- Hina, você está bem?
- Sim, Naruto-kun.
- Esse baka não está te incomodando, você tem certeza? Porque, se estiver, eu acabo com ele aqui mesmo! - Naruto disse, cerrando os punhos, enquanto lançava um olhar assassino a Ryota.
Hinata pegou a mão fechada de nós brancos nas suas e o fez relaxar, entrelaçando seus dedos.
- Por favor, Naruto-kun, não faça nenhuma besteira que possa lhe prejudicar. Está tudo sob controle. - Hinata jamais contaria que estava incomodada. Sabia do pavio curto do namorado. Embora estivessem juntos há pouco, o conhecia muito bem.
Naruto relaxou. Hinata possuía um poder calmante incrível sobre ele. Eles trocaram um olhar e o ninja estava se segurando para não beija-la ali mesmo, afinal, estavam em missão. O clima romântico, no entanto, foi interrompido por um fator externo.
- Hinata-san! Precisamos ir. Lembra que você ficou de me mostrar o distrito Hyuuga?
- Hinata, esse cara tá me provocando... - Naruto falou numa voz baixa, perigosa.
- N-não, Naruto-kun! Ele tem razão, nós estamos em missão, lembra? Seu time também está esperando. Você passa em casa hoje a noite?
- Sim. - Naruto respondeu com cara fechada.
- Já estou indo! - Hinata dirigiu-se à própria equipe e a Naruto, em seguida. - Tchau! Eu te amo. - completou, baixinho, ao que o Uzumaki respondeu, no mesmo tom.
- Também te amo.
Cada um direcionou-se ao seu próprio time. Seguindo a namorada com o olhar, Naruto viu a Hyuuga ser tocada nas costas pelo shinobi de Kumogakure. Foi um toque rápido, espalmando a mão no meio das costas da morena, como que a encorajando a ir na frente, mas Naruto teve a certeza de ver um sorriso debochado perpassar rapidamente o semblante de Ryota. Seus músculos tencionaram e a razão abandonou-o. Impulsionou-se para frente, mas, para o seu azar, ou sorte, seus companheiros estavam atentos e, no mesmo segundo, seguraram-no. Sakura prendeu um braço, Sai, o outro. E até mesmo Hiromitsu ajudou a imobiliza-lo, segurando seus ombros. Já havia compreendido a situação.
- Me soltem. - Naruto voltou ao tom baixo, ameaçador.
- Negativo. Você vai se acalmar. Não vai fazer nenhuma besteira. - Sakura também sabia jogar esse jogo e sua voz saiu igualmente assustadora.
- Sakura-chan! - Naruto choramingou.
- Não adianta. Deixa eles irem. Não aconteceu nada demais. Foi um toque normal. Não vi nada de malicioso.
- O problema não foi nem o toque em si. Você ao menos viu a cara de safado que ele fez?!?
- Você está tão bitolado que está imaginando coisas. - Sakura negou, mas havia percebido sim. Apenas não iria botar lenha na fogueira enquanto estavam em missão.
Naruto foi solto apenas quando o time 8 estava fora de alcance. O problema estava se agravando cada vez mais. Queria muito provar sua vontade de fogo ao Rokudaime, mas a situação ficava gradativamente mais crítica. Teria de ter uma nova conversa com o Hatake.
Já no fim do dia, quando não havia mais nada para ser visto na Aldeia, o time 7 acompanhou Hiromitsu até o hotel, em seguida, partiram para suas próprias casas. Com exceção de Naruto, que dirigiu-se ao prédio principal. Quando estava prestes a bater na porta, a mesma abriu-se, revelando um Kakashi de saída.
- Naruto, o que está fazendo aqui? Estou indo embora.
- Kakashi-sensei, preciso falar com você. Vai ser rápido, eu prometo.
Kakashi deu um suspiro cansado, mas recuou para que o Jinchuuriki adentrasse.
- O que foi dessa vez? - perguntou, fechando a porta.
- Sensei, tá foda.
- Olha o linguajar.
