Capítulo 1 - Apenas Uma Vez.
Apenas uma vez
Porque minha historia começa com este titulo? É porque tudo na vida acontece (ou parece) acontecer apenas uma vez.
Chamo-me Makoto Mizuhara, tenho 25 anos e acho que tenho idade suficiente para contar o porquê que a maioria das coisas que acontecem na nossa vida é só por uma única vez.
Vou começar a partir deste ponto.
Nascimento.
Quando nos nascemos, nossos pais já logo vão dizendo:
- Meu Deus como nosso filho é lindo, ele puxou a mamãe.
- Que Nada, ele puxou o Papai.
- Puxou a Mamãe!
- Puxou o Papai!
Daí já da pra saber o que aconteceu.
Não imaginava o que me esperava nesta vida, não pelo fato de ela estar apenas começando. Mas não fazia idéia de como tudo aquilo e todo aquele momento não voltariam mais, mesmo este, acontecendo a 1 segundo atrás.
Eu não podia me conformar com isso, já que eu era apenas uma criança. Mas meus pais sempre queriam me dar o melhor e todo o carinho do mundo. Eu não conseguia ouvir e entender o que eles diziam, mas eu ria muito de tudo aquilo.
- Olha só querido, nosso menininho esta rindo.
- Mas a gente não fez nada pra ele rir, muito pelo contrario, estou nervoso por ele ter feito xixi em cima de mim.
- Ai querido, você acha que ele vai entender isso?
Era estranho eu apenas os ver e não poder falar com eles, não me sentia bem, tanto que teve um acontecimento interessante. No qual eu não poderia fazer nada, muito menos falar. (acreditem, eles me deixaram dentro de um berço e encheram ele de roupa, já que eu dormia tão bem lá)
- Querido, onde esta o Makoto?
- Não sei querida, ele não estava dormindo no berço?
- Ai meu Deus, o Berço.
Pela segunda vez, vocês já devem saber o que aconteceu depois disso. Mas que disse que depois disso eles aprenderiam a lição?
As coisas não ficariam piores, mas 5 anos mais tarde eu já tinha uma pequena noção de com iniciar a entender a vida. Acho que daí para frente minha vida mudaria.
Comecei a ir a escola, era a pré-escola e logo ali eu aprenderia muita coisa, mas o que mais eu guardo de bom daquele tempo, era de que não sabia que eu poderia amar alguém em minha idade.
Descobri que mesmo em minha idade, podemos amar sem se sentir culpado por não estar junto da pessoa que tanto a gente queria, convivemos os mesmos momentos de nossa infância juntos e depois de todo esse tempo, esquecemos que um dia amamos esta pessoa e cada uma vai para seu lado. Vivendo novamente suas vidas sem lembrar de nada do que aconteceu aos 5 ou 6 anos.
Por acaso você lembra de alguma coisa de quando você tinha 5 ou 6 anos?
Depois de alguns anos a gente começa a ver o mundo com outros olhos, novas descobertas e hora de saber escolher as coisas para depois não reclamar.
- Filho, o que você vai querer de natal?
Eu poderia pedir qualquer coisa, desde que não estivesse fora dos limites de meu pai. Eu queria algo que estava acima de tudo que meus amigos tinham, mas não queria algo que fosse abaixo do que meus amigos tinham.
Pedi um vídeo game!
Que garoto (ainda mais na minha época) não queria ter um vídeo game? Passar a tarde inteira jogando come-come e outros jogos legais que tinham naquele tempo.
Eu posso dizer que foi o tempo mais divertido de minha vida, conheci novas pessoas, fiz novas amizades e descobri que nem tudo se consegue sozinho e precisamos sempre da ajuda de algumas pessoas.
Adolescência.
Quando eu achava que já tinha descoberto muitas coisas, é ai que eu me enganei, pois foi nesse tempo que eu descobri muito mais coisas do que eu imaginava.
Nosso corpo muda de acordo com o tempo, nossa mente começa a pensar de outra maneira e a coisa que você vê você já pensa em outro sentido, como me aconteceu em certo momento.
É nesse tempo em que a gente sente como é estar mesmo sentindo algo indescritível. Como um dia na escola, eu estava pensando em um jeito de me expressar, já que agora era bem diferente.
- Preciso falar com você Rune-chan. *eu estava muito nervoso, parecia uma vara-verde de tanto tremer*.
- Pode falar Makoto-kun.
- Eu... Queria dizer que... *não tinha melhor modo de me expressar, mostrar o que eu verdadeiramente eu sentia*.
- Makoto-kun... Eu também te amo.
- Heim? *aquilo me acertou em cheio, não sabia que ela poderia sentir a mesma sensação, a vontade de estar comigo, de querer estar sempre junto de mim como eu queria estar dela*.
Esta certo que isso parece impossível, mas aconteceu. Eu a namorei durante um longo tempo, a gente sempre pensava primeiro nos estudos, e ai sim, quando tínhamos um tempo livre ficávamos mais juntos do que nunca.
Posso dizer que aquele foi um dos tempos mais felizes de minha vida. Não tinha que me preocupar com muitas coisas, e não tinha responsabilidades. Apenas estudava e nada mais.
Um tempo depois de estarmos juntos, a gente começou a se relacionar mais intimamente e foi ai que eu esqueci do mais importante. Eu apenas pensava em mim, mas ela também foi descuidada e alguns meses depois minha vida iria mudar drasticamente.
Eu não pensava que aos 16 anos...
Eu seria Papai.
- Katsuo-kun, estou com medo.
- Medo? Medo do que?
- Minha Menstruação... Esta atrasada.
- E isso significa...
- Acho que estou... Grávida.
