História Apenas vizinhos? - Capitulo único

Ele era meu novo vizinho. Alto, magro, estilo rapper, covinhas nas duas bochechas, lábios carnudos e cabelos descoloridos que viviam bagunçados.

Eu o admirava todos os dias em sua básica e repetida rotina de sair e voltar com seu carro esporte vermelho vivo e ficar horas sentado num banco no jardim escrevendo coisas em um caderno. 

Seria clichê demais dizer que eu era uma admiradora secreta apaixonada? Seria, se eu simplesmente fosse uma garota. 

Eu era mais um dos milhares garotos normais de 18 anos que viviam em Osaka, Japão. Sou Kim Seokjin, coreano, afeminado e apaixonado. 

Viemos para Osaka- eu e minha mãe- há cerca de 5 anos quando ela foi transferida para cá por causa de seu trabalho em uma multinacional.

Eu, simplesmente, era completamente apaixonado pelo meu novo vizinho, lindo, fofo e obviamente hétero. 

Fico feliz em dizer que esse amor platônico não durou por muito tempo. Não, eu não me apaixonei por outra pessoa ou deixei de gostar do meu vizinho. Eu, simplesmente, tive a mais incrível história de amor de todas.

Fico mais feliz ainda em dizer que nossa história de amor era muito semelhante a de um filme romântico água com açúcar. Daqueles bem clichês, sabe?!

Começamos a conversar no dia 11 de Setembro, que era coincidentemente véspera do aniversário de Namjoon, meu vizinho, por causa de uma curtida em comum em uma pagina sobre sorvetes de manga.

Nosso primeiro encontro foi a exatos 7 dias depois do " você curte sorvete de manga?" Perguntado por ele via chat na minha rede social na qual nem eramos amigos.

Fomos em uma confeitaria colonial no centro. Eu, devo confessar que, estava extremamente nervoso, já havia checado minhas roupas e meu cabelo centenas de vezes pelo espelho, pela frontal do celular e até mesmo no vidro de alguns carros estacionados no caminho.

Queria que chegasse logo, queria vê-lo, queria olhar nos olhos dele e ter a certeza de que eu não estava imaginando aquele romance, queria ter total certeza de que tudo o que estávamos vivendo era real.

Sentados em uma mesa, um pouco afastada as outras, por escolha minha, conversamos sobre os mais aleatórios assuntos, lembro-me que fiquei completamente vermelho quando ele chegou mais perto para tirar algo que estava preso em meus cílios e disse que estava com medo de que aquele pequeno e insignificante detalhe caísse no meu olho. Ficamos frente a frente, observei sua boca diversas vezes, mas desviava o olhar para disfarçar a vergonha.

Na hora de irmos, Namjoon não me deixou pagar minha parte na conta, disse que eu era seu convidado e que fazia questão de pagar. 

Lembro-me exatamente do que pedimos naquela tarde, eu, um chocolate quente com espuma e chantilly, ele, um capuccino com canela e doce de leite.

Namjoon me acompanhou até o portão de casa, e disse que não entraria por que eu estava sozinho e não queria que minha mãe  pensasse mal dele, me deu um beijo no rosto e saiu. 

Quando finalmente consegui encaixar a chave na fechadura e roda-la algumas vezes, me joguei no sofá da sala, sorrindo, com o estômago lotado de borboletas voando, esperando ansiosamente pelo nosso próximo encontro.

Lembro-me exatamente da roupa que estávamos usando naquele show do Eddy Kim, nosso segundo encontro, e lembro-me mais ainda das nossas testas coladas logo depois do beijo enquanto minha música favorita era soprada em nossos ouvidos como música tema da nossa história de amor, aquele foi nosso primeiro beijo. Quando sua boca encostou na minha, senti aquela famosa sensação de frio na barriga, minhas mãos tremiam entrelaçadas ao seu cabelo, e meu corpo respondia a cada toque delicado seu. 

O pedido de namoro não demorou muito para chegar, foi a exatos 2 meses depois do nosso primeiro encontro, tínhamos acabado de voltar do cinema, estávamos dentro do seu carro em sua garagem que tinha vista para a janela de meu quarto e eu não queria me despedir e deixar sua companhia. até que do nada ele me fez a pergunta mais esperada por mim de uma vez, como se estivesse nervoso, olhando em meus olhos com uma voz calminha e baixinha como se fosse um segredo que só eu pudesse escutar. Quando respondi positivamente em um sussurro nos beijamos, nosso primeiro beijo mais quente. 

Em uma noite, Namjoon disse que me levaria a um lugar especial, estávamos comemorando 7 meses de namoro, ao me buscar no portão de casa -como se fosse muito longe da dele-, seguimos no seu carro até uma parte meio afastada da cidade, não que eu estivesse nervoso ou com medo, eu confio nele de olhos fechados, mas eu estava achando um pouco estranho estarmos indo tão longe da parte " urbana" da cidade. 

Chegamos aquele belíssimo lugar, como estava de noite, apenas vi diversas árvores e uma casinha iluminada. 

Naquela maravilhosa e inesquecível noite, nos tornamos um só, compartilhamos do mesmo prazer. 

Namjoon me fez seu de uma maneira inexplicavelmente especial. Me senti completo, amado e deixei de lado todas as inseguranças que eu tinha em relação a meu corpo. 