- Desculpa, mas é isso. Você precisa ver a audácia dessa cara! Ele tá dando em cima da Hinata descaradamente e, ainda por cima, faz isso na minha frente, me provocando. Ele deve imaginar que você me proibiu de fazer qualquer coisa.
- Naruto, você tem que se acalmar. Como shinobi, tem que deixar de lado as emoções.
- Desculpe, sensei, mas você não me entende. Você nunca gostou de alguém como eu gosto da Hinata. Pra você é fácil falar isso.
Kakashi deu um sorriso, e seu olhar se perdeu por um momento, relembrando coisas do passado, mas isso era assunto para uma outra história.
- Tudo bem. Vamos fazer o seguinte. O intercâmbio vai durar apenas mais 3 dias. No fim do terceiro dia, haverá uma cerimônia de encerramento. Após essa cerimônia, você pode fazer o que quiser. Vou fazer vista grossa. Só recomendo que use taijutsu. Não quero ninguém morto por rasengan ou qualquer uma de suas variações aqui na minha vila.
Naruto deu um sorriso peralta, que lembrou muito aquele de quando criança, aprontando por Konoha, querendo chamar atenção.
- Obrigado pela compreensão.
Ele se encaminhou para a porta, mas antes de sair, voltou-se novamente para o antigo sensei.
- Não tá afim de um lámen do Ichiraku? Dá tempo antes de eu encontrar a Hina.
- Vamos lá. - Kakashi respondeu, sorrindo.
Na manhã seguinte, mais uma vez estavam reunidos nos corredores do prédio principal, aguardando para entregar seus relatórios e receberem novas missões. Tenten e Rock Lee conversavam animadamente com Haruko. Haviam tido uma péssima primeira impressão da kunoichi, mas descobriram que aquela marra toda não passava de uma bela faixada. Ela ficara interessadíssima pelo vasto repertório de armas de Tenten e pedia muitas dicas sobre taijutsu a Lee, já que esse era seu ponto fraco, sendo forte no estilo água e também era uma boa espadachim.
O clima era outro nas equipes 8 e 10. Apesar de Ryota ser bastante educado e tentar sempre ser agradável, Kiba não conseguira simpatizar de forma alguma com o companheiro, o que se refletia em Akamaru. Hinata tentava manter o máximo de distância e Shino percebia o constrangimento da amiga.
Ino trocava farpas com Aiko constantemente. A kunoichi da areia estava sempre vangloriando-se por sua própria beleza e pericia em ninjutsu autodeclarada. Chouji tentava abrandar o clima, sem muito sucesso, enquanto Shikamaru fugia como podia do assédio frequente da moça. Com pavor, viu seu maior medo atual se materializar na sua frente quando assistiu a chegada de Temari no recinto, justo quando a outra buscava uma desculpa esfarrapada para lhe tocar, fingindo que arrumava seu colete, que estaria desalinhado.
Ele deu um pulo, tal como um gato no qual alguém acabara de jogar um balde de água, no entanto, sabia que era tarde demais. Viu o olhar de surpresa nos olhos verdes mudar rapidamente para a mais pura e crua fúria.
Todos no corredor perceberam a situação e assistiam, paralisados, ao desenrolar da cena, com exceção de Aiko, que mais uma vez buscou aproximar-se de seu alvo, que havia se distanciado tão repentinamente.
- Shikamaru-senpai, o que foi? Deixa eu ajudar, seu colete está todo torto...
Como uma pantera, espreitando sua presa, a princesa da Areia aproximou-se, lentamente. Aiko, desprevenida, apenas viu o leque com a imagem de três luas surgir entre ela e seu querido senpai.
- Pela sua bandana, vejo que é representante de Sunagakure no intercâmbio. - Temari falou, em sua voz grave.
A kunoichi olhou para o lado, percebendo quem segurava o leque.
- T-temari-sama... S-sim, sou Ukeda Aiko, de Suna. É um praz...
- Pra mim não é prazer algum saber que a kunoichi escolhida pra representar a Vila da Areia em outra nação está se comportando feito uma... - Temari respirou fundo, buscando se acalmar e encontrar outra palavra mais branda do que aquela que tinha em mente. - se comportando de forma leviana, sem a mínima postura enquanto shinobi.
