sangue nos olhos, o que me deixou apreensiva.
— Não quero ver você nessa casa quando o meu filho chegar. – aproximou-se e apontou o dedo em meu rosto. — Desde que você entrou na vida dele tudo, simplesmente tudo, vem dando errado! – ela estava nervosa, gesticulando ferozmente enquanto jogava todas essas palavras em meu rosto. — Se algo tivesse acontecido com a minha filha eu juro por tudo que é mais sagrado que eu faria de tudo para você perder seu bebê. – meus olhos marejaram com todas essas palavras rudes. Ela passou a mão pelos cabelos. — Quero que você suma da vida do meu filho! Quero você o mais longe possível! Saiba que esse bebê no seu ventre não é e nunca será um neto meu! Nunca! – as lágrimas começaram a escorrer de forma descontrolada por meu rosto. O rosto de Anne encontra-se vermelho de pura raiva. — Meu filho não está pronto para ser pai, assim como você também não está pronta para ser mãe! Você teve sorte nessa sua vida medíocre, de apenas uma fã a namorada de uma das pessoas mais conhecida nesse mundo. Quero você corte todos os laços com ele, sua vagabunda!
E assim ela cuspiu no carpete da sala e saiu dali pisando fundo. Anne me olhou com pesar se seguiu sua mãe. Sequei minhas lágrimas e fui atrás delas, queria poder dizer como estava me sentindo nesse momento.
— Anne! – ela virou-se ainda muito furiosa, me encarou. Prossegui. — Não tenho culpa de nada que aconteceu até aqui, quem menos tem culpa sou eu! Nunca quis machucar ninguém e sei que não machuquei o Harry, a única pessoa que me ajudou. – disparei em dizer, me aproximando delas. — Nunca quis envolver ninguém em meus problemas. Não quis engravidar, e eu sei que somos jovens e todo o blá blá blá que você cuspiu na minha cara minutos atrás, mas só posso te dizer que eu não posso tomar uma decisão tão importante sem antes consultar meu companheiro. – sequei as lágrimas que escorreram por meu rosto e respirei fundo. — Mas se você acha que eu prejudiquei o seu filho o problema é seu!
E assim eu voltei para dentro da minha casa, sentindo toda a raiva sair por meu corpo naquele momento. Subi as escadas e entrei furiosamente no quarto em que eu dividia com Harry. Peguei uma mala e fui jogando tudo que eu tinha naquela casa dentro daquelas três malas grandes. Sei que estou fazendo errado, até porque namoro com Harry e não com a Anne, mas não quero causar mais problemas. As lágrimas quentes estão rolando por meu rosto. Terminei de guardar todas as minhas roupas e decidi tomar um banho quente para tentar relaxar meu corpo.
Harry — São Paulo, Brasil
O fim dos shows chegaram e com o fim deles o meu fim de semana em Salvador. No entanto eu continuo intrigado com a ligação que eu fiz hoje mais cedo, Emanuele não retornou a ligação e nem me enviou uma mensagem esclarecendo o que havia acontecido. Pude ver de relance Louis fazendo umas palhaçadas mais os meninos enquanto eu estava tentando falar com ela novamente.
— Atende por favor...
(...)
Londres, Inglaterra — Dois dias depois
O fim de semana acabou e elas não foram para o Brasil. Emanuele não fez contato comigo e Gemma conversou comigo apenas o necessário. Abri a porta da minha casa com e estava coma expectativa lá em cima mas me deparei com Gemma sentada no sofá com a Nina em seu colo. Assim que a cadelinha me viu, começou a latir.
— O que aconteceu? Vocês mal se comunicaram comigo... Quero saber o que houve. – ela desviou o olhar e respirou fundo. — Cadê a Emanuele? EMANUELE!
Subi as escadas correndo e fui em direção ao meu quarto: nada. Abri o roupeiro e nada, olhei em todos os lugares possíveis e nada. Desci as escadas novamente procurando por Gemma, sentindo meus olhos arderem. Ela me deixou?
. — Mamãe brigou com ela, Harry, disse coisas horríveis e culpou Emanuele por erros da mãe dela. Ela não pensou, agiu por pura emoção e adrenalina por conta do nosso ‘’sequestro’’ antes do seu embarque. – Gemma apoiou sua mão no corrimão. — Supostamente Emanuele não era filha biológica de Otávio e Marcos, o ai biológico dela, decidiu se vingar. – a encarei incrédulo sentindo as lágrimas escorrerem por meus olhos. — Mamãe poderia ter feito algum mal para o bebê.
A encarei estático, sem saber o que dizer ou o que pensar ou dizer. Bebê? Que bebê?
— Me explica isso direito. – sentei-me ao seu lado.
— Depois de uma semana que você foi para a turnê a Emanuele nós disse que estava com a menstruação atrasada e então a encorajamos para fazer um teste de gravidez. E como o esperado, ela fez e deu positivo. Mas depois da briga que ela teve com a mamãe, que praticamente expulsou-a daqui, ela não está se alimentando direito e nem tomando as vitaminas. Já tem uns dias que ela não sai do quarto ou conversa com alguém.
Respirei fundo tentado absorver tudo o que eu havia acabado de ouvir. Do mesmo jeito que eu entrei em casa, eu sai. Estou profundamente chateado com minha mãe, ela não tem o direito de interferir dessa maneira na minha vida amorosa. Peguei as minhas chaves e sai pela porta. Gemma segurou em meu braço, fazendo com que eu vira-se para si.
— Tome cuidado, Hazz.
— Irei tomar. – beijei sua testa e me desvencilhei de seu toque.
Emanuele — Londres, Inglaterra
Sei que estou fazendo errado não me alimentando, mas não sinto a mínima vontade de comer ou de me alimentar; mas sei que é necessário e tento fazer um esforço por meu feijãozinho. Sabia que Harry chegaria hoje porque Liam iria chegar, ele havia me ligado e conversamos um pouco, ele irá para a casa de Sabrina.
Reuni as poucas forças presentes em meu corpo e caminhei em direção ao banheiro, para poder fazer todas as minhas higienes rotineiras. Assim que terminei, vesti uma roupa confortável e me deitei novamente. Limitei-me a ligar a TV em um seriado qualquer. Ouvi batidas na porta e respirei fundo.
— Deixe-me sozinha por favor, Noemi. Quero dormir e você está me atrapalhando. – cobri-me sentindo um enorme frio percorrer meu copo. — Além do mais, você sabe muito bem que eu preciso de um tempo maior para pensar e absorver os últimos acontecimentos. – respirei fundo segurando as lágrimas. — E pode ter certeza de que eu não estou com fome.
As batidas cessaram, mas logo em seguida a por foi aberta, no entanto eu permaneci do mesmo jeito que eu estava.
— Não perguntei nada disso que você me disse amor. – estremeci ao ouvir aquela voz rouca que eu tanto amo. Descobri meu rosto e virei em direção à porta, vendo-o com os olhos vermelhos. Em suas mãos estava uma bandeja com diversos alimentos. — Precisamos conversar sobre tudo o que aconteceu e você e o nosso bebê precisam se alimentar.
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