História Apesar das nossas indiferenças. - Capítulo XXXVI.

O que se resume em um corredor abarrotado de alunos atrasados empurrando uns aos outros. Na medida em que se aproximava do corredor começou a escutar vozes um tanto conhecida, era Guto e outra garota. Ela parou na curva do pescoço espiando pelo canto dos olhos os dois um tanto afastados no corredor.

– Ah, qual é! - disse a menina ruiva mordendo os lábios de uma forma que fez Benê querer arrancar os cabelos dela. Mas ela se segurou e continou ali, para tentar escutar a conversa.

– Olha Bianca, eu realmente gosto dela. - ele disse suspirando e cruzando os bracos. – Espero que entenda isso. - disse Guto.

– Não, eu não entendo. - ela disse claramente irritada e então pôs as mãos no peito dele para impedir que ele saísse dali. – Fala sério, você tem todas as garotas da escola aos seus pés e escolha a Benedita! Ela é um desastre! Nunca serviria para ser líder de torcida e só vive com livros na mão, e já viu as roupas dela? Ela parece pegar a primeira coisa que vê no armário e sair na rua! - Bianca falou.

– E por qual motivo eu deveria me importar com isso? - ele perguntou se esquivando de suas mãos, irritado e Benê não pode evitar um sorriso. – Pelo menos ela tem caráter, coisa que as garotas dessa escola, inclusive você, não tem! Não me importo com que roupa ela anda ou se ela tropeça nos próprios pés! Ela não precisa usar mini saia e ser líder de torcida para conseguir a atenção de um homem! E saiba que qualquer um preferiria ela a você parar namorar sério, pois você só serveria para eles pegarem e depois jogar fora! Aceite, eu a amo! E não quero você metida nisso! - disse Guto.

Ele saiu a passos largos e então deu de cara com a namorada ao virar o corredor, ela engoliu em seco e ele corou um pouco.

– Você ouviu isso?! - indagou Guto, encarando por cima do ombro dela.

– Ouvi. - ela disse sorrindo fraco. – Confio em você agora! - afirmou Benê, ficando na ponta dos pés para lhe dar um beijo na bochecha e então se afastou sem nem lembrar de guardar seu material.

Guto ficou para trás do corredor, sua mão foi para a sua bochecha esquerda a qual Benê tinha beijado e ele balançou a cabeça assim que percebeu o que estava fazendo e suspirou saindo dali o mais rápido que pode pata não correr mais o risco de ver Bianca por ai.

– Oi cara. - disse seu colega, Jota.

– Oi. - ele disse se sentando ao lado dele no refeitório e olhando Benê um tanto distante. Ela estava rindo de alguma coisa que Ísis ou Rodrigo haviam falado e estava sentada em cima da mesa com os pés na cadeira. – Muito normal. - pensou Guto e então sorriu abaixando os olhos para sua mão.

– Então é verdade?! - perguntou Jota, olhando para ele.

– Sobre o que?! - perguntou Guto, dando de ombros.

– Você e Benedita. - ele disse rindo e Guto engoliu em seco e murmurou um "Ah" – Cara, ela te fisgou, não é? - Jota perguntou.

– Fisgou?! - ele perguntou o encarando e Jota revirou os olhos. – Essa expressão, ainda se usa?! - indagou Guto.

– O assunto não é esse. - Jota falou e Guto arqueou as sobrancelhas.

– Jota, você esta parecendo uma garotinha implorando por informações. - disse Guto e pegou uma maça da bandeja do amigo e mordendo.

– Quando eu tiver uma namorada... - Jota falou.

– Você não vai ter! - afirmou Guto.

– Eu não vou te contar nada sobre ela e... - Jota falou, sendo interrompido.

– Eu não vou querer saber! - afirmou Guto.

– Você pode me deixar completar uma frase ou ta difícil?! - Jota perguntou.

– Ta difícil. - disse Guto, rindo.

– Como vocês começaram a namorar?! - Jota perguntou e Guto fez uma careta, não pensou em como explicar isso.

– Bom... - começou Guto.

– Bom o que?! - Jota perguntou quando o amigo ficou sério.

– A gente sempre brigou muito. - ele disse e Jota o encarou com uma expressão que dizia "Ah, sério!" – Deixa eu terminar. A gente sempre brigou muito, mas no fundo acho que era tudo amor reprimido. - disse Guto.

– Você e o resto do mundo, né? - ele disse rindo. – Fala sério, todo mundo sabia que no fundo vocês eram caidinho um pelo outro e que todas aquelas brigas tinham que significar alguma coisa! - Jota falou.

Guto se sentiu mal por estar mentindo para o seu colega, mas forçou um sorriso e deu outra grande mordida na maça.

– Mas e como tudo começou? Você só disse o óbvio e isso eu já tinha descoberto isso a mais tempo que você! - Jota falou e Guto revirou os olhos.

– Deixa eu pensar. - ele disse coçando o queixo. – Foi tipo, Benê namora comigo e pare de graça e aí ela me deu um soco. Basicamente isso. - disse Guto.

– Nossa! - ele disse fazendo uma careta. – Eu não poderia esperar algo mais romântico de vocês dois também, não sei porquê fiquei tão surpreso. - Jota falou.

– Cara, você é gay? - indagou Guto.

– Não! - ele disse bufando. – Mas que saco! - Jota falou.

– Não, eu não tenho preconceitos! - Guto falou.

– Guto, vai a merda. - Jota disse e Guto tentou involuntariamente segurar o riso.

– Tudo bem, eu comecei a sentir um pouco de atração por ela e muito ciúme de Bernardo. - isso era verdade. – E aí, nós discutimos um dia e eu beijei ela. - isso também era verdade! – Nós nos apaixonamos e começamos a namorar. - isso era meio verdade! – Fim. - disse Guto.

– Uau, se eu beijasse uma menina a força provavelmente perderia um braço e não ganharia uma namorada. - ele disse e Guto riu.

– Ser Augusto Sampaio tem suas vantagens. - ele disse rindo e Jota arregalou os olhos olhando a frente. – Ta, vou parar de me achar! - disse Guto.

– Não é isso! - ele disse negando com a cabeça.

– Não me diga que você vai ter que visitar aquele urologista de novo! - disse Guto.

– Cala a boca! - ele disse irritado e apontou para frente, Guto olhou para onde o amigo indicava e também arregalou os olhos.

Benê e Bianca se encaravam mortalmente e diziam ofensas umas as outras, mas Guto estava muito longe para ouvir qualquer coisa.

– Ahn... Ferrou. - ele resmungou e engoliu em seco. – Acho melhor eu ir lá! - disse Guto.

– Se você for vai sobrar para você. - disse Jota o segurando. – Espera um pouco, se a situação sair de controle nós vamos lá. - Jota falou.