Aiko ficou totalmente desconcertada. Não sobrara nada da altivez de outrora. Se houvesse um buraco, ela se enterraria no mesmo segundo.
Em um timing perfeito, Shizune abriu a porta, percebendo a presença de Temari.
- Temari-san! Que bom que você chegou! Aguardem mais um pouco que darei prioridade para Temari, pra que ela possa descansar depois da viagem de Suna até aqui.
Temari fechou o leque, ainda encarando Aiko, que olhava o chão. Falou num tom de voz muito baixo, suficiente apenas para quem estava bem próximo ouvir.
- Cuidado. Quem vê as três luas do meu kyodai sensu não costuma sobreviver muito tempo pra contar a história. - Virou-se para Shikamaru. - Isso vale pra você também.
Shikamaru engoliu em seco, enquanto ela guardava a arma no suporte, em suas costas e se afastava em direção ao escritório. Ino sorriu, satisfeita.
- Pirralha devidamente colocada em seu lugar com sucesso.
O time 7 recebeu a missão de ir até uma pequena aldeia que ficava a um dia de viagem, onde algum tipo de besta estava aterrorizando os aldeões. Lá chegando, descobriram que tratava-se de um javali enorme, atraído pela facilidade em conseguir comida na localidade. As pessoas permaneciam trancadas em casa, pois quando saíam, eram perseguidos enfurecidamente pelo animal. A própria equipe foi perseguida, ao chegar, por não saberem direito do que se tratava, procurando abrigo na primeira casa que alcançaram, onde foram devidamente informados da situação. Elaboraram uma estratégia de cerco, na qual a proficiência de Hiromitsu em Doton foi essencial. Após Naruto servir como isca, ele formou paredões manipulando o elemento Terra, que aprisionaram o suíno. Sakura ficou na retaguarda, pronta para dar suporte ou usar seu ninjutsu médico, caso necessário. O animal ficou tão enfurecido que debateu-se contra as paredes, na tentativa de escapar, ferindo-se gravemente. Devido a isso, foi necessário sacrifica-lo, haja visto que não sobreviveria na natureza, nem deixava-se ser curado.
De certa forma, cumpriram a missão rapidamente. Porém permaneceram na aldeia para partirem, descansados, na madrugada.
Enquanto isso, o time 8 partiu numa missão de escolta de um rico empresário, que possuía negócios em Konoha, e sua esposa, de volta ao seu lar, que ficava numa distância de meio dia. À certa altura, foram interceptados por um grupo de sequestradores, que pareciam haver planejado a ação, tendo como alvo a mulher, em troca de resgate. Foi preciso entrar em batalha. O bando era numeroso e composto inclusive por alguns ninjas renegados, dando trabalho à equipe, sendo necessário dividirem-se em setores, cada integrante responsável por um número de oponentes. Shino teve vantagem, com o longo alcance de seus insetos, facilmente vencendo o grupo que enfrentava. Kiba usou o presa sobre presa, com sucesso. Ryota retirou da bolsa um pequeno bastão, que era extensível, ficando num tamanho considerável. Ele era bem habilidoso, com movimentos certeiros e elegantes, mas o maior diferencial era o fato de conseguir fluir uma corrente elétrica letal através da arma. Mesmo lutando, não pode deixar de reparar em Hinata, com toda a sua maestria, utilizando o estilo único de taijutsu de seu clã. Era um verdadeiro espetáculo para a vista, vê-la com as veias saltadas na lateral dos olhos, convergindo para o olhar concentrado que podia ver a rede de chakra do inimigo por inteira. Como último recurso, utilizou a técnica dos 8 trigramas, 64 palmas, finalizando todos os oponentes restantes. Havia mais um problema. Os criminosos que haviam sobrevivido deveriam ser levados à Vila da Folha, para serem entregues às autoridades competentes. Alguns possuíam inclusive seus nomes listados no livro bingo. Como tratava-se de uma grande quantidade, ficou acertado que a equipe seria dividida. Kiba e Ryota levaria o casal em segurança pelo resto do caminho, enquanto Shino e Hinata ficariam responsáveis por guardar os criminosos. Shino havia injetado uma pequena dose de veneno neles, suficiente apenas para causar perda de consciência temporária, sem matar. Hinata seria responsável pela vigília, pois não poderia ser descartada a possibilidade de haver outro grupo escondido que pudesse tentar resgata-los. O problema foi que a esposa do figurão havia sentido uma enorme segurança em Hinata, então fez questão que ela estivesse no grupo que os acompanharia. Como a mulher estava irredutível, houve uma reformulação no plano. Hinata seguiria com Ryota, ao passo que Kiba ficaria com Shino. Hinata não se sentia a vontade com o fato de ficar sem os companheiros, porém não havia outro jeito. Shino precisava ficar, para a administração das pequenas doses de tempos em tempos, já que uma grande dose de uma só vez seria fatal. Já Kiba e Akamaru possuíam o olfato aguçado, podendo avisar de quaisquer perigos em antemão. Ryota não dispunha de nenhuma habilidade sensorial, sendo logo descartado.
