História Apreciação do belo e o charme do ordinário - Único

O que é o belo? questão clássica, clichê, ultrapassada, daquelas que ninguém aguenta ouvir e pouco perde tempo para se explicar.

O que é o belo se não o estético? o agradável? o que é o belo se não os grandes campos, as flores, os laços nos vestidos e as fitas no cabelo de belas damas?

O que é o belo se não as linhas que se cruzam numa pintura? uma regra dos terços? a distribuição de elementos de uma imagem? arte?

O que seria belo se não o agradável?

Não há belo no escuro, não há belo no escarlate.

Não há belo nas velas de um castelo, tampouco na ferrugem de um portão, assim como não há belo nos vitrais de uma igreja corroídos pelo tempo, nas ruínas de um lugar abandonado pela humanidade, deixado ao léu e largado ao tempo, carregando a história do que se passou, carregado de fatos e acontecimentos que se desenvolveram por ali.

Não há belo, nem nada de belo, no formato das árvores que perderam suas folhas, nos galhos que se desenvolvem como raios apontados ao céu como se implorassem para chegar até as nuvens. No canto sombrio das criaturas da noite que recebem a lua de braços abertos, de asas pontudas e olhos brilhantes. 

Não há beleza nas plantas que nascem do lamaçal, na arquitetura mórbida erguida sobre aqueles que já se foram, não há beleza além do convencional. Não há beleza na história, na vivência, não há beleza no inconvencional. Formas simples que formam outras formas e se formam entre formas, textos que sequer fazem sentido, por que seria belo se pouco lembra uma obra de Da Vinci?

Não há beleza no silêncio, não há belo no mármore frio.

O charme único provocado pela ausência do que é belo, detalhes que se perdem ao olhar como elementos escondidos em uma pintura. De um chão frio à uma parede pichada, do estético ao não estético, a amplitude que abrange a unidade do que é o olhar humano.

O belo que não existe em regra, que talvez exista em essência e pouco é parâmetro de apreço.