Ele, seus beijos, toques, carinhos, ofegos, gemidos, até suas mordidas e chupões, estão catalogadas em minha mente, como das lembranças mais especiais da minha vida. 

Eu sei que ele percebeu que eu estava completamente nervoso quando apertei sua mão em um dos nossos atos, aquela era minha primeira vez e, eu estava completamente feliz e realizado por ela ser com Namjoon. 

Nos beijamos, um beijo quente, delicado, inicialmente calmo que para nós significava uma confirmação de nosso desejo. Desejo carnal e espiritual.

Quando as roupas passam a ser desnecessárias, nos livramos delas, pouco a pouco, descobrindo lentamente o que as mesmas escondem.

Gemidos, ofegos, sussurros, falas desconexas e arrastadas, é tudo o que se pode ouvir vindo daquele cômodo.

Sintonia, sincronia, harmonia, reciprocidade. 

Namjoon me marcou, me sentiu, me olhou.

Aquele momento era só nós dois,  o papo era nosso. 

Aquela casa que hoje foi vendida para um casal de velhinhos, aquela cama, aquelas paredes de madeira, e aquelas árvores são as únicas testemunhas do que fizemos naquela noite.

Eu ja o amava, eu ja tinha certeza de que ele era meu para sempre, mas depois daquele momento, nossas almas casaram, se tornaram apenas uma.

O dia que ele me surpreendeu com nossa aliança de compromisso parecia ser um dia completamente normal. 

Estávamos sozinhos em sua casa, enroscados no sofá assistindo algum filme de comédia que só tinha graça para mim. Eu deveria dizer a ele ´´Amor, sinto muito se você estava completamente entediado, mas eu precisava mesmo ver aquele filme.´´

Namjoon estava com a cabeça no meu colo, sua testa estava encostando na minha barriga e suas mãos estavam entrelaçadas as minhas. 

Namjoon suspirava as vezes me convencendo de que estava mesmo dormindo em meu colo até que em um impulso você se levanta me assustando, dizendo que voltava logo. 

Passou alguns minutos e Namjoon  voltou com as mãos dentro dos bolsos da calça de moletom, me perguntou se eu estava realmente feliz com nossos 9 meses de namoro, e é claro que ele já sabia a minha resposta. Eu não podia estar mais feliz. 

Quando dei por mim, meus olhos ja estavam cheios de lágrimas e ele ja estava deslisando aquele anel prata pelo meu dedo anelar direito.

Namjoon se queixou de não ter achado a aliança que eu sempre sonhei, mas, o que ele não sabia era que qualquer aliança que ele me desse, seria a aliança dos meus sonhos. 

E em uma manha fria da primavera Lá estava eu, na frente daquele enorme espelho do banheiro da sua casa contando todas as marquinhas que haviam no meu corpo. Meu pescoço, clavícula e coxas eram os lugares mais marcados. 

Eu não podia deixar de sorrir ao lembrar daquela incrível noite.

Claro que essas marcas vão sumir daqui a algumas semanas mas, a lembrança de como cada uma foi feita estará sempre aqui. 

As que habitavam meu pescoço e clavícula foram feitas por seus dentes certinhos e branquinhos e seus lábios cheinhos e saborosos.

As que agora jaziam em minhas coxas foram deixadas ali carinhosamente por suas grandes mãos. 

A língua de Namjoon vagando pelo vale no centro de minha barriga, suas mãos afastando minhas pernas com gentileza para que assim, você pudesse se encaixar entre elas. 

Minhas mãos, uma estava presa em seus cabelos, e a outra? Sinceramente, eu não me lembro. 

Da minha boca só saia seu nome, de uma forma estupidamente arrastada e manhosa. 

Quando finalmente seus lábios tocaram os meus, pude sentir meu próprio gosto neles, que afinal não era de todo ruim. 

Quando acordamos, pude perceber que eu ainda dormia em seus braços e que meu rosto ainda estava enterrado em seu pescoço que, como o meu, estava lotado de marquinhas. 

Marquinhas de amor, marquinhas de paixão. 

Marquinhas que comprovavam apenas uma coisa, comprovavam que eu pertencia a ele, como ele pertencia a mim.

Quando completamos 1 ano e pouquinho de namoro, decidimos " juntar as escovas de dentes" como diz minha mãe. A mesma que praticamente me jogou nos braços de Namjoon quando dissemos que pretendíamos morar juntos.

eu ainda não acredito que  Namjoon quase colocou fogo na cozinha do nosso apartamento por minha causa. 

Cômico se não fosse trágico.

Fofo se não fosse preocupante. 

Cheguei em casa depois da faculdade, e assim que abri a porta do nosso apartamento, uma fumaça preta vindo da cozinha me assustou, seguida de gritos e palavrões seus. 

 E mais uma vez eu deveria ter dito a ele que ´´Amor, preciso confessar, sua carinha foi extremamente fofa quando você falou estava fazendo um bolo para comemorar nosso aniversário de namoro que bom, não deu certo e que ainda tinha se queimado.´´

E depois de mais ou menos 3 anos depois que nossa história começou, estávamos vivendo perfeitamente em nosso apartamento. E eu espero, ansiosamente, pelo´dia do nosso casamento.