O ninja da Nuvem Oculta estava exultante. Longe dos companheiros superprotetores, longe do namorado idiota e, em breve, longe do casal granfino. Essa seria a oportunidade perfeita.
Ao deixarem o casal em sua mansão, receberam pedidos para descansar e partir apenas pela manhã.
- Não, senhora, sinto muito. - Hinata precisou ser firme. - Nossos companheiros precisam de nós o quanto antes, pois estão guardando um grande número de criminosos, como vocês viram. Precisamos leva-los a Konoha com urgência.
- Tudo bem, querida. Mas eu sou muito agradecida por tudo! Fiquei impressionada com você, em especial! Tão bela e tão forte, ao mesmo tempo! Sempre que precisar de escolta, vou exigir que você faça parte da equipe, sendo minha guarda pessoal! Nem que eu precise pagar a mais por isso. Dinheiro não é problema! Você não concorda comigo, meu belo rapaz? Ela não é impressionante?
- Muito! - Ryota respondeu, enfático.
Hinata estava bastante constrangida com toda a conversa em torno de si, mas a única coisa que poderia fazer era manter o tom profissional.
- Eu agradeço, senhora. Mas antes de partirmos, gostaria de pedi-los mais um favor.
- Qualquer coisa, querida.
- Seria possível nos conseguir uma carroça ou algo parecido onde pudéssemos transportar o bando, que encontra-se desacordado?
- Vamos providenciar agora mesmo. - o empresário respondeu, chamando um criado, em seguida.
A dupla partiu, levando uma espécie de gaiola sobre rodas. O dinheiro podia realmente conseguir muitas coisas e com agilidade. A lua já se fazia presente no céu.
Caminharam em silêncio, a maior parte do tempo. Hinata estava aliviada com o comportamento profissional de Ryota. Mal podia imaginar que ele apenas arquitetava a melhor forma de aproximação. Essa seria sua última chance, não haveria outra igual, então não poderia desperdiça-la. Inicialmente, havia pensado que o jeito reservado e encabulado da kunoichi era apenas uma jogada para fazer charme, porém seus encantos não haviam conseguido penetrar a grossa camada de gelo entre eles. Esse era realmente o jeito dela, o que tornava as coisas mais difíceis e interessantes.
Embora quisesse ser cuidadoso, o tempo estava contra ele. Reconheceu o perímetro em que se encontravam como um trecho já bastante próximo de onde haviam deixado Shino e Kiba. Precisaria agir de imediato. Pegou sua mão, chamando-a, fazendo-a parar. Hinata virou, porém recuou a mão, como se tivesse sido picada por uma cobra.
Ryota decidiu não insistir em toca-la. Falaria primeiros sobre seus sentimentos.
- Hinata-san, antes de nos reunirmos com os outros, eu preciso muito falar com você. Falar sobre como me sinto. Desde o dia em que vi você pela primeira vez, foi paixão à primeira vista! Não consigo parar de pensar em você um só momento!
