História Aposta e Punição - Capítulo único

Era a viagem escolar dos terceiros anos da Karasuno. Eles iriam passar dois dias e uma noite em Kyoto, em uma tradicional pousada japonesa. Os ânimos estavam em alta até que se lembravam de que teriam que fazer um relatório de viagem... Coisa que era facilmente esquecida em meio ao turismo pela cidade, os templos históricos, os pontos turísticos, e para os garotos mais assanhados, as Geishas. Ou as Maikos por que não?

Para Asahi a viagem não era exatamente um mar de rosas. Primeiro foi confundido com um delinquente e barrado na entrada de um tempo, depois quando foram à torre de Kyoto um garoto esbarrou nele deixando o sorvete cair, quando Azumane se assustou e tentou acalmar o garoto todos em volta murmuravam algo sobre um valentão atormentando uma criança, quando passaram pela rua das Geishas foi confundido com um yakuza quando visto de costas por uma maiko. Realmente, Asahi não tinha jeito para essas coisas de viagens.

Daichi por outro lado parecia mais cansado do que os demais estudantes. O moreno havia passado o dia se estressando. Explicando a situação de Asahi, tentando fazer os outros garotos de seu grupo se comportarem, e ainda tinha que agir de "guarda-costas" para as garotas que os acompanhavam... Não dava para contar com o Asahi mais do que usá-lo como blefe. Apesar de grande, como Sawamura mesmo dizia, "Asahi é um fracote grandalhão", simplificando, um cordeirinho em pele de lobo.

Sugawara estava feliz pelos grupos serem de séries mistas, assim ele pode desfrutar - na medida do possível - o dia com seus colegas de time. Mas como Asahi estava sempre sendo mal-interpretado, e Daichi gastava todo seu tempo tentando controlar a "manada", acabou sobrando para Sugawara fazer as anotações... Pelo menos as garotas se interessavam por tirar fotos de tudo, assim o relatório teria pelo menos algo além de palavras.

Após o primeiro dia coletando informações e o final da tarde até a noite gasto em auto-estudo e discussões sobre como fariam o relatório, a noite deles em Kyoto parecia perdida.

Porém um raio de esperança (ou não) lhes foi entregue. Outra escola se hospedara ali, e para os membros terceiranistas do clube de vôlei masculino de Karasuno foi como uma tapa na cara para acordarem. Aparentemente Nekoma também estava hospedada ali.

O primeiro movimento veio de Nekoma com Kuroo cumprimentando Sawamura, e mesmo com uma guerra politica entre os dois em seu aperto de mãos e troca de sorrisos acontecendo, ninguém pareceu perceber... Ok, dois alguém perceberam. A troca de olhares entre ambos foi mais que um conversa, eles realmente não sabiam que cara fazer quando aqueles dois começavam sua guerra particular.

Pelo menos o cumprimento de ambos serviu para quebrar o gelo e logo ambas as escolas estavam interagindo.

Não demorou muito para um grupo se reunir em um quarto e as brincadeiras começarem. Um jogo de punição tivera início e parecia que em pouco tempo já havia se tornado uma batalha entre escolas.

Sugawara e Yaku não demoraram à serem arrastados para participar pelos capitães de seus times... E claro que esses capitães tinham que ser Sawamura e Kuroo, como eles poderiam deixar essa passar?

Morisuke só fez-se suspirar Koushi puxava as bochechas de Daichi enquanto lhe dava um sermão por deixar as coisas chegarem onde chegaram.

O jogo continuou até que as brincadeiras começaram a ficar um pouco fora de controle. A punição caíra sobre Asahi, e o resultado foi um Azumane só de cueca.

As apostas viraram um jogo, e no fim metade dos garotos na roda já haviam passado pelas mais diversas punições: ficar sem roupa, se declarar pra um estranho, dar um beijo no outro jogador (essa foi popular, todos queriam se vingar de quem mandava eles fazer isso fazendo-o passar pelo mesmo), vestir roupas de garota (não perguntem de onde eles conseguiram-nas), cheirar o chulé dos outros, correr pelado pelo corredor, comer Mentos e tomar coca, fazer alguma dança estranha... e por ai vai.

Era chagada a hora da vingança... De quem? Nem eles mesmos sabiam, era apenas que todos já estavam pra lá do toque de recolher imposto pelos professores e as brincadeiras já estavam perdendo o sentido. Afinal, façam as contas: um monte de caras em um quarto + brincadeiras idiotas + orgulho masculino + sono = nada que preste.

– Então agora é a minha vez! - disse um garoto qualquer no grupo. - O Sugawara... uhm... já sei, o Sugawara tem que beijar aquele carinha ali! - disse apontando para Yaku que ficou surpreso. - E tem que ser se-xy - completou o garoto fazendo uma voz estranha com uma careta de quem se divertia vendo o circo pegar fogo.

O grupo quase que geral começou um "Vai, vai, vai, vai..." pra incentivar. Ok, era só recusar, mas um certo moreno precisava de uma lição e Koushi não deixaria passar.

Os rapazes de Nekoma se afastaram e deixaram Morisuke no centro da roda. Sugawara sorriu como quem diz para não se preocupar fazendo Yaku suspirar de alivio.

Tolo engano. Assim que o menor fechou os olhos ao exalar o ar, não foi preciso mais que dois segundos para ele notar que estava na chão e que o mais velho estava sentado sobre si abrindo seu próprio casaco e blusa logo depois de afrouxar a gravata do menor.

– Apenas siga o ritmo... - sussurrou Koushi para Yaku, sinalizando com seus olhos para que o mesmo olhasse na mesma direção.

Kuroo estava encarando a cena como quem não estava a fim de ver nada, e logo atrás do outro lado da roda estava Daichi boquiaberto com o que via.

Os garotos em volta iam a loucura fazendo piada da cena e de como "Nossa, Suga-san. Macho!" e riam sem nem prestar muito a tenção em de talhes.

Sugawara segurou rapidamente o rosto de Morisuke com ambas as mãos e selou seus lábios. Assobios ecoavam junto à risadas pelo cômodo. Não foi preciso mais que alguns instantes para alguém começar uma contagem. Era dada a ordem da punição. Ver quanto tempo ficariam assim.

– 1...! - Sugawara lambeu o lábio de Morisuke pedindo passagem. Ato este que passara despercebido por aqueles que olhavam de cima.

– 2...! - Yaku sem saber como reagir apenas tentou falar. O resultado? A língua de Koushi começava seu exploração em novas terras. Aqueles em volta contando riam sem perceber o que ocorria.

– 3...! - o menor se debateu um pouco, mas logo se entregou às habilidades de Sugawara, segurando a manga do casaco do mais alto. Daichi começou a suspeitar de algo.

– 4...! - o albino e o castanho decidiram aproveitar um pouco a brincadeira aprofundado o beijo. Vários "Nossa!" e "Sério que eles estão se beijando?!" eram consumidos em meio as risadas. Kuroo já tinha uma veia saltando em sua testa.

– 5-! - e nesse instante começou uma nova baderna.

A causa? Daichi. Ele havia praticamente arrancado Yaku, e o povo em volta não se demorou em reclamar por acabar com a brincadeira.

Não foi preciso mais que outros cinco segundos para um Sawamura e Tetsurou irritados fazerem o povo se calar e a ordem voltar a reinar.

O jogo estava acabado, e o barulho alertou os professores. Por hoje era o fim da reunião, mas quem sabe, o último dia de viagem não permitiria uma nova baderna?