Não vou dizer que estava nervoso e um pouco triste, mas ao mesmo tempo, este sentimento se misturava com a alegria de saber que eu seria pai. Eu estava muito confuso, não sabia como reagir a esta nova fase de minha vida, era cedo demais para aquilo ter acontecido.
Por mais que eu olhasse para aquela situação e tentasse deixa-la mais calma, eu ficava cada segundo mais nervoso. Primeiro porque eu não tinha um trabalho, eu apenas estudava, e segundo, a gente teria que morar sozinho.
Por um tempo eu pensei e vi que se a gente conversasse e explicasse o que aconteceu, poderíamos achar uma outra maneira de não piorar a nossa situação. Meus Pais acharam aquilo inaceitável, mas eles entenderam que aquilo mais cedo ou mais tarde iria acontecer. Eles entenderam e disseram que fariam o possível para ajudar a gente pó um tempo, até que as coisas estivessem calmas.
Mas os Pais da Rune-chan não aceitavam o fato de sua filha de 16 anos estar grávida de alguém da mesma idade, eles a chamaram de imatura e de outros nomes que a deixaram muito mais triste. Seria impossível ela agüentar que o próprio pai a chamasse de vagabunda e que não a reconhecia mais como Filha.
Ela estava muito triste...
Eu estava mais ainda...
Para alguns era aceitável...
Para outros era impossível aceitar.
Não poderíamos mais voltar atrás e de qualquer maneira aquela criança iria nascer, mas quem iria criar eram duas crianças. Não tinha a mínima idéia de como cuidar de uma criança. Muito menos de mim mesmo.
Passou mais um tempo, e o bebê nasceu, era uma coisinha tão pequena que dava até medo de encostar e machuca-lo. Eu não conseguia para de chorar, era tudo lindo, aquelas mãozinhas pequenas, olhinhos fechados, poucos cabelos e um corpinho tão pequenino que o medico o segurava com tanto cuidado que até ele chorava.
O choro dele me fez ver que nem tudo aquilo que eu pensava sobre como seria minha vida depois de tudo isso, vi que poderia ser a melhor de todas. Eu olhava para a Rune-chan e vi que ela estava mais feliz do que eu, eu queria viver pra sempre com ela aquele momento e que nada neste mundo poderia acabar com aquilo.
Mas foi 1 semana depois que as coisas pareciam ir ao contrario daquilo que eu planejava. Mari-chan não se sentia bem e tinha muitas dores. Eu não pensei duas vezes e logo a levei ao medico.
O medico disse que ela teve algumas complicações na hora do parto que isso era apenas algo que com um tratamento logo iria passar. Mas a situação era mais complicada do que imaginava. Ela foi internada.
Cada dia que passava eu ficava mais desesperado com o que ela estava passando, eu tinha medo de tudo que poderia acontecer. Mas eu não deixava de cuidar do nosso bebê. Pois ele também precisava de todo o carinho do mundo.
3 dias se passaram e ela não melhorava, ao que os médicos diziam, ela estava com uma infecção no Útero. O medico disse que pela idade dela e do tempo de gestação ela tinha o risco de ter esse problema futuramente, mas não naquele momento. Eu já estava, mas do que apenas desesperado.
Foi então que numa sexta-feira eu recebi uma noticia que mais uma vez mudaria minha vida...
Só que desta vez, para sempre.
O silêncio bateu em minha mente, não conseguia raciocinar, me senti vazio, não conseguia mais sentir o chão sob meus pés e tudo praticamente se tornou o nada. Eu apenas não aceitaria e nunca o aquele medico me disse. Rune-chan viveria para sempre comigo e de uma hora para outra ela me deixar assim sem nem ao menos dizer Adeus?
Acho que essa era a hora que eu mais temia em minha vida, a hora de dizer Adeus a pessoa mais importante de minha vida, para mim, minha vida já não fazia mais sentido. Nessa hora eu lembrei que tinha uma vida que precisava de mim, meu filho.
Um dia ele saberia que sua mãe não poderia lhe dar os beijos de boa noite, contar histórias antes de dormir, ir com ele ao parque, dar presentes de aniversario e natal...
Como eu viveria sem ela?
Para todos foi um choque saber que Rune-chan tinha mesmo morrido, sem nem demonstrar um modo de se despedir de mim e de todos.
Mas quando a vi pela ultima vez naquele que seria seu leito de descanso eterno, eu notei que ela sorria, não demonstrava sentimento de sofrimento e nem dor. É como se ela estivesse feliz.
Eu chorei...
Chorei tanto...
Que não sabia de onde tanta lagrima saia...
Mari-chan...
Passou-se mais 5 anos, eu em meus 21 anos e meu filho com 5 anos, eu já tinha me estabilizado na vida e dava uma vida melhor ao meu filho. Ele crescia e parecia cada vez mais com a sua mãe. Com ele ao meu lado, não tinha como eu me esquecer de sua mãe.
Meu filho ira crescer e também vai notar que tudo na vida só acontece uma vez. Como estes acontecimentos. Mas também notei que essas coisas são praticamente inevitáveis. Não podemos evitar tudo. Mas também não queria que as coisas acontecessem sem ao menos a gente imaginar.
Hoje aos 25 não sinto mais tanta tristeza, mas sim, sinto muita falta dela. Se tivermos algo a nos apoiar, dedique-se a viver por isso. Porque eu vivo não só por mim, mas sim vivo pelo meu filho e pela minha família que não me deixou desistir por nenhum minuto sequer. Sei que vou viver novas experiências e verei que tudo que aconteceu em minha vida não passou apenas de um passado e que tudo apenas acontece uma única vez.
Lembra daquela frase: “Viva cada dia como se fosse o ultimo”
Cada dia é único, não precisamos viver ele apenas por viver, por cada segundo é único, cada movimento é único e cada vida é única, faz sentido a gente viver uma única vez.
Apenas uma vez.