- Ryota-san, por favor. Eu tenho certeza que você não é cego. Você já percebeu que sou comprometida, sim? E eu amo o Naruto-kun. Eu sinto muito, não tive a menor intenção de despertar esses sentimentos em você, porém não posso retribui-los. Por isso acho melhor deixar isso bem claro agora, mesmo que doa, não quero lhe magoar, mas por favor, vamos esquecer isso e agir como shinobis em missão, sim? Podemos ser amigos, mas não mais que isso. - Hinata falou, de maneira firme.
- Hime...
- Por favor, não me chame assim. Só existe uma pessoa que tem esse direito, e é o meu namorado.
- Mas Hinata, desde quando você gosta do Naruto?
- Desde muito tempo. Éramos crianças. Ele fez algo por mim sem nem me conhecer e desde então eu sigo seus passos. E agora estamos lado a lado. É tudo o que eu sempre quis.
- É isso que estou dizendo! - Ryota disse começando a perder a calma. - Você era uma criança! Desde então nunca se permitiu conhecer outras pessoas, ver novas possibilidades! Você acha que vai ser feliz pra sempre, sem nunca ter conhecido outro homem? Você nunca pôs realmente à prova esse amor - o ninja fez um sinal de aspas com as mãos, quando pronunciou a última palavra.
Hinata era uma pessoa muito calma e pacífica, mas tudo tinha seu limite e Ryota estava fazendo-a chegar muito perto do seu. Ela ficou em silêncio, contando até dez para não agir de maneira imprudente.
Ryota interpretou seu silêncio de forma totalmente equivocada, achando que estaria acontecendo algum tipo de clima romântico entre os dois. Incentivado por isso, de forma repentina, agarrou a cintura da morena, trazendo-a para si. Antes que pudesse, porém, concluir o movimento e selar seus lábios, ouviu ela pronunciar seu doujutsu, viu as veias em suas têmporas saltarem e sua mão espalmada acertar algum ponto em sua barriga e, finalmente, tudo se tornou escuro e silencioso.
Kiba e Akamaru se empertigaram. Seus narizes farejando algo.
- O que foi, Kiba? Alguém se aproxima? - Shino ficou em alerta.
- Sim, mas não se preocupe. São apenas Hinata e Ryota.
- Não está sentindo mais ninguém? Tem certeza que não estão sendo seguidos?
- Sim - Disse o Inuzuka, farejando mais um pouco. - Sinto apenas o cheiro dos dois.
Após alguns minutos, observaram a silhueta de alguém se aproximar, além de algo grande. Se aproximaram para revelar Hinata puxando uma grande carroça.
- E aí, Hinata! Tudo certo?
- S-sim...
- Onde está o Ryota? Sinto o cheiro dele, mas não o vejo...
Hinata olhou para dentro da gaiola, sem dizer mais nada. Kiba e Shino se aproximaram e viram o ninja inconsciente dentro da mesma.
- O que aconteceu? Vocês foram atacados? - Shino perguntou, preocupado.
Hinata corou.
- N-não... e-eu... eu golpeei ele no tenketsu da parada...
Kiba e Shino entreolharam-se, confusos.
- E... Por que você fez isso, Hinata?
- E-ele... tentou me beijar... À força...
Hinata estava envergonhada e entenderia perfeitamente se os amigos lhe repreendeseem por ter atacado um companheiro de equipe. No entanto, a reação foi bem diferente do que esperava. Kiba sorriu e começou a rir. Logo estava gargalhando a plenos pulmões, dobrando-se com as mãos sobre a barriga e limpando lágrimas dos olhos. Até Shino sorriu por trás dos óculos escuros e casaco de gola alta.
- Bem feito pra esse babaca! Hahahahaha... É isso aí, Hina! Tem que colocar moral mesmo!
- Você calcula quanto tempo até ele acordar? - indagou Shino.
- Bom... Eu perdi um pouco da noção da força, então acho que só amanhã a noite.
- Ótimo. Descanse um pouco. Temos cerca de três horas até o nascer do sol. Kiba e eu estamos descansados, vamos fazer a vigilha. Ao amanhecer, partimos.
