Não sabia ao certo quanto tempo havia passado desde a última vez que cruzei os grandes portões de Konohagakure, mas era um tempo relativamente curto, comparado aos longos anos que essa maldita missão já me manteve afastado. Não estava exatamente em meus planos passar novamente por aqui tão cedo, embora pretendesse voltar a Vila com mais frequência agora que Sarada e eu estamos restaurando nossos laços, o que me trouxe de volta foramas novas informações que consegui em uma das dimensões de Kaguya.
Fui procurar o dobe do Hokage para entregar o pergaminho que precisa ser decifrado, pela hora supus que estivesse em sua casa, mas não estava, no fim tive que ir até a torre de seu escritório e no caminho encontrei sua antiga jaqueta laranja, da época em que éramos genin.
Entreguei a Naruto sua jaqueta surrada, descobrindo que eu não era o único que tinha problemas familiares por trabalhar demais.
Depois de passar ao Nanadaime todas as informações e suspeitas que eu tinha, entreguei o pergaminho e avisei que ficaria na Vila até que o decifrassem, ele pareceu gostar bastante da notícia.
– Que ótimo, assim você poderá acompanhar os exames chūnin, Sarada e Boruto vão participar, junto com seu amigo Mitsuki, eles são o novo time 7.
– Sakura me contou sobre a escolha dos times. Não sabia que poderiam fazer os exames assim tão rápido.
– Konohamaru, o sensei deles, os indicou, então podem sim.
– Entendo.
Depois de resolver os últimos detalhes com ele, fui para casa. Quando me aproximava do apartamento, onde ainda estamos morando devido ao incidente com nossa casa, fui “atacado” pelo garoto de nome Boruto, que no final me pediu para ser seu mestre, decidi dar a ele o benefício da dúvida.
Chegando em casa, percebi que não tinha uma copia da chave, bati na porta.
– Tadaima.
– Sa-Sasu-ke-Kun.
Sakura ficou tão chocada em me ver que praticamente desmaiou, Sarada por sua vez me pareceu extremamente feliz, porém sua reação foi muito mais contida.
Não pude efetivamente acompanhar os exames chūnin, mas fiquei sabendo de todos os avanços do time 7, ora por Naruto, ora por minha esposa. Quando Sarada vinha me contar sua versão, fingia descaradamente não saber de nada, apenas para ver sua empolgação e o brilho em seus olhos ao me relatar seus feitos e de seu time.
Entre uma etapa e outra dos exames aproveitei para treinar o garoto Uzumaki e minha filha, apesar do garoto tentar me enganar, usando um aparelho estranho no pulso, ele tinha muito potencial, por isso aceitei ser seu mestre.
Sarada era um caso a parte, tinha um controle de chakra quase tão bom quanto o da mãe em sua idade, o que aliado ao sharingan lhe dava grande facilidade para aprender os jutsus do nosso clã, me deixando tão orgulhoso que as vezes me pegava pensando em que meu pai diria se pudesse vê-la evoluir assim.
Durante a preparação para as rodadas finais do exame chūnin, Sarada e eu treinamos estilo fogo, ela estava tão empenhada que quase desmaiou de exaustão, tive que carrega-la nas costas de volta para casa, mas fiquei feliz em saber que foi muito útil em uma de suas lutas.
Fora as investigações e treinamentos, cada momento livre que tinha aproveitei para passar com minha família. Sakura também tinha muito trabalho no hospital, por isso nosso tempo junto geralmente acontecia tarde da noite, depois que nossa filha já estava dormindo. Nessas conversas noturnas descobri muito sobre o que elas fizeram em meus anos de ausência, passei a admirar minha esposa cada vez mais por toda sua força e perseverança.
Na última etapa do exame chūnin tudo veio a tona, descobri que o alvo dos Ōtsutsuki era a Kyūbi, mas não cheguei a tempo de impedir que levassem Naruto para a dimensão deles. Montei uma equipe de resgate, junto com Boruto e os outros kages, com isso conseguimos trazê-lo de volta.
Nunca em todo esse tempo viajando por essas dimensões tinha me sentido tão aliviado ao regressar. Quando Sarada e Sakura me receberam de volta com abraços esmagadores, não sabiam ainda, mas não estavam apenas me recebendo vivo de uma missão que poderia ter resultado em minha morte, estavam me recebendo de volta para as vidas delas. Minha longa missão tinha finalmente terminado.
Ainda continuaria a fazer missões fora da Vila, mas nada que me afastasse por tanto tempo, finalmente poderia aproveitar minha família como sonhei durante os longos anos em que estive fora.
-Papa, que bom que te encontrei, a mama esta fazendo um jantar especial para comemorar o final da sua missão secreta.
Podia sentir um sorriso se formando no canto dos meu lábios, imaginando o que minha esposa queria dizer com “jantar especial”.
Sarada estreitou os olhos com minha reação, o que me deixou um pouco desconcertado, Sarada, assim como Sakura, tinha esse dom. Provavelmente por ser a mistura mais perfeita que poderia resultar de minha tsuma e eu.
Toda vez que olhava para a jovem Uchiha ficava admirando discretamente seus traços, tudo nela tinha algo de Sakura ou meu. Os cabelos negros tem o mesmo tom que o meu, porém são muito menos rebeldes, a textura dos fios com certeza se assemelha mais a da mãe. Os olhos que agora aprendiam a controlar a kekkei genkai da nossa família, muitos podiam dizer que eles eram iguais aos meus, mas quando olhava profundamente em seus olhos via os traços de Sakura, o formato, o brilho, a delicadeza, tudo era herdado da mãe, o que sempre me faz pensar em como ela não havia reparado nisso sendo tão esperta?
Felizmente toda aquela situação constrangedora sobre sua maternidade foi resolvida da melhor maneira possível, Sarada nunca mais duvidou da conexão e força dos nossos sentimentos como família, ainda assim, talvez um dia possa contar a ela tudo o que passamos para chegar até aqui, assim ela terá ainda mais certeza do que sentimos um pelo outro e por ela. Esse dia não será hoje, mas ainda assim, enquanto sou puxado por minha filha pela minha única mão em direção ao “jantar especial” da nossa família, as lembranças invadem minha mente e revivo os acontecimentos da nossa viagem que fiz com a mãe dela quando ainda éramos recém casados, o que alguns costumam chamar de “lua de mel”.
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