Passava das seis da tarde quando cruzaram os portões de Konoha. Para a surpresa de Hinata, o grupo de Naruto havia acabado de chegar e estava um pouco a frente, Sai chamou a atenção do Ninja para o fato.
- Olha, o time 8 também chegou agora. - Eles foram até os colegas.
- Oi, pessoal! - Naruto cumprimentou. - ocorreu tudo bem na missão de vocês?
Hinata estava muito apreensiva. Não lhe ocorrera a possibilidade de encontrar Naruto logo na chegada. Não havia sequer combinado com os companheiros que guardassem segredo sobre o ocorrido. Tinha esperança de chegarem despercebidos e evitarem, dessa forma, questionamentos sobre Ryota. Porém, era exatamente o contrário que acontecia.
- Ué... Cadê aquele... aquele cara da nuvem? - perguntou o Uzumaki.
Kiba apontou para a gaiola sobre rodas cheia de prisioneiros que estava atrás de si. O time 7 se aproximou, para dar uma espiada.
- Quem são todos esses caras? - Sakura perguntou.
- São prisioneiros que nós trouxemos para entregar às autoridades. - Shino esclareceu. - Nós fomos atacados. São uma gangue de sequestradores. Tinham como alvo a esposa do empresário que estávamos escoltando.
- Hina, você está bem? - Naruto aproximou-se, preocupado.
- S-sim...
- Eles estão mortos? - Sai perguntou.
- Não, apenas sobre o efeito sedativo de meus insetos.
- E o que o tal Ryota faz aí no meio? - perguntou Naruto, bastante intrigado.
Todos do time 8 se entreolharam. Kiba foi quem revelou o incidente.
- Ele não está sob o efeito dos insetos do Shino. Foi golpeado no tenketsu da parada. Pela Hinata.
- Algum acidente durante a luta? - Sakura supôs.
Todos encararam Hinata, em busca de uma resposta. Ela queria muito confirmar a versão de Sakura, que poderia evitar muitos problemas, mas era uma péssima mentirosa.
- N-não... Não foi um acidente. - Ela disse num fio de voz.
- O babaca simplesmente tentou beijar a Hinata a força. E então ela nocauteou ele. - revelou Kiba, incapaz de se conter por mais tempo.
- O QUÊ?!?
Naruto estava totalmente possesso. Por um momento amaldiçoou o fato do ninja estar inconsciente, impossibilitando-o de quebrar cada um de seus dentes, na base do soco. No entanto, sentiu-se feliz ao imaginar a cena na qual Hinata usava todo o poder do seu Punho Suave naquele idiota. Em um arroubo de fúria, orgulho e emoção, puxou a namorada para um beijo intenso, pouco importando-se se estavam em missão ou na frente de várias pessoas. Os amigos fizeram um burburinho de aprovação.
Foram interrompidos por um dos guardas dos portões, que pigarreou alto, anunciando a sua presença.
- Desculpem interromper- O ninja falou, com um sorriso malicioso - Mas o Rokudaime pediu para avisa-los, assim que chegassem, que a cerimônia de encerramento do intercâmbio shinobi terá início daqui a alguns minutos, num palanque montado em frente ao monumento dos Hokages. Ele pede que se dirijam até lá. Todas as outras equipes já chegaram, só faltava vocês.
As equipes partiram para o local determinado, deixando a gangue desacordada sob os cuidados dos chunnins dos portões. Não sabiam bem o que fazer com Ryota, porém acharam melhor levá-lo e explicar a situação ao Hokage. Hiromitsu ofereceu-se para carrega-lo, jogando o ninja de qualquer jeito sobre os ombros, como se fosse um saco de batatas.
Encontraram Shizune e pediram para falar com Kakashi, antes do início da cerimônia.
Numa tenda improvisada, onde Kakashi se preparava, as duas equipes entraram. Sob o olhar perplexo de Kakashi, ao ver Hiromitsu depositar um Ryota inconsciente no chão, a sua frente, sem qualquer cuidado, Kiba, Shino e Hinata começaram a contar sua história. Após o relato de Hinata, do que acontecera quando encontravam-se a sós, Kakashi massageou as têmporas, xingando baixinho, enquanto o rosto de Naruto retorcia-se, em fúria.
- Sakura. É possível fazer algo para que ele recupere a consciência? - Kakashi indagou.
- Não. Quando o tenketsu da parada é atingido, não há nada a fazer, a não ser esperar. E, sinceramente, fico feliz de não poder fazer nada por esse bacaca escroto.
- Olha o linguajar... - Kakashi falou, cansado.
- Desculpe, Rokudaime-sama, mas é isso.
- Certo. Shizune, fique aqui com ele, até ele acordar. Vou inventar uma desculpa qualquer. E vocês, vão pra junto das outras equipes. Já vou dar início à cerimônia. Quanto antes isso acabar, melhor.
Quando os ninjas saíram, Kakashi dirigiu-se à Shizune.
- Se ele acordar, não permita que saia até a cerimônia haver terminado. Depois disso, estou pouco me lixando.
A cerimônia foi breve. Kakashi discursou rapidamente. Havia um representante de cada vila no palco. Temari entre eles, com olhos de águia sobre sua conterrânea e um certo preguiçoso. Os times foram chamados de cada vez, para subir ao palco e receber um pequeno pergaminho, que era o certificado de suas participações no programa de intercâmbio. Na vez de Ryota, o representante de Kumogakure recebeu o diploma em seu lugar, enquanto Kakashi esclarecia que o shinobi encontrava-se em recuperação, após ter gastado uma grande quantidade de chakra na batalha contra os sequestradores que interceptaram o time 8. Mais algumas palavras de agradecimento e a cerimônia estava encerrada. Os ninjas forasteiros retornariam na manhã seguinte ao lar. As equipes se mobilizaram para finalizar a noite na churrascaria Yakiniku Q, para uma confraternização de despedida. Naruto não estava pensando muito em confraternização. Queria mesmo era acertar as contas com um certo ninja folgado. A oportunidade surgiu quando avistou Ryota esgueirando-se para fora da tenda, parecendo escolher as sombras mais densas para seguir seu caminho rumo ao hotel.
- Hinata, vá com o pessoal pro Yakiniku Q. Eu preciso resolver um negócio antes.
Saiu apressado, não querendo perder seu alvo de vista. Todos que estavam mais próximos estranharam seu comportamento e olharam para o ponto aonde o Jinchuuriki se dirigia. Shino, Kiba, Sakura, Sai, Hiromitsu e Hinata avistaram o motivo de tanta pressa. Kiba foi o primeiro a seguir Naruto, sendo imitado depois pelos outros, inclusive Hinata. As outras equipes, que iam bem à frente, seguiram caminho, alheias ao que acontecia, seus integrantes absortos em conversas animadas. Ino descobrira a verdadeira causa da ausência de Ryota, e agora compartilhava com os demais. Com exceção de Shikamaru, que havia ficado próximo ao palco, para esperar Temari, e Aiko, que, sem que o Nara e os outros percebessem, havia ficado também para trás, com o objetivo de encurralar o aspirante à nuvem.
Ryota esgueirava-se pelos cantos, o mais rápido que podia, olhando para os lados, a fim de evitar encontros indesejados. Porém foi obrigado a parar, quando teve seu caminho bloqueado por Naruto.
- Já vai embora? Tão cedo?
- Olha, cara, na boa. Você já deve saber que a sua namoradinha me deixou inconsciente. Então me deixa em paz. Eu aprendi a lição.
- Não. Você está errado. Você aprendeu apenas uma lição. A de que, quando uma mulher diz não, é não. Agora falta você aprender outra lição. A de que não se mexe com mulher comprometida.
- É isso mesmo, Naruto. - O ninja ouviu a voz da Kurama, em seu interior. - Se precisar de mim, estamos aí. Ensinar umas coisinhas pro Sr. Inxirido aí.
- Deixa comigo.
Naruto avançou em sua direção. Num movimento rápido, Ryota sacou seu bastão da bolsa e estava prestes a estende-lo quando sentiu o mesmo sendo retirado violentamente de sua mão. Olhou pro lado e viu o cão imenso chamado Akamaru com a arma na boca, enquanto rosnava ameaçadoramente em sua direção.
- Desculpa, cara! - Kiba disse, num tom irônico, surgindo das sombras. - O Akamaru deve ter pensado que esse bastão era um dos brinquedos dele. Agora ele só vai largar quando roer todo. Que pena.
Ryota tentou fugir, por outro lado, mas deu de cara com uma nuvem espessa de insetos.
- Interessantes esses espécimes, não? - Shino apareceu. - São os mesmos que eu usei naquele bando. Um errinho na dose, todos estariam mortos agora.
O moreno ainda tentou outra rota de fuga, mas mais três shinobis surgiram, bloqueando qualquer espaço restante. Sai, com pergaminho e pena em mãos. Sakura, calçando suas luvas, com olhar ameaçador. Hiromitsu, com as mãos em riste, prontas para fazer selos. Ryota estava cercado por todos os lados, no meio de uma roda. Hinata observava do lado de fora, com as mãos no peito, apreensiva.
- Obrigada, pessoal. Mas, agora, é só entre nós dois.
Naruto avançou o espaço restante, direcionando o punho fechado na direção do rosto do outro, que conseguiu se esquivar, abaixando-se, para aplicar uma rasteira em Naruto, que pulou, evitando o contato.
No salto, Naruto deu uma pirueta, caindo por trás de Ryota, surpreendendo-o e passando o braço por seu pescoço, enforcando-o. Mesmo engasgando, ele não se deu por vencido.
- Seu idiota! Você acha que só consigo liberar meu raiton no bastão?!? - ladrou, entre arfadas e tosse.
Suas mãos, que agarravam o braço que apertava seu pescoço, liberaram uma descarga elétrica violenta, fazendo Naruto solta-lo e cair para trás, derrotado. Ryota colocou as mãos nos joelhos, sugando grandes golfadas de ar para os pulmões necessitados, mas sorrindo diabolicamente. Apenas não contava que o Naruto à sua frente desaparecesse repentinamente, em meio a uma cortina de fumaça.
- C-clone das sombras? - Ryota perfuntou-se, surpreso.
A compreensão veio tarde demais. Quando virou-se, para procurar o verdadeiro, seu rosto recebeu todo o impacto de um soco furioso, que o fez cair, no chão, sentindo o gosto ferroso de sangue na boca. Seus sentidos embaralhados, a visão turva. Olhou pra cima e viu a imagem duplicada e bruxuleante do Uzumaki.
- Seu otário. Eu sabia que não ia me enfrentar no mano a mano. Não aguenta, seu filho da puta.
Naruto agachou-se sobre ele e começou a desferir golpes, usando ambos os punhos, um atrás do outro, até que foi parado pelos companheiros e gritos de Hinata.
- Já chega, Naruto. - falou Shino. - ele já era. Se continuar, vai matá-lo.
Naruto empertigou-se e cuspiu, ao lado do rosto inchado e ensanguentado, que pouco lembrava a beleza de minutos atrás.
- Só não aprende a lição dessa vez se for demente. - dirigiu-se uma última vez a Ryota, virando-se, em seguida, para segurar a mão de Hinata e ir em direção ao restaurante.
Os outros o seguiram, cada um dando uma última olhada no derrotado.
- Puta que pariu, o Naruto não deixou nada pra mim - Sakura disse, olhando nos olhos semiconscientes de Ryota e retirando as próprias luvas - meu punho tava coçando pra dar nessa sua cara de macho escroto que não aceita rejeição.
Ela também retirou-se. Segundos depois, Ryota perdeu totalmente a consciência, jazendo no meio da rua escura. Foi então que Kakashi surgiu. Ele estava nas sombras, acompanhando tudo de perto. Como sensei e amigo, havia sido um espetáculo e tanto. Como Hokage, precisava levar aquele coitado para o